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ser solo ou não se deixe intoxicar pelas estrelas
os bruxedos de amor não devem ser escritos esqueça todos os feitiços de amarração tape a fonte do desejo não manifesto com cera poupe seus fluidos para magias de proteção
permita que a solitude seja a sua guia
esta digna donzela não faz distinção contrapõe-se somente ao cão do desatino esse traste, bicho de tocaia na escuridão
o gozo é precioso, o mais é vão são falsas todas as promessas os arroubos e o sentimentalismo gemidos e sussurros mande para a lua jamais os aprisione num único ouvido
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fé
O
fui queimada tantas vezes
que a fogueira se instalou em mim
há tanto que não ouço o canto da sereia
não ouço as vozes do espelho
deixei as fantasias no rio Dee
desconfio da virtude dos três Augustus
da magia dos três reis
da espada de Ulisses
desconfio das sandálias de Perseu
e que os sílfos sopraram garoé
estão vivos em mim
o subsolo vulcânico
os relâmpagos e os dragões
as salamandras nas entranhas
não me permitem aquietar
ainda resta fé
na altivez da dor
na maledicência dos asuras
na excrescência do fauno
e na proteção da morte.
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mysterium magnum
o ar é o grande mistério da vida
vazio natural de origem do universo sozinho, antes de todas as coisas
entre miríades de quasares
pelos buracos supermassivos
ventos galácticos arrefecem oceanos submergidos
respira-o e te envenena, se misturado ao vapor cáustico dos astros
respira-o e te liberta, insufla a morte num vento planetário sopros anabáticos de Éolos
sedimentam a ilha dos devaneios Stromboli vai plasmar andrômeda na via láctea
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mãe do corpo
a mãe do corpo é a guardiã única de cada ventre
senhora nutridora de todos os filhos
útero cósmico de todos os sonhos
quando encaroça da trabalho à curandeira
que, com placenta ou raiz realinha as entranhas
-
sua morada esférica cintilante navega pelos tecidos
em projeção cíclica varre as cinzas de rancor
e faz jorrar no sangue turvo o fluxo contido
-
fisga o ventre reclamando seu rebento
madre cria, madre come
toda a carne depois da morte
são dela todas as vísceras e vértebras
é própria ela cada célula que compõe o ser
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dolores
tenta o sangue venoso
esmorecer a aurícula
mas o coração ventríloquo
transmuta as dores no átrio úmido
-
jorra o desprezo dos meus amores
oxigena a vileza do espírito
e flui pelas veias viscoso
ao som de um rádio no domingo
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quintessência
sou a força dos elementos
aquela que solve et coagula
feita de fogo e húmus
quente e úmida
com gosto amargo de raiz
-
la inocenta que cura
suando panaceia pelas mãos
medicina espagírica de Airmeith
que sana todas as mazelas
-
sou Carmina soprando sortilégios
obscena e suja feito Cloacina
o cheiro do fumo de Maria Sabina
lenho e foice de Rosa Maria
sou Umbria vestida de escuridão
-
a fonte do lare
o cerne da força ancestral
la regina di picche que intui e age
la vecchia signora que benze e encanta
bailando em espiral com a hydra celeste
-
útero que devolve seu intento
incapaz de gerar agonia
sou Tiamat ocre da vida
trago à luz dragões e serpentes
-
o cerne da legítima energia original
soberana suspensa e inexaurível
o campo morfogenético
na constituição de todo organismo
estrutura do puro amor vivo na memória.
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bem-me-quero
sou a mulher mais feliz
sou a mulher mais feliz da minha vida
sou a mulher da minha vida
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