#Herberto Helder
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Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado. Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade. Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo. -Temos um talento doloroso e obscuro. Construímos um lugar de silêncio. De paixão. - Herberto Helder, Poemas Completos
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Só morremos de nós mesmos.
Herberto Helder, Servidões
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se te destinasses a longas fomes, longas correrias, longas carnificinas, lobo, insociáveis fomes de cordeiros quentes ¡que leves de tão primeira substância! e eras voraz sim ¿mas quem, fechado sobre a carne doce e confusa, te tocasse quando te abrias pela boca come que cheia de música, e ouvisse nessa como que música rouca o inaudível?
— Herberto Helder, em "A faca não corta o fogo: súmula & inédita".
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A noite é não ter amor senão em luzes.
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Um poema cresce inseguramente na confusão da carne, sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto, talvez como sangue ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência ou os bagos de uva de onde nascem as raízes minúsculas do sol. Fora, os corpos genuínos e inalteráveis do nosso amor, os rios, a grande paz exterior das coisas, as folhas dormindo o silêncio, as sementes à beira do vento, – a hora teatral da posse. E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema. Insustentável, único, invade as órbitas, a face amorfa das paredes, a miséria dos minutos, a força sustida das coisas, a redonda e livre harmonia do mundo.
– Em baixo o instrumento perplexo ignora a espinha do mistério. – E o poema faz-se contra o tempo e a carne. Sobre um poema, Herberto Helder
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Num tempo sentado em seda, uma mulher imersa
cantava o paraíso. Era depois da morte.
Num tempo: salsa, avenças
dormindo. A infância tinha febre. Então a voz
pronunciava lenços, pombas
impressas. Arrefeciam pêras no silêncio
posterior
àquele enigma. Porque tem sono
a salsa? E o coração dos figos com a
doçura oblíqua. Há quem morra para ser
de um mês: vivem imóveis
os jardins das vozes. Em sonhos
de uma loucura clara, ligeiras casas voltavam
as costas. Nasciam folhas de ouro se alguém,
sorrindo, respirasse.
O tempo tem a sua
incli
nação perigosa: país de uvas negras e varandas
sobre a candura. Quando se toca,
a infância queima. O paraíso tem uma noite
ao fundo: treme. Há quem fique num mês
para assistir ao ar. Terrível é o espaço
da música e das glicínias
paradas na atenção. Quando uma voz diz a criança
como seu espelho, este
paraíso é de víboras azuis.
Então veste-se
um pulôver, anda-se pela cegueira com as mãos
a ferver, diz-se: o vento, o sono e as
violas. Há um crime sagrado onde
o mês aparece com. Digo: clareira.
Velocidade do tempo, oh
inteligência. Aparece com a altura
de uma noite mortal. Quem se alimenta de fruta, quem
se despe entre noites encostadas, pergunto,
quem ama até perder o nome?
Eles vêm devagar e põem cores onde a criança
se voltava junto
à morte. Azul cobalto para os anjos
ciclistas anunciando a palavra,
e amarelo para os braços abertos, e cíclame
para ficar louco no espaço
ao mesmo tempo. Ofereço-te um lírio — diz a canção
sentada.
Ah, um lírio é o que eu procuro
nas ilhas tenebrosas. Por isso canta
essa mulher desviada para a inocência
de um tempo — mês
a respirar tão depressa, e a andar tanto, e a correr
tão loucamente,
que não há mais do que em voz
em cadeira, num lugar do sono, à direita e à
esquerda de uma ausência contra
a espuma.
Olha: eu queria saber em que parte
se morre, para ter uma flor e com ela
atravessarvozes leves e ardentes e crimes
sem roupa. Existe nas ilhas um silêncio para
a poeira tremer, e o teu rosto se voltar lentamente cheio
de febre para o lado de uma canção
terrível e fria.
(Canção Despovoada – Herberto Helder)
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“tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.”
Herberto Helder
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ode do desesperado
A morte está agora diante de mim como a saúde diante do inválido, como abandonar um quarto após a doença. A morte está agora diante de mim como o odor da mirra, como sentar-se sob uma tenda num dia de vento. A morte está agora diante de mim como o perfume do lótus, como sentar-se à beira da embriaguez. A morte está agora diante de mim como o fim da chuva, como o regresso de um homem que um dia partiu para além-mar. A morte está agora diante de mim como o instante em que o céu se torna puro, como o desejo de um homem de rever a pátria depois de longos, longos anos de cativeiro.
herberto helder poesia toda o bebedor nocturno (versões) poemas do antigo egipto assírio & alvim 1996
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Cartas para Abril | Herbeto Helder
Hoje as missivas escritas por Lunna Guedes, Mariana Gouveia, NIrlei Maria Oliviera, Rozana Gastaldi Cominal e Suzana Martins são destinadas ao poema Triptico de Helberto Helder... Vem ler...
Herberto Helder biografia e poesia o excesso mais perfeito As metamorfoses e seus contrários com uma xícara de chá Das cirandas, peixes e luzes de lamparinas epifania à revelia da folha vegetal e da folha estanhada Chuva a escorrer pelas laterais do universo e dentro da beleza do cinza urbano
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#correspondência#Herberto Helder#Lunna Guedes#Mariana Gouveia#Nirlei Maria Oliveira#Poesias#poeta#Rozana Cominal Gastaldi#Suzana Martins
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Se eu quisesse, enlouquecia.
Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio… Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porque, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro… Está a ver? A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a camisa caída sobre a cadeira ganha um volume impossível, a nossa vida… compreende?… a nossa vida, a vida inteira, está ali como… como um acontecimento excessivo… Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois, por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstracções que servem para tudo. O cigarro consome-se, não ��?, a calma volta. Mas pode imaginar o que seja isto todas as noites, durante semanas ou meses ou anos?
Herberto Helder, Os Passos Em Volta
🇵🇹
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My head trembles with all the forgetfulness.
I try to say how everything is something else.
I talk, I think.
I dream of the tremendous bones of feet.
It is always something else,
a single thing covered with names.
And death goes on from mouth to mouth,
like slight saliva,
like the fear that is always
at the unformulated bottom of life.
I know fields imagine their
own roses.
People imagine their own rose
fields. And sometimes I stand before the fields
as if dying,
and sometimes as if only now
I could wake.
Sometimes everything is lit up.
Sometimes it sings and bleeds.
I say no one is forgiven in time.
I say madness is thorny like a throat.
I say: autumn rolls along
and what is autumn?
Eyelids lash against the big masculine day
of thought.
I leave dead and living things in the spirit of the work.
My life in ecstasy like a chamber of torches.
It was – how shall I say? – an absolute house.
I play, I swear.
It was a childhood-house.
I know how crazy a house it was.
I dipped my hands in water: I dozed off,
I remembered.
Mirrors cracked up against our youth.
Now I feel the brutal, lyrical
spinning of the wheels of life.
There is in forgetfulness, in the total
remembrance of things,
a rose like a tall head,
a fish like a swift
and fierce movement.
A rose-fish inside my
misguided idea.
There are cups and drunken forks inside me.
Because the love of things
in their future tense
is terribly deep, it is soft,
devastating.
Chairs were burning in their places.
My sisters dwelt at the top of movement
like awestruck beings.
Sometimes they laughed out loud. They weaved themselves
into their horrid darkness.
Inside them, rotten menstruation dreamed
of the mouth of night.
It sang very low.
It seemed to flow.
Around tables and thunderstruck shadows.
It rained on earthly nights.
I want to shout beyond earthly madness.
— It was damp, distilled, inspired.
There was rigor. Oh extreme example.
There was an essence of office,
a sensational matter in the secret of fruit trees,
like their centripetal apples,
and grapes hung on ripeness.
There was a cat’s hot magnolia.
A cat that came in through hands,
or a magnolia rising out of the hand and into the face
of the gloomily pure mother.
Ah, crazy mother around the corner, seatedly
complete.
Her hands touched the flesh over
the burning, like an ecstatic morsel.
It was an absolute-house – how
shall I say? – a
feeling where some people would die.
An insanity to smile, loftily.
To have blueberries, green leaves, thorns
with a little darkness all over.
A name in the spirit like a rose-fish.
I prefer to go insane under the arched halls
now in words.
I prefer to sing on inner balconies.
Because there were staircases and women that stood
honeycombed by intelligence.
The rosette-less body, the language
to love and to ruminate.
Singing milk.
Now I dive and ascend like a cup.
I bring up that image of inner water.
– The poem’s pen dissolved in the primal
sense of the poem.
Or the poem going up the pen,
crossing its impulse,
the returning poem.
Everything rises like a nail,
a raised knife.
Everything dies out its name in another name.
Poem not coming from the power of madness.
Poem as the inconcrete basis of creation.
Ah, to think with tenderness,
to imagine with ferocity.
Because I am a life with furious melancholy,
with furious conception. With
some furious irony.
I am an intelligent devastation.
With fabulous marigolds.
Gold on top.
Sad dawn or midnight played
on a trumpet. I am
some audible, sensible thing.
A movement.
A chair conjuring up itself in the basin,
becoming the sitting.
Or flowers drinking up the vase.
The structural silence of flowers.
And the table underneath.
To dream.
Herberto Hélder - Poemacto II
Translated from the Portuguese by Sérgio Sarano
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e só agora penso:
porque é que nunca olho quando passo defronte de mim
mesmo?
para não ver quão pouca luz tenho dentro?
ou o soluço atravessado no rosto velho e furioso.
agora que o penso e vejo mesmo sem espelho?
─ cem anos ou quinhentos ou mil anos devorados pelo
fundo e amargo espelho velho:
e penso que só olhar agora ou não olhar é finalmente
o mesmo
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cannot believe it's early november already and my pile of tbr (totally being read books, not to be mistaken by to be reads) (most of them not have not actually been read in some months) is still nowhere to being finished.
quick! write the title of the book you want to finish before the end of the year and a book you want to read next year in the tags
#totally being read: herberto helder's steps of life. this one at least i want to finish this month and i Will#just need to defeat this extra surrealist chapter about a bull & a man being murdered in his house (because of the bull) (there's bull pov)#tbr next year: the marriage portrait by maggie o'farrel
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— Herberto Helder, no livro “Ofício Cantante”. (Ed. Assírio & Alvim; 1.ª edição [2009]).
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