#GUERRAS MÉDICAS
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holgamaria · 1 year ago
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labibliotecadescorzo · 1 year ago
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La niña lobo, los griegos y los dioses, de Tom Holland (2023)
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vae-victis-historia · 4 months ago
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Bronce y mimbre: la superioridad del soldado griego frente al persa https://www.larazon.es/cultura/historia/bronce-mimbre-superioridad-soldado-griego-frente-persa_2024091666e7fcadfcf7b3000135dc9b.html
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faxsindical · 1 year ago
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Faixa de Gaza: sem eletricidade, medicamentos e água, pacientes morrerão, alerta Médicos Sem Fronteiras
Massacre na Faixa de Gaza: sem eletricidade, medicamentos e água, pacientes morrerão, alerta Médicos Sem Fronteiras — Ler em www.cnnbrasil.com.br/internacional/faixa-de-gaza-sem-eletricidade-medicamentos-e-agua-pacientes-morrerao-alerta-medicos-sem-fronteiras/
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brunojordanposts · 3 months ago
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Calcinar el planeta y encerrar a los disidentes
Por Chris Hedges Periodista ganador del premio Pulitzer y corresponsal extranjero durante quince años para The New York Times. Conversación en prisión con Roger Hallam, miembro fundador de Extinction Rebellion (XR)       Roger Hallam La industria de los combustibles fósiles y la clase política que la sustenta no tienen intención de detener el ecocidio. A medida que la crisis climática…
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geekpopnews · 5 months ago
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Resenha "O Outro Plano" de Cristiane Barausse
Resenha do livro "O Outro Plano" da escritora e médica Cristiane Barausse. Conta a história de Elisa, uma médica vítima de violência que foge de casa. Alerta de spoiler e conteúdo sensível sobre violência! #OOutroPlano #CristianeBarausse
Alerta: Esta matéria é a resenha do livro “O Outro Plano”, que narra vários tipos de violência e traumas. Se você é sensível a esse tipo de conteúdo, por favor, não prossiga com a leitura, ou então leia com cautela. Caso seja necessário, busque ajuda. O livro “O Outro Plano” da escritora e médica Cristiane Barausse, conta a história de uma médica que é vítima de violência por parte do marido.…
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geohistoarte · 1 year ago
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Mujeres en la Historia: Hidna
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afinidade082323 · 6 days ago
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Médicos relatam que o número de criança com pernas, braço, mutilados é muito maior que o esperado. Uma médica Americana chorou no comitê da ONU contando resumo da guerra.
O fim do conflito não encerra a dor dos sobreviventes, agora todos podem voltar para casa ...
!??? Qual casa.
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هذه هي غزة، فهي رمزًا للعزّة 🇵🇸
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camaleaotriste · 10 days ago
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relatos de dor
em 2024 eu descobri uma doença infecciosa, meses depois, um tumor maligno. apesar do diagnóstico tardio, fazem muitos anos que eu convivo diariamente com a dor. nos hospitais, eu não sei classificar a dor que sinto. o que seria tão forte para um "10"? o que seria tão fraco para um "5"? em uma das minhas crises eu dei para minha dor um "7" e eu nem conseguia me levantar da cadeira. a médica disse que deveria ser um 9 ou 10, mas eu já senti dores piores. eu não sei nomear. conversei com uma amiga esses dias, e ela me disse: "minha pior dor sempre vai ser a próxima, porque o que importa é o que estou sentindo no momento, não consigo comparar com dores passadas". é incrível o quanto isso faz sentido, mas não se aplica a mim. minha pior dor sempre vai ser a que passou. eu sou muito forte para sentir. por isso eu não choro fazendo tatuagem, por isso eu não sinto dor colocando piercing, por isso eu faço todos os tratamentos sem sentir tanta dor. eu uso todo o meu cérebro para me concentrar em não sentir. fico repetindo: "não tá doendo, não tá doendo. já já passa, tá acabando. quando acabar você vai fazer algo legal, jogar um jogo, tomar um sorvete. hmm, isso vai ser recompensado, então você não está sentindo nada. não reclame, não chore". e isso funciona muito, mas já faço há tantos anos que tirou minha capacidade de reconhecer quando tudo está insuportável.
meu primeiro diagnóstico chegou em um sábado tranquilo de manhã. inclusive fui emburrada ao médico por ter acordado às 7. "não vai dar nada", era o que eu dizia para mim. "não faz sentido perder essas horas de sono". terminei com vários médicos ao meu redor como se eu fosse uma grande novidade. eles me analisavam e falavam de mim como se eu não estivesse ali. me furaram em várias partes do corpo, passaram uma pena leve em várias partes dele também. colocaram tubos quentes e frios. cada vez que eu falhava em sentir algo, eu me desesperava internamente. que merda. saí com um diagnóstico infeccioso positivo. foi um luto enorme, me senti totalmente sem chão. dormi aquele fim de semana inteiro.
meu segundo diagnóstico chegou em meio a uma febre de 42 graus que não cessava. eu só sabia chorar por medo. fiz uma biópsia de medula e, alguns dias depois, foi confirmado: tumor maligno. não me lembro muito do que o médico falou. na hora eu senti que estava submersa em água, como se eu estivesse com um fone de ouvido ruim e barato. tudo que eu ouvia era distorcido.
tenho que tomar oito remédios diariamente, vitamina intravenosa duas vezes na semana e as malditas quimioterapias. é engraçado que minha quimioterapia seja apelidada de diabo vermelho, logo eu que rezo tanto. ok, essa piada foi ridícula. sou bem atendida por fofas enfermeiras que me perguntam de meia em meia hora se está tudo bem. elas regulam o ar condicionado e perguntam se quero alguma manta para me esquentar. elas precisam sempre ser bem cuidadosas porque, por algum motivo, não pode cair uma gota da quimio na pele. não pesquisei o motivo, foi o que me falaram. então elas sempre fazem tudo beeeem lentamente.
sabia que a quimio foi inventada como arma química? foi usada pelo reino unido e pela união soviética em diversas guerras no século XX. ela continua sendo usada pelo isis. uma outra é um derivado do gás mostarda, arma química com potencial de letalidade, usada principalmente na primeira guerra mundial.
a doença infecciosa me faz tremer constantemente. esses dias eu não conseguia abrir o sachê do meu gato. em outro, não conseguia abrir o creme dental. quebrei muitos copos e pratos, que inclusive estavam com comida. estourei um fardo inteiro de coca-cola zero porque não aguentei segurar.
enquanto passo pelo tratamento, falto a várias consultas por não conseguir andar pela dor. tomo medicação em casa graças às profissionais maravilhosas que se deslocam. jogo disney dreamlight valley. faço colagens no meu journal. choro porque me sinto um peso e não tenho um emprego. vejo meus pais pagando valores absurdos nos remédios e na clínica. faço carinho no meu gato. converso de forma monossílaba com uma das únicas companhias que tenho tido. me pergunto quando isso vai passar. torço para a faculdade não voltar logo, porque sei que não irei aguentar se estiver como estou agora, e não quero trancar.
algumas pessoas me dizem para ser positiva, que tudo vai passar e eu vou ser um exemplo. mas eu não quero ser. eu não tenho toda essa força, sou apenas uma garota com muito medo.
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translatingtradutor · 3 months ago
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[Recursos] Alguns livros ilustrados sobre a experiência trans
As vezes é difícil achar representação na mídia conforme você gostaria. Essa é uma lista de livros ilustrados que inclue quadrinhos, webcomics e mangás e possuem protagonismo ou temas transgênero.
Texto vermelho - conteúdo bastante adulto ☆ - favoritos e melhores representações *** - representação questionável
Mangás
☆ Hanayome wa Motodanshi (A Noiva foi um Menino) - transfeminino
Uma autobiografia de Chii, autora MtF, sobre sua vida como mulher trans no Japão até se casar.
☆ Our Dreams at Dusk (Nossos Sonhos ao Anoitecer) - LGBT em geral
Karamani Yuuki, autore agênero, explora a vivencia LGBT de várias partes da comunidade através da visão de um adolescente gay que encontra um grupo de apoio ficticio. Três partes focam em três personagens, um agênero, um transmasculino e uma transfeminina/questionando.
☆ To Strip the Flesh (Para Arrancar a Carne) - transmasculino
Do autor trans Oto Toda, que é assistente em Chainsaw Man. O oneshot explora a jornada de transição de um homem trans que trabalha como streamer "garota sensual" antes da transição, os efeitos na sua saúde mental, e seu pai que está morrendo de câncer.
Zenbu Kimi no Sei (Tudo por Sua Causa) - Generofluido e tematicas intersexo
Uma condição médica atinge os personagens em que começam a trocar entre sexos biológicos. O romance principal tem um personagem generofluido e fala sobre a aceitação de si mesmo e condições médicas de gênero.
Love Me for Who I Am (Me Ame por Quem Eu Sou) - transfeminino e não binárie
Uma pessoa não binárie transfeminina começa a trabalhar em um café temático, enfrentando transfobias e desafiando os paradigmas de gênero dos outros trabalhadores de lá.
*** Seibetsu no Monalisa (O Gênero de Monalisa) - Não binárie e intersexo
Uma exploração de um mundo em que as pessoas decidem seu gênero na adolescência. Nesse contexto, Hinase não quer escolher um gênero nem consegue forçar suas mudanças corporais. Forma-se um triangulo amoroso entre Hinase e seu melhor amigo e amiga, questionando se deveria se tornar qual gênero para estar entre os dois - apesar delu não ter um gênero em seu coração. Como um personagem intersexo no mundo da narrativa, acontecem diversas decisões questionaveis de como retratar sua condição. Além disso, Hinase é quase sempre forçade a ir para um dos lados sem justificativa.
Boys Run the Riot (Garotos Fazem a Insurreição) - Trasmasculino
Do autor transgênero Keito Gaku, essa serialização fala de um estudante transmasculino que cansa da vida como seu gênero de nascença e entra no mundo de criar roupas de moda de rua (street fashion). Uma exploração de objetivos de vida e a importancia de amigos nessa jornada.
*** The Requiem of the Rose King (O Réquiem do Rei das Rosas) - Transmasculino e intersexo
Com a única condição intersexo realista dessa listagem, o protagonista é um principe nascido com uma mistura de genitais feminina e masculina, além de condições hormonais femininas. Ele se identifica como homem e esconde suas caracteristicas femininas o maximo que pode, por ser chamado de demônio pelas poucas pessoas que sabem. Um conto sobre realeza e guerra, apesar de ter termos e descriminações questionaveis e romances de grande diferença de idade.
*** Yuureitou (A Torre Fantasma) - Transmasculino e Gênero Não Conformante (AMAB)
Um mistério de assassinato e tesouro do Japão de 1950. Entre os dois protagonistas, um é um homem transgênero cuja transição vira parte do mistério em si, e o outro começa como homem e se descobre não-conformante a normas de gênero atraves do Crossdress durante a obra. Extremamente adulto, lidando com temas de mutilação, nudez, incesto, entre outras das piores faces da humanidade como parte do mistério. Além disso não é tão bem pesquisado quanto a temas trans, médicos e hormonais, sendo estranho em geral.
*** Wandering Son (Filho Errante) - Transfeminino e transmasculino - não é bom para representação transmasculina
Dois jovens transgênero, um homem trans e uma mulher trans, passam juntos pelos problemas de puberdade, crescimento e identidade. Infelizmente é conhecido por não ter uma boa representação transmasculina, visto que o protagonista transmasculino é retratado como voltando a ser uma mulher cis, entre outros fatores da cultura japonesa que, por exemplo, desfazem de homens trans como mulheres confusas.
Umareru Seibetsu wo Machigaeta! (Eu Nasci do Gênero Errado!) - Transfeminino
Autobiografia de Konishi Mafuyu, autora trans, que conta como foi todo o processo de ir para Tailandia ter todas suas cirurgias de transição.
*** Stop! Hibari kun! (Pare, Sr. Hibari!) - Transfeminino
Mangá de comédia sobre um protagonista que começa a gostar de uma personagem transfeminina filha de um chefe de máfia, chamada Hibari. Ela é tratada no masculino e nada bem durante o mangá inteiro, além do tema justamente ser o humor de "uma mulher que na verdade é um homem".
At 30, I Discovered I Had no Gender (Aos 30, Eu Descobri Que Não Tinha Gênero) - Agênero
Uma autobiografia de Shou Arai, autor agênero, falando sobre o envelhecimento sendo LGBT e trans, o impacto da cultura japonesa na vida trans e obstaculos de vida. Mais uma coleção de mini histórias. Como pessoa que realizou a transição tardia para os termos da comunidade (maior que 30) e escreveu a história com 50 anos, Shou Arai acaba tendo uma perspectiva única no assunto.
☆ Last Gender: When We are Nameless (Último Gênero: Quando Nós Somos Sem Nome) - LGBT em geral
Uma exploração adulta do que é identidade, romance, gênero, e a comunidade LGBT em si. Seguimos um personagem diferente por capitulo, todos os quais frequentam o mesmo bar LGBT local. Alguns capitulos focam em pessoas não bináries, transfemininas e bigênero.
Extremamente adulto com diversas cenas sexuais explicitas, focadas em encontros de uma noite entre personagens.
Quadrinhos
The Prince and The Dressmaker (O Príncipe e a Costureira) - Transfeminino e gênerofluído
Um conto curto sobre um príncipe gênerofluído entre homem e mulher, e a vida diaria com sua costureira. Há dificuldades entre manter sua vida como principe e modelo de vestidos famosa, e mostra mais sobre a experiência de ser generofluido.
Broccoli Soup (Sopa de Broccoli) - Não binárie
Uma webcomic surrealista, fantastica e de comédia sobre ume protagoniste não binárie criade por uma deusa muito educada que só queria amigos.
☆ Kill Six Billion Demons (Mate Seis Bilhões de Demônios) - temas transfemininos
Um épico extremamente detalhado, no estilo de graphic novel, sobre uma guerra entre diferentes universos fantasticos. Uma das três protagonistas é efetivamente uma mulher trans de uma raça de anjos que são apenas homens, e transiciona através da história.
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Não tem em português. E agora?
Alguns desses títulos foram traduzidos para português, enquanto outros não. Todos eles estão disponiveis pelo menos em inglês, mas é uma barreira dificil para algumas pessoas.
É possivel, embora de forma precária, ler eles atraves de tradução de imagem automática.
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notasfilosoficas · 10 months ago
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“De todos los infortunios que afligen a la humanidad el más amargo es que hemos de tener conciencia de mucho y control de nada”
Heródoto
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Fue un historiador y geógrafo griego, nacido en la antigua ciudad griega Jonia en Halicarnaso, famoso por su obra “Historia”, considerada una de las fuentes mas importantes de la descripción del mundo antiguo a gran escala y una de las primeras en prosa griega.
Aunque no se conocen muchos detalles de su vida, parece ser provenía de una familia aristocrática de la Asia Menor, lo cual le permitía pagar su educación, pues sus escritos reflejan un profundo aprendizaje en las mejores escuelas de la época.
Sus continuos viajes al parecer por voluntad, también dan pie a pensar que se trataba de un hombre de recursos.
Se cree que sirvió en el ejército de hoplita, pues sus descripciones de dicha batalla son bastante precisas y siempre se cuentan desde el punto de vista de un soldado de infantería.
Dedica buena parte de su obra a relatar la historia del imperio persa, así como de sus costumbres y gobernantes, y de las guerras que enfrentaron con los griegos.
Dedicó gran parte de su vida a efectuar viajes para obtener la información y los materiales que le permitieron escribir una gran obra de valor histórico y literario.
Se le considera padre de la historiografía, y la primera vez que se le cita de esta manera es en el ciceroniano De legibus, un texto de Marco Tulio Cicerón escrito alrededor del año 52 a.C.
Su obra “Historia”, que se describe literalmente como investigaciones, exploraciones, fue escrita probablemente en Turios, una ciudad de la magna Grecia en el Golfo de Tarento a corta distancia de Sibaris.
El conjunto fue dividido en 9 libros por su editor alejandrino del siglo III a.C. uno por cada musa; Clío, Euterpe, Talía, Melpómene, Terpsícore, Erato, Polimnia, Urania y Calíope, y en ellos narra con detalle Las Guerras médicas entre Grecia y Persia a principios de siglo V a.C., con especial énfasis en aspectos curiosos de los pueblos y personajes, al mismo tiempo que describe la historia, etnografía y geografía de su tiempo.
Para sus obras históricas recurrió a fuentes orales y escritas, aludiendo siempre a sus informadores, es decir, citando el origen de la Fuente de la siguiente forma; “Según los persas…”, o “a decir de los griegos” etc.
Sus libros abarcan temas tales como la historia de Creso, acontecimientos en Babilonia y Persia, geografía de Egipto, costumbres y animales de Egipto, costumbres de los Escitas, la conquista de Persia a Libia, y múltiples relatos de batallas de la época.
Al ser “La Historia” la primera obra griega en prosa, no es de extrañar que su estilo sea simple y con vocablos antiguos. Ya Aristóteles definía su estilo de escribir como “ordenado o concatenado”, y al ser muy concreto, rehuía a las abstracciones, fijándose en lugar de ello en datos perceptibles.
Heródoto muere en el año 425 a.C. a la edad de 59 años, tal vez en Turios o Calabria y hay quien señala Pella o Macedonia.
Fuentes: Wikipedia, worldhistory.org, historianationalgeographic.com.es
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ladylushton · 2 months ago
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@brargweek
Eu encontrei minha paz em você
Dia 4- Histórico
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Quando Luciano saiu de casa, com a caixa de latas de conserva, chegou a pensar que seria dispensado por conta de sua estatura. No fim, foi parabenizado, ouvindo que um homem do seu tamanho poderia se esconder em qualquer lugar. Depois, roubaram suas latas e só deixam o abridor que Martina tinha dado a ele após desenhar um círculo de tinta, dizendo que seria seu jeito de estar ao lado dele, que Luciano prendeu com um cordão em torno do pescoço.
Junto com outros homens uniformizados, ele caminhou por uma estrada sinuosa son o Sol escaladante. Alguns dos homens recém-recrutados fizeram um comboio no fundo da fila, conversando sobre o que deixaram para trás. Luciano pensa em quando e como vai ver Martina de novo.
No fim da estrada, um trem pequeno em trilhos recém postos esperava eles com vagões pintados. Um homem mais velho entregava armas orientava os outros a entrarem nele para seguirem até o assentamento. Luciano sentiu toda a sua esperança ser sugada no momento em que sentou com a arma contra o corpo. Ele não queria o cano longo da arma pressionando seu peito, queria a cabeça de Martina, queria poder ver os cabelos dela outra vez.
Martina é filha de um casal argentino, mas está contra Rosas. Ela disse que isso é um atentado contra a terra de seu sangue, e prometeu que, se o Brasil ganhar, ela acompanhará Luciano para Buenos Aires, atravessando a fronteira do estado.
O trem sacode todas vez que passa pelas curvas da estrada. Luciano e os outros são jogados um contra o outro, parecendo ovelhas.
— Quando a gente descer, vou mijar na roda desse trem— O homem ao seu lado sussurra.
— Eu vou mijar no maquinista, então — Luciano responde.
O homem ri, contido. Lhe falta um dente.
— É uma surpresa de conhecer desse jeito. Eu esperava um almoço.
— Quem é você? — Luciano questiona. Martina mencionou que alguns parentes seus que não apareceram no casamento iriam cruzar a fronteira e ficar na casa deles.
— Meu nome é Sebastián. Sou o primo da Martina.
Luciano olhou para ele. Seu cabelo chegava quase nos ombros, mas provavelmente raspariam na base, e seu olho direito era levemente virado. Ele deveria usar óculos.
— Eu não vou sobreviver muito tempo — Sebastián olha nos olhos de Luciano. Não totalmente, já que um olho estava voltado para a janelinha. Sebastián, aparentemente, perdeu a esperança há muito tempo— Minha imunidade é horrível, eu sou magro e trabalho como vendedor, não tenho uma unidade de músculo. Cuide bem da Martina.
Luciano fecha os olhos com força, se esforçando para falar. Ele sente uma vontade absurda de chorar, mas as lágrimas parecem presas.
Sebastián entende a situação e se encosta na contenção, olhando para céu bonito demais para esse dia.
O céu também estava belo demais para a ocasião na casa que Luciano deixou para trás.
— Qual utilidade eu teria na guerra, pelotudo? E quem te garante que eu não estou grávida?
Martina argumenta com a voz elevada. O Exército apareceu em sua casa duas horas depois de Luciano ir embora, dizendo que ela era essencial.
— Se a senhora estiver grávida, te mandamos de volta. Só precisamos de enfermeiras para montar uma área de cuidado emergencial perto do assentamento da fronteira. E não finja que não sabe atirar.
— Eu não sou médica, bol- — Martina foi interrompida pelo homem irritado.
— Pare de me xingar, eu entendo a sua língua! Agora pegue algumas roupas e lenços, te espero aqui fora. Quanto mais cedo a guerra acabar, mais rápido seu marido volta para casa
Martina, ainda indignada, obedeceu ao ouvir a menção de Luciano. Ela foi até o quarto que dividia com ele e pega algumas roupas mais velhas e diversos lenços para o cabelo. Também pega um pacote de papel com carne seca.
— Tranque a casa e pendure as chaves ao redor do pescoço. Dizem que dá sorte.
Ela é levada ao fim da rua, onde outras mulheres esperavam em cima de um carro de bois.
A viagem foi longa, terminando em um trenzinho. O corpo de Martina estava grudento pelo suor, assim como o das outras mulheres ao seu lado. Quando elas subiram no vagão com uma janelinha pequena, sentiram um cheiro forte álcool, vindo de itens diversos para saúde.
— Boa viagem, garotas.
As mulheres xingam o homem fardado assim que ele as deixa.
Analisando o lugar, Martina percebe que o vagão era de carga, com caixotes presos nas paredes para sustentar frascos de álcool, rolos tecido, caixas de algodão, facas de cirurgia, remédios em frascos escuros, espingardas, abridores de latas e seringas ao lado de frascos mais claros.
Martina caminha calmamente até as espingardas com fitas para pôr à tira-colo e pega uma, prendendo ela em seu corpo.
Ela se recusa a estar indefesa e sozinha.
..........
𝘋𝘰𝘪𝘴 𝘮𝘦𝘴𝘦𝘴 𝘥𝘦𝘱𝘰𝘪𝘴-
Desolado, Luciano encara o corpo inerte de Sebastián.
Surpreendentemente, ele não foi o primeiro a morrer.
Luciano não queria imaginar o que ele poderia ter conversado com Sebastián. A última vez que se falaram calmamente foi após uma invasão de argentinos montados em cavalos, onde eles comeram os cavalos e os cães comeram os corpos dos guerrilheiros, que chegaram com espingardas e facões. Não tinham chance.
O guerrilheiro que sobreviveu e tentou fugir foi capturado pelos soldados que cuidavam dos cães magrelos que rondavam a base. Os cães salivaram intensamente quando o pegaram, mas não morderam. Ele agora é prisioneiro em uma cadeia improvisada, mas só os carcereiros entravam lá sem motivo aparente.
O cabelo sujo do cadáver de Sebastián lembrou, subitamente, o de Martina. Luciano não conseguiu se afastar. Ele perdeu tanto sangue que não conseguia se mover direito, batendo as costas contra a carroça que leva os homens para a base das enfermeiras. Sebastián será registrado como morto ao chegar, apesar de ter sido colocado vivo e semiconsciente na "ambulância" puxada por cavalos de orelhas murchas.
Ele está preocupado com Martina. As cartas dele são sempre inteceptadas, e ele presume que as dela também sejam, pois sabe que ela escreve para ele. Ele gosta de imaginar que Martina está saudável e que está se sentindo bem por tudo o que faz pela vida dos feridos após invasões nas bases.
Luciano passou perto da morte três vezes. Uma quando um coice de cavalo quase acertou sua cabeça, outra quando a base foi invadida por soldados de Buenos Aires armados com granadas e, por último, o desastre da noite passada, quando tomou sete tiros pelo corpo durante uma invasão noturna alertada pelos cachorros, que foram mortos. O atirador era tão ruim que ele sobreviveu.
Um dos soldados do Brasil, Valdo, tirou a bala de seu ombro, que estava mais superficial, limpou com cachaça e costurou com linha solta do uniforme surrado. Ele amarrou a boca de Luciano durante todo o processo, para não se desconcentrar com os gritos nauseantes. Sebastián sentiu o impacto de uma bomba improvisada e foi jogado entre escombros de madeira.
Luciano delira e tosse sangue. Ele acha que todo o céu azulado pelo nascer do Sol é o olhar de Martina sobre si. Ele volta a pensar direito, lembrando de regular sua respiração ofegante. Ele delira de novo, gemendo de dor. Ele volta a pensar, reunindo forças.
Com dificuldade, ele ergue o braço, colocando a mão adornada pela aliança de prata sobre o abridor de latas com a mancha de tinta. Ele imagina que a mão está na mão de Martina, no seu seio, no seu ombro, em seu cabelo. Ele esboça um sorriso quando lembra que Martina gosta quando ele acaricia-lhe o cabelo.
Luciano tentou se levantar, mas as outras balas alojadas em seu corpo doeram, queimando a carne e fazendo com que ele tossisse mais sangue.
A carroça diminui a velocidade, aproximando-se da base. Luciano volta ficar consciente do próprio corpo, regulando sua respiração. Um cheiro forte enche suas narinas, fazendo seus olhos lacrimejarem. Em outro delírio, ele bebe um copo de pinga com o cadáver semi decomposto de Sebastián.
— ELES ESTÃO CHEGANDO, VENHAM.
Luciano abre os olhos repentinamente. Ele reconheceria a voz em qualquer lugar, mesmo após ela perder a doçura e o timbre delicado.
A traseira da carroça é jogada para o lado, e Luciano sente duas mãos em seus tornozelos. Ele esperava uma mulher, mas era o condutor da carruagem que resolveu ajudar. O condutor, Ivo, o puxa com força, fazendo sua cabeça roçar na madeira.
— Ela... Me deixa ver ela...
Ivo joga Luciano sobre o ombro. Além de baixo, ele está magro.
Com os olhos passeando por todos os lado, ele vê o barracão cheio de caminhas e alguns homens moribundos nelas.
— Vou te levar aqui no fundo para ela seguir a gente — Ivo sussurra — Eu sei que você quer ver a que manda nessa bagaça. Quando eu abri o trem em que as mulheres estavam, ela já tinha pego uma espingarda e enchido a barriga de carne.
Luciano ri, pensando na cena mas os buracos de bala doem. Sua Martina nunca mudaria.
Luciano é jogado na cama do canto, olhando para as costas de Yuri antes dele ir embora correndo da ira de uma enfermeira alta.
— Qual é o seu... — Martina para no meio da frase para olhar o soldado na cama — LUCHO!
— Tina... — Luciano sorri ao ver ela. Sua mente volta ao lugar.
Ele quer pôr os braços em torno dela, mas não consegue.
— Fica quietinho, Lu. Talvez doa menos.
Luciano corre os olhos por onde ela anda. Está mais magra e rugas de preocupação mancham sua testa, mesmo sendo jovem. Jovem demais para estar ali.
Ela volta com uma bandeja de ferro com pinças, vidros de álcool e panos brancos. Martina deixa a bandeja em uma mesa pequena e olha para Luciano, de cima.
Finalmente, os olhos dela brilham sobre seu rosto. Luciano olha diretamente para eles. Ele teme que seja a última vez.
Martina enrola um pano e coloca na mão. Ela abaixa o tronco e beija os lábios de Luciano rapidamente. Ele sorri, bobo  e contente depois de tanto tempo.
— Morde isso, para não desconcentrar as outras.
Luciano obedece, mas não tem força para fechar a mandíbula direito, e Martina rasga sua roupa com uma tesoura perigosamente afiada. As balas em seu abdômen assustam ela.
Martina abre um frasco de álcool e usa para esterelizar a ferida, fazendo Luciano grunhir contra o pano. Se ele conseguisse prestar atenção, escutaria os gritos e gemidos dos soldados, em outras macas, sofrendo remoções de balas e de membros inutilizados.
Quando a pinça agarrou a bala para puxar para fora, Luciano perdeu todo o ar dos pulmões. A dor lancinante o consumiu e deixou sua vista turva.
Uma lágrima solitária correu pelo rosto de Martina quando ela retira o projétil ensanguentado e enfia os pedaços de pano no buraco, para não deixar o sangue escapar. O único que foi removido previamente era o do ombro, que precisaria ser descosturado e adequadamente limpo.
Ela vai para outra bala. Quando ela e Luciano estavam em casa, Luciano tinha a pele escura e brilhante. Agora, ele parece quase cinza.
Os panos que seguravam o sangue enchiam-se. Martina pressiona com os dedos e passa para o outro ferimento
Quando ela puxa a bala, Luciano torce o corpo. Ele ergue o braço e agarra o pulso de Martina, subitamente forte. Ele tosse, fazendo sangue manchar seus dentes.
Martina chora, pois sabe que isso não é bom.
— Tina... Olha 'pra mim — Luciano sussurra — Eu quer que a última coisa que eu veja sejam seus olhos... Não chora...
Martina enche o ferimento de pano antes de obedecer Luciano. Com as duas mãos em seu rosto, ela o beija, como fizeram depois de seus casamento, quando estavam sozinhos. Isso parecia ter acontecido há décadas atrás, mas não tinha o gosto de sangue que tinha agora.
— Você não vai mais s-sentir dor... L-Luciano, corazón, eu te amo... Até o fim.
Luciano entrelaçou os dedos no cabelo de Martina, sentindo seu corpo tremer. Ele não quer chorar, não quer deixá-la mais triste. Martina leva o braço para trás e sente os dedos calejados dele.
— Eu sei que vou morrer, Martina Hernández da Silva, minha eterna amada... Lembre de mim e conte para minha irmã que eu morri da melhor forma que podia... Porque através dos seus olhos, eu vejo o Céu...
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Brarg trágico e hétero pois eu planejava isso faz tempo. Estamos na Guerra do Prata
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bihanslefttitty · 10 days ago
Note
¿Crees que los linkuei tienen un sueldo?
Holii.
Bueno. Cuando pienso en la estructura de Articka tiendo a pensar en un sistema militarizado nacionalista enfocado en el autodesarrollo. Al menos, con la administración de Bi-Han post traición. No te puedo asegurar con certeza que los Lin Kuei hayan sido remunerados de forma económica con el padre de Bi-Han en el poder debido a su fidelidad al servicio de la comunidad y alianza a Lord Liu Kang.
Sin embargo, considerando el lore y las ambiciones que comparten ambos Bi-Han y Sektor, puedo ver que existe una preocupación en el buen estado no solo de los guerreros Lin Kuei (Que asumo, debido a ser un pueblo guerrero, el mayor porcentaje de su población ha servido como parte del cuerpo militar. Aunque no todos estrictamente cómo guerreros Lin Kuei: Es decir corresponsales, espías, economistas y demás) si no de la Nación en general. Me gusta pensar que Bi-Han es un líder que administra pensiones a los soldados retirados, a las viudas y a los huérfanos.
Yéndonos al corazón de la pregunta en si. Considerando el duro entrenamiento que requiere ser un ninja del Lin Kuei, los riesgos que estos contraen y la necesidad constante de estar disponible a emergencias (Leáse la referencia en la novela respecto del entrenamiento infantil y la selección de los Lin Kuei) . Si, creo que estos reciben un sueldo que sea proporcional a su nivel de trabajo y necesidades. Suelo pensar que estos además reciben una residencia, bonos de alimentación y otro tipo de seguridades como atención médica gratuita. En términos de clase social, un ninja, estaría en una de las posiciones más privilegiadas. No obstante, con el enfoque de Bi-Han, no creo que su sueldo varíe demasiado con el de un especialista en tecnología, o quién maneje el comercio interno. Pero, el titulo de ninja trae con si un prestigio que de por si te tiene en una posición de privilegio. Un buen ninja puede llegar a ser Ministro de Guerra, y eso es importante.
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eu-sem-poesia · 30 days ago
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O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unha, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos,botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos,e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão me asseguram. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
Fragmento de "Os Três Mal-Amados", de João Cabral de Melo Neto, 1943
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cltservices · 1 month ago
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LEAN HEALTHCARE
EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA À MEDICINA
A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DO LEAN NA SAÚDE
A história do lean healthcare começa num lugar improvável: as fábricas da Toyota no Japão pós a Segunda Guerra Mundial. O sistema de produção da Toyota (TPS, Toyota Production System), desenvolvido por Taiichi Ohno, focava-se na eliminação dos desperdícios e na optimização dos fluxos (de materiais, pessoas e capital) - conceitos que mais tarde revolucionariam a prestação de serviços de saúde. A transferência de conceitos e ferramentas da indústria para a medicina não foi imediata, exigiu uma mudança radical no modo como os processos de saúde podem ser vistos através das lentes da melhoria contínua.
A primeira aplicação válida dos princípios lean na área da saúde surgiu no início deste milénio, quando o hospital “Virginia Mason Medical Centre” em Seattle (EUA) tomou uma decisão ousada. Depois de visitarem o Japão e estudarem o TPS, a gestão do hospital desenvolveu o Virginia Mason Production System (VMPS) em 2002. Isto marcou o início de uma nova era na gestão da saúde, demonstrando que os princípios originalmente pensados para a indústria poderiam ser adaptados com sucesso para melhorar o serviço aos utentes.
Ao implementar as ferramentas lean, o hospital alcançou resultados significativos, incluindo:
Redução do tempo de espera dos utentes;
Melhoria da satisfação do utente;
Redução de erros de medicação;
Aumento da moral das equipas prestadoras de serviços de saúde;
Redução significativa de custos.
A titulo de exemplo, o Virginia Mason implementou uma abordagem lean para reduzir o tempo de espera no serviço de urgências (SU). Ao simplificar os processos e eliminar etapas desnecessárias, o hospital conseguiu reduzir o tempo médio de espera de duas horas para 30 minutos.
Um outro exemplo é-nos dado pelo Akron Children’s Hospital (EUA) que se empenhou em usar a melhoria contínua para prestar melhores serviços aos seus utentes. Este hospital fez uso dos princípios lean com o objectivo de eliminar desperdícios, reduzir o tempos de espera, melhorar a segurança e diminuir os custos de assistência médica. Um dos exemplos da aplicação lean é o uso de mockups de papelão em escala real. Estes mockups permitem às equipas fazerem simulações de processos e cenários para testar ideias de novos layouts antes da construção.
A comunidade de saúde ThedaCare (composta por vários hospitais) em Wisconsin (EUA) seguiu o exemplo em 2003, desenvolvendo o seu sistema de gestão baseado no pensamento lean. O sucesso na redução do tempo de espera dos utentes e a melhoria na qualidade do atendimento despertou interesse em todo o sector da saúde nos EUA. Em meados da primeira década deste século, inúmeras Organizações de saúde em todo o mundo começaram a testar metodologias lean nos seus serviços, levando ao desenvolvimento de adaptações específicas de ferramentas e princípios lean para a saúde.
PRINCIPAIS MÉTODOS E FERRAMENTAS EM AMBIENTES DE SAÚDE
Entender o lean healthcare requer familiaridade com diversas ferramentas-chave que foram adaptadas especificamente para o sector da saúde. Vamos explorar algumas dessas ferramentas e suas aplicações no sector da saúde:
Mapeamento da cadeia de valor (VSM) no atendimento ao utente.
O VSM na área da saúde difere significativamente de suas origens industriais. Por exemplo, em ambiente hospitalar, o "produto" é o serviço ao utente, e a "linha de produção" é a percurso do utente. Por exemplo, ao mapear uma visita ao SU, cada etapa, desde a chegada do utente até a alta, é documentada, incluindo tempos de espera, tempos de tratamento e transições entre departamentos.
Considere-se um cenário típico num SU: um processo tradicional pode envolver várias transferências, documentação redundante e longos períodos de espera. Através do mapeamento do fluxo de valor verifica-se que quase 65% do tempo de um utente no SU é tempo de espera. Ao visualizar estes fluxos de trabalho, as equipas de saúde podem identificar quais as actividades que não acrescentam valor e reestruturar os processos para melhorar o fluxo do utente.
Organização do espaço de trabalho: os 5S.
A metodologia 5S tem sido particularmente eficaz em ambientes clínicos. Nas salas de cirurgia, por exemplo, a implementação dos 5S levou a melhorias notáveis. Muitas unidades de saúde reportam:
Redução do tempo de preparação para cirurgia em 25%;
Redução de 40% de equipamentos e instrumentos perdidos;
Melhor controlo de infeccção por meio de protocolos de limpeza padronizados.
Gestão visual.
A aplicação da gestão visual inclui:
Quadros eletrónicos de rastreamento de utentes que mostram a disponibilidade de camas em tempo real;
Indicadores de status do utente codificados por cores;
Sistemas padronizados de gestão de materiais;
Visualização de indicadores de desempenho.
Pensamento A3 na resolução de problemas na prática clínica.
A metodologia de resolução de problemas A3 foi adaptada para abordar desafios específicos da saúde, tendo sido usada em:
Identificar problemas de atendimento ao utente;
Analisar as causas raiz dos erros médicos;
Desenvolver e implementar medidas de melhoria;
Monitorizar resultados e ajustar intervenções.
Melhoria contínua (kai-zen).
Promoção da melhoria contínua através de eventos regulares e sustentados que se traduzem na redução de tempos de atendimento, melhoria do serviço prestado e menores custos.
Sistema kanban.
Implementação de simples sistemas de controlo de inventários (ex. medicação e outros materiais consumíveis) através de cartões (kanbans). O propósito do kanban é a redução dos stocks, controlar quantidades e evitar roturas nos pontos de uso.
Sistemas à prova de erro (poka-yoke).
Adopção de práticas e sistemas que evitem o erro dos profissionais. Exemplo adoptando sistemas visuais, códigos de barra ou práticas como o LASA (look alike, sound alike).
ESTUDO DE CASO
Para perceber melhor o impacto da aplicação lean na saúde vamos analizar o caso de um sistema de saúde público de âmbito regional (ex. ARS-Norte).
Situação inicial -o sistema de saúda enfrentava desafios significativos:
Tempo médio de espera no SU: 6.8 horas;
Tempo de setup do Bloco Operatório: 54 minutos;
Satisfação do utente: 58%;
Os custos operacionais anuais aumentavam 8% ao ano.
Estratégia de implementação - a transformação lean começou com uma abordagem sistemática assente em três fases:
F1 – Criação das bases (5 meses):
Formação de mais de centena e meia de funcionários em princípios lean thinking;
Criação de uma unidade de melhoria contínua (Gabinete lean);
Avaliação do estado actual (as is) em todos os departamentos.
F2 – Realização de projectos-piloto (9 meses), exemplos:
Melhoria do fluxo no SU;
Melhoria da eficiência do Bloco Operatório;
Optimização de agendamentos em ambulatório;
Melhoria das práticas logísticas (internas e externas às unidades de saúde);
Agilização dos processos de atendimento e encaminhamento dos utentes.
F3 - Implementação a todo o sistema de saúde (15 meses):
Replicar dos programas piloto bem-sucedidos;
Envolvimento de unidades de saude familiares na dessiminação dos projectos lean;
Integração de sistemas de gestão lean;
Realização de sessões para a partilha de lições aprendidas e recomendações;
Desenvolvimento de consultores internos (aka, embaixadores) lean.
Resultados alcançados após três anos de implementação:
O tempo de espera no SU diminuiu para 2.6 horas;
Tempo de mudança do Bloco Operatório reduziu para 25 minutos;
A satisfação do utente aumentou para 85%;
Erros de medicação reduzidos em 48%;
Redução de despesas com horas extras: 42%
Grande envolvimento do profissionais de saúde nos eventos lean.
DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO LEAN HEALTHCARE
As unidades prestadoras de serviços de saúde que pretendam iniciar a jornada lean healthcare devem estar preparadas para dar resposta aos seguintes desafios:
Resistência à mudança por parte das pessoas – quanto mais cedo envolver as pessoas melhor, quanto mais clara e simples a comunicação melhor. Formação e treino são o melhor antidoto à resistência à mudança;
Barreiras culturais – as estruturas hierárquicas rígidas caracterizam o sector da saúde. A separação de classes é outro aspecto que agudiza a questão – é importante ter resposta a este desafio, algo que começa pelo apoio das chefias de topo;
Sustentabilidade das melhorias – as melhorias (conquistas) conseguidas nas fases iniciais podem não se manter ao longo do tempo se não houver envolvimento e comprometimento das chefias e restantes colaboradores;
Disponibilidade de dados – a ausência de dados (ou a falta credibilidade dos mesmos) dificulta a tomada de decisão e a demonstração de resultados. É importante investir numa estrutura robusta de recolha e análise de dados.
Limitação de recursos – a falta de meios humanos e materiais irá em muitos casos assombrar as iniciáticas lean. Começar por projectos-piloto (pequenos) para demonstrar o ROI (retorn on investment) pode ser a solução.
OLHAR PARA O FUTURO
A evolução do lean healthcare nas Organizações do sector da saúde acontecerá de acordo com a sua resposta e adptação aos novos desafios e novas tecnologias. A integração de ferramentas de saúde digital, inteligência artificial e análise preditiva apresenta novas oportunidades para implementação lean healthcare.
O sucesso na introdução do lean healthcare requer comprometimento gestão de topo e de todas as pessoas nas Organizações, mudança  cultural e implementação sistemática de ferramentas e métodos apropriados.
O grande desafio do lean healthcare é criar valor para o utente com menos recursos e desperdícios. À medida que o sector do healthcare continua a evoluir, os princípios lean continuarão, sem dúvida, a desempenhar um papel crucial na formação de sistemas de prestação de cuidados de saúde eficientes e de elevada qualidade.
CONCLUSÃO
A aplicação dos princípios lean na área da saúde começou no início dos anos 2000. Os pioneiros foram as instituições de saúde nos EUA e norte da Europa, impulsionadas pelo aumento de custos, ineficiências e pela necessidade de cuidados centrados no utente. Por exemplo, o Virginia Mason Medical Center foi pioneiro na adaptação de metodologias lean para melhorar a segurança do utente e a eficiência operacional.
Lean healthcare representa uma mudança de paradigma na forma como as Organizações de saúde prestam os seus serviços à comunidade. Ao eliminar sistematicamente o desperdício e focar no valor, as metodologias lean não apenas melhoram a eficiência operacional, mas também melhoram os resultados dos utentes. Embora os desafios persistam, os benefícios superam em muito os obstáculos iniciais, conforme demonstrado por implementações bem-sucedidas como o Virginia Mason ou  o Akron Children's Hospital. À medida que os sistemas de saúde globalmente lidam com custos e exigência crescentes, os princípios lean permanecerão essenciais para impulsionar melhorias sustentáveis.
A CLT Services tem mais de uma década de experiência de formação e consultoria no sector da saúde, tendo trabalhado com hospitais do sector publico e privado, unidades de saúde familiares e clinicas especializadas.
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borbonsg · 1 year ago
Note
send me 🍹 for a short fanfic/headcanon of our muses // @notprinceadonis
i don't belong, and my beloved, neither do you.
— no archive warnings apply, jason hatzis/nicolás amadeu borbón y grecia, bisexual disaster nicolás amadeu borbón y grecia, violence, period typical violence, blood, angst with a happy ending, getting together, and they were medieval roommates, adonis mentioned, not actually medieval, like early 1800s, no beta we die like men.
DIA 1.
jason foi carregado para casa por dois homens desconhecidos. seu rosto e corpo tinham múltiplos machucados e aqueles eram certamente o motivo pelo qual ele estava desacordado. na sua mesa de trabalho nico cortou a roupa que ele estava usando, encharcada de sangue e obstruindo a visão do que era o maior corte de facada que nico já tinha visto. limpando com mais cuidado ele pode ver, sem tanto sangue no local, que não foi uma facada e sim um corte de uma ponta a outra, profundo no músculo e feito com lentidão. quem quer que tenha feito aquilo com jason queria que aquilo fosse lento e doloroso.
— o que foi que aconteceu com ele? — seu sotaque espanhol atrapalhou suas palavras enquanto ele gritava olhando sobre o ombro, mas os homens apenas deram de ombros. um deles estava claramente bêbado e o outro não parecia estar em completa posse de suas faculdades mentais. inúteis.
nicolás fez questão de expulsá-los antes de seguir cuidando do seu amigo. limpou tudo com cuidado e por mais que torcesse para que ele seguisse dormindo ao suturar seu braço, jason acordou com gritos de dor no segundo ponto. ele havia servido ao exército britânico na guerra, trabalhou como médico e ajudou incontáveis homens a não morrer com a perda de sangue: estava acostumado com os gritos e com a luta que pessoas travam quando sentem dor. era claro que jason ia tentar sair de perto dele. ele estava pronto para a luta, mas não para ver o amigo em dor.
— jason, sou eu! — ele tentou segurar os braços do outro contra a mesa, mas jason já estava delirando de dor a ponto de não conseguir ver que estava seguro. nico podia ser um curandeiro, mas ele não tinha tudo em mãos. precisou desmaiar o outro com uma mistura de ervas que nem deveria ter dentro de casa. ver o outro de olhos fechados e saber que ele não acordaria tão cedo ajudou nicolás a fazer o seu trabalho. 
duas horas depois, nicolás havia terminado. quatro horas depois, jason acordou. 
— o que aconteceu? — nicolás não estava ao lado de jason quando ele acordou. a voz grave dele fez seu caminho até a cozinha, onde o espanhol estava limpando toda a sujeira que ele havia feito. quando percebeu de quem se tratava, nicolás largou tudo e foi correndo até o quarto, assustado com algo que não sabia o que era.
— você está bem. — ele sentou-se nos pés da cama, cenho franzido e deixando bem claro que não estava nem um pouco feliz com toda aquela situação. em que confusão jason havia se metido? — em que confusão você se meteu dessa vez? — sua voz não saiu tão controlada quanto ele imaginava. 
— eu… não foi culpa minha. — sua voz estava fraca, rouca. — eu não lembro direito. eu estava voltando da padaria e… eles me cercaram. — enquanto tentava de forma desesperada lembrar dos fatos, jason levou a mão a cabeça e sua expressão se transformou numa de susto. — meu cabelo… 
— está horrível, eles cortaram quase tudo. — jason não tinha cabelo longo, mas com certeza não estava tão ralo quanto estava agora. 
— por que… por que eles fariam isso? — jason tentou se arrastar na cama em busca do pequeno pedaço de espelho que guardava numa mesa de cabeceira, mas foi impedido por nicolás.
— não! nada de se mexer! ordens médicas… — ele mesmo pegou o pedaço de espelho e ofereceu a ele, mas jason apenas ficou olhando para o mais velho. alguns segundos se passaram antes que nico tentasse indicar o espelho novamente, mas ao invés de pegar o objeto, jason deu um tapa na mão do amigo e se retraiu. nico estava pronto para começar uma briga ao ver que o único espelho que eles tinham agora era lixo, mas foi impedido ao ver que jason estava com medo genuíno. — eu acho que… eu acho que é melhor eu ir. 
acima de tudo, nico não queria forçar respostas de jason. o que quer que tenham feito com ele foi o suficiente para fazer ele ter medo de uma aproximação de quem conhecia tão bem. ele jogou o peso do seu corpo com força sob a cadeira da cozinha. encarou a cadeira do lado oposto, onde nessa hora jason estaria dividindo os detalhes do seu dia após voltar do trabalho e nicolás estaria escutando tudo religiosamente. trabalhar de casa o fazia entrar em um tédio típico, mas estaria mentindo se dissesse que esperava jason só porque sentia-se entediado. 
aos poucos, ele terminou a limpeza do local, intercalando em ficar com ódio daquela situação toda e com medo. medo das reações futuras de jason. ele já havia visto aquilo, é claro. homens que iam para a guerra tinham seus traumas. mas aquilo não era guerra, aquilo era diferente. 
— jason? — nicolás bateu na porta do quarto uma hora depois, carregando consigo um prato de sopa. era tudo que eles comiam, normalmente. o dinheiro era apertado e eles faziam questão de dividir tudo que tinham, comida principalmente. a cabeça loira, agora meio raspada, levantou levemente. — eu trouxe comida, você deve estar com fome. 
aquilo foi suficiente para que jason tentasse, da melhor forma, levantar seu tronco. nicolás ajudou ele, com movimentos lentos para não piorar a situação, tanto do emocional quanto do físico dele. levou o prato na direção do colo do dele ainda com movimentos lentos, mas conseguia ver que seu olhar estava distante. apático as coisas que aconteciam ali. 
— você consegue comer sozinho?
— sim, consigo. 
— eu vou te deixar sozinho. mais tarde eu busco o prato. — mas não era aquilo que ele queria dizer e sentiu-se estúpido por dizer. queria ficar ali, do lado de jason como o outro havia feito tantas vezes por ele. queria ser burro e teimoso e insistir naquilo, insistir em mostrar que era seguro confiar nele. porém, o lado de nicolás que sabia que aquilo não ajudaria em nada falou mais alto. 
quando ele mesmo havia terminado de jantar, na cozinha, ele retornou ao quarto para recolher o prato e viu que jason não só havia comido bem, como já estava dormindo novamente. contra todos os seus instintos, ele se permitiu olhar o outro dormir por um instante. um pé já fora do quarto, mas suas costas encostadas no batente da porta. o peito dele subia e descia no seu ritmo normal, estava sem camisa ainda, seu peito coberto por ataduras que provavelmente ainda doíam mais do que nico podia imaginar. havia botado um pouco de sonífero na sopa, é verdade, pois não sabia se jason iria receber bem remédios vindo dele depois do episódio de mais cedo. 
ele conseguiu se arrastar até a cozinha ainda mais uma vez e jogou os pratos usados na pia, jogou com um pouco mais de força do que o necessário. sabia que ia voltar para o quarto dali alguns segundos para dividir sua noite ao lado de alguém que amava tanto, que estava tão machucado e ele nem ao menos sabia o que tinha acontecido. não sabia se ainda corriam risco ou se jason ficaria bem. talvez fosse esse o momento em que sua sabedoria falharia com ele, talvez não tivesse dado remédio suficiente ou o remédio errado e seu prezado amigo nem acordaria na manhã seguinte. talvez não tivesse percebido algum detalhe sobre a saúde de jason que o fosse levar no meio da noite. os talvez o acompanharam ao tirar a roupa, o acompanharam ao entrar debaixo do lençol da sua cama e o acompanhariam em seus sonhos. 
ele deitou-se virado para a cama de jason, mas não o conseguia enxergar, de qualquer jeito. logo quando começaram a dividir a casa, que por via das dúvidas, era minúscula, ele foi o primeiro a dar a ideia de usar um armário velho e um lençol para fazer algum tipo de divisão no quarto e há um bom tempo ele já se arrependia. com certeza aquela não foi sua escolha mais sábia e agora ele talvez não fosse mais ter a oportunidade de mudar de ideia. 
DIA 2.
nicolás sempre acordou cedo, era natural para ele. escutou o sino da igreja próxima tocar e ele, com seu sono leve, se pôs de pé. observou enquanto se vestia que jason ainda estava dormindo. bom. a dose ainda não havia passado e pelo que parecia, a noite havia sido tranquila. 
ele largou todos os seus afazeres, botou uma placa de fechado na frente de casa, onde normalmente atendia enfermos tão pobres quanto eles e correu para o outro lado da praça principal onde a padaria que jason trabalha fica. tratou de avisar o chefe, que não ficou muito gostoso, mas que aceitou ao nicolás dizer que o homem poderia ir ver o empregado a hora que quisesse. felizmente, o homem barbudo preferia aceitar do que se locomover algumas quadras. 
nicolás voltou para casa de mãos cheias, tendo usado suas últimas moedas para comprar um pedaço de pão, uma garrafa de leite e um pote de mel. o mel era para os machucados, mas dependendo de quanto jason pedisse, nico deixaria que ele usasse no pão. ele nunca foi um homem extremamente rígido e jason tinha o dom de amolecer ainda mais o coração e as supostas regras impostas por ele. 
a casa ainda estava silenciosa quando ele chegou, mas meros segundos após ele chegar, um estrondo seguido de um baque surdo fizeram nico largar tudo correndo na mesa da cozinha e seguir pelo corredor até o quarto. 
— eu disse que você não podia levantar ainda! — ele quis gritar, quis ser rígido, mas não conseguiu. jason havia tentado se apoiar no armário que separava as camas de ambos e acabou derrubando um vaso de flores que tentava, falhamente, decorar o quarto sem vida. 
— eu lembrei de algumas coisas, acordei assustado e… — sua voz ainda estava fraca, mas agora ele tinha um pouco mais de certeza nas palavras. — foi uma briga de bar, eu acho… 
— o que? te torturaram por causa de uma briga de bar? — aquilo não fazia sentido para nicolás e ele não fazia questão de esconder. seu olhar incentivava o loiro a seguir falando, mas sua prioridade era ajudar ele a voltar para a cama.
— não! não foi exatamente assim, eu não estava no bar. o senhor walton pediu para eu ficar até mais tarde trabalhando, eu acabei saindo muito tarde, já tinha passado da meia noite quando eu resolvi voltar. — nicolás não se orgulha disso, mas quando jason não voltou naquela noite, uma pequena parte dele sentiu ciúmes. agora ele se arrepende de ter pensado o que pensou. — eu só vi quando eles me cercaram e… 
— você não precisa continuar… — ele começou, mas foi interrompido antes de terminar. 
— eles acharam que eu era o príncipe adonis.
o silêncio tomou conta do quarto. nico ficou encarando o amigo, procurando qualquer sinal de que ele esteja brincando, mas era óbvio que não. ele jamais brincaria com algo assim. o fato de que jason carregava uma semelhança absurda com o príncipe já havia sido muito discutida, o próprio príncipe já havia conhecido sua cópia plebeia, apesar de que havia ficado bem claro que aquele não era um fato apreciado. 
— por que eles fariam isso? — nico perguntou, não mais alto do que um sussurro. 
— eu não sei. — jason sibilou ao tentar dar de ombros, a dor com certeza tomando conta de si. — eles acharam que tinham conseguido sequestrar o príncipe, estavam bêbados e queriam dinheiro. 
— isso não um simples… sequestro. eles quase te mataram. — sabia que havia levantado o tom e sido ríspido demais quando viu que o outro se deixou ser fraco e começou a chorar. de todas as situações possíveis que nicolás havia imaginado durante a noite, enquanto tentava desenhar a sombra de jason dormindo do outro lado do lençol, nenhuma delas chegou nem perto disso. 
ele deixou que jason chorasse por alguns minutos antes de se levantar e ir até a cozinha. da pata direita da pia, dando cinco passos para a frente e um à direita, havia um alçapão escondido. era um buraco pequeno, mas lá estava o bem mais caro de nico: um rifle. ele sabia que não podia esconder a arma de jason se pretendia levá-la para o quarto, então não tentou. 
— eu sei que você está com medo, mas você confia em mim, não confia? — ele saiu falando antes que o outro pudesse pular para conclusões. o medo de ver uma arma poderia cegar ele, mas ainda era nicolás ali. ainda era o homem que havia gasto todo a sua energia em cuidar dele nas últimas vinte e quatro horas, que teve todas as chances de machucá-lo e não o fez. jason apenas concordou e deixou seu olhar fugir enquanto nico largava a arma em cima do armário. 
— eu preciso trocar o seu curativo. — nico já tinha pegado o mel, as ervas e as ataduras limpas. sabia que o processo de limpar os curativos seria longo e doloroso, então optou por fazer as coisas ao contrário do que normalmente fazia. — mas antes você precisa de um banho. eu tentei te limpar o máximo que consegui, mas ainda tem sangue seco no seu pescoço e no seu cabelo. falando no seu cabelo… — ele aos poucos se aproximou, levando a mão com todo o carinho do mundo a cabeça de jason, tocou algumas partes e tentou olhar onde ele estava encostado no travesseiro. estava claramente mal cortado, mas aquilo era o de menos, considerando que eles haviam cortado a pele de jason em vários locais. — a gente precisa fazer algo sobre o seu cabelo. 
jason apenas concordou e nico percebeu que ele havia voltado ao seu estado apático. essas coisas iam e vinham, era normal. nicolás guiou o amigo pela próxima hora, ambos sem falar uma palavra. o espanhol havia esquentado água do lado de fora da casa e a princípio pensou em lavar o cabelo do outro nos fundos da casa, onde tinha mais luz, mas não achou que seria uma boa ideia. acendeu uma lamparina perto da bacia e lavou com calma a cabeça dele. às vezes jason se esquivava, considerando a posição vulnerável que estava: sentado num banco, de costas para nicolás, mas nico era insistente. quando isso acontecia, ele segurava o rosto de jason com calma, olhava nos olhos dele por alguns segundos, esperando que o homem voltasse a si. que as memórias parassem um pouco. nesse ritmo, lento e preciso, nico conseguiu lavar o cabelo dele e depois tentar alinhá-lo com uma tesoura. algumas partes doíam, por causa dos machucados e nessa questão ele não insistiu muito. 
— obrigado. — foi tudo que jason disse quando nico terminou de secar sua cabeça. o mais velho ainda estava sentado atrás dele e portanto eles não estavam se olhando diretamente. — obrigado por cuidar de mim, sei que estou tomando seu tempo e…
— não. — nico o cortou. tudo que ele menos precisava agora é que o loiro se culpasse. — você não toma meu tempo. você faria o mesmo por mim, não é? 
— sim, mas…
— mas? 
jason apenas negou com a cabeça e nico o deixou. o que quer que eles tivessem para conversar poderia esperar, como estava sendo adiada há muito tempo. 
de novo deitado, jason não falou uma palavra enquanto nicolás trocava suas ataduras. era óbvio que doía, o tecido grudando nos machucados e nos pontos, precisando ser retirados com toda a calma do mundo por nicolás, que observava cada mínima reação para tentar evitar que aquilo tudo piorasse. voltou os mesmos remédios de antes e o mel. 
— eu trouxe pão e leite. está com fome? — e em resposta, o estômago de jason roncou em alto e bom som.
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mais tarde naquela noite, ambos já estavam deitados em suas camas e quase dormindo, mas algo ainda incomodava nicolás.
— você não devia ter aceitado ficar até mais tarde naquele lugar. o seu chefe é um ser humano horrível. 
o silêncio se prolongou por um tempo a ponto de nicolás achar que o outro já havia dormido, mas jason não dormia tão fácil e ele não havia posto sonífero dessa vez. 
— eu perderia o emprego se dissesse não. você sabe disso. — jason pareceu irritado com o comentário do outro, mas ele sabia que nico carregava uma teimosia imensa e aquilo não era suficiente para ele.
— talvez você não devesse trabalhar lá. — nico já pensava nisso há muito tempo, mas tinha receio de comentar.  — peça demissão. 
uma risada veio antes da resposta de jason: — e o que você sugere que eu faça da minha vida? 
— é óbvio, não é? abra uma padaria aqui em casa.
— nicolás… 
nico soube automaticamente que havia tocado com toda a sua força em um machucado ainda aberto. jason já tinha tido uma padaria antes e foi assim que eles se conheceram. ele ainda morava com a sua família e trabalhava com seu pai, dedicando seus dias a fazer o que amava e fazendo do seu jeito. e é claro, nicolás lembra com a maior clareza do mundo do dia em que eles se conheceram. ele tinha acabado de voltar da guerra, estava descontente com tudo e com todos e desejava imensamente voltar para o seu país de origem um dia. trabalhava igual um cavalo, dia e noite, como ferreiro na esperança de juntar dinheiro o suficiente para embarcar de volta para a espanha. esse plano desandou quando conheceu jason. era o homem mais lindo do mundo inteiro e de repente sua vontade de ir embora sumiu e sumia toda vez que ele gastava libra atrás de libra comprando tudo e qualquer coisa que jason produzia. eles viraram amigos rapidamente e ainda eram amigos quando a padaria fechou. 
as vezes que nicolás deixou claro para jason que a culpa em nenhum momento foi dele ou de sua capacidade foram incontáveis. era importante que o outro soubesse disso. 
— eu não estou brincando. tente novamente. 
— eu já falhei uma vez. — foi tudo que jason respondeu, mas nico não estava feliz. 
ele se levantou rápido e impulsivamente, sentindo sua visão ficar preta por um segundo. a determinação sumiu do seu corpo antes mesmo que ele pudesse puxar o lençol da sua frente. alguns segundos se passaram antes que ele se sentisse estúpido. o que faria se passasse dali? tomaria, finalmente, a coragem de dizer tudo que pensa para jason? tiraria todo aquele peso de seu peito que insistia em lhe incomodar?
— nico…? — sua voz foi um sussurro, puxando o espanhol de volta para a realidade. claro que jason podia ver ele ali, ponderando entre o que fazer. — eu nunca gostei desse lençol. 
— nem eu. — confessou também, tirando o tecido do seu caminho, podendo finalmente ver o outro. aquilo não o ajudou muito, sentindo o afeto que nutria pelo outro queimar no seu peito ao vê-lo ali. quando tudo isso passasse, nicolás se perguntaria como que conseguiu cuidar dele sem sofrer junto. 
— pense sobre isso. eu vou te ajudar quando puder. 
— não quero falar sobre isso, não mais. por favor. 
e nico acatou, como sempre fazia. se fosse daquela maneira, tudo bem, mas aquela resposta não acalmava seu coração. as implicações de como jason ficaria quando ele fosse embora haviam mudado. aquele era para ser seu melhor amigo. nas peças e livros que nico havia lido, um homem como nicolás deveria descrever jason como um irmão. alexandre dumas, charles dickens, ernest hemingway e muitos outros já haviam escrevido amizades como a deles, mas nunca terminaram como nico queria que terminassem. será que esses homens sabiam da existência do amor que nicolás nutria por jason? será que eles sabiam que homens como nicolás jamais descreveriam jason como a outra metade de sua alma e o chamariam de irmão logo em seguida? que se o destino reservasse para nicolás uma vida sem jason, isso simplesmente não lhe bastaria? 
— nicolás? — jason chamou e pela expressão em seu rosto, ficou claro que não era a primeira vez que o chamava. — você pode… pode me dar remédio para dormir? eu estou sentindo muita dor. 
a resposta certa seria não, mas a clareza de que nunca poderia dizer não a jason já havia tomado conta dele. 
— claro. 
nicolás deitou ao lado de jason após dar o remédio eles dormiram juntos, o sono tomando conta de nico bem depois do que o normal. 
DIA 3.
nicolás acordou com o barulho da porta dos fundos batendo. ele saltou da cama apenas quando viu que jason já não estava ao seu lado. pavor tomou conta do seu corpo, automaticamente se culpando: se haviam entrado aqui e pegado jason novamente, como que ele não havia acordado? saiu correndo da maneira que pôde, sem sapatos e com rifle em mãos, pronto para atirar em quem aparecesse na sua frente. 
os fundos da casa deles era um chão de terra, molhada pela chuva constante, um banco velho embaixo da janela e um cocho que há muito não via comida pela ausência de um cavalo, pois o último que nicolás tinha foi vendido no último aniversário de jason. 
esperava tudo, menos ver jason sentado no banco, como se não estivesse completamente remendado, chorando enquanto olhava para um pedaço de papel que ele conhecia muito bem e achava estar guardado muito bem. 
— onde você achou isso? — com certeza não foi o seu momento mais inteligente, escolhendo mal suas palavras. 
— você vai embora?
não havia hora certa para contar para o seu amigo machucado e traumatizado que você tinha comprado as passagens para a espanha. não havia momento certo para contar ao homem que você ama que você o ama e apesar disso o vai deixar sozinho. 
— eu… — jogou seu corpo no banco ao lado de jason, encostando o rifle do seu lado no banco. — eu vou. — automaticamente a expressão de dor e traição tomou conta do rosto de jason, seus olhos com claras lágrimas. — são muitos motivos, não é apenas porque eu quero. eu recebi uma carta da coroa, eles estão me expulsando do país, eles não querem que eu siga praticando… meus trabalhos aqui.
— e você não pensou em me contar isso antes? nicolás eu… 
— você o que, jason? — agora nicolás estava com um pouco de raiva. ele não devia nada ao outro, na verdade não devia nada a ninguém e tinha feito questão disso. — o que mudaria se eu tivesse lhe contado antes? seria só mais tempo para você ficar me olhando com essa cara. — nicolás arrancou o papel das mãos do amigo, botando o rifle no seu ombro novamente e estendendo a mão livre para que o outro pegasse. — e eu achei que tinha deixado bem claro que você não pode se mexer, muito menos se arrastar até aqui fora. está frio! você quer pegar uma gripe e morrer? — a bravura na sua voz era inexistente, deixando bem claro que estava preocupado apenas. 
DIA 6.
três dias haviam se passado e nada havia melhorado, como nico sabia que ia acontecer. jason é bom demais para fingir que a notícia da partida de nicolás não havia o afetado. nada daquilo melhoraria até que ele estivesse em um navio para o outro país. ou talvez isso só fosse piorar tudo. talvez jason iria o atormentar eternamente. de qualquer modo, ele precisava tentar e descobrir. 
— voltei! — jason já estava um pouco melhor, já conseguia caminhar normalmente e já conseguia limpar seus machucados sozinho, então nico voltou a anunciar quando estava em casa. 
— de onde você tirou esses livros? — foi a primeira coisa que jason perguntou quando nico pisou no quarto deles, segurando dois dos quinze livros que o espanhol tinha guardado.
nicolás havia começado a fazer as malas dois dias antes, não era muita coisa como sempre, mas agora ele estava juntando toda a sua vida para levar para outro país. precisava de mais organização. 
— eu roubei. — ele deu de ombros, sorrindo ao ver jason deixar seu queixo cair, surpreso com esse lado secreto de quem conhecia tão bem. — antes de trabalhar como ferreiro eu trabalhei como jardineiro. pessoas ricas tem muitas coisas que dão valor e vão perceber imediatamente quando forem roubadas, mas livros normalmente não faz parte dessa lista. e você tem que saber quais roubar e tudo… mas é, roubados. 
— você nunca me disse que tinha livros. — jason pareceu um pouco chateado com isso, mas não era nada muito profundo. 
— você nunca perguntou. — ele deu de ombros, tentando ignorar a leve melancolia que tomou conta dele. — fique com eles… os livros. — nico separou a pilha de livro de suas coisas e botou do lado de jason do quarto. — será meu presente de despedida. vou arranjar livros na minha língua materna quando chegar lá. — a dor que sentia em dizer tais coisas com certeza não tinha nada a ver com seu apego aos livros — agora chega disso, vamos jantar. eu comprei batatas novas.
foi durante a janta, ambos a mesa, que jason falou:
— eu… eu posso ir com você. 
não foi uma pergunta, mas mesmo assim nicolás respondeu com rispidez e certeza. 
— não. — ele negou com a cabeça e seguiu comendo, como se dizer aquela palavra de três letras não fosse contra tudo que ele queria dizer naquele momento. 
— nicolás, aqui não é seguro- 
— não. você não vai comigo. se mude para o país de seus pais, vá para a frança. você se daria muito bem na frança, sabia? — nico seguia comendo, observando seu prato com a maior atenção do mundo. — mas não para a espanha. 
— olhe para mim. — o pedido veio com uma voz calma, diferente do rumo que a voz do espanhol estava tomando. 
— você não pode fazer isso comigo, jason… — foi quase uma súplica. apenas de olhar nos olhos azuis do outro, nico soube que não poderia ir embora sem deixar as coisas claras. — eu vou tomar isso como uma chance de recomeçar, de esquecer você. não peça para ir comigo. 
— você quer me esquecer? 
— sim. 
— por que? — agora sim jason estava machucado, no escuro e sem entender o que havia feito para o amigo para receber uma reação tão drástica. por mais óbvios que seus sentimentos por nicolás fosse, ele jamais imaginou que o outro iria correr dele daquela maneira. ele nunca imaginou um final feliz para eles, mas sempre esteve longe daquilo. 
— amar você é a coisa mais fácil e desesperadora que eu já fiz. eu me pergunto se você sabe o que significa quando eu tento de todas as maneiras afastar você de mim. você sabe? — jason apenas negou, tentando processar as palavras que tinha acabado de ouvir. — não é porque eu te quero menos. é porque eu te quero tanto que acho que o mínimo passo em falso vai fazer você fugir de mim. 
— então você vai fugir? 
— você sabe que eu não estou apenas fugindo. 
— está sim! — jason não havia gritado com nico há tanto tempo que o ato fez com que ele encolhesse os ombros. a comida estava na mesa, há muito esquecida. — você pode usar qualquer desculpa que você quiser, mas você está indo embora por um motivo muito claro! e é por minha causa. você quer olhar nos meus olhos e me dizer que está fazendo isso para me esquecer? como você ousa dizer isso se nunca ao menos teve a coragem de me beijar? 
aquilo quebrou nicolás e qualquer fachada que ele tentou manter. foi o suficiente para ele se sentir a pior pessoa do mundo. ele quis beijar jason desde o primeiro momento em que se conheceram e não o fez por medo. medo das implicações de um beijo correspondido acima de qualquer medo de rejeição. nunca houve medo de rejeição pois nico sabia que o que quer que sentia, jason sentia o mesmo. então quando ele tomou o rosto do loiro e o beijou, nico sabia que seria correspondido. sabia que não poderia voltar atrás, que não importa o quão longe ele fosse, ele jamais esqueceria jason. 
DIA 44.
— eu sinto que você ama mais essa cavalo do que eu. — jason observava nico escovando o animal de pelagem castanha da porta da casa deles. o sol da espanha batia forte na cabeça de nicolás ele sabia que já deveria ter entrado há uns bons minutos. 
— não me peça para escolher entre você e strawberry. não temos dinheiro para mandar você de volta para a inglaterra. — nico tirou suas compras das costas do animal, entrando em casa e sentindo o alívio ao estar na sombra novamente. 
— como estão as coisas na cidade?
— a senhora martinez pediu que você faça mais dois pães de nozes, o senhor e a senhora gomez querem aqueles negocinhos pequenos… os…
— croissants? – a voz de jason vinha da dispensa, já separando algumas das compras para começar a produção de pedidos na primeira hora da tarde, para que desse tempo de nico voltar na cidade com tudo pronto e fresquinho. 
— isso mesmo, croissants! eles querem trinta desses para um chá da tarde amanhã, então esses eu levo amanhã de manhã… a esposa do barbeiro - 
— marta? 
— isso, marta! ela quer uma torta de maça com conhaque. tem também pedido de cinquenta pães para a padaria do centro da cidade, eles disseram que pagam mais dessa vez e eu disse que falaria com você primeiro.
— cinquenta é muito, eles vão ter que pagar bem. — jason parou para comentar, antes de voltar para a dispensa com ainda mais coisas. strawberry era um cavalo forte.
— quinze por cento a mais do que da última vez foi a oferta deles. 
— diga para eles que pode ser, mas você vai ter que me ajudar! - o grito de aviso veio antes de jason voltar para a cozinha. nicolás odiava cozinhar, mas ele fazia o melhor quando o assunto era ajudar o outro nas encomendas que tinha. 
ele estava morto de cansado, o caminho entre a casa deles e a cidade levava mais que quarenta minutos e ele o fazia de manhã e de tarde, fazendo o máximo para manter os clientes felizes. seu corpo doía por inteiro, mas nico era um homem forte o suficiente para não se ver cansado, pelo contrário. toda vez que via jason na porta de casa o esperando sabia que precisava repor as energias o mais rápido possível para que toda vez ele pudesse puxar o outro pela cintura para mais um beijo para a lista de tantos outros. para poder sentir o corpo dele grudado ao seu, justificando todo o resto.
— ouvi dizer que você criou confusão com o joalheiro. — jason comentou, entre um beijo e outro, fazendo nico se afastar levemente, com um sorriso culpado. 
— isso foi ontem de tarde, como que essa fofoca chegou aqui tão rápido? — mas ele sabia, é óbvio que nicolás sabia da índole fofoqueira de vários vizinhos dali, de alguns em específico. — não foi uma confusão… — ele começou a se explicar, ignorando a expressão de desdém de jason. — ele só não para de insistir em saber para quem eu dei aquela aliança. 
nico não precisava olhar para saber que a aliança estava no dedo de jason. 
— e o que foi que você disse para ele? 
— com certeza não que eu dei ela para o meu… parceiro de negócios.
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