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A hipocrisia cristã, um conto patético.
Não escrevo com continuidade, notavelmente, e tampouco alguém lê isso daqui, então qualquer motivação que um dia já existiu para criar hábito de escrita nisso aqui, se findou depois de três míseros e ruins textos. Como tudo na vida afinal.
Venho aqui hoje, por meio desta plataforma digital e desprovida de leitores (parte de mim comemora isso no memento) para falar da hipocrisia. Parece um assunto super complexo, que demanda análises significativas e acadêmicas, ou no mínimo um conhecimento prévio da psicologia humana, comportamental, behavorista, que seja. E talvez sim, talvez eu precisasse de alguma propriedade maior do que “olha eu tava pensando aqui comigo enquanto lavava os pratos e eu acho que”, mas não é o que teremos. O que temos para hoje é saudade. E teorias sobre a hipocrisia humana com base naquilo que meu juízo acha.
Seguinte, você que vos lê - ninguém além de mim -, certamente tem o entendimento de que todos nós somos hipócritas em algum momento da vida, ou em todos eles, para os mais aventurados que possam vir a ler, mas sim, seja falando para sua prima mais nova não xingar enquanto solta pelo menos uns cinco palavrões com seu amigo nos primeiros dez minutos de diálogo, seja brigando com seu cachorro por ele estar fedido mas nunca dar banho nele, sei lá, poderíamos ficar aqui o dia inteiro citando contextos que a sua, a minha, a nossa hipocrisia, se manifesta. Todavia, não virei a abordar a hipocrisia como um male da sociedade contemporânea, baseado em, sei lá, possibilidades, e até mesmo fatos, de como ela destrói e corrompe o ser. Eu sei, estávamos todos esperando por isso (só as vozes da minha cabeça na verdade), mas no meio do parágrafo anterior resolvi mudar o caminho a ser seguido. Irei discorrer sobre a normalidade que há por trás desse famigerado bom-mocismo, se é que isso é considerado algum tipo de sinônimo para hipocrisia.
Vamos esclarecer dois pontos: o primeiro é que não, não venho por meio desta escrita defender a hipocrisia, uma vez que é um comportamento altamente vil; o segundo é que sim, é apenas uma proposta de reflexão sobre parâmetros comportamentais de uma sociedade que naturaliza a face má da humanidade, obviamente num universo paralelo. Captem os sarcasmos, por favor, eles serão contínuos.
Hanna Arendt fala da banalidade do mal de forma que nos choca, uma vez que, enquanto seres - teoricamente - civilizados numa norma social padrão, o mal é de longe algo ruim, que deve ser rejeitado e menosprezado. Mas não é. O ser humano, dentro da premissa do equilíbrio que a teoria do yin yang aborda, não é inteiramente bom, tampouco mal, somos variações percentuais, afinal. Portanto, o mal nos habita, seja em 8% ou 80%, e é cansativo negar a existência do obscuro em nossas fúteis almas humanas, que tal, então, só aceitarmos?
Hanna, com sua sacada perspicaz, mostra ao mundo o quão hipócritas somos a partir do momento que banalizamos aquilo que mais julgamos: o mal, o cruel. Quando diz-se banalizar, entende-se então normalizar, e a partir da normalização, cria-se a institucionalização, e pior, a estamentalização do vil. É patético. Assim sendo, nossa maior hipocrisia é culpar e personificar o mal, dando caricaturas a ele, como a cor preta, o diabo do cristianismo, a madrastas da disney, e é claro os políticos que são... políticos.
Então vejamos, o tempo todo surgem personagens que vestem o figurino completo da hipocrisia, do cruel, do marginal, mas nunca somos nós. Mas o engraçado é o que vem a seguir: se tantos personagens e simbologias do mal existem, mas nenhum de nós que consome essas tais simbologias, é mal, como essas benditas simbologias e caricaturas se criaram? Do além, certamente. Assim, podemos chegar a um acordo de que o uso da simbologia do diabo, do demônio, e sinônimos, é inteiramente ridículo, porque afinal, como Deus poderia ter criado algo tão ruim se não há crueldade nele? Será que até Deus carrega o fardo da hipocrisia, então? Se até Deus é passível de tal fardo, deveríamos então martirizar tão veementemente tais fardos? Esse é o momento que o cristão que me habita surta e fala “ok, vamos pro inferno”.
Acho já confundi demais isso aqui, até eu mesma já nem sei mais do que estou falando.
Liz C.
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No amor ninguém pode machucar ninguém, pois cada um é responsável por aquilo que sente e não podemos culpar o outro por isso. Já me senti ferida quando perdi o homem por quem me apaixonei, mas hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém. Essa é a verdadeira experiência de ser livre: ter a coisa mais importante do mundo sem possuí-la.
Paulo Coelho.
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pulsão de vida e pulsão de morte
Tá, o fim do mundo, apocalipse, corona vairus, pandemia, vamos todos morrer. Ok, sabemos. Dá para produzir algo diante disso? Não sei. Dá pra refletir sobre vida e morte segundo as análises freudianas usando texto do Monteiro Lobato? Talvez. Vamos tentar.
Assisti um vídeo que me pôs a pensar sobre essa tenuidade de viver e morrer e por que não desenvolver uma pensamento sobre isso, não é mesmo? Partirei de minhas pesquisas supérfluas com zero embasamento acadêmico, achismos meus e reflexões de uma ignorante curiosa, não esperem muito. Pois bem, chega de apresentações e tentativas de introdução coesas e claras, não tenho habilidades para tal.
Freud diz algo sobre pulsão de vida e pulsão de morte, sobre como nossos comportamento pulsam ou para vida ou para morte, e em simples e leigas palavras, o ser humano transita numa linha de comportamentos “isso me aproxima da morte” e comportamentos “isso me afasta da morte”. E tendo isso em mente, farei uma reflex��o fajuta sobre como essa tal pulsão se relaciona com nossas vidas diárias e comuns antes do fim do mundo. Por um momento, caro leitor imagine-se vivendo uma vida normal, antes da quarentena e ociosidade.
Claramente, ou talvez nem tanto assim, tratamos a vida como uma viagem com dois caminhos únicos e possíveis: certo e errado, bom e mau, e outros sinônimos. Mas em nosso profundo consciente sabemos que não, a vida não consiste nisso apenas. Existem caminhos e possibilidades infinitos, os quais estamos muito quadrados e medrosos para enxergar e colocar como possibilidade de vida. Talvez nossa vida possa ser mais que rotinas e entretenimento, obrigações e lazer. Digo, se é trabalhar, estudar, produzir, que nos mantém vivos, como estamos sobrevivendo a uma quarentena? Como a tenuidade de pulsão de vida e pulsão de morte se manterão, se afinal, é este transitar que nos faz viver? Dentro desses questionamentos podemos facilmente chegar ao questionamento de “e o que é viver?”. Cada ser tem uma resposta própria, isso é fato, mas cada resposta comuna em algo que não admitimos mas que é real: vivemos para morrer.
Bem, visto que “vivemos para morrer” é a resposta final, concluímos então que trabalhar, estudar, produzir, não é o que nos mantém vivos, que essa compulsão em massa de ter que se manter produtivo durante a quarentena é ridícula, pois é irreal. O que te mantinha vivo antes da quarentena? Era produzir? Ou era o prazer e sensação de preenchimento que temos quando estamos ocupados? E afinal, qual o conceito de produzir, para os compulsivos por produção? Muitas perguntas com muitas respostas. Mas essa é a proposta, reflexão, e não conformidade ou resolução de problematizações.
Voltando a ideia de pulsão de vida e pulsão de morte, o que quis dizer com isso é: existe mais. Existe mais do que rotinas e produção, tais conceitos não são os únicos que nos permitem transitar entre estes conceitos de viver e morrer, ou viver para morrer. Existe o sentir. Então podemos concordar que o que o ser precisa não é da produção em si, e sim do preenchimento que a produção proporciona, o preenchimento de “ok, estou vivendo e não apenas existindo”. Ou será que só existir é viver também? Afinal, alguém me responde o que é viver?? Ou não, talvez eu seja mais feliz sem saber que há uma resposta. O que move o mundo são as perguntas, portanto? Viver é questionar-se?
Reflexões postas a mesa, finalizo aqui o que quer que seja esta bagunça de texto. Deixo um pequeno conto de Monteiro Lobato para alimentar essas reflexões possivelmente coesas que te darão sensação de preenchimento por algum momento. Ou não.
Liz C.
“– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
Monteiro Lobato
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quarentine feellings
em sua longa estadia manteve- se eternamente cansada a profanar as rotinas e horas segue a tempestuar enganada deleita-se em manto profundo de ocaso e completa animalia eternamente cansada, insiste alimentando sua triste ironia hipócrita sobre seus valores ideais de pregações irreais transita cansada e desvairada sobre linhas que podem ser reais ou não. Liz C.
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