#Despedimento

[sobreiromecanico]

Leituras da Semana (#17// 13 Mai 2024)

Big Video Game Publishers Like Microsoft Are Paving Their Own Path to Irrelevance [Aftermath]

Em mais uma semana marcada por despedimentos em massa e encerramento de estúdios na indústria dos videojogos - 2024 está a ser um annus horribilis para o sector -, Nathan Grayson reflecte um pouco sobre a ausência de grandes títulos neste ano e sobre o impacto que estas vagas sucessivas de despedimentos terão sobre o futuro dos videojogos. Um destaque:

Yes, it’s a slow year for triple-A publishers, but that’s what happens when you spend years quietly canceling projects that you’re worried might not achieve such a spectacular liftoff as to take over the entire universe. Eventually, it catches up with you. And years from now — already a record year for layoffs — it’s gonna catch up with the video game industry again.

Pois.

Robot dogs armed with AI-targeting rifles undergo US Marines Special Ops evaluation [Ars Technica]

Mais um capítulo da série "Torment Nexus". Não sei o que será pior: se a possibilidade de ninguém nas chefias dos US Marines ter visto Terminator ou Robocop, ou de alguém ter visto e pensado que algo assim seria uma boa ideia. Enfim.

[futebolcamisolas]

Ounahi junta-se ao Panathinaikos F.C.

O Olympique de Marseille é uma equipa de topo na Ligue 1, pelo que uma equipa com uma base sólida não terá falta de recursos e os seus jogadores também estão em situação de despedimento. Assim sendo, após o início da nova temporada, o problema da redundância começou a ser resolvido. Então, quem será o feliz contemplado que tirará a camisolas futebol?

Ounahi é um jogador na sua época áurea, mas devido a lesões não jogou muito e também perdeu a posição no Olympique de Marseille. Por isso, será também um dos jogadores dispensados ​​na nova temporada. É pena que já não possa vestir a camisola Olympique de Marseille para acompanhar os adeptos para continuar a jogar pela equipa. O Ounahi contratou um novo clube, que é o Panathinaikos F.C. Ounahi ingressou no Panathinaikos F.C. do Olympique de Marseille por uma taxa de empréstimo de 500.000 euros e uma taxa de aquisição de 11,5 milhões de euros.

Se um jogador não consegue jogar num clube de topo, mudar para outra equipa é também uma forma de melhorar as suas capacidades.

[hotnew-pt]

Notícia Record: Bruno Lage no Benfica é o cenário mais provável - Benfica #ÚltimasNotícias #Portugal

Hot News Bruno Lage está cada vez mais perto de ser o próximo treinador do Benfica, apurou Registro. Na sequência do despedimento de Roger Schmidt, a SAD encarnada avaliou vários nomes em carteira, entre portugueses e estrangeiros, chegando à conclusão que o regresso de Lage ao banco das águias é a melhor opção, sendo esta a via preferida de Rui Costa e a que reúne mais condições. O próximo…

[anditwentlikethis]

A continuar assim vamos bater recorde de despedimentos no tugão esta época 😭

[theclubhero-blog]

A FTC critica a Microsoft pelos aumentos de preços do Xbox Game Pass, que é um dos “danos aos consumidores” que queria evitar

Por Vinicius Torres Oliveira

A Federal Trade Commission (FTC) informou que os recentes aumentos de preços do Xbox Game Pass anunciados pela Microsoft são “exatamente o dano ao consumidor” que ela tentou impedir ao impedir a aquisição da Blizzard pela Activision.

Como você provavelmente sabe, a aquisição da empresa não foi exatamente simples para a Microsoft, que encontrou forte resistência dos órgãos antitruste ingleses e norte-americanos, sendo que estes últimos não tinham intenção de desistir, apesar da derrota na Justiça. Na verdade, há algumas horas, a FTC apresentou um documento ao Tribunal de Apelações dos Estados Unidos que visa especificamente os aumentos de preços do Game Pass, acusando a Microsoft de ter degradado a qualidade do serviço, em particular referindo-se ao console de nível, que será substituído por outro mais caro e com menos vantagens.

A FTC não é levianamente e afirma que a Microsoft após a aquisição está causando danos aos consumidores com aumentos de preços e remodulações desvantajosas da oferta, ao mesmo tempo que reduz investimentos no produto e demite pessoal.

“A degradação do produto – a eliminação dos jogos mais valiosos do novo serviço da Microsoft – combinada com o aumento dos preços para os jogadores existentes, é exactamente o tipo de dano ao consumidor causado pela fusão que a FTC denunciou”, lê-se no documento.

“Os aumentos de preços e a degradação dos produtos, juntamente com a redução do investimento da Microsoft na produção e na qualidade dos produtos através de despedimentos de funcionários, são características de uma empresa que exerce poder de mercado pós-fusão.”

“Os aumentos de preços da Microsoft coincidem com a adição de Call of Duty ao nível mais caro do Game Pass, e a descontinuação do nível Console ocorrerá pouco antes do lançamento do novo jogo CoD.”

“A Microsoft prometeu que” a aquisição beneficiaria os consumidores ao disponibilizar [CoD] no Game Pass da Microsoft no mesmo dia em que for lançado nos consoles (sem aumento de preço para o serviço com base na aquisição).”

Embora a aquisição da Activision Blizzard já tenha sido concluída, ao abrigo da lei dos EUA, a FTC ainda tem o poder de demonstrar em tribunal que a fusão cria um risco de monopólio e, portanto, anulá-la. Neste sentido, o antitruste está explorando todas as oportunidades oferecidas. Por exemplo, em fevereiro ele retornou ao cargo após inúmeras demissões na divisão pós-aquisição do Xbox.

[reinato]

O CHEF

Uma filha reclamou com seu pai sobre sua vida estava cansada de lutar. Parecia que quando ela resolvia um problema, aparecia outro.

Seu pai, chefe de profissão, levou-a para o seu local de trabalho. Lá encheu três recipientes de água e colocou-os sobre fogo. Em um colocou cenouras, no outro ovo e no último preparou café.

A filha esperou impacientemente, imaginando o que o pai estaria fazendo. Vinte minutos depois o pai apagou o fogo.

Ele tirou as cenouras e colocou-as numa tigela.

Tirou os ovos e colocou-os em outro prato.

Finalmente, preparou o café.

Olhando para sua filha disse-lhe: "Querida, o que você vê? ”

- “Cenouras, ovos e café”, foi a resposta dela.

Fez-la aproximar-se e pediu-lhe para tocar nas cenouras.

Ela fez isso e notou que estavam moles.

Depois pediu-lhe para pegar num ovo e quebrá-lo. Depois de tirar a casca dele, ele observou que o ovo estava cozido. Depois pediu-lhe para provar o café. Ela sorriu enquanto desfrutava do seu cheiro rico.

Ele explicou-lhe que os três elementos tinham enfrentado a mesma adversidade com a água fervendo, mas tinham reagido de forma muito diferente.

A cenoura chegou à água forte, dura; mas depois de passar pela água fervendo ela tinha ficado fraca, fácil de desfazer.

O ovo tinha chegado à água frágil, sua casca fina protegia seu interior líquido; mas depois de estar em água fervendo, seu interior tinha endurecido.

O café no entanto era único; depois de estar em água fervendo, ele tinha mudado para a água.

“Qual deles é você? ”, perguntou o pai à sua filha.

Você é uma cenoura, que parece forte, mas que quando a adversidade e a dor te tocam, você fica fraco e perde sua força?

Você é um ovo, que começa com um coração flexível; possuía um espírito fluido, mas depois de uma morte, uma separação, uma observação ou um despedimento, você se tornou dura e rígida?

Ou você é como café? O café muda para água fervente, o elemento que lhe causa dor. Quando a água atinge o ponto de ebulição, o café atinge o seu melhor sabor.

Se você é como o grão de café, que quando as coisas pioram, você reage melhor e faz as coisas ao seu redor melhorarem, você entendeu tudo.

Tudo depende de como. E como só depende de você.

[adiascinzentos]

Chapter 75 "The last laugh is mine"

"And then... i love when fools get fucked..."

Sete horas e dez minutos, sinto-me... descansada... tive um pequeno spoiler matinal...

Os dois idiotas que me fizeram a vida negra ontem... vão ter o que merecem... admito... que melhorou-me o mood solenemente...

...

Até vou-me arranjar bem, vou meter-me sexy, vou levar o meu casaco vermelho lindo... e vou com um sorriso de bad bitch só para meter nojo...

...

Exato.

Cheguei... a reunião vai começar...

...

Literalmente... foram trinta minutos de reunião... dos quais... resultaram em processos disciplinares aos dois idiotas... que podem resultar...

Em despedimento de ambos...

Admito, o meu dia... melhorou... deixei sair um sorriso maroto...

E nem foi preciso abrir a boca...

...

Decidi... depois da reunião... dar o dia a todos da secção, estava de bom humor... e sinto que merecíamos todos...

...

Todos sorriram... afinal, podiam ir para os copos mais cedo... e eu que já tinha fama de Chefinha fixe... welp...

...

Não vou falar do mood de noite... amanhã... vou passear para alinhar chackras...

"Como te sentes hoje?"

Sinto-me vitoriosa... mas aziada...

[pacosemnoticias]

Sindicato considera inadmissível despedimento de enfermeiros em duas ULS

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou hoje inadmissível o despedimento de 55 enfermeiros nas unidades locais de saúde de Coimbra (20) e Tâmega e Sousa (35), contratados ao abrigo do plano de resposta sazonal de inverno.

Numa manifestação à entrada dos Hospitais da Universidade de Coimbra, polo principal da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, cerca de 30 enfermeiros protestaram contra a situação, com faixas e cartazes, nos quais se liam frases como "Exigimos vínculos efetivos, não somos descartáveis" ou "Enfermeiros, Heróis de ontem -- descartáveis de hoje".

"Há um conjunto de atividades diárias [destes enfermeiros] que há de ser sobrecarregada em outros colegas, além dos milhares de horas extraordinárias que já hoje acontecem todos os dias e meses", salientou aos jornalistas o dirigente regional do SEP, Paulo Anacleto.

A estrutura sindical exige um vínculo efetivo e com direitos, criticando a política de saúde da tutela de não renovar contrato, quando os profissionais em causa exercem atividades diárias e permanentes.

"A deficiência e carência estrutural de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) são unanimemente reconhecidas, mas isso não basta. É necessário concretizar esse reconhecimento", frisou Paulo Anacleto.

"Se são necessários, perguntamos ao Ministério da Saúde porque é que não há uma decisão política da sua manutenção", questionou.

O dirigente sindical exigiu ainda que passem também a efetivos os enfermeiros com vínculo precário contratados a termo incerto ainda ao abrigo da pandemia de covid-19 e da campanha de vacinação, sobretudo nas unidades de cuidados de saúde primários.

O SEP reclamou também a admissão de 2.700 novos enfermeiros "no mais curto espaço de tempo", como consta no Quadro de Referência Global aprovado para o SNS.

No protesto de hoje, marcaram também presença assistentes operacionais da ULS de Coimbra, que estão na mesma situação dos enfermeiros contratados ao abrigo do plano de resposta sazonal de inverno e não viram os seus vínculos renovados.

"Com a falta de pessoal que existe, não se percebe como despedem estas pessoas, que tinham a sua vida organizada e a quem deram a esperança de que o contrato iria ser renovado", disse Francelina Cruz, do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública.

[yes-deepbelievercollector]

Google e a Reestruturação Global: Uma Análise dos Recentes Despedimentos e Contratações

Nos últimos tempos, o gigante tecnológico Google tem estado no centro das atenções, não apenas pelas inovações que traz ao mercado, mas também pelas suas decisões estratégicas no que toca à gestão de recursos humanos. Desde janeiro de 2023, a empresa tem vindo a realizar cortes significativos no seu quadro de funcionários, com o anúncio […]

[joelpuga]

Capítulo 29 - O Lobo de Perre

Muito mudou desde a minha última entrada neste blogue. Desde o ataque ao acampamento do Gerês, deixei de ter contacto com a Organização. Sem a influência deles, o mal-estar causado na empresa onde trabalhava pelas minhas longas e injustificadas ausências levou ao meu despedimento. Para a minha esposa, que já andava desconfiada, o meu despedimento e as suas supostas causas foram a gota de água. O…

[sobreiromecanico]

Leituras da Semana (#07 // 04 Mar 2024)

The Extractivism of Setting and the Traitor's Text [Vajra Chandrasekera]

Se ainda não leram The Saint of Bright Doors, o romance de estreia de Vajra Chandrasekera, aproveitem a recomendação (ainda não acabei, mas o que li até agora mais do que valeu a pena). E se não acompanham o seu blogue, também fica a sugestão - os ensaios que vai publicando, e que publicou ao longo dos anos, são invariavelmente interessantes pelas posições e pelos pontos de vista. Este, de 2022, voltou à superfície na Bluesky há dias (em termos de discussão sobre literatura de género esta rede é maravilhosa); quem tiver interesse sobre perspectivas culturais, cânones literários, autenticidade e apropriação - e mais algumas ideias que merecem leitura atenta e debate.

Hypothetical AI election disinformation risks vs real AI harms [Pluralistic]

O hype contemporâneo com machine learning (se o marketing ganha a designação de IA para o que temos hoje em dia então a ficção científica terá de arranjar outro termo) poderá causar imensos estragos em processos eleitorais, disso não há dúvida. Mas o que já é absolutamente factual é os estragos que está a causar já. Cory Doctorow explora neste texto alguns desses estragos.

#058 Escrever sobre videojogos, por Ricardo Correia [Videojogos]

Não conhecia este blogue / esta newsletter de Filipe Urriça sobre videojogos, mas será mais uma ligação a estar atento. Hoje o convidado foi o Ricardo Correia, que conheço de outras andanças (nomeadamente, um painel sobre videojogos no Forum Fantástico que fazemos há... dez anos? Mais?), e que aproveitou para dissertar um pouco sobre as vagas de despedimentos no sector (na semana passada foi a Sony a despedir centenas de trabalhadores, incluindo gente premiada e distinguida pelos seus pares - não há mérito que valha aos cálculos de merceeiro do capitalismo tardio), o estado geral da indústria dos videojogos - e a forma acrítica com que a comunicação social especializada regurgita o newspeak dos departamentos de relações públicas das mega-corporações.

[hotnew-pt]

Mercado de transferências, último dia de negociações: o que esperar dos 20 clubes da Série A | #ÚltimasNotícias

Hot News As portas do mercado de transferências fecham oficialmente na sexta-feira, 30 de agosto, à meia-noite, com o encerramento da sessão de verão da temporada 2024/25. Para os 20 clubes de Série A Resta cada vez menos intervir e encerrar as últimas negociações de entrada e saída. Os clubes enfrentam, portanto, as últimas negociações: compras, vendas, despedimentos a vender e movimentações…

[anditwentlikethis]

o Benfica leva olés em Alvalade e no Dragão no espaço de 3 dias. Só por si já devia dar despedimento por justa causa

[theclubhero-blog]

Funcionário do estúdio de Baldur’s Gate 3 critica demissões: “vergonhoso”

Por Vinicius Torres Oliveira

Demissões em massa na Microsoft estimulou pronunciamento do diretor de lançamento dos jogos da Larian Studios

Após esta semana fechar com quase 6.000 funcionários demitidos da indústria de games apenas em janeiro, Michael Douse, da Larian Studios, se pronunciou. O diretor de lançamentos do estúdio de Baldur’s Gate 3 atacou executivos e classificou a decisão de cortes como embaraçosa.

Com o anúncio de cerca de 1.900 demissões como parte da reestruturação da Microsoft pós-acordo com a Activision, Douse resgatou um post antigo. Na oportunidade, o diretor comentou que “comprar companhias para despedir todos os seus funcionários logo depois é vergonhoso”.

Agora, ele volta a mencionar a postagem, mas com um novo texto. Segundo ele, sua ideia continua “atemporal” e os próprios executivos deviam pagar, com seus salários, essas grandes reformulações, em vez de ganharem benefícios por “tomar decisões difíceis”.

Atemporal, infelizmente. Penso que os despedimentos em massa deviam ser acompanhados por cortes obrigatórios nos salários dos principais executivos, não com prémios por ‘tomar decisões difíceis’.

O colaborador do estúdio de Baldur’s Gate 3 também pediu aos internautas para prestarem solidariedade às centenas de pessoas que vêm perdendo seus empregos neste início de 2024. Até agora, as ondas de demissões já afetam estúdios do Embracer Group, Riot Games, Activision e outros.

[ccbrandao]

O jornal (em papel nunca) vai acabar

“O jornal em papel nunca vai acabar”. Lembro-me da primeira vez que ouvi esta frase. Foi no primeiro ano da faculdade, do curso de jornalismo, há uns precisos 20 anos. Naquela altura, o digital ainda dava os primeiros passos por entre algumas experiências jornalísticas, não se sabiam bem o que aí vinha, mas o papel ia ser sempre o papel, diziam os professores.

Lembro-me de ler o Jornal de Notícias aos domingos, em casa do meu avô, e de sentir que aquelas páginas eram imensas, continham informação sobre tantos assuntos diferentes. Desde as coisas importantes da política lá na capital, às histórias dos pastores no interior. E todas tinham a mesma importância, todas as pessoas tinham um espaço para a sua própria voz. Até as coisas aqui da terrinha, volta  e meia, apareciam nas páginas daquele jornal grande. Ainda faltavam uns anos para decidir ir para jornalismo, mas as minhas mãos já sentiam o peso da instituição que era o Jornal de Notícias.

Já no curso, quando comecei a conhecer pelo nome os jornalistas que escreviam as grandes histórias, não deixava de encher o peito saber que eram do Norte, que, afinal, muito do importante papel do jornalismo no país era feito a partir daqui. Era feito no Jornal de Notícias, no Porto.

Quando tive um contacto mais próximo com o Jornal de Notícias, aí já formada em jornalismo, lia cada notícia com outros olhos. Admirava o rigor, o cuidado em contar as histórias, a forma como chegavam a cada pessoa, como não se ficavam por um lado da história. Como inovavam na forma de contar e, acima de tudo, como conseguiam que tantas situações se resolvessem graças à sua denúncia. Era o jornalismo com que sonha quem entra na faculdade, acho eu. Era o meu jornalismo e não era feito lá longe.

E tudo aquilo era feito por pessoas que eu admirava, que iam à procura, que não se deixavam ficar pelo óbvio, pelo mais fácil, pelo que lhe queriam fazer passar. Ainda acreditavam que, se fizessem um bom trabalho, o jornal haveria de continuar a ser feito ali, no Porto, com as histórias da região, com as histórias das pessoas anónimas. No Jornal de Notícias, foram sempre acreditando que o que faziam era relevante, vital. E que teriam que continuar a fazer isso, bem feito, para não serem outro Primeiro de Janeiro, outro Comércio do Porto. Mesmo assistindo a cortes ali tão perto: na equipa de fotografia, nos colegas do Diário de Notícias, nos da TSF. Os mais de cem anos do Jornal de Notícias davam-lhes força e o jornal manteve-se, continuando a atrair jovens jornalistas, mantendo fieis milhares de leitores diários. E, imagine-se!, com resultados positivos.

A Global Media, o grupo que detém o Jornal de Notícias, quer despedir agora entre 150 a 200 pessoas, 40 delas jornalistas do Jornal de Notícias, cuja redação são, atualmente, nove dezenas. O despedimento coletivo inclui, ainda, mandar para a rua 30 pessoas da TSF e um número indeterminado d’O Jogo. Depois de terem tirado a redação do coração da Baixa do Porto, da “torre” como era carinhosamente apelidado, querem fazer crer que é possível manter a qualidade, a isenção, o rigor, procurar as notícias e o seu contraditório com uma redação esquartejada.

Não é e, por isso, os jornalistas fizeram uma greve de dois dias. Pela primeira vez, desde o dia em nasceu, há 135 anos, o Jornal de Notícias não saiu para as bancas durante dois dias seguidos, deixando um buraco vazio maior do que os olhos viram naquelas prateleiras.

Nestes dias, alguém escrevia nos comentários sobre a notícia do despedimento coletivo que o Jornal de Notícias há muito tinha perdido qualidade. Duvido que esse alguém se tenha dado ao trabalho de pensar porquê. Será porque a redação é cada vez mais curta e um jornalista não chega a todo o lado? Será porque quem o escreve trabalha em situação precária e não se lhe pode exigir que sinta a motivação daqueles que ganham balúrdios a explorar pessoas? Ou será que, mesmo motivado, mesmo ainda crente no sonho do jornalismo, no propósito do jornalismo enquanto quarto poder, enquanto denunciador, independente e justo, o jornalista, simplesmente, não lhe veja pagas deslocações ou outras despesas que um rigoroso trabalho de investigação exigiria? Ter-se-á, esse alguém, questionado sobre o monopólio dos grupos de media, sobre o fundo de investimento que agora entra na administração da Global Media, e os interesses que isso traz consigo?

Mas eles aí estão. E nós continuamos a não querer pagar para ler notícias. Queremos ler o jornal de forma gratuita nos cafés e sem conteúdos pagos nos sites. Queremos porque a internet nos habituou a ter tudo à mão, imediatamente, e de graça. Quanto muito a ter que levar com um anúncio até ao fim, mas quem está verdadeiramente atento ao seu conteúdo? Enquanto vivermos a acreditar que temos o direito de ler as notícias de graça, vamos, mesmo, assistir à morte dos jornais. Porque não haverá dinheiro para pagar aos jornalistas. Porque se os leitores não os valorizam, por os hão de valorizar os senhores dos fundos, os senhores do capital e do lucro cego?

E sem jornalistas não haverá ninguém para contar a história do dia em que, afinal, o digital acabou com os jornais em papel e passámos a ler notícias feitas pela inteligência artificial, a ferramenta perfeita para a propaganda. O dia do espezinhar da democracia, do pluralismo, da isenção, de uma imprensa livre e descentralizada. Depois escusamos de nos queixar. Ninguém estará lá para ouvir, contar, denunciar a nossa queixa. Escusam de pedir ajuda ao Chat GPT, ele vai estar ocupado a “escrever notícias”.