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Domingo
o alvorecer cantou às cinco
ciano-marfim às seis
tão vasto às sete
tão em mim às oito
nove se foi
ao meio-dia falta eu sinto
carmesim bombeia
corpo tremula
esquenta
às três anseio
mas às dez... ah às dez, doce
eu de novo alucino
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Sempre odiei me sentir perdida,
mas com você na minha vida,
gosto de todas às vezes
que me perco em você.
Talvez amanhã
eu me procure novamente,
mas hoje, deixe-me aqui
e perca-se comigo.
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Muitas vezes paro e penso sobre o nós que existiu: se eu soubesse do final, teria ido embora sem olhar para trás. Mas a verdade é que eu não teria ido, teria ficado e lutado como fiz quando estávamos juntos.
Não ter dado certo foi apenas consequência de atitudes mesquinhas de ambos. E mesmo sofrendo, olho para frente e para trás e vejo todo o percurso que percorri para me reerguer de novo.
A vida é de aprendizados.
E eu aprendi a me amar mais um pouco e a me respeitar mais. Entendi que a vida é feita de altos e baixos, só temos que aprender a lidar com eles.
Afinal, a vida é um ciclo de mudanças.
Então, melhor ou pior? Ficar ou correr? Chorar ou viver?
No fim, escolhi viver e aprender.
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Para o garoto que gostei em segredo: obrigada por todos os sorrisos genuínos e por ficar até quando deu.
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Queria rasgar o que sinto por você
como rasgo todas as poesias
que para ti escrevo
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Nas entrelinhas que escrevo,
há tu.
Mas em mim
tu já não há mais.
O que restou das lembranças
e do amor que nos houve,
ainda transformo em versos.
Nos eternizo porquê muito fomos,
muito nos amamos
e nesses versos sempre seremos.
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Aprendi exorcizar meus demônios através de palavras,
não em latim,
mas em poemas.
Com palavras me exorcizo e com palavras me liberto.
Sou uma mortal me libertando
das correntes que me prendem
e dos demônios que me atormentam,
não em latim,
mas em poemas.
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Sabe, doce,
eu não me importaria de desidratar
se fosse você a beber tudo que há em mim.
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Onde jaz,
meu amor,
aquela que tanto amei?
Talvez onde você a deixou,
sabe,
naquele chalé onde disse
“preciso de tempo”
e nesse meio tempo voltou a ex,
amando-a até perceber
que não era aquilo que queria.
Agora vazio,
vem e me pergunta onde está aquela
que acredita ter amado?!
Onde me jaz?
Nas cinzas de tuas memórias.
Onde te amei, mas sequer fui amada.
Onde não mais está em mim.
— Aquela que agora está em si, amando-se.
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Toma-me em teus braços
e descanse em meus afagos
desabafe sobre meus beijos
e tatua-me com as carícias de teus dedos
deságue em mim como Djavan
que faço de ti meu oceano
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Desejei tanto ser tua inspiração,
a tua poesia,
só que você não lia, tampouco escrevia.
Desejei e desejei, mas sequer fui amor.
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O monstro em mim
Entre toques incertos sobre minhas mãos e apertos sôfregos em meu punho, não fora preciso olhar para Scott para ter a certeza que havia lágrimas e dor. Era possível sentir o que causei no tremor de seu toque em mim tanto quanto podia ouvir sua respiração ser puxada com aspereza quando saiu pela porta do quarto me soltando por fim.
— Scott…
Quase não reconheci minha voz ao soar tão frágil e suplicante como se ainda fosse a garotinha com medo da noite e do monstro que andava até meu quarto e deitava em minha cama. Quando toda a dor do passado me deixaria livre? Quanto tempo mais teria que sugar das pessoas para no fim não sobrar nada delas e tudo que restar em mim de nada me servir?
Parada no meio do quarto, olhei para a cama que sequer fora tocada de noite, a briga tomou todo nosso sono inundando o que estava guardado há tempos. Deveria ter imaginado que uma hora ou outra iria ser jorrado para fora. Voltei-me para o espelho próximo à janela do quarto vendo perfeitamente a casca de uma mulher sobrevivente descascando depois de tanto insistirem pela sua criança interior cheia de traumas que somente queria esquecer tudo que vivera.
Minha vida era um pesadelo e falar sobre me fazia mal.
Por que Scott não entendia isso?
Sei que ele me abraçaria, me deixaria chorar até adormecer em seus braços se lhe dissesse o que tanto me traumatizou, porque era assim que ele era. Mas não quem me tornei. Havia cicatrizes em mim que mesmo cicatrizadas ainda me lembravam a causa delas e para mim o melhor era ignorá-las e fingir que não existiam. Minha mãe costumava dizer que às vezes, saber o que não é para saber, destrói percepções na nossa vida que pode ser a principal pilastra que sustenta nossa emocional.
E eu já estava tão rachada que se tocasse em tal assunto, desmoronaria.
Talvez se eu tivesse dito isso a Scott antes de optar por postergar seus questionamentos quando nossa relação começou, estaríamos ainda no quarto, acordando possivelmente com carícias e não comigo indo atrás dele na sala vendo-o revirar as pequenas molduras em cima da mesa de centro, retirando as fotos de sua família que espalhara pela casa.
Cada movimento preciso me fazia perceber que o perderia para sempre. Não havia mais dúvidas ou incertezas em suas ações de retirar e colocar elas dentro da bolsa repleta de roupas suas que há minutos jaziam no guarda-roupa do nosso quarto.
— Você não precisa sair… quem alugou e esteve aqui primeiro foi você – sussurrei sentindo uma secura incomodar minha garganta, porque escolher aquelas palavras medíocres em um término me fazia a pior nova-ex-namorada que alguém poderia ter, tanto que ele revidou soltando um som gutural debochado de sua garganta.
— É claro que preciso, Toph. Você já está em mim o suficiente. Não preciso de um quarto que cheira a você, de uma sala onde me lembre suas risadas ao sofá assistindo programas de baixa qualidade… Eu só preciso… ir.
Não queria que acabasse assim. Queria que entendesse que muitas pessoas precisavam guardar suas histórias dolorosas, que compreendesse que monstros famintos soltos devoram e estraçalham.
Por que Scott não entendia isso?
— Eu amo você.
Murmurei, mesmo que para ele soasse egoísta da minha parte. Queria que soubesse. Que não duvidasse. Jamais o impediria de ir ou tentaria o persuadir com tais palavras. Era apenas como me sentia.
— E eu amo você, T, – soltando as molduras sobre a mesa de centro, disse sem me olhar. — … e é por isso que preciso ir. Ficar só me faria te odiar… E eu prefiro perder a paixão que sinto por você do que o amor. Porque amar você foi a melhor coisa que senti em muito tempo.
Se um raio tivesse me atingido ali naquele momento, teria doído menos. Ele me mataria na hora, seria indolor. Mas ouvir Scott dizer aquilo destruiu por fim a principal pilastra que sustentava o meu emocional. E eu caí ao chão sentindo toda a dor que me preenchia, que sufocava, porque ele poderia ser a melhor coisa para mim em muito tempo também, mas eu sempre seria uma vítima de abuso e por mais que eu desejasse esquecer, o monstro em mim ainda serpenteava minhas memórias quando eu fechava meus olhos e não me deixava ser feliz e nem contar.
📖 Entre uísques & confissões
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Já parou para pensar que o amor que dizemos dar a quem "amamos" — quando nunca nos foi dado tal sentimento —, não passa apenas de consolo?
Se amor não nos foi dado, mas fomos consolados algumas vezes, o que entregamos adiante também não é isso? Como entregar o que não conheço? Sou carinhosa, faço o que posso por alguém que gosto, mas quando paro para pensar sobre, qual o sentimento que conheço que me foi dado? Acho que é isso o que distribuímos.
O que apenas conhecemos, certo?
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Você me prometeu o paraíso, enquanto me proporcionava o inferno.
Diga-me garoto, qual maldito pecado eu cometi?
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Em um mundo onde a arte existe
não escrever sobre a arte que és tu,
seria desperdício.
Sou artista porque te admiro,
escritora porque te escrevo,
desperdiçar a chance de te amar em todas as facetas da arte
não me compete.
Por isso que quando anoitece,
me debruço sobre as memórias do que fomos,
do que desejo que possamos ser de novo
e traço-te em versos
eternizando-te no grande salão de exposição
que alberga não só meu coração, mas meus manuscritos.
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Li tantos romances,
mas nenhum personagem chegava perto
do quão incrível você era.
Por isso eu escrevi sobre você.
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Eu o amava e sempre me perguntavam por que não voltávamos.
Bem, apesar de o relógio a cada uma hora voltar para os mesmos números, é preciso sempre seguir adiante. Se um dia ele for voltar para mim, espero que seja no momento e na hora certa, sem voltas ou adiantado.
O relógio não está quebrado, então para quê a pressa?
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