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#Bruno Baptistelli
schoje · 2 months
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A Pinacoteca de São Paulo inaugurou nesse sábado (1º) a exposição Enciclopédia negra. Pela primeira vez, a exposição torna pública as 103 obras realizadas por artistas contemporâneos para um livro homônimo de autoria dos pesquisadores Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz e do artista Jaime Lauriano, publicado em março de 2021 pela Companhia das Letras. A mostra é um desdobramento da publicação e está conectada à nova apresentação da coleção do museu, que se apoia em questionamentos contemporâneos e reflete narrativas mais inclusivas e diversas. No livro, estão reunidas as biografias de mais de 550 personalidades negras, em 416 verbetes individuais e coletivos. Muitos desses personagens tiveram as suas imagens e histórias de vida apagadas ou nunca registradas. Para interromper essa invisibilidade, 36 artistas contemporâneos foram convidados a produzir retratos dos biografados.  São eles: Amilton Santos, Antonio Obá, Andressa Monique, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Bruno Baptistelli, Castiel Vitorino, Dalton Paula, Daniel Lima, Desali, Elian Almeida, Hariel Revignet, Heloisa Hariadne, Igi Ayedun, Jackeline Romio, Jaime Lauriano, Juliana dos Santos, Kerolayne Kemblim, Kika Carvalho, Lidia Lisboa, Marcelo D’Salete, Mariana Rodrigues, Micaela Cyrino,Michel Cena, Moisés Patricio, Mônica Ventura, Mulambö, Nadia Taquary, Nathalia Ferreira, Oga Mendonça, Panmela Castro, Rebeca Carapiá, Renata Felinto, Rodrigo Bueno, Sonia Gomes e Tiago Sant’Ana. A exposição Enciclopédia negra apresenta todos os 103 trabalhos inéditos, sendo que alguns deles já fizeram parte do caderno de imagens do livro. As obras, especialmente produzidas para o projeto, foram doadas ao museu pelos artistas e integrarão a coleção da Pinacoteca de São Paulo, criando uma importante intervenção no que diz respeito à busca por maior representatividade. Inauguração da exposição Enciclopédia negra na Pinacoteca de São Paulo. - Rovena Rosa/Agência Brasil A mostra da Pinacoteca está dividida em seis núcleos temáticos: Rebeldes; Personagens atlânticos; Protagonistas negras; Artes e ofícios; Projetos de liberdade; e Religiosidades e ancestralidades. Esses núcleos misturam biografias de tempos históricos diversos, nas quais ressaltam aspectos em comum. Há registros de quem liderou movimentos de resistência; negociou condições de emprego e de vida; das mulheres que tiveram de ser separadas de seus filhos; das que, com seu trabalho, conseguiram comprar as alforrias; dos mestres curandeiros, dos professores, advogados, artistas, entre outros. “As obras separadas nesses núcleos permitem ver como histórias vividas em diferentes momentos da história recente do Brasil têm afinidades, mostram como as lutas e as condições de vida desses personagens negros persistem. É muito bonito como a organização da exposição deixa isso mais evidente”, destacou a curadora da Pinacoteca de São Paulo, Ana Maria Maia. Ela ressalta o ineditismo das obras. “São 103 obras que chegam com a Enciclopédia, que são doadas ao museu e estão sendo exibidas pela primeira vez. Elas saem dos ateliês dos artistas e podem ser vistas pelo público pela primeira vez, antes de seguir para outros locais. A gente deseja muito que o projeto Enciclopédia negra saia da Pinacoteca no ano que vem e viaje para outros lugares”, diz Ana Maria.  Encontro com a coleção da Pinacoteca  Além dos núcleos temáticos, Enciclopédia negra se integra à nova apresentação da coleção da Pinacoteca. O visitante poderá conferir dez obras em cartaz na exposição Pinacoteca: Acervo, que dialogam com as questões abordadas na mostra temporária. Isso ocorre em obras de nomes como Arthur Timóteo da Costa e Heitor dos Prazeres, fundamentais para o repertório da Enciclopédia. Pinacoteca - Governo do Estado de São Paulo Para as salas da mostra temporária também foram deslocadas três obras que já eram do acervo: Estudos para imolação, de Sidney Amaral; uma obra sem título, do Mestre Didi; e Objeto Emblemático 4, de Rubem Valentim.
Há ainda o caso de Baiana, famosa pintura com autoria desconhecida, do Museu Paulista da Universidade de São Paulo em comodato com a Pinacoteca. Revisar narrativas consolidadas na história social e institucional, no que se refere à representatividade de gênero e raça, tem sido uma das principais missões da Pinacoteca atualmente. Na nova apresentação do acervo, por exemplo, o número de obras de artistas negros mais do que triplicou se comparado com a exposição anterior. Antes eram sete e agora são 26. A chegada da Enciclopédia negra gera grande aporte nesse processo, que passará de 26 para 129 obras.
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jornalgrandeabc · 2 years
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Memórias do Futuro, com Mário Medeiros, ocupa o Memorial da Resistência de SP
A exposição apresenta ao público do Memorial da Resistência um panorama histórico de mais de um século de lutas por direitos da população negra no estado de São Paulo, abrangendo o período de 1888 até os dias de hoje #cultura #jornalgrandeabc #direitos
A partir do dia 04 de junho, quem for visitar o Memorial da Resistência em São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, irá conferir a exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência que ocupa 689 m²  do museu e faz um resgate das lutas pelos direitos da população negra no estado de São Paulo do período de 1888 até os dias de hoje…
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leonardoantiqueira · 4 years
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histórias afro-atlânticas [afroatlantic histories]
29/06/2018 - 21/10/2018 masp
eleita pelo new york times a melhor exposição do ano de 2018 eleita pela artnews a terceira melhor exposição da década catálogo da exposição indicado ao prêmio jabuti
curadoria [curatorial project]
adriano pedrosa, artur santoro, ayrson heráclito, hélio menezes, leonardo antiqueira, lilia moritz schwarcz, matheus araújo e tomás toledo.
histórias afro-atlânticas apresenta uma seleção de 450 trabalhos de 214 artistas, do século 16 ao 21, em torno dos “fluxos e refluxos” entre a áfrica, as américas, o caribe, e também a europa. a exposição parte do desejo e da necessidade de traçar paralelos, fricções e diálogos entre as culturas visuais dos territórios afro-atlânticos—suas vivências, criações, cultos e filosofias. é importante levar em conta a noção plural e polifônica de “histórias”; esse termo que em português (diferentemente do inglês) abrange tanto a ficção como a não ficção, as narrativas pessoais, políticas, econômicas, culturais e mitológicas. essas histórias possuem uma qualidade processual, aberta e especulativa, em oposição ao caráter mais monolítico e definitivo das narrativas tradicionais. nesse sentido, a exposição não se propõe a esgotar um assunto tão extenso e complexo, mas antes a incitar novos debates e questionamentos, para que as histórias afro-atlânticas sejam reconsideradas, revistas e reescritas.
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artistas
aaron douglas / abdias nascimento / ad junior, edu carvalho e spartakus santiago / adenor gondim / agnaldo manoel dos santos / agostinho batista de freitas / agostino brunias / albert eckhout / albert huie / alberto henschel / alexander "skunder" boghossian / alfred weidinger / alfredo volpi / aline motta / alma thomas / alphonse garreau / andré cypriano / andy warhol / anita malfatti / antonio bandeira / antonio gomide / antônio obá / antônio parreiras / antônio rafael pinto bandeira / archibald j. motley / arthur bispo do rosário / arthur timótheo da costa / augustus earle / babalu / barbara jones‑hogu / barrington watson / bauer sá / beauford delaney / belmiro de almeida / ben enwonwu / benny andrews / blair stapp / bruno baptistelli / cameron rowland / candido portinari / canute caliste / captain stedman / carlos moraes / carlos vergara / carybé / castagnez pierre / castera bazile / celina / charles landseer / chico tabibuia / cícero dias / coletivo de artistas de cachoeira / cristofano dell’altissimo / cyprien tokoudagba / dalton paula / david driskell / david miller senior / dicinho / dimitri ismailovitch / dirk valkenburg / disbrow & few photographers / djanira da motta e silva / dumile feni / edinízio ribeiro primo / edna manley / edouard antoine renard / edsoleda santos / elisa larkin nascimento / ellen gallagher / ellis wilson / emanoel araujo / emiliano di cavalcanti / emma amos / emory douglas / enrique grau araújo / ernest crichlow / ernest mancoba / eustáquio neves / faith ringgold / felix beltran / félix émile taunay / félix farfan / flávio cerqueira / flávio gomes / françois auguste biard / françois désiré roulin / françois froger / frans post / frederico guilherme briggs / frente 3 de fevereiro / gary simmons / gaspar gasparian / george valris / gerard sekoto / gilberto de la nuez / gilberto hernández ortega / glauber rocha / glenn ligon / hank willis thomas / heitor dos prazeres / henry chamberlain / howardena pindell / hyacinthe rigaud / ibrahim el‑salahi / ibrahim mahama / iracy hirsch / isaac mendes belisario / ismael nery / j. cunha / jacob lawrence / jacques arago / jaime colson / jaime lauriano / james phillips / janaina barros / jaime fygura / jean chauffrey  / jean‑baptiste debret / joão cândido da silva / joaquim lopes de barros / johann moritz rugendas / john biggers / john wood / jorge henrique papf / josé alves de olinda / josé correia de lima / josé gil de castro / josé segura ezquerro / joshua reynolds / juan roberto “diago” durruthy / juana borrero / juarez paraíso / julien vallou de villeneuve / kara walker / lasar segall / loïs mailou jones / luiz braga / lula cardoso ayres / lynette yiadom‑boakye / mallica “kapo” reynolds / manuel mendive / manufatura de gobelins / marc ferrez / marcus rainsford / marepe / maria auxiliadora / mariano de zuñiga y ontiveros / mário cravo júnior / marius‑pierre / le masurier / martinho patrício / maurício simonetti / maxwell alexandre / mcpherson & oliver / mestre didi / mídia ninja / militão augusto de azevedo / moisés patrício / nadia taquary / nina chanel abney / no martins / noemia mourão / nona faustine / norman lewis / octávio araújo / osmond watson / pascale marthine tayou / paul cézanne / paul harro‑harring / paulo nazareth / pedro américo / pedro figari / philip thomas coke tilyard / pierre verger / radcliffe bailey / rafael borjes de oliveira / rafael rg / ram geet / ramiro bernabó / rené portocarrero / revert henry klumb / richard bridgens / rigaud benoit / roberto burle marx / rodolpho lindemann / rogério reis / romare bearden / rosana paulino / rosina becker do valle / rubem valentim / samuel raven / sénèque obin / seydou keïta / sheila pree bright / sidney amaral / solomon nunes carvalho / sonia gomes / tatewaki nio / theaster gates / theodor kaufmann / theodore géricault / thomas jones barker / tiago sant’ana / titus kaphar / toyin ojih odutola / uche okeke / uzo egonu / vicentina julião / victor meirelles / victor patricio landaluze / victoria santa cruz / vincent rosenblatt / walter firmo / wifredo lam / william henry johnson
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eduardobiz · 3 years
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Bruno Baptistelli
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verrev · 7 years
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Artistas: Bruno Baptistelli, Pedro Caetano, Federico Cantini, Sofía Durrieu Título: Obra Curador: Federico Baeza Dónde: Pasto Fechas: 30 de marzo al 6 de mayo de 2017
Texto, galería de imágenes y links
OBRA parece un espacio ocupado, un escenario de solapamientos entre diversos usos e intereses. Un movimiento en falso podría hacer estallar en pedazos los acuerdos tácitos que lo sostienen. OBRA se ve arrastrada por la expansión de ese gastado lugar común que llamamos arte contemporáneo, territorio no exento de desequilibrios y movimientos entrópicos. En este clima, artistas procedentes de dos megalópolis latinoamericanas catastróficas, Federico Cantini y Sofía Durrieu de Buenos Aires, Bruno Baptistelli y Pedro Caetano de San Pablo, habitan de manera precaria este territorio.
Sobre el lustroso piso de la galería tendimos un par de rollos de cartón corrugado asidos con cintas de pintor. La típica escena de montaje. El ambiente se tranformó en una mezcla de lugar en construcción y tatami o áshram yogui. Bruno nos había mandado unos afiches que hizo con fotos que saca en sus merodeos urbanos. Los pegamos como se hace en la calle, con adhesivo directo al muro. Los empezó hacer en Sampa registrando, pero también reordenando, los despojos que encontraba. Aún sigue subiendo estas imágenes a un blog. Esta postal viene de NY, allí encontró su paradisíaco basural. Con cierta solemnidad lo tituló “Metal Et cetera”, las planchas de metal fotografiadas combinan obra pública, plateado minimalismo y un eco de cierto concretismo vernáculo paulistano. Mientras tanto Sofía enhebraba cáscaras de banana secas con hilos dorados y su cuerpo absorvía el potasio. Con paciencia pasaba sus días armando una bandera oscura, un emblema desteñido que bien podría haber servido a un ejercito zombie. También trajo un monolito revestido con cerámicas rojas como las que se usan en las terrazas. La escultura piramidal tenía un agujero forrado con dorado a la hoja. Este ano áureo no permitía ver su final, invitaba a meter la mano y descubrir o escarbar en su interior.
Federico utilizó tubos de bronce puro para plegarlos y hacer dos aros gigantes. En la inauguración, Beto Romero se los puso, ensartó los filamentos de bronce en sus orejas y se mantuvo inmóvil sosteniéndolos. Los usaba sin dolor, mirando a la pared parecía envuelto en cierta concentración serena mientras lo demás bebían y bailaban. Los aros aparecieron como una evocación a unas argollas de una abuela rosarina, Federico en un momento pensó en el título “pesada herencia”, después se arrepintió. Con el dinero de los aros vendidos en la muestra se compró un pasaje y se fue a vivir a México dos semanas después. Pedro llegó con dos piezas de cerámica: una que condensaba emoji sonriente-halloween pumpkin-cenicero, la otra igual de alegre pero en versión pipa para fumar marihuana. Ambas practicables. Las hizo en una excursión a un taller de un alfarero-gurú en las afueras de SP una semana antes de viajar a BsAs. Una vez llegado pintó sus emojis risueños sobre dos pantallas plateadas, de las que se usan en fotografía para hacer rebotar la luz y atenuar las arrugas. Pedro nunca se despegó de su celular, sacaba fotos todo el tiempo. Una noche me dijo que él ya no recuerda, su única memoria es Instagram.
Durante la inauguración el piso forrado de cartón se fue deshaciendo en girones ritmados por la danza nocturna. Al día siguiente el ambiente se impregnaba de distendida resaca iluminada por el sol. Los despojos del encuentro se esparcían en la sala y en la vereda, la vidriera de la galería parecía haberse vuelto porosa.
Galería de imágenes
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Ph: @control
Links: Bruno Baptistelli Pedro Caetano Federico Cantini Sofía Durrieu Pasto Galería
Obra. Bruno Baptistelli, Pedro Caetano, Federico Cantini, Sofía Durrieu Artistas: Bruno Baptistelli, Pedro Caetano, Federico Cantini, Sofía Durrieu Título: Obra Curador: Federico Baeza Dónde: Pasto…
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pontogor · 3 years
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youtube
COMO VER UM FANTASMA? é um vídeo/ensaio realizado durante 1o Ciclo de pesquisa na Coleção Moraes-Barbosa. Aqui estão algumas imagens do vídeo que relaciona trabalhos de Manon de Boer, Antonio Dias, Guy Debord, René Daumal, Roberto Bolaño e outrxs.
Sobre o programa de pesquisa: Durante 6 meses, Antônio Ewbank, Bruno Baptistelli, Erica Ferrari, Pontogor e Tom Nóbrega recebemos uma bolsa para desenvolver suas pesquisas em intersecção com o arquivo da Coleção Moraes-Barbosa.
Iniciado no primeiro semestre de 2021, o programa de bolsas da Coleção Moraes-Barbosa é um apoio concedido para artistas, curadorxs, pesquisadorxs e demais agentes das artes. Com duração de seis meses, o programa tem ênfase na investigação autoral e oferece o material de arquivo da Coleção como base de dados e disparador das pesquisas. Os dois principais objetivos da bolsa são financiar investigações experimentais e criar um ambiente vivo de pesquisa para o arquivo da Coleção.
Para mais informações acessar: https://moraes-barbosa.com/
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flagworkz · 3 years
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Bruno Baptistelli. 
Bandeira Afro-Brasileira (in dialogue with David Hammons), Four Flags, 2020. Print on synthetic fabric. 1,00mx1,50m.
http://www.daily-lazy.com/2020/06/bruno-baptistelli-and-maria-noujaim-at.html
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umtrabalhoumtexto · 5 years
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trabalho / work: Bruno Baptistelli (Beba) Blues (versão ampliada), 2019 Instalação  texto / text: blues ou não posso sair sem isso por hélio menezes
prelúdio mil novecentos e três a primeira vez que um homem branco observou um homem negro não como um um “animal” agressivo ou força braçal desprovida de inteligência desta vez percebe-se o talento, a criatividade, a música o mundo branco nunca havia sentido algo como o blues um negro, um violão e um canivete
prótase um objeto recoberto de veludo azul; um azul à Yves Klein, mais escuro; a composição gera efeitos de alto e baixo relevo, formando dez espaços vazios (esvaziados) que fazem lembrar um porta-joias, só que sem-joias. o que era horizontal se verticaliza: presente e ausente, positivo e negativo divididos em duas colunas (outrora linhas) e cinco linhas (outrora colunas). um mostrador de pedras preciosas e de outros marcadores reluzentes de distinção de classe, abandonado de sua função original, parece ainda reluzir algo do brilho que antes guardava, conservando parte da memória do que foi.
[o céu azul escuro, mesmo sem lua, também tem seu brilho]
interlúdio um mais um capítulo da novela colorida, dolorida, masculina
epítase um objeto encontrado — garimpado, peneirado, escolhido — em meio a pilhas de entulho largados nas ruas de uma antiga capital imperial europeia, hoje decadentemente charmosa. duas vezes ao ano, durante o lomtalanítás, o que já não serve, a sobra, o resto, descarte, dejeto, aquilo que já não tem função, é posto para fora de casa e torna-se momentaneamente público nas ruas de Budapeste, antes de tornar-se definitivamente lixo. um artista inquieto, meio antropólogo meio psicanalista, encontra o objeto (ou é por ele encontrado, jamais saberemos); um homem sozinho  (tornado só) frente ao banal, à coisa abandonada que antes embalava ouros e que se encontra então à mercê do uso aleatório de outros. Os dois na rua.
[nenhum encontro é casual: mesmo o mais ínfimo contato gera relação: coisas e pessoas se contaminam pelo mais ligeiro roçar]
como garimpeiro que vê prata em meio à lama, retira-a do devir-nada, do aparentemente inescapável olvido, para oferecer-lhe outro destino, outras miradas. o deslocamento de função — do luxo ao lixo — não lhe acabou por inteiro: é ainda possível deixar-se afetar pela coisa, direcionar-lhe novas significações, extrair conteúdos de sua forma reapresentada. a coisa tornada linguagem. do luxo ao lixo ao léxico.
[a coisa, diferentemente do mero objeto, é porosa, extravasa, é atravessada por fluxos vitais, sociais, emocionais, subjetivos — ensina Ingold]
interlúdio dois é assim com nosso passado. trabalho perdido procurar evocá-lo, todos os esforços da nossa inteligência permanecem inúteis. está ele oculto, fora de seu domínio e do seu alcance, em algum objeto material (na sensação que nos daria esse objeto material) que nós nem suspeitamos. esse objeto, só de acaso depende que o encontremos antes de morrer, ou que não encontremos nunca
“blues”, porém, não se confunde com um ready-made. o gesto de Baptistelli ao deslocá-lo parece dever mais a Proust que a Duchamp: a coisa, revisitada, desperta lugares da memória tal como as migalhas de brioche embebidas em chá que, levadas à boca, ativam no romance proustiano uma deriva a outros tempos, outros espaços — sem por um só momento sair do tempo e espaço presentificados pela materialidade do porta-joias que, aqui, faz as vezes de brioche. um duplo, por assim dizer, que atua como um búzio, um exoesqueleto que guarda sensações do molusco que nele antes habitava. corpo-sem-corpo; corpo-carcaça.
[mas corpo, ainda]
interlúdio três love was ours ours a love I held tightly feeling the rapture grow like a flame burning brightly but when she left, gone was the glow of blue velvet but in my heart there'll always be precious and warm, a memory
catástase uma sequência-base de piano, transformada em loop, conduz a harmonia melancólica de can’t leave without it, trap que completa e dá corpo a “blues”. reforçada pelos acordes menores, a melancolia é feita de uma nota só; outras notas vão entrar (como os metalizados beats instrumentais e o suave lirismo da flauta transversal, que rouba e conduz a melodia principal da canção), mas a base é uma só: aquela melancolia dos exilados que recém voltaram ou partiram, de quem se recém divorciou, da fisgada fantasmagórica de um membro já amputado.
[um trap que carrega aquela leve e doce tristeza de um puro blues]
na instalação-reflexão proposta por Baptistelli, a transubstanciação do objeto em coisa vem acompanhada da transmutação paralela do canto em som instrumental: no lugar da voz rouca e sexy do trapper 21 Savage, autor da canção original, os instrumentos assumem o destaque nessa versão azulada. como se a base musical desprovida do sujeito da voz ampliasse, ecoando, a solitude do porta–joias destituído de joias.
[como quem diz ao cantor alagoano um dizer assim: o desamor é azulzinho também].
interlúdio quatro Juan: "In moonlight, black boys look blue". "You're blue". "That's what I'm gonna call you: 'Blue'." Little: Is your name 'Blue'? Juan: Nah. At some point, you gotta decide for yourself who you're going to be. Can't let nobody make that decision for you.
nota final dois mil e dezenove a primeira vez que um homem branco observou dois homens negros pensarem juntos um trabalho, um texto, uma imagem de divulgação i’m feeling the burn in my eyes desta vez percebe-se que a imagem do convite é despistadora: a quebra de expectativa, afinal, é o A e o Z de todo esse “blues” o mundo branco nunca havia sentido algo como o blues dois negros, um trabalho e um texto
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fotoplusbrasil · 6 years
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Bruno Baptistelli, obras Souvenir (2017-2018) e BP (2018), mostra Acúmulo, Galeria Pilar (SP), 26.05.2018 (em Galeria Pilar)
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EXPOSIÇÃO REÚNE TRABALHOS DE JOVENS ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS NA CAIXA CULTURAL RIO DE JANEIRO
http://www.piscitellientretenimentos.com/exposicao-reune-trabalhos-de-jovens-artistas-contemporaneos-na-caixa-cultural-rio-de-janeiro/
EXPOSIÇÃO REÚNE TRABALHOS DE JOVENS ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS NA CAIXA CULTURAL RIO DE JANEIRO
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Superfícies sensíveis Pele | Muro | Imagem apresenta 20 obras que discutem tensões entre o corpo e a cidade
A CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe, de 9 de janeiro a 4 de março de 2018 (terça a domingo), a exposição coletiva Superfícies sensíveis | Pele | Muro | Imagem, que reúne trabalhos de 21 jovens artistas contemporâneos brasileiros, realizados no início do século XXI. Sob curadoria de Ícaro Ferraz Vidal Jr. e Laila Melchior, a exposição aborda a temática da superfície como potência, possibilidade crítica e estética, apresentando obras que estão conectadas ao passado de nossa arte ao mesmo tempo que indicam rotas para o futuro. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.
Entre fotografias, vídeos e pinturas, serão expostos 20 trabalhos de nomes como Alexandre Vogler, André Parente, Bruno Baptistelli, Felipe Morozini, Fernanda Gomes, Fernando Gonçalves, Filipe Acácio, Iris Helena, Járed Domício, Juliane Peixoto, Katia Maciel, Manoela Medeiros, Matias Mesquita, Milena Travassos, Néle Azevedo, Raoni Shaira, Raphael Couto, Ricardo Theodoro, Yana Tamayo, Yuli Yamagata e Yuri Firmeza.
A pele, o muro e a imagem articulam-se de diferentes modos nas obras selecionadas, discutindo as fronteiras entre o corpo e a cidade, bem como suas tensões e desafios cotidianos. Investigadas pelo olhar dos artistas, essas camadas do mundo despontam como áreas paradigmáticas, zonas de atrito e penetração, percebidas não como fragmentos invisíveis do cotidiano, mas como focos privilegiados de nossa atenção: a pele é o maior órgão do corpo e quase todo contato humano é realizado com sua mediação; o muro abriga os corpos e delimita interditos por força de sua extensão, comunica e separa diferentes tipos de espaços; as imagens, por sua vez, habitam o mundo de tal modo que ora é possível e somos convidados a atravessá-las, ora se transformam em barreiras intransponíveis.
Segundo os curadores Vidal Jr. e Laila Melchior a exposição desloca, desde o seu título, o privilégio concedido historicamente ao que se encontra na profundidade do mundo. “O uso corriqueiro e moralizante do adjetivo superficial para desqualificar uma pessoa ou coisa supostamente desprovida de valores testemunha o privilégio correntemente atribuído ao profundo. Se tendemos a opor o superficial e o profundo nos mesmos termos em que opomos o dentro e o fora, o alto e o baixo, Nietzsche, por outro lado, ao elogiar os gregos, embaralha os pares desta oposição afirmando que eles seriam ‘superficiais – por profundidade!’”, afirmam. “Restituir a sensibilidade às superfícies é estender ao mundo o que Paul Valèry já havia belamente percebido no humano: que o que há de mais profundo é a pele”, complementam os curadores.
Serviço:
Exposição Superfícies sensíveis | Pele | Muro | Imagem
Entrada franca
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca)
Telefone: (21) 3980-3815
Abertura: 9 de janeiro (terça-feira), às 19h
Visitação: de 10 de janeiro a 4 de março de 2018
Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Classificação indicativa: 14 anos
Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal
Acesso para pessoas com deficiência
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