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Cooperativa Punha: Luchando por el arte textil en tiempos difÃciles
#EconomÃaPopular | #CooperativaPunha: Luchando por el arte textil en tiempos difÃciles La Cooperativa Punha en #AbraPampa enfrenta desafÃos económicos, manteniendo viva la #tradicióntextil con #fibradellama y #artesanÃas.
La Cooperativa Punha en Abra Pampa enfrenta desafÃos económicos, manteniendo viva la tradición textil con fibra de llama y artesanÃas. La Cooperativa Punha, ubicada en la localidad de Abra Pampa, en el norte de Jujuy, es un ejemplo de economÃa popular, solidaria y la resiliencia. Fundada para mejorar la calidad de las artesanÃas locales y proporcionar una fuente de ingresos a sus miembros, la…
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Prefácio de Admirável Mundo Novo sublinhado por partes que me chamaram atenção
O remorso crônico, e com isto todos os moralistas estão de acordo, é um sentimento bastante indesejável. Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possÃvel e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.
Também a arte tem a sua moral e grande parte das regras dessa moral são idênticas, ou pelo menos análogas, à s regras da ética vulgar. O remorso, por exemplo, é tão indesejável no que diz respeito à nossa má conduta como no que se relaciona com a nossa má arte. O que aà existe de mau deve ser encontrado, reconhecido e, se possÃvel, evitado no futuro. Meditar longamente sobre as fraquezas literárias de há vinte anos, tentar remendar uma obra defeituosa para lhe dar uma perfeição que ela não tinha quando da sua primitiva execução, passar a idade madura a tentar remediar os pecados artÃsticos cometidos e legados por essa pessoa diferente que cada um é na sua juventude, tudo isto, certamente, é vão e fútil. E eis porque este atual Admirável Mundo Novo é o mesmo que o antigo. Os seus defeitos, como obra de arte, são consideráveis; mas para os corrigir ser-me-ia necessário escrever novamente o livro, e durante esse novo trabalho de redação, ao qual me entregaria na qualidade de pessoa mais velha e diferente, destruiria provavelmente não apenas alguns defeitos do romance, mas também os méritos que ele poderia ter possuÃdo na origem. Por esta razão, resistindo à tentação de me rebolar no remorso artÃstico, prefiro considerar que o ótimo é inimigo do bom e depois pensar noutra coisa.
No entanto, parece-me ser útil citar pelo menos o mais sério defeito do romance, que é o seguinte: apenas é oferecida ao Selvagem uma única alternativa: uma vida demente na Utopia, ou a vida de um primitivo na aldeia dos Ãndios, vida mais humana, sob certos pontos de vista, mas, noutros, apenas menos bizarra e anormal.
Na época em que o livro foi escrito, a ideia segundo a qual o livre-arbÃtrio foi concedido aos seres humanos para que pudessem escolher entre a demência, por um lado, e a loucura, por outro, era uma noção que eu achava divertida e considerava como podendo perfeitamente ser verdadeira. Todavia, por amor ao efeito dramático, é permitido freqüentemente ao Selvagem falar de uma maneira mais racional que a que seria justificada pela sua educação entre os praticantes de uma religião que é metade culto da fecundidade e metade a ferocidade do Penitente. No fim, bem entendido, ele recuará perante a razão: o seu Penitente-ismo natal reafirma a sua autoridade, e ele acaba na tortura demente que a si próprio inflige e no suicÃdio sem esperança. "E foi assim que eles continuaram morrendo miseravelmente", o que muito tranquilizou o esteta divertido e pirrônico que era o autor da fábula.
Não tenho hoje nenhum desejo de demonstrar que é impossÃvel ser-se são de espÃrito. Pelo contrário. Se bem que verifique, não menos tristemente que outrora, que a saúde do espÃrito é um fenômeno muito raro, estou convencido de que pode ser conseguida e gostaria de a ver mais espalhada. Por tê-lo dito em vários livros recentes e, principalmente, por ter elaborado uma antologia daquilo que os sãos de espÃrito dizem sobre a saúde do mesmo e sobre todos os meios pelos quais ela pode ser atingida, fui acusado por um eminente crÃtico acadêmico de ser um deplorável sintoma da falência dos intelectuais em tempo de crise. Este julgamento subentende, suponho, que o professor e os seus colegas são alegres sintomas de sucesso. Os benfeitores da humanidade merecem congruentemente a honra e a comemoração. Edifiquemos um panteão para os professores. Seria bom que ele ficasse situado entre as ruÃnas de uma das estripadas cidades da Europa ou do Japão. E no pórtico de entrada do ossário inscreveria eu, em letras com dois metros de altura, estas simples palavras:
À MEMÓRIA DOS EDUCADORES DO MUNDO
SI MONUMENTUM REQUIRIS CIRCUMSPICE
Mas voltando ao futuro... Se eu tornasse agora a escrever este livro, daria ao selvagem uma terceira possibilidade. Entre as soluções utópica e primitiva do seu dilema haveria a possibilidade de uma existência sã de espÃrito — possibilidade atualizada, em certa medida, entre uma comunidade de exilados e refugiados que teriam abandonado o Admirável Mundo Novo e viveriam dentro dos limites de uma Reserva. Nessa comunidade, a economia seria descentralizada, à Henry George, a polÃtica seria kropotkinesca, cooperativa. A ciência e a técnica seriam utilizadas como se tivessem sido feitas para o homem, e não (como são presentemente e como serão ainda mais no mais admirável dos mundos novos) como se o homem tivesse de ser adaptado e absorvido por elas. A religião seria a procura consciente e inteligente do Fim último do Homem, o conhecimento unitivo do Tao ou Logos imanente, da Divindade ou Brama transcendente. E a filosofia dominante da vida seria uma espécie de Utilitarismo Superior, no qual o princÃpio da Felicidade Máxima seria subordinado ao princÃpio do Fim último, sendo a primeira questão que se punha e à qual seria necessário responder, em cada uma das contingências da vida, a seguinte: "Como contribuirão ou porão obstáculos à realização, por mim ou pelo maior número possÃvel de indivÃduos, do Fim último do Homem, este pensamento ou este ato?"
Educado entre primitivos, o Selvagem (nesta nova e hipotética versão do livro) só seria transportado para a Utopia após ter tido ocasião de se informar conscientemente sobre a existência de uma sociedade composta de indivÃduos cooperando livremente e consagrando-se à procura da saúde do espÃrito. Assim modificado, o Admirável Mundo Novo possuiria qualquer coisa de completo, artisticamente e (se é permitido empregar uma tão importante palavra acerca de uma obra de imaginação) filosoficamente, que lhe falta, com toda a evidência, sob a sua atual forma.
Mas o Admirável Mundo Novo é um livro sobre o futuro e, quaisquer que sejam as suas qualidades artÃsticas, um livro sobre o futuro não pode interessar-nos, a não ser que as suas profecias tenham a aparência de coisas cuja realização se pode conceber. Do nosso ponto de vista atual, quinze anos mais abaixo no plano inclinado da história moderna, qual é o grau de plausibilidade que ainda possuem os seus vaticÃnios? Que se passa durante este doloroso intervalo para confirmar ou invalidar as previsões de 1931?
Há um enorme e manifesto defeito de previsão que imediatamente se verifica. O Admirável Mundo Novo não faz a menor alusão à cisão nuclear. De fato, é extremamente curioso que assim seja, pois as possibilidades da energia atômica constituÃam já um preponderante assunto de conversa alguns anos antes de o livro ter sido escrito. O meu velho amigo Robert Nichols tinha mesmo escrito a esse respeito uma peça de sucesso, e lembro-me de eu próprio ter dito umas palavras, de passagem, num romance publicado nos últimos anos da década de vinte. Parece-me portanto, como digo, muito curioso que os foguetões e os helicópteros do sétimo século de Nosso Ford não tenham possuÃdo como força motriz núcleos de desintegração. Este esquecimento pode não ser desculpável, mas, pelo menos, pode ser explicado facilmente. O tema do Admirável Mundo Novo não é o progresso da ciência propriamente dita — é o progresso da ciência no que diz respeito aos indivÃduos humanos. Os triunfos da quÃmica, da fÃsica e da arte do engenheiro são considerados tacitamente como progredindo com normalidade. Os únicos progressos cientÃficos que são explicitamente descritos são aqueles que interessam à aplicação aos seres humanos das futuras pesquisas em biologia, fisiologia e psicologia. É unicamente devido à s ciências da vida que a vida poderá ser modificada radicalmente. As ciências da matéria podem ser aplicadas de tal maneira que destruam a vida ou que tornem a existência inadmissivelmente complexa e inconfortável; mas, a não ser que sejam utilizadas como instrumentos pelos biólogos e psicólogos, são impotentes para modificar as formas e as expressões naturais da própria vida. A libertação da energia atômica assinala uma grande revolução na história humana, mas não (a não ser que nos façamos saltar em pedaços e púnhamos, assim, fim à história) a revolução final e a mais profunda.
A revolução verdadeiramente revolucionária realizar-se-á não no mundo exterior, mas na alma e na carne dos seres humanos. Vivendo, como viveu, numa época revolucionária, o marquês de Sade serviu-se muito naturalmente dessa teoria das revoluções a fim de racionalizar o seu gênero particular de demência. Robespierre tinha realizado o gênero mais superficial de revolução: a polÃtica. Penetrando um pouco mais profundamente, Babeuf tentara a revolução econômica. Sade considerava-se como o apóstolo da revolução verdadeiramente revolucionária, para além da simples revolução polÃtica e econômica — da revolução dos homens, das mulheres e das crianças individuais, para quem o corpo se iria tornar daà em diante a propriedade sexual comum a todos e para quem o espÃrito deveria ser purgado de todos os pudores naturais, de todas as inibições laboriosamente adquiridas pela civilização tradicional. Não existe, é claro, nenhum laço necessário ou inevitável entre o sadismo e a revolução verdadeiramente revolucionária. Sade era um louco, e o fim mais ou menos consciente da sua revolução era o caos e a destruição universal. Os indivÃduos que governam o Admirável Mundo Novo podem não ser sãos de espÃrito (no sentido absoluto desta palavra), mas não são loucos, e o seu fim não é a anarquia, mas a estabilidade social. É com o fim de assegurar a estabilidade que eles efetuam, por meios cientÃficos, a revolução última pessoal, verdadeiramente revolucionária.
Mas por enquanto encontramo-nos na primeira fase daquilo que é, talvez, a penúltima revolução. Pode acontecer que a fase seguinte seja a guerra atômica e, nesse caso, não teremos que nos preocupar com profecias acerca do futuro. Mas é possÃvel que consigamos ter suficiente bom senso, se não para acabar completamente com as guerras, pelo menos para nos conduzirmos tão razoavelmente como os nossos antepassados do século XVIII. Os inacreditáveis horrores da Guerra dos Trinta Anos ensinaram alguma coisa aos homens e durante mais de cem anos os polÃticos e generais da Europa resistiram conscientemente à tentação de usar os seus recursos militares até ao limite da sua capacidade de destruição ou (na maior parte dos conflitos) de continuar a lutar até que o inimigo fosse completamente destruÃdo. Eram agressivos, bem entendido, ávidos de lucro e de glória, mas eram igualmente conservadores, resolvidos a conservar intacto, a todo o preço, o seu mundo, na medida em que o consideravam uma florescente empresa. Durante os últimos trinta anos não têm existido conservadores; apenas tem havido radicais-nacionalistas das esquerdas e radicais-nacionalistas das direitas. O último homem de Estado conservador foi o quinto marquês de Lansdowne. E quando ele escreveu uma carta ao Times sugerindo pôr fim à guerra por um compromisso, como tinha sido feito na maioria das guerras do século XVIII, o redator-chefe desse jornal, antes conservador, recusou a sua publicação. Os radicais-nacionalistas fizeram o que lhes apeteceu, com as conseqüências que todos nós conhecemos — o bolchevismo, o fascismo, a inflação, a crise econômica, Hitler, a Segunda Guerra Mundial, a ruÃna da Europa e a quase completa fome universal.
Admitindo, pois, que sejamos capazes de tirar de Hiroshima uma lição equivalente à que os nossos antepassados tiraram de Magdeburgo, podemos encarar um perÃodo não certamente de paz, mas de guerra limitada, que seja apenas parcialmente ruinosa. Durante esse perÃodo pode-se admitir que a energia nuclear seja aplicada a usos industriais. O resultado — e o fato é bastante evidente — será uma série de mudanças econômicas e sociais mais rápidas e mais completas que tudo que até agora foi visto. Todas as formas gerais existentes da vida humana serão quebradas e será necessário improvisar formas novas que se adaptem a esse fato não humano que é a energia atômica. Procusto moderno, o sábio de pesquisas nucleares prepara a cama em que a humanidade se deverá deitar; se a humanidade não se adaptar a ela, tanto pior para a humanidade. Será necessário proceder a algumas ampliações e a algumas amputações — o mesmo gênero de ampliações e amputações que se verificaram desde que a ciência aplicada se pôs realmente a caminhar com a sua própria cadência. Mas desta vez serão consideravelmente mais rigorosas que no passado. Estas operações, que estão longe de ser feitas sem dor, serão dirigidas por governos totalitários eminentemente centralizados. É uma coisa inevitável, pois o futuro imediato tem grandes probabilidades de se parecer com o passado imediato, e no passado imediato as mudanças tecnológicas rápidas, efetuando-se numa economia de produção em massa e entre uma população onde a grande maioria dos indivÃduos nada possui, têm tido sempre a tendência para criar uma confusão econômica e social. A fim de reduzir essa confusão, o poder tem sido centralizado e o controle governamental aumentado. É provável que todos os governos do Mundo venham a ser mais ou menos totalitários, mesmo antes da utilização prática da energia atômica; que eles serão totalitários durante e após essa utilização prática, eis o que parece quase certo. Só um movimento popular em grande escala, tendo em vista a descentralização e o auxÃlio individual, poderá travar a atual tendência para o estatismo. E não existe presentemente nenhum sinal que permita pensar que tal movimento venha a ter lugar.
Não há nenhuma razão, bem entendido, para que os novos totalitarismos se pareçam com os antigos. O governo por meio de cacetes e de pelotões de execução, de fomes artificiais, de detenções e deportações em massa não é somente desumano (parece que isso não inquieta muitas pessoas, atualmente); é — pode demonstrar-se — ineficaz. E numa era de técnica avançada a ineficácia é pecado contra o EspÃrito Santo. Um estado totalitário verdadeiramente "eficiente" será aquele em que o todo-poderoso comitê executivo dos chefes polÃticos e o seu exército de diretores terá o controle de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão. Fazer que eles a amem, tal será a tarefa, atribuÃda nos estados totalitários de hoje aos ministérios de propaganda, aos redatores-chefes dos jornais e aos mestres-escolas. Mas os seus métodos são ainda grosseiros e não cientÃficos. Os jesuÃtas gabavam-se, outrora, de poderem, se lhes fosse confiada a instrução da criança, responder pelas opiniões religiosas do homem. Mas aà tratava-se de um caso de desejos tomados por realidades. E o pedagogo moderno é provavelmente menos eficaz, no condicionamento dos reflexos dos seus alunos, do que o foram os reverendos padres que educaram Voltaire. Os maiores triunfos, em matéria de propaganda, foram conseguidos não com fazer qualquer coisa, mas com a abstenção de a fazer. Grande é a verdade, mas maior ainda, do ponto de vista prático, é o silêncio a respeito da verdade. Abstendo-se simplesmente de mencionar alguns assuntos, baixando aquilo a que o Sr. Churchil chama uma "cortina de ferro" entre as massas e certos fatos que os chefes polÃticos locais consideram como indesejáveis, os propagandistas totalitários têm influenciado a opinião de uma maneira bastante mais eficaz do que teriam podido fazê-lo Por meio de denúncias eloquentes ou das mais convincentes e lógicas refutações. Mas o silêncio não basta. Para que sejam evitados a perseguição, a liquidação e outros sintomas de atritos sociais, é necessário que o lado positivo da propaganda seja tão eficaz como o negativo. Os mais importantes Manhattan Projects do futuro serão vastos inquéritos instituÃdos pelo governo sobre aquilo a que os homens polÃticos e os homens de ciência que nele participarão chamarão o problema da felicidade — noutros termos: o problema que consiste em fazer os indivÃduos amar a sua servidão. Sem segurança econômica, não tem o amor pela servidão nenhuma possibilidade de se desenvolver; admito, para resumir, que a todo-poderosa comissão executiva e os seus diretores conseguirão resolver o problema da segurança permanente. Mas a segurança tem tendência para ser muito rapidamente considerada como caminhando por si própria. A sua realização é simplesmente uma revolução superficial, exterior. O amor à servidão não pode ser estabelecido senão como resultado de uma revolução profunda, pessoal, nos espÃritos e nos corpos humanos. Para efetuar esta revolução necessitaremos, entre outras, das descobertas e invenções seguintes: Primo: — uma técnica muito melhorada da sugestão, por meio do condicionamento na infância e, mais tarde, com a ajuda de drogas, tais como a escopolamina. Secundo: — um conhecimento cientifico e perfeito das diferenças humanas que permita aos dirigentes governamentais destinar a todo o indivÃduo determinado o seu lugar conveniente na hierarquia social e econômica — as cunhas redondas nos buracos quadrados possuem tendência para ter idéias perigosas acerca do sistema social e para contaminar os outros com o seu descontentamento. Tertio: (pois a realidade, por mais utópica que seja, é uma coisa de que todos temos necessidade de nos evadir freqüentemente) — um sucedâneo do álcool e de outros narcóticos, qualquer coisa que seja simultaneamente menos nociva e mais dispensadora de prazeres que a genebra ou a heroÃna. Quarto: (isto será um projeto a longo prazo, que exigirá, para chegar a uma conclusão satisfatória, várias gerações de controle totalitário) — um sistema eugênico perfeito, concebido de maneira a estandardizar o produto humano e a facilitar, assim, a tarefa dos dirigentes. No Admirável Mundo Novo esta estandardização dos produtos humanos foi levada a extremos fantásticos, se bem que talvez não impossÃveis. Técnica e ideologicamente, estamos ainda muito longe dos bebês em proveta e dos grupos Bokanovsky de semi-imbecis. Mas quando for ultrapassado o ano 800 de N.F., quem sabe o que poderá acontecer? Daqui até lá, as outras caracterÃsticas desse mundo mais feliz e mais estável — os equivalentes do soma, da hipnopedia e do sistema cientÃfico das castas — não estão provavelmente afastadas mais de três ou quatro gerações. E a promiscuidade sexual do Admirável Mundo Novo também não parece estar muito afastada. Existem já certas cidades americanas onde o número de divórcios é igual ao número de casamentos. Dentro de alguns anos, sem dúvida, passar-se-ão licenças de casamento como se passam licenças de cães, válidas para um perÃodo de doze meses, sem nenhum regulamento que proÃba a troca do cão ou a posse de mais de um animal de cada vez. À medida que a liberdade econômica e polÃtica diminui, a liberdade sexual tem tendência para aumentar, como compensação. E o ditador (a não ser que tenha necessidade de carne para canhão e de famÃlias para colonizar os territórios desabitados ou conquistados) fará bem em encorajar esta liberdade, juntamente com a liberdade de sonhar em pleno dia sob a influência de drogas, do cinema e da rádio, ela contribuirá para reconciliar os seus súditos com a servidão que lhes estará destinada.
Vendo bem, parece que a Utopia está mais próxima de nós do que se poderia imaginar há apenas quinze anos. Nessa época coloquei-a à distância futura de seiscentos anos. Hoje parece praticamente possÃvel que esse horror se abata sobre nós dentro de um século. Isto se nos abstivermos, até lá, de nos fazermos explodir em bocadinhos. Na verdade, a menos que nos decidamos a descentralizar e a utilizar a ciência aplicada não com o fim de reduzir os seres humanos a simples instrumentos, mas como meio de produzir uma raça de indivÃduos livres, apenas podemos escolher entre duas soluções: ou um certo número de totalitarismos nacionais, militarizados, tendo como base o terror da bomba atômica e como conseqüência a destruição da civilização (ou, se a guerra for limitada, a perpetuação do militarismo) ou um único totalitarismo internacional, suscitado pelo caos social resultante do rápido progresso técnico em geral e da revolução atômica em particular, desenvolvendo-se, sob a pressão da eficiência e da estabilidade, no sentido da tirania-providência da Utopia. É pagar e escolher.
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