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“ how could i possibly trust you again after…everything? ”
ainda estava se acostumando a nova dinâmica que aos poucos se estabelecia entre ela e jinhwan. desde que toda verdade havia vindo à tona, ela podia jurar que o rapaz jamais voltaria a olhar novamente em seu rosto, e se fosse ser sincera, sabia que os laços só não haviam sido completamente cortados porque, antes dele fazer isso, havia exigido conhecer a mãe de rosie, a motivação primal para ela envolver-se naquela bagunça. e… bem, ela era suspeita para falar, afinal, fora o seu amor pela mulher que a fizera fazer tudo o que fez e isso já dizia muito sobre o quanto admirava a mais velha, mas ainda assim, defendia com certeza que depois que qualquer pessoa conhecia ahra kwon, era muito difícil não sentir-se envolvido por sua energia naturalmente gentil e seus instintos maternos tão atiçados que acolhia quem quer que fosse em seus braços como um filho.
e rosie tinha que se lembrar disso constantemente: era por ahra que jinhwan continuava em sua vida, era por ahra que ele aceitava os convites para jantar, era por ahra que, naquelas ocasiões, ele sorria e prolongava conversas ao longo de toda noite. por ahra, não por ela. e mesmo que fosse especialmente difícil a convivência com alguém que ela gostava tanto mas, ao mesmo tempo, não conseguia trocar olhares sem sentir o peso da culpa lhe castigar os ombros por ver naqueles olhos o quanto havia o machucado, não era como se a kwon fosse capaz de impor a mãe que parasse de convidá-lo para a casa humilde das duas. parte de todo o afeto que a mais velha nutria por aquele rapaz era justamente por culpa de rosalind, que havia passado horas a fio em incontáveis noites falando sobre ele quando visitava-a no hospital, e agora, não seria justo privá-la daquela relação por não querer lidar com as consequências das próprias ações.
eles quase nunca ficavam sozinhos mais, de qualquer forma. fora fácil durante o jantar daquela noite, pois ahra sempre guiava a conversa e eles riam juntos das histórias que ela contava. era fácil coexistirem sem conflito quando havia uma cola tão aconchegante no cômodo como era a mãe de rosalind, que sabia como ninguém como manter um assunto vivo sem nunca torná-lo maçante. com o passar das horas, porém, os copos de soju que a mulher havia virado começaram a pesar, e rosalind ajudara-a a se preparar para dormir antes que a ressaca da manhã seguinte fosse dura demais para que ela pudesse suportar.
“ela é fraca para bebida.” rosie comentara, enquanto voltava a cozinha depois de ter cuidadosamente colocado a mãe no quarto. “não precisa se preocupar com a bagunça, eu dou um jeito nisso amanhã.” completou, conhecendo jin o suficiente para saber que não demoraria para ele tomar a frente daquilo. e como era premeditado, o ar entre os dois era muito mais denso quando não havia a leveza de ahra para os embalar na mesma tranquilidade dela. quando eram só os dois, o que perdurava era a carga das mentiras, o amargor dos segredos e o rancor das revelações. era a dor de jinhwan, e a vergonha de rosalind. e no fundo, bem no fundo, o sentimento avassalador que insistia em fazer o coração dela disparar como sempre acontecia quando estava junto a ele, mesmo que nem tivesse mais o direito para tal. mesmo que nunca tivesse tido.
não esperava que a noite fosse durar muito mais, já sendo de praxe ele evitar os momentos a sós com ela. e por esperar uma despedida fajuta, já se preparava para recepcionar a saudade que se alojava em seu peito quando ele ia embora… até ouvir as palavras de jinhwan. vieram súbitas, fortes, pegando-a completamente despreparada e fazendo com que ela prendesse a respiração por um momento. encarou-o, se questionando se aquela era uma pergunta retórica, ou se ele estava mesmo disposto a ouvi-la. antes que ele mesmo pudesse se questionar aquilo e fechar a brecha que havia recém aberto, porém, rosie agarrou-se aquele último fio de esperança que ousava enxergar na indagação: “porque eu amo você.” fora praticamente um suspiro, antes dela puxar ar para os pulmões para tentar lembrar-se de tudo o que tinha para falar a ele.
“eu, rosalind kwon, sou eu que amo você. e porque com você eu nunca fingia… nunca mesmo, em toda a minha vida, foi com você a primeira vez que eu me senti sendo eu mesma.” aproximou-se alguns passos, sentindo o nó que já era permanente na garganta apertando-se ainda mais. “eu sei que devia ter te contado tudo desde o primeiro dia, eu sei disso agora! e disso eu me arrependo, de você ter descoberto como descobriu, mas é só disso. eu não me arrependo de ter topado essa loucura toda, porque sem isso eu nunca teria te conhecido, jin.” era difícil encará-lo com os olhos marejados daquela forma, mas ainda assim, insistiu em continuar.
frente a frente a ele naquele momento, ergueu as mãos, segurando o rosto do rapaz entre elas. “não é possível que você não sinta o mesmo. eu sei que você sente! sei porque você me olha da mesma forma que eu olho para você. por mais que me odeie nesse momento, por mais que me queira longe, por mais que saiba o quanto eu não mereço o seu sentimento… quando eu olho no fundo dos seus olhos, assim, de pertinho, eu ainda vejo amor. mesmo que você não queira, ainda está aí. é por causa dele que você tem que me dar outra chance.”
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“ i feel like i could watch you all day. everything you do has a touch of magic to it. ”
o estúdio bagunçado era prova das cenas indecentes que aquelas quatro paredes haviam presenciado. desde que havia decidido seguir o que seu coração lhe falava e explorar um lado artístico que nunca imaginou existir dentro de si, todo o tempo livre que os dois tinham eram passados ali, no pequeno refúgio que jinhwan agora dividia com ela. se não fosse por ele, rosalind sequer teria tido a sensibilidade de encarar as sentenças que escrevia em seu diário como qualquer coisa além de desabafos metafóricos, doloridos e recheados de suas angústias e segredos internos. porém, era isso o que jin fazia: incentivava-a a explorar coisas novas. desde então, parecia que os dois haviam atingido um novo nível de intimidade, um que nunca chegariam se não fosse a música que passou a entrelaçar ainda mais aquelas duas almas.
dessa forma, as noites passadas no estúdio se estendiam para as madrugadas, e entre uma breve aula de piano — que ela ficava cada vez melhor, modéstia à parte — e a transformação de desabafos escritos em uma canção melodiosa, a kwon era incapaz de manter as mãos longe dele. era assim que se sentia, algo tão brutal que chegava a ser físico, biológico, ela não se sentia humanamente possibilitada de guardar o afeto só para si, e quando este transbordava, não havia espaço para qualquer outra coisa se não a sua necessidade de sentir jinhwan por completo.
e assim, perdiam-se um na respiração do outro, os beijos furtivamente trocados transformando-se no sexo desajeitado que faziam no chão do estúdio, e se a perguntassem, ela diria que era quase poético. os arfares irregulares e os sussurrares pesados de promessas de amor que permeavam aqueles momentos, tudo contribuía para que rosie entrasse em um estado de puro êxtase, invadida e inebriada pelo amor dele. esquecia-se dos problemas que tinha para resolver, esquecia-se de que não era seu nome de verdade que ele expelia por entre os gemidos, esquecia-se de que aquela não era a sua vida. parecia igualmente impossível que jinhwan não fosse seu, quando os corpos encaixavam-se tão bem, quando as bocas se buscavam com tanto vigor, quando seus corações dividiam o mesmo ritmo.
a tranquilidade os embalava quando a euforia da transa aos poucos se abrandava, e assim, no silêncio aconchegante que dividiam, rosalind aproveitou para sentar-se a frente do piano novamente, para dedilhar algumas teclas da melodia que haviam composto mais cedo. errava uma nota ou outra, mas estava envolvida demais com aquela atmosfera para ser capaz de incomodar-se, preferindo deixar que a música preenchesse o ambiente agora que ela estava preenchida pelo sentimento mais puro que já havia sentido na vida.
a sentença de jin veio durante aquele momento, quebrando a pequena bolha na qual ela havia se enfiado sem notar e fazendo-a sorrir, olhando por sobre o ombro para encará-lo. ele ainda estava no chão, por entre as roupas dos dois que haviam sido arrancadas por dedos ansiosos e a demanda de se terem, e céus, jamais havia estado tão lindo. “é porque eu estou inspirada.” sussurrou de volta, abandonando o instrumento para girar o corpo no banco e voltar-se para ele, ditando os breves passos que o separavam do rapaz para abaixar-se até ele novamente. “você sempre me inspira.” o tom de voz ainda era baixo, enquanto ela apanhava o rosto dele entre as mãos e aproximava-se para selar os lábios com os de jinhwan.
foi apenas um toque, imposto contra a boca macia dele. ainda com a própria roçando-se ali, acrescentou: “eu te amo tanto, jin.” era praticamente um suspiro, já que aquelas palavras portavam sempre a angústia implícita de não poder ser completamente sincera com ele. “é como se esse fosse o primeiro sentimento que eu consigo sentir de verdade, consigo tocar, está bem aqui.” correu as mãos até a nuca alheia, esboçando ao que se referia e esperando que ele entendesse o sentido de suas palavras. “está por toda a parte.” completou, e selou novamente os lábios aos do outro, deixando que o beijo se aprofundasse agora, ao que se inclinava mais na direção do rapaz.
e justo quando achou que estava cansada demais, sentiu o corpo despertar novamente, o coração voltando acelerar enquanto a epiderme voltava a formigar, em seu desejo perpétuo de ser dedilhada pelos dígitos do mais velho. “acho que eu preciso de mais inspiração...” murmurou por entre o beijo, um riso baixo sendo solto contra a boca masculina antes de retomar o contato, trazendo-o consigo enquanto deitava-se ao chão novamente.
#eu já falei que amo eles hoje?#PQ EU AMO 🥺🥺🥺🥺🥺🥺#ヽ when i follow my heart it leads me to you 💕 𝙧𝙤𝙨𝙞𝙚 & 𝙟𝙞𝙣 .#ヽ ⠀ 𝙍𝙊𝙇𝙀𝙋𝙇𝘼𝙔 ⠀📁⠀ ask memes : answered .
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“ are you watching me sleep? ”
as manhãs com jinhwan passaram a ser seus momentos favoritos, principalmente aquelas onde eles não tinham compromissos e não precisavam se importar de ligar despertadores ou pré delimitar um horário final para seus encontros. por conta das rotinas movimentadas de ambos e das agendas cada vez mais cheias, aqueles momentos eram raros — o que só os tornavam mais especiais.
eram os pequenos detalhes que faziam as manhãs serem singulares. naquela, fora acordada pela claridade dos primeiros raios de sol do dia que adentravam a janela, rolando pelo colchão até que o corpo parasse ao trombar com aquele que dividia a cama consigo. só então abrindo os olhos, deparou-se com o rosto do rapaz tão próximo do seu, ainda embalado pelo sono. momentos como aquele eram os únicos no meio de toda aquela bagunça que era sua vida agora em que rosalind sentia-se completamente em paz.
o correr do olhar pelo rosto alheio só lhe assentava a certeza de que já havia decorado cada curva dos traços bonitos de jinhwan, e ainda custava-lhe aceitar que ele era real. não parecia ser. toda aquela cena não parecia, e, se fosse ser sincera consigo mesma, não era. porque sabia que não seria seu nome que ele chamaria quando acordasse. e novamente, também eram os pequenos detalhes que transformavam a mente da kwon no próprio inferno.
era mais fácil para ela desconectar-se de sua parte racional nas noites em que dividiam juntos, quando emaranhavam todos os lençóis enquanto os corpos pareciam dispostos a apegarem-se tanto um no outro a ponto de ocuparem o mesmo espaço. as sensações eram mais fervorosas, os pensamentos menos constantes e a culpa não tinha espaço para existir no meio de tanta dopamina. a tranquilidade das manhãs, porém, era um território propício para as adversidades lhe pesarem sobre os ombros.
sonhava com o dia em que fosse conseguir prolongar a sensação dos primeiros segundos em que o olhava na cama a seu lado. aqueles primeiros segundos tão preciosos, onde a mente não funcionava e tudo o que ela conseguia pensar era que, se fosse ele a primeira coisa que rosalind veria ao acordar pelo resto de sua vida, ela seria feliz pelo resto de sua vida. mas aí, novamente, ela se lembrava: aquela vida sequer era sua.
o amargor que tomou conta do paladar só iria aumentar gradativamente enquanto afundava-se naqueles pensamentos, mas antes que pudesse continuar naquela espiral, a linha de raciocínio fora interrompida ao ouvir a voz dele. e pronto, era só aquilo que ela precisava, o mínimo que fosse de jinhwan para que ela voltasse a ser puxada de volta para dentro da bolha dos dois, e uma risadinha baixa depois, a culpa novamente fora expulsa para dar lugar ao amor.
“talvez.” respondeu, a voz ainda rouca por causa do sono. escorregou os poucos centímetros que ainda separavam-no dele, levantando um pouco o tronco para que conseguisse levar os lábios até as costas nuas do rapaz, onde pregou um beijo demorado contra sua pele quente. “gosto de te ver dormindo, não dá nem vontade de sair da cama.” confessou, apoiando o queixo sobre o ombro alheio, para que pudesse voltar a fitá-lo. “diz pra mim que você não tem nenhum compromisso hoje e que vamos mesmo poder passar o dia inteiro aqui.” simultaneamente, levou a direita até as mechas escuras de jin, sorrindo com o canto dos lábios enquanto afagava seus fios. “eu não vou te deixar ir para lugar nenhum.”
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