Tumgik
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Não encaro este tema como uma brincadeira ou um hobbie. Foi a obsessão do meu pai, que o levou ao alcoolismo e à loucura. De certa forma, todo o meu passado assenta em cima disto. Provavelmente teria o conhecido se não fosse por isto. Teria tido um pai. É perceptível nos diários o momento em que ele perde a noção da realidade, as descrições tornam-se surreais e saltam rapidamente dum espaço físico para outro sem contexto nem explicação. Mas há um denominador comum. Um elemento que é sempre falado desde do primeiro até ao ultimo. Uma sala. Uma sala que parece representar o ultimo patamar desse dito labirinto onde se perdeu. Perfeitamente quadrada, chão azulejo em xadrez largo e umas escadas de mármore branco ocas por dentro.
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Maréchal Nicolas Sault
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Prólogo
  A 29 de Março de 1809 os franceses entravam na cidade do Porto. Como consequência, a rotura da ponte das barcas e os 4000 mortos que padeceram pelo rio Douro. A cidade por um mês cercada. Durante toda a minha infância ouvi falar das historias que o meu pai costumava contar. Toda a gente na minha rua as conhecia. Eu nunca o conheci.   Mais de 20 anos depois descobri os diários onde descreve estes acontecimentos com um pormenor e realismo que me deixaram na inevitável suspeita de não se tratarem de ficção. Nestas páginas ele fala de uma rede de túneis subterrâneos que alegadamente atravessam o centro histórico da cidade desde o tempo das invasões francesas. Ao todo 29 cadernos. Este representa o numero 30. Aquele em que vou terminar o trabalho do meu pai.
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