#⠀✶ ﹒⠀ 𝐭𝐡𝐞 𝐩𝐫𝐢𝐧𝐜𝐞⠀⠀:⠀⠀vincent & viserion.
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𝗳𝗹𝗮𝘀𝗵𝗯𝗮𝗰𝗸 𝗮𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗱𝗼 𝗲𝘃𝗲𝗻𝘁𝗼
Ninguém sabe o quão desagradável é ter que encarar os próprios pecados até o momento em que eles se materializam na sua frente. Como de praxe, os erros devem ser varridos para o fundo da consciência até o momento em que consigam ser completamente esquecidos, mas é impossível fazer isso quando um deles anda por aí feito um defunto que levantou da cova, sufocando-o sob as paredes apertadas de Hexwood. Viserion caminhava pelo corredor com um andar arrastado, provavelmente com um pé machucado, como se quisesse tornar a coisa ainda mais decadente. Ou, quem sabe, como se desejasse ser encontrado pelo príncipe, porque mais parecia um fantasma disposto a assombrá-lo. Vincent viu o momento em que o diabo adormecido acordou no interior do changeling, um sorriso brilhante e imprevisível como uma estrela prestes a explodir cravando a certeza que aquela era uma armadilha para atraí-lo à sua ruína. Ele sentiu o arrepio ligando seus alertas, sendo atingido pela súbita compreensão que nunca poderia baixar a guarda, pois precisava se atentar para prever os movimentos do sujeito antes que isso acontecesse.
O changeling se curvou, seus cachos escuros caindo na frente do torto, tornando a formalidade uma coisa tão estranha quanto o sorriso que exibiu com o rosto ensanguentado meses atrás. Ele sempre soava como uma única nota fora do tom destoando na orquestra. Agora, Vincent podia sentir o cheiro desagradável de suor que vinha dele, contaminando o perfume de rosas que o príncipe trazia consigo. Era difícil saber o que viu de atraente nele naquele dia. Vincent o encarava de cima, a arrogância habitual empinada na pontinha do nariz, o olhar sobre a imagem de Viserion curvado como um cão.
“Sei…” Com a expressão apática de um carrasco que está cansado de ouvir as mesmas historinhas dramáticas cujo propósito é claramente o de enrolá-lo, ficou claro que o príncipe não estava muito compadecido com o passado triste do changeling, sequer tendo interesse em questioná-lo mais a fundo. Já tinha escutado tantas justificativas ruins naquele dia que ao menos dessa vez poderia concordar com uma parte: aquele changeling era mesmo um ignorante. “É uma coisa lamentável mesmo.” O insulto velado transparecia no olhar que direcionava ao híbrido, julgando-o com uma intensidade silenciosa — porque isso era mais educado do que colocar em palavras.
Viserion se virou, prestes a abandoná-lo no vazio do corredor, embora o príncipe não tivesse dito que ele estava liberado. A única nota fora do tom. Vincent permaneceu parado no mesmo lugar e, com a visão das costas dele, pôde observar novamente a dificuldade no modo de caminhar. Talvez a melhor coisa que pudesse fazer realmente fosse deixá-lo ir. No entanto, isso não estava nos planos do príncipe. “Oh, mas isso não é do meu interesse.” disse, utilizando-se das palavras do próprio com um prazer desdenhoso. Ele não sabia qual era a gravidade do problema, mas imaginou que, se puxasse o pincel, poderia resolver num instante desenhando um aon de cura. Ele levou a mão até a altura do bolso no interior do terno e sentiu o volume do pincel sob as roupas, apreciando a sensação da grandiosidade e a segurança do poder sempre no alcance. A capacidade de trazer alívio à dor quando quisesse; algo que seus antepassados só tinham a opção de implorar para os deuses que não os escutavam. Diferente deles, o príncipe era um escolhido pelos deuses, e poderia fazê-lo parar de fazê-lo se arrastar por aí feito um cão, se assim quisesse. “Quero que me acompanhe numa caminhada.” Vincent, então, se virou, levando as mãos para segurá-las para trás e assumindo uma postura elegante impecável ao caminhar com segurança pelo corredor, esperando ser seguido pelo changeling.
Após os exercícios, Viserion caminhava com dificuldade, sentindo o peso da própria vergonha — e, sendo honesto: com razão — por ter caído na rasteira que seu oponente ousou durante o duelo. Já tinha experimentado derrotas menos caóticas antes, mas nada como a quebra da rotina: entre o encontro gélido de espadas e os músculos reluzindo ao suor do treinamento.
A dor do golpe, apesar de incômoda, nunca seria o bastante para incapacitá-lo pelo dia inteiro — exceto pela disputa, em que Viserion foi vencido sem a mínima chance de retomar o controle dela. Estar preparado para selar Anahkin jamais seria a primeira preocupação para a cabeça de Viserion enquanto a noite não chegasse. Muito pelo contrário. O dragão aprecia a lua e ele apreciava a falta do que fazer; em dias ensolarados principalmente, onde quais as vozes dentro da sua cabeça podiam entretê-lo à vontade sem que ninguém as pertubasse discorrendo os assuntos.
Agora, no entanto, tudo o que Viserion mais desejava era o alívio gélido sobre o tornozelo dolorido. Precisaria, para o bem ou para o mal, aprender a domar sua impaciência — uma lição que seus professores teimavam em repetir desde o primeiro ano. Talvez, se colocasse mais disciplina no corpo, fosse capaz de evitar a próxima rasteira.
Ao cruzar o corredor, seus pensamentos se dispersaram ao som de uma voz conhecida. Esnobe. Controlada. Era o segundo príncipe. Não, melhor: esqueça a segunda definição. A voz não era nada controlada. Isso é o que o príncipe, com sua coroa loira de cachos, deseja que fosse: uma demonstração de domínio absoluto. Mas o timbre rouco, sibilante como o de uma serpente espreitando sua presa, nada tinha a ver com o controle. Viserion apenas sabia disso. Como sabia tantas outras coisas.
Segredos atrevidos. Bocas famintas. Um bordel esquecido por Deus no final da esquina. Ele, imerso em memórias, levou a mão à garganta — encontrando o relevo de uma cicatriz antiga.
O sorriso do Diabo desenhou-se em Viserion. De repente, voilá: duas covinhas profundas. Uma de cada lado da bochecha. "Sua alteza", o montador curvou-se à presença da autoridade, sem se despir da graça adornando os lábios ainda que o outro parecesse cético quanto a isso. Era ilusão ou o cabelo de Vincent brilha à luz do candelabro? "Perdoe-me os modos. Desconheço os costumes. Por pouco, veja; não aprendi a ler."
Mentira. Porém é tão fácil mentir que, às vezes, ela criava pernas e escorria de Viserion para o mundo com a mesma naturalidade que o ar. Vincent tinha um quê de expertise. Poderia ver através delas se tentasse com afinco. "Imploro que mostre misericórdia a este humilde servo da corte. E dos seus interesses, é claro." aprofundou a mesura, quase tocando a ponta dos sapatos com a mão, e deu meia-volta. "Agora, devo me retirar, meu príncipe."
"Ou meu pé pode cair do osso" pensou, escolhendo esconder isso.
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Vincent não havia notado a presença do sujeito atrás dele até sentir o peso da mão sobre o ombro, uma invasão tão inesperada de seu espaço pessoal que por um instante pensou que talvez tivesse sido pego fazendo algo errado. O loiro parou, esperando ouvir algum sermão que certamente iria entrar por um ouvido e sair pelo outro, mas em vez disso o estranho surpreendeu com a iniciativa de guiá-lo a uma das bebidas sobre a mesa. A tal ‘melhor bebida da noite’ não era exatamente o que ele esperava — ele já havia provado e não viu diferença nenhuma entre aquilo e a água saborizada —, e Vincent inevitavelmente franziu as sobrancelhas ao encarar a taça. Considerando que aquele era um baile dado pelo próprio imperador, e não um estabelecimento questionável em Zelaria, uma bebida mais fraca não devia ser uma sugestão ruim. Mesmo assim, Vincent não pôde evitar sentir-se como um garotinho, de repente transportado para a época em que os adultos sutilmente o conduziam para uma opção menos destrutiva porque sabiam que tentar forçar imposição não funcionava com mimados como Vincent. Ainda tentavam isso de vez em quando, mas os alertas despejando impaciência passaram a ser o método mais frequente, pois ambas as formas passaram a ser igualmente ignoradas pelo príncipe. Se ele estava tão disposto a fazer merda, não fazia sentido tratá-lo com tanta mansidão.
Vincent subiu o olhar da taça para o rapaz, tirando um momento para analisá-lo silenciosamente, mas o homem que via não era nada parecido com seus antigos professores e cuidadores. Sequer o conhecia. Também não era um segurança, pois estava trajado como um convidado. Foi então que uma chavinha girou na cabeça de Vincent, pois se ele não tinha a intenção de tentar colocá-lo na linha, a única outra conotação que aquilo poderia ter de repente ficou muito clara. “É muita gentileza da sua parte.” Vincent, então, abriu o típico sorriso dócil e sedutor do anjo que foi expulso do paraíso. Quando alcançou a taça que estava sendo oferecida a ele, o loiro propositalmente segurou-a por cima dos dedos do rapaz, deixando as mãos se tocarem por um tempo maior que o necessário.
Despindo-se da elegância por um momento, ele virou a bebida goela abaixo em dois segundos, esvaziando a taça como se fosse um shot, e não uma bebida cuja serventia era a de apenas molhar a garganta e exibir uma taça bonitinha por aí para ter algo a fazer com as mãos. Vincent passou o polegar pelo canto dos lábios, limpando uma gota teimosa que acabou escorrendo, e em seguida o levou até a boca para limpá-lo com a língua, seus olhos em momento algum deixando de fitar os do estranho à sua frente. Ele era bonito, e apesar da elegância que as roupas do baile exigiam, tinha um ar rebelde que o fazia parecer uma besta domesticada. Um dos tipos favoritos de Vincent, cujos interesses destoavam da imagem elegante e angelical que tinha. “Como eu poderia agradecê-lo por isso?” perguntou, a provocação transparente no cintilar dos olhos azuis. A euforia da noite já contaminava o sangue nas veias do príncipe.
com: @princetwo
Viserion havia se aproximado de maneira sorrateira com muita eficiência, surgindo às costas de um jovem enquanto este se distraía, atento apenas à próxima taça que escolhia no buffet. Para ele, acostumado a lidar com homens tão endurecidos pelo exército que detalhes superficiais como a aparência perdiam qualquer valor; o loiro se parecia com uma espécie quase extinta de sujeito.
Era bonito. Arrumado. À meia-luz, a cor de ouro dos seus cachos cediam espaço ao cobre, quase como um tom ruivo; a perfeita captura do nascer do sol. Viserion engoliu seco.
Rostos como este, angelicais e, ao mesmo tempo, diabólicos; são conhecidos especialmente por estar sob a vigilância de pais e mães que se recusam a perder as rédeas do controle. É clichê, sim, porém nenhum responsável digno desse título ousaria permitir que seu filho experimentasse as tentações perigosas do mundo — ainda mais quando eles são a imagem do perigo que o mundo anseia por devorar. Onde os outros viam charme, Viserion, lambendo os lábios, via o retrato da inocência e de um nobre ingênuo que não conhecia um palmo além dos seus olhos.
Viserion limpou discretamente a garganta, em um movimento que, sabia, ameaçava arruinar os planos minuciosamente arquitetados pela mãe do loiro. Tocando o seu ombro, ele sentiu a costura da roupa e os relevos dos bordados sob os dedos. Não fez menção de tirar a mão. Parecia desnecessário; e o perfume do outro era cheio de convites secretos.
"Aqui." disse, dando um passo mais perto e sugerindo uma versão das bebidas dispostas à mesa. Naturalmente, aquela com menos teor alcoólico. Jovens aristocratas não têm o estômago para o vício de uma taça cheia. "É o melhor da noite."
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