now I've got my foot through the door and I ain't going nowhere ZETA PHI BETA – 19. freshman/med school.
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bobbyt·:
apesar dos mais de dez anos passados e por mais que não quisesse, bobby sentia-se novamente como o caipira recém chegado de ohio no meio de tanta gente que ainda frequentava os mesmos círculos sociais ou pelo menos não haviam perdido o contato depois da universidade. não que estivesse inseguro em relação ao próprio sucesso profissional – afinal, estava voltando justamente por causa de uma resposta positiva a um trabalho na california em uma ótima empresa, em meio a tantos outros motivos–, mas não se sentia realizado em nada em sua vida pessoal para que pudesse comentar com os antigos colegas quando fosse perguntado naquela reunião da USC organizada pelas antigas zetas. não era nada animador ter que compartilhar sobre o divórcio com a única pessoa que se relacionara romanticamente por mais de nove anos, mas ainda sentia a pressão de ter de fazê-lo, pois não sabia se ames viria ou não com o novo namorado. ainda perguntava-se a razão de ter aceitado o convite de callisto por e-mail e, embora a solicitação houvesse sido fomentada pelo apoio e pela presença de tom e jonathan, a presença de tantos casais no terraço decorado do prédio principal da universidade o surpreendia de tal forma que o fizera abrir um botão da camisa pra respirar. como tantas pessoas da faculdade haviam se casado dessa forma? e como todo mundo parecia tão feliz de estar lá? o problema era ele? parando em frente ao bar montado em um dos cantos do espaço, pediu uma garrafa de água que, logo que solta na superfície do balcão, fora agarrada ao mesmo tempo por uma mulher. a olhou por alguns segundos, confuso, mas soltou a garrafa pouco depois, ao perceber que ela também não largara. “ ━━ ah, desculpe, pode ficar.━━ ” meneou a cabeça, um pouco sem jeito, mas ainda procurando ser gentil. pediu outra água, pensando de onde lembrava dela. era uma das melhores amigas de callisto na zeta. deus, como permaneciam sempre tão bonitas e sem envelhecer um dia sequer? malditas zetas. “━━ não pensei que ia vir tanta gente nessa reunião. todo mundo parece tão… contente. ━━ ”
“━━ robert. reagan. ━━ ” apresentou-se finalmente, oferecendo a mão para cumprimentá-la e dizendo seu último nome, caso a ajudasse a lembrar. “━━ formando de agronomia em 2010. ou o caipira da kappa que as zetas e os alphas gostavam de zoar de vez em quando. ━━ ” riu um pouco. apesar de não serem suas melhores lembranças, não guardava mágoa. “━━ jasmyne, certo?━━ ”
@msjazzy··
perambulando pelo jardim do prédio principal da universidade, jasmyne admiravao crepúsculo do enorme céu da califórnia enquanto assistia aos rostosconhecidos com certa melancolia, resguardando o impulso de soltar um suspiro detristeza. na realidade não sabia bem como sentir-se, tampouco traduzir tamanhasensação em palavras, deus sabe como esse nunca fora um de seus talentos. sentia-secontente por suas amigas – o céu assumia o tom das primeiras tangerinas daprimavera e a risada das crianças poderiam ser consideradas tão doces quanto ospêssegos de mesma cor, a atmosfera era quente e a lembrança de memóriasconstruídas há dez anos atrás também. ainda assim, jazzy sentia como se todosaqueles ao seu redor pertencessem a uma linha temporal diferente da sua, nãopor conta das marcas do tempo cravadas na pele, mas pelos caminhos que a vidaos guiara: vinham acompanhados de esposas e maridos, filhos e filhas, históriase risadas, enquanto consigo restava apenas a companhia solitária da própriaexistência. havia dedicado os últimos anos à carreira no campo médico, comohavia de se imaginar, coletando uma porção de diplomas, certificados e títulosque sabia nomear em um piscar de olhos, mas tão crua e ingênua às demais coisasda vida quanto a garota de dezenove anos que havia surgido na casa das zetas hámais de dez anos.
cansada de sentir pena de si mesma, o desejo de jasmyne era abandonar aquelacelebração cafona e saudosista, mas sabia que callisto e april fariam de suavida um inferno se fosse embora sem ao menos registrar uma fotografia com dorothyna frente da casa da antiga sororidade. ao invés disso, arrastou-se até o bar,onde ao menos poderia fornecer aos pés algum descanso dos sapatos altíssimosque usava. quando a garrafa de água fora colocada a sua frente, a mão destra dagarota rapidamente apressou-se em agarra-la, sem notar a presença do sujeito háalguns centímetros de distância. — obrigada.— respondeu, com a voz apática e insincera de sempre. — sem álcool pra mim hoje. —o comentário ácido parecia servir mais como um consolo para si mesma do que umaexplicação para o estranho, com jasmyne revirando os olhos em desgosto. —atroca de prótese valvar não vai acontecer sozinha, não é? — osom de sua voz saiu abafado como se buscasse convencer a si mesma, sendo este definitivamentenão direcionado ao homem ao seu lado. — ah é, muito contente. — contendo o risco de soar uma velhaamarga, jazzy afogou os lábios em um longo gole d’água, observando o sujeitoatravés de sua visão periférica, buscando reconhece-lo.
— oh, eu sei quem você é! — os olhos da jovem se acenderamcomo dois vagalumes cintilantes. — vocêera o garoto da piscina, não é? — ela perguntou, enquanto sua mãochacoalhava a de robert em um movimento apressado. — sim, é você! — parecia haveralguma fascinação em descobrir que o homem era de fato um estudante da usc enão apenas um funcionário contratado para a manutenção da casa, como acreditavana época. — sim, jasmyne. —a mulher enfim se desfez do comprimento, apoiando ambos os cotovelos sob abancada, buscando organizar todas as peças em sua cabeça. — você era um conhecido da callisto, não?— perguntou, com a expressão inquisitória e um tanto desconfortável dequem o observava como uma espécie exótica, ou um paciente com alguma condiçãodesconhecida. — quer dizer, elatrazia alguns rapazes para a zeta, mas nenhum deles era alto como você, entãopor isso me lembro. — de novo, nada sutil com as palavras. — que engraçado. — uma risadacurta e satírica escapou de seus lábios, como se tivesse acabado de ouvir uma anedota.
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control-alt-del-rp·:
Dentre outras características, Jonathan era um bom observador. Os poucos segundos de aproximação ou o tempo relativamente livre o fizeram observar com atenção o suficiente a outra. Jasmyne tinha a postura do protótipo de um projeto impecável, perfeitamente desenhado, o qual, ele poderia descrever com exatidão, já que era por si, um desses rascunhos. As roupas sempre bem colocadas, todos os fios do cabelo no lugar. A curiosidade, atrelada ao sentimento de identificação, haviam feito o inglês ser muito mais cuidadoso em suas observações, enquanto imaginava que métodos de fuga ou de proteção, haviam sido criados ali tentando moldar toda o sucesso para o qual fora designada. Bom conhecedor daqueles que tentam ser tudo, Jonathan sabia ainda, os movimentos estereotipadas de quem tentava ser agradável mesmo quando por dentro, não estivesse com a menor vontade. E não que a “atuação” de Jazzy fosse ruim, ele simplesmente reconhecia aquilo, por experiência própria. As mãos foram aos bolsos da bermuda branca que tinha um discreto detalhe em azul marinho, bem como a munhequeira que usava, enquanto isso, mantinha o sorriso de canto inabalável - e insuportável para muitos - que sustentava sempre. - Na verdade, eu acabei minha partida mais cedo que o previsto, então… resolvi assistir. Espero que isso não incomode vocês. Você sabe, sempre dá para aprender tecnicas novas ou… pontos fracos, baseadas em observação. - Respondeu com tranquilidade, embora não importasse muito se incomodava ou não, aprendera que além da pratica, a observação era uma boa tática para melhorar.
Os olhos se matinavam baixos durante toda a conversa, afim de manter a atenção na mais jovem, que era indiscutivelmente mais baixa que ele. Se preparava para comentar algo sobre Anna e a sua dificuldade em alguns movimentos, quando fora surpreendido pela pergunta. Uma risada baixa acabou escapando entre os lábios do mais velho, que após um gole de água em sua própria garrafa, entortou novamente os lábios em um sorriso de canto e respondeu com a falsa despretensão com a qual contactava sempre que lhe parecia conveniente. É claro que poderia ter uma resposta sonoramente prepotente na ponta da língua, embora não fosse do feitio dele lançar frases dessa forma. Além do mais, não estava se colocando em pronta competição com Jasmyne, não era essa a intenção. Primeiro porque, ele via um enorme potencial ali, segundo porque, acabará ficando interessado, como pessoa. - Jogar com a sua elegância, Srta. Campbell, isso você vai ter de ensinar ao seu veterano. - Afirmou, se retirando do “contra-ataque” em que frequentemente jogava. - Como eu disse, foi um belo jogo. Você é de Atlanta, certo? - Questionou, ainda fitando a outra, sem se preocupar muito com os conceitos que ela possivelmente já havia estabelecido sobre ele, fosse por algum comentário irritado de uma April contrariada, ou alguma das garotas com quem Alt acabara saindo. - Eu lembro de você ter comentado isso em alguma conversa, quando fui a zeta. Eu não sei como está sendo sua adaptação ou se sua agenda tem tempo mas, ocorrem alguns jogos no Country Club nas manhãs de domingo, entre uns veteranos e alguns professores até, eu acho que alguns dos seus monitores e orientadores jogam lá. É um lugar interessante para se entrosar, você devia aparecer, qualquer dia…
Jasmyne certamente não havia tido uma infância comum como a maioria das crianças de sua idade – entre as incontáveis horas gastas com tutores escolares e treinadores exigentes que sequer falavam o idioma nativo da menina, a filha única dos Campbell não teve espaço ou mesmo tempo para desenvolver os gostos comuns a crianças em idade de desenvolvimento, mas se havia uma brincadeira a qual Jazzy sempre se interessou fora a de competição de quem leva mais tempo para piscar. Ora, é óbvio que a menina não poderia ter se interessado por amarelinha ou pintura aquarela, mas sim em um jogo cuja única finalidade era desafiar seu oponente até o ponto de quebrá-lo, dadas as devidas proporções, é claro. Surpreendida pela presença do veterano, a jogadora de tênis viu a si mesma em uma competição de olhares (muito embora o objetivo dessa vez não fosse levar o outro à desidratação total das córneas): a conversa iniciada pelos dois estudantes não parecia caminhar para nenhum lugar particularmente interessante, mas a troca de olhares entre ambos nem de longe parecia tão despretensiosa. Tradicionalmente munida à uma cisma para com tudo e todos, Jazzy desconfiava das pausas silenciosas e dos sorrisos políticos retribuídos por Altman sempre que um comentário pouco simpático era feito, mantendo seus olhos tão examinadores quanto os do rapaz.
O peso da garota era equilibrado sob a perna direita, mantendo a coluna pouco ou quase nada ereta, confirmando seu desinteresse no que o outro tinha a acrescentar àquele momento. Com os braços cruzados, ouvia o blá-blá-blá do mais alto com certa preguiça, esboçando um sorriso apático entre um fôlego e outro. A indiferença da garota, entretanto, cessou com o comentário afrontoso do outro, erguendo a sobrancelha esquerda após a insinuação de que estaria ali para observar seus pontos fracos. Jazzy imediatamente distribuiu seu peso em ambos os calcanhares, ajeitando a própria figura com seriedade, se antes ela não estava prestando atenção, agora definitivamente estava. – Claro que não me incomoda. – ajeitou um sorriso cínico, como era acostumada a fazer, girando a raquete em suas mãos com uma alegria artificial. O que ele esperava? Que Jasmyne se sentisse intimidada? Pfft. – Já não posso dizer o mesmo da pobrezinha ali. – o gesto nada discreto assinalou a adversária que deixava a quadra. – Se sozinha o backhand dela sai daquele jeito, imagine com platéia. – os olhos se reviraram em deboche, soltando um curto e despretensioso suspiro.
Diante do elogio proferido pelo outro, Jasmyne não pode, senão, deixar-se levar pela vaidade, ensaiando um sorriso orgulhoso e presunçoso – a pouca idade e o desejo desenfreado por aprovação se alimentavam de pequenas doses como àquelas, nada fazia os olhos da caloura brilharem como um bom afago ao ego. Levemente deu de ombros como se o comentário não tivesse grande valor, secretamente saboreando o aplauso, mesmo sem ter certeza de suas reais intenções. – Se você diz. – os lábios curvaram-se em uma espécie de sorriso traiçoeiro, observando o mais velho através dos longos cílios escuros. – Sim, nascida e criada. – a informação a pegou de surpresa. – As pessoas por aqui não parecem levar a reputação do Sul muito a sério, acho que é minha responsabilidade mostrar como fazemos lá embaixo. – respondeu com confiança, apoiando a raquete branca nos ombros. Jasmyne sempre achou cafona demais essa síndrome de orgulho que as pessoas carregam consigo durante a vida adulta, mas sentia que as meninas nascidas em Bel Air costumavam julgar sua origem, então fazia questão de prová-las o contrário – ou de ao menos ser aceita nas rodinhas populares. A confissão do outro a fez erguer as sobrancelhas novamente, soltando um murmúrio. “Hum”. – Que observador, Jonathan. – a menina selou os lábios, resgatando junto à memória a visita do veterano a sororidade, que culminou com April reclamando sobre a prepotência do visitante por horas à fio enquanto reorganizava agressivamente suas canetinhas coloridas por marca. – No Country Club, huh? – a garota reuniu todas as suas forças para soar o mais natural possível, como se tal proposta não fosse capaz de mantê-la acordada por toda a noite em ansiedade. – Acho que pode ser legal sim… Aos domingos, certo? – buscou fazer mistério, dando uma longa pausa dramática. – Eu vou precisar desmarcar meu voluntariado no centro de reabilitação de filhotes, mas acho que não tem problema nenhum, não? – cachorrinho nenhum faria Jasmyne perder tal oportunidade, por mais frio que isso pudesse soar. – Não sabia que você era sócio, Johnny. – Jazzy já havia escutado a colega de quarto se referir ao outro por tal apelido, então imaginou que não teria problema. – Mas quem nessa cidade não é um membro, não é mesmo? – uma risada apressada e abafada escapou de seus lábios, contendo um rastro de preocupação e ansiedade.
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control-alt-del-rp·:
Sob a fina camada de suor praticamente evaporado pela malha da polo preta, Jonathan Altman sentiu seu ombro queimar. Apesar das largas sessões de fisioterapia e cara cirurgia, ainda sentia dores ao esforço. A fratura clavicular de terço médio, apesar da cicatrização impecável, ainda causava danos ao inglês, muito possivelmente psicologicos. Dessa forma, com frequência Alt tinha problemas após jogos extensos de tênis, como a partida que havia ocorrido contra Taylor Donovan, aquela tarde. A solução encontrada, a qual usava com certa frequencia, fora puxar o pote branco de sua mochila, pegando um comprimido de codeína e o levando a boca, talvez Jonathan andasse tão acostumado com comprimidos, que se quer se dava ao trabalho de tomá-los com água. Era quase instantâneo, tal qual, todo placebo é, a entrada da substância, mesmo que sem tempo hábil para o efeito, a sensação dolorosa parecia sumir, fazendo o sorriso de canto vitorioso, parecer ainda mais largo no rosto do rapaz. Retornou a atenção a quadra ao lado, onde as garotas competiam entre si. @msjazzy· ao longo do local acabou chamando sua atenção. Nada específico havia acontecido para tal, mas, o emaranhado de pequenos encontros mesmo sem uma contactuação explicíta acabara chamando a atenção de Jonathan. Fosse na zeta perdida entre as barbies, na quadra de tenis, na equipe de equitação ou nas reuniões da monitoria: Jasmine, como ele procurara se informar, tinha um olhar feroz, de determinação, de quem quer abraçar o mundo, de quem queria tudo. Mais que isso, de quem era tudo. Aguardou a partida da mesma acabar, aproximando-se em sua postura intacta de bom atleta. - Jasmine, certo? - Questionou, estendendo uma garrafa de agua, lhe abrindo um sorriso de canto. - Foi uma boa partida. Digo… Para você, para a Anna…Eu não sei se foi tão boa assim.
“Aht!” – o grunhido agressivo e estrondoso saltou dos lábios da pequena Campbell assim que rebateu com enorme força a última bola que faltava para encerrar a partida, vencendo o treino contra sua adversária com alguma folga, fruto de uma dedicação implacável da mais nova para com o esporte, que praticava desde os treze anos. Dando o jogo por encerrado, Jasmyne saudou a colega à distância, erguendo a raquete branca e com detalhes em dourado em uma espécie de saudação comum ao esporte, retribuindo um meio sorriso iniciado pela oponente – Jasmyne não era a figura mais carismática de todas dentre a equipe, sempre comparecendo aos treinos com a expressão sóbria e de poucos amigos, interessada apenas em jogar o esporte e aliviar a tensão nas quadras, o que definitivamente não a aproximava dos demais companheiros de equipe. Dando de costas para a outra, porém, a caloura esboçou um enorme sorriso de satisfação alimentado não apenas pelas enormes doses de endorfina, mas também pelo excelente desempenho que havia demonstrado no treino daquela manhã: é claro que a mediocridade de Anna havia sido um fator, o que poderia ou não ter facilitado as coisas para ela, mas também se orgulhava de seu progresso nas últimas semanas, adequar-se à um novo climas e um novo lugar não era algo tão fácil assim.
Caminhando em direção ao banco onde deixava suas coisas, alcançou a garrafa de água branca personalizada contendo as iniciais “J.C” em detalhes dourados como todo o restante de seu uniforme, dando um longo gole do líquido insípido e refrescante. Com uma das mãos presas ao quadril, pode notar que na quadra ao lado um outro jogador a observava, não tardando a vir ao seu encontro alguns instantes depois. Jazzy apertou os olhos, buscando identificar a figura alta e branca que avançava em sua direção, vindo a reconhecê-lo apenas quando já estava há alguns passos de si. “Aqui também?” – reclamou para si mesma, revirando os olhos e guardando a garrafinha junto à mala que combinava. Jonathan estava em todo lugar: no decatlo acadêmico, no comitê de eventos e no grupo da monitoria e agora no time de tênis, não fosse pela agenda lotada da própria garota poderia jurar que ele estava perseguindo-a como um stalker. – Jonathan. – disse com algum entusiasmo artificial, ainda surpresa de vê-lo por ali. – Já me hidratei, obrigada. – respondeu, colocando a palma da mão sob os olhos, buscando enxergá-lo sem a interferência dos raios de sol; Altman era inconvenientemente alto. – É muito gentil de sua parte, mas não sabia que teríamos platéia essa manhã. – o comentário ácido fora acompanhado de uma risadinha baixa e um sorriso esperto, como costumava fazer sempre que recebia um elogio.. – Nesse caso eu serei obrigada a concordar, quer dizer, eu já disse à ela para trabalhar no pulso direito… – deu de ombros, seguindo por um suspiro cínico. – Algumas pessoas precisam de mais tempo que outras, eu imagino. – apesar do corpo pequeno, Jasmyne era imensamente presunçosa, o que poderia explicar a enorme antipatia que os colegas nutriam pela garota. – Eu não sabia que você jogava, Jonathan. Existe algo que você não faça? – a risada falsa ecoou na quadra vazia, criando uma atmosfera ligeiramente tensa e competitiva.
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missxcallaway·:
axjames·:
Anuindo com a cabeça, April James encostou-se em um dos armários brancos que compunham a decoração e a disposição perfeita dos móveis do quarto. Encarando a caloura e possivelmente nova membro da sororidade, Jasmyne passaria facilmente pela peneira se tudo com o que contassem fosse aparência, boa dicção e respostas rápidas. Sentada despojadamente mas ainda assim cheia de classe sobre a cama da Callaway, a futura advogada não tinha objeções à primeira vista. Mas as garotas daquela casa eram muito mais do que apenas rostos bonitos, posturas clássicas, contas bancárias avantajadas e educação exemplar, e April não pensava em honra, inteligência ou condutas perfeitas quando referia-se mentalmente ao ingresso naquele lugar. Melhor do que ninguém, sabia que ser flexível, ardilosa e principalmente astuta eram características essenciais para sobreviver lá dentro. Infelizmente para muitos, Zetas podiam ser cruéis, e se Jasmyne não tinha o mínimo desses três pilares, talvez não fosse capaz de aguentar a pressão. Por mais que não muitos anos dividissem ambas da mesma faixa etária, a James conseguia perceber de forma quase palpável que a Campbell nunca tivera experiências como conviver com garotas mais velhas que possivelmente poderiam passar por cima das próprias colegas leais para conseguir algo supérfluo como uma edição limitada de algum batom da MAC – claro, estereotipando o máximo possível, mas sabia que podia acontecer qualquer dia desses.
Não que se preocupasse com isso. Não, April James tinha mais o que fazer do que tentar aconselhar ou cuidar de garotas mais novas do que ela. Mesmo acolher já parecia um grande feito, tendo em vista o que todas se tornavam ao entrarem naquela casa. Jasmyne deveria aprender a cuidar de si mesma com o passar do tempo. A forma como ela falava – como se já fosse parte, como se estivesse prestes a trazer suas coisas para um dos quartos da Zeta– era até mesmo inocente. Por um momento, viu-se na obrigação de lhe dar um sorriso. Não irônico, não sarcástico, não falso. Apenas um pequeno sorriso. “Callisto e eu somos bem diferentes.” Limitou-se a dizer mais uma vez. Apesar de semelhantes em alguns aspectos, April não gostava de sujar as mãos pra muita coisa. A insegurança notável disfarçada de impetuosidade pra parecer decidida fez com que a James aquiescesse mais um vez. “Você está adiantada, e sabe disso. De fato, é um ponto a se considerar, mas-...”
A entrada de Callisto surpreendera até mesmo April. Conhecia muito bem aquela expressão, fora a da primeira vez que se viram e travaram uma briga naquele mesmo quarto, um ano atrás. “Não vai se ver livre de mim por algum tempo, Callie. Seja bem vinda de volta também.” Um sorriso de canto acentuou os lábios ao que a estudante pronunciou-se com cautela, aproximando-se um pouco mais da amiga e de Jasmyne, já de pé como um pequeno soldado. Era como se a Campbell houvesse feito algo imperdoável. Só esperava que a Callaway não levasse essa interpretação como a única. “Ela é uma candidata à permanência na Zeta, Callaway. Teve o decoro e a decisão de vir sozinha até aqui pra conhecer a casa, ter certeza de que é um bom lugar. Me ofereci para mostrar as dependências e dar um exemplo de como o quarto é.” Explicou, surpreendentemente sentindo a necessidade de fazê-lo. “Um ponto positivo, não?” Tentou, cruzando os braços novamente. Deus, quem devia estar se explicando era a própria Campbell, por que estava se metendo? Olhou para Callisto, parecendo indecifrável nos primeiros segundos. Comportamento, Callisto, por favor, pensava.
Apesar de desnecessário prender-se ao passado, alguns poderiam se questionar o que seria Callisto Callaway se os pontos mais importantes de sua vida tivessem sido diferentes. Por exemplo: seria ela tão insensível de fato a outras pessoas se criada junto da irmã mais nova (que devidamente ignorava a existência)? Ou seria ela, se é que possível, pior? E se a mãe tivesse feito parte de seus dias fisicamente, e não apenas através de palavras grosseiras ditas de forma insensível à sua versão mais jovem e inocente? Difícil apostar em um cenário menos grotesco considerando que a jovem era afinal fruto de dois indivíduos igualmente egocêntricos e inteiramente despreparados para criar um outro ser humano. Verdade fosse dita, Callie pegava-se - ainda que muito raramente - pensando sobre como poderia ter se tornado a irmã caçula. Será que a garota era também tão implacável quanto a Zeta? Estivesse onde for, poderia ela ter herdado a mesma raiva, sofrido dos mesmos traumas? Preferia pensar que sim. Seria de uma extrema injustiça do universo que ela fosse a única deixada nas mãos de alguém como Osman. Fato era que não importava de verdade aquele monte de ‘e se’ que por vezes acometia seus pensamentos na calada da noite, quando tornava-se impossível esconder os sentimentos e pensamentos naturais a qualquer ser humano, mesmo um tão ruim; as coisas eram como eram, os resultados foram o que foram. E ela seguia sendo ela, sendo forte, sendo má. É, era uma forma de se colocar. A expressão impaciente portanto não era mesmo incomum, a capacidade de demonstrar tão bem tudo que lhe passava pela mente sem permitir uma mísera ruga na testa. Seria bom que Jasmyne tivesse o vislumbre desde bem cedo do que era a garota; tornaria a convivência muito mais fácil se como April, elas aprendesse a conviver. Ainda parada na frente da novata que, para bem ou para mal, era pelo menos tão bonita ou mais que boa parte das participantes da casa, não precisou esperar muito para que a figura diante de si se erguesse em um pulo nervoso. Não teria qualquer problema em forçar a miniatura de gente pelos cabelos, mas tinha prometido a si mesma que esperaria pelo menos dois meses até arrancar os fios das novatas - precisava aparentar mais controlada naquele ano, afinal, a presidência se aproximava e não podia perder. Os olhos escuros e brilhantes da Callaway foram imediatamente à almofada outrora nas mãos de Jazzy, mas que então caíam no chão pelo movimento brusco. Se não tivesse apreciado tanto a demonstração tão clara de obediência e medo - que ela podia até sentir o cheiro -, teria se importado mais com o fato da peça estar no chão. Não deixou de perceber, no entanto, a maneira que a novata pareceu recompor a postura, claramente tentando demonstrar seu preparo. Pendeu a cabeça lateralmente, analisando a moça com calma, ignorando o cumprimento logo de início, tomando os segundos que achasse necessário para absorver toda a presença alheia. Virou então a atenção à April, que tinha a irritante mania de ser prestativa e educada com as pessoas. Resistindo à vontade de revirar os olhos, finalmente retornou as íris até a morena à sua frente e enfim esticou o braço, na intenção de se apresentar. Ou, bem, confirmar o que a outra aparentemente já sabia. Não se impressionou com o detalhe de que a mais nova já conhecia seu nome; aquilo já era suficientemente comum em seus dias. Fosse pela ligeira fama por ser filha de quem era, ou simplesmente por ser mesmo uma presença tão marcante nos locais que frequentava. “É, um ponto positivo.” Concordou, conforme a mão de unhas meticulosamente pintadas em um rosa pink de incomodar as córneas alcançava as palmas macias de Jasmyne, devolvendo a cordialidade. “Eu perguntaria o que te faz querer participar, se não fosse tão óbvio.” Comentou, retirando o casaco e o jogando por cima da bolsa na cama - a organizada ali era AJ. “Claramente eu cheguei atrasada, mas imagino que no mínimo você tenha listado um currículo tão bom que não resta dúvidas sobre sua aceitação. Afinal, AJ, prefiro acreditar que você não sai por aí oferecendo tours aos nossos espaços pessoais e privados a qualquer um.” E ainda que a provocação tenha sido direcionada à colega de quarto, os olhos seguiam presos à mais nova como quem observava uma presa. “Mas, sabe, toda essa esperança é… uma graça.”
“Callisto e eu somos bem diferentes”, a mais velha disse, lançando um olhar examinador sobre a novata. Por alguns segundos, já bastante impressionada pela figura da outra, Jasmyne ponderou consigo mesma o que poderia esperar vindo da colega de quarto de AJ, somando a descrição bastante curta e objetiva da veterana com as imagens que havia visto poucos segundos atrás fixadas junto ao mural de lembranças. Mas como em um relâmpago – como se April fosse capaz de convocar a presença da colega, como uma espécie de feiticeira – a Campbell já não precisava imaginar mais nada, já que a figura nada discreta e sutil de Callisto agora se fazia presente junto à porta do cômodo. Uma rápida passada de olhos permitiu que Jazzy tomasse suas primeiras impressões acerca da Zeta: embora não parecesse ser tão alta como nas fotos, os sapatos de salto altíssimos certamente faziam o truque, era tão bonita quanto – tinha os cabelos escuros e brilhantes caídos sobre os ombros e usava um batom rosa que chamava atenção para os lábios carnudos, fazendo a jovem forasteira cogitar se eles eram naturais ou não. O ambiente rapidamente se transformou, mais uma vez, com a chegada da outra: enquanto que a presença de April James era capaz de tornar o ambiente tão frio quanto um chalé de esqui em Aspen, dado o tratamento gélido para com a caloura, a chegada de Callisto Callaway certamente fora capaz de incendiar o espaço como o próprio inferno – bem, não que ela fosse o diabo, afinal de contas nem ao menos a conhecia, mas não ficaria surpresa se ela e o próprio já se conhecessem.
De pé, ao lado da mesa de cabeceira, Jasmyne mantinha as mãos juntas à frente do corpo, frequentemente as encarando ao passo que as duas colegas se cumprimentavam após as férias de verão. Quando as outra engajaram em uma conversa sobre sua passagem pelos aposentos íntimos da sororidade, Jazzy imaginou que não levaria muito tempo até que fosse convidada a se retirar, já que Callisto não parecia muito contente em compartilhar de seu espaço com uma estranha – bom, e provavelmente porque a mais nova havia acabado de derrubar uma de suas almofadas no chão, o que será que era aquilo, pele de chinchila? A menção a sua pessoa a fez erguer o queixo, situando-se nos rumos para os quais a conversa seguia. Embora a fala de Callie não fosse exatamente uma pergunta, Jasmyne puxou o oxigênio com seus pulmões, pronta para enumerar todas as suas inúmeras conquistas e feitos, exatamente como havia treinado pelas últimas três semanas em frente ao seu espelho ainda em Atlanta, mas a aproximação da garota a fez recuar por um instante. A morena era tão sorrateira quanto April, não apenas no tom provocativo e ardiloso que sempre aplicava em cada uma de suas respostas, mas também na maneira como passava os dedos magros pelos cabelos negros de Jasmyne, como se procurasse reforçar não tão sutilmente a hierarquia entre veteranas e calouras. – Oh não, de maneira alguma… – a voz projetou-se no ambiente, buscando se emancipar do nervosismo que a acometia. – AJ foi muito gentil de me receber antes mesmo do dia de recepção, é como dizia, eu fiz a escolha de vir conhecer a casa antes de finalizar o processo. – retomando a confiança, Jasmyne relaxou os ombros os movimentado, delicadamente jogando a mecha de cabelo com que Callisto se divertia para trás. – Não há nada como uma boa introdução pessoalmente, não é mesmo, meninas? – não demorou muito para que Jazzy se desse conta de que para ser aceita na casa mais competitiva do campus deveria apostar mais alto nas próprias fichas. – Não se preocupe, eu estava apenas admirando a decoração. – a Campbell sabia administrar como ninguém as doses de bajulação e diplomacia. – Inclusive, estava reparando as fotos no mural, você teve sua festa de dezesseis anos transmitida pela MTV? – o entusiasmo era, em parte, bastante artificial, mas a garota não negava sua curiosidade para com a vida luxuosa que a outra levava, aparentemente. – Eu sei que você deve ouvir isso o tempo todo, mas é tão fabuloso! – tal adjetivo não fazia parte do vocabulário regular da menina, mas se parecia com algo que Callaway gostaria de ouvir. – Sobre minha inscrição, eu tenho uma cópia da minha aplicação por aqui, caso seja necessário. Imagino como vocês devem ser rigorosas com o perfil das moradoras. – sorriu, encarando ambas nos olhos, podendo jurar que estava fora da zona de perigo.
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[ threat ] your musing threatening mine (Callie)
Debruçada sob a imensa pilha de livros e anotações, a caloura sentia cada um dos ligamentos da mão tensionados conforme mantinha o lápis grafite preso aos dedos num esforço de resolver mais alguns exercícios de física, mesmo estando completamente exausta, física e emocionalmente. Havia passado às últimas duas noites acomodada junto à cadeira desconfortável do quarto enquanto revirava os livros de física aplicada de cima à baixo, em um ritmo de estudos frenéticos e nada saudável – é claro que o professor exigia uma boa performance de seus alunos, afinal estavam em uma das instituições mais renomadas de todo o país, mas a pressão que a própria garota exigia sobre si mesma estava longe de ser algo natural. Durante aquela noite sequer havia dormido, não fosse pelas três horas e meia em que simplesmente desabou de sono sob os livros, forçando o corpo cansado à repousar, para imediatamente depois retomar a rotina de estudos. Era um sábado e Callisto e Apil estavam ocupadas com os treinos de cheerleading, o que dava à novata a oportunidade perfeita para estudar sem distrações, como o secador altíssimo da primeira ou a leitura de textos do teatro da segunda. Respirou fundo, apoiando-se sobre a mesa, forçando as pálpebras dos olhos à se manterem abertas e responsivas, encarando a capa dura do livro didático, mas não conseguia ter forças para encarar mais uma fórmula sequer. De relance, há alguns centímetros de onde estava, observou o frasco de cor âmbar recheado de comprimidos de anfetamina, era a única coisa que seria capaz de mantê-la acordada por tempo o suficiente. Certificando-se de que não havia mais ninguém, saltitou até a bolsa e agarrou a medicação, derramando as pílulas brancas na palma da mão, inspecionando-as. No mesmo instante, porém, o ranger da porta do quarto se fez e lá estava Callisto, reclamando que havia esquecido seus pom-poms. – O que está fazendo aqui? – fosse o cansaço ou o sentimento de culpa, Jasmyne esbravejou a pergunta com muito mais agressividade que o normal. – Isso não é nada, são comprimidos para cólica. – mentiu, mas o olhar de Callie j�� denunciava o que a garota temia. – Você não viu nada, Callisto. – estava tão exausta que nem ao menos se deu conta de que havia usado o nome completo da outra. – Se contar alguma coisa a alguém, especialmente à April, eu vou contar pra todo mundo que seu cartão foi recusado na Prada semana passada. – o conteúdo da ameaça era pífio, quase que rídiculo, mas conhecendo a veterana, Jazzy sabia que havia algum poder em suas mãos.
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— ⁖ me, 𝓂𝓎𝓈𝑒𝓁𝒻, and I, 𝙩𝙝𝙖𝙩'𝙨 𝙖𝙡𝙡 I got in the e n d. ☽
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@msjazzy
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missxcallaway·:
axjames·:
April soltou delicadamente a respiração pelas narinas em um riso breve e mudo, percebendo a solicitude de Jasmyne aos poucos e cada vez mais aparente. Ela devia estar querendo muito entrar e, de fato, não lhe tirava a razão. Ser uma Zeta poderia lhe abrir diversas portas dentro da universidade, e April não pensava apenas nas vantagens sociais. Para as mais centradas nos estudos, o nível de atenção recebido era maior, o que significava glória para a maioria delas– e, consecutivamente, para suas futuras carreiras, independente do que escolhessem. O histórico de mulheres bem sucedidas saídas da sororidade tinha um número alto de registros, e também era devido a este fato de que manchar a reputação da casa era inadmissível. “As pessoas jogam com as cartas que têm, respeitamos quem tem consciência disso. Estou curiosa pra saber com quais você joga, Jasmyne Campbell.”
“Eu falo muito sério. Não foi fácil, na realidade. Nem tudo vem de graça pra gente, como muitos pensam.” Apesar da expressão tranquila de veracidade, April nunca acreditara nas próprias palavras. Tinha pleno conhecimento do quão mimadas as meninas poderiam ser, e de tudo o que podiam ter apenas porque eram quem eram. Além disso, eram persistentes e manipuladoras o suficiente pra darem um jeito de conseguir o que queriam. Ela tinha ótimos exemplos, até porque ela mesma era um, e não negava. Duvidava que Jasmyne também não fosse. “Se entrar, talvez você tenha um pedacinho dele aqui toda vez que abrir a geladeira pra comer alguma coisa.” Instigou, como usualmente não era tão acostumada a fazer. Não de forma positiva como sentia estar fazendo. Duvidava que o que estava sentindo fosse empatia, mas era como se quase estivesse pagando pra ver. Estava até fazendo um tour pela casa com uma estranha que não sabia nem mesmo se tinha chances de ser uma Zeta, mesmo não ganhando nada com isso. Tentou explicar isso com seu próprio stress anterior– bem, qualquer coisa era melhor do que organizar coisas as quais não tinha vontade alguma de fazer. A animação dela para com sua nova proposta fizera a morena mover a cabeça brevemente, como se pedisse que a acompanhasse até o andar de cima. Olhando para as iniciais na porta, esperava que @missxcallaway· demorasse um pouco mais pra chegar, não queria ter que ouvir reclamações sobre levar pessoas desconhecidas pro quarto logo no primeiro dia de instalação. “A decoração que está vendo agora é padrão para todos os quartos, mas todas nós damos um jeito de dar um toque especial e pessoal após a instalação. Eu vim um pouco antes, quando a Callisto chegar, já quero estar com tudo pronto. As duas arrumarem as coisas ao mesmo tempo não dá certo.” Limitou-se no que disse e não entrou em detalhes. Jasmyne não precisava saber de toda vez que uma guerra já se iniciara no quarto por causa de coisas espalhadas. Encarou o canto para o qual a mais nova dedicava sua atenção, e sorriu pequeno. “Ela é bonita, não é? Mais cedo ou mais tarde vai conhecê-la. E se não, saberá quem é.” A ênfase na parte final da declaração era automática, como um aviso. Se tinha algo que não acontecia naquele universo era a Callaway passar despercebida, por bem ou por mal. A James assistia a novata se divertir da batente da porta, cruzando os braços. “Você está realmente animada, não é? Isso tudo é confiança?” Caminhando lentamente quarto a dentro, a encarava com tranquilidade. “Tem certeza que é o que realmente quer?”
Para a maioria, o verão era esperado e inclusive idealizado. Haviam aqueles que de fato sentiam-se ansiosos para matar a saudade dos familiares ou das cidades natais; aqueles que simplesmente precisavam de um descanso nas matérias acumuladas e também os que buscavam fugir de uma vida desinteressante nos dormitórios sem graça do campus. Callisto, no entanto, experimentava o oposto. Diziam que o reino das garotas malvadas acabava no high school, mas isso apenas porque ainda não haviam conhecido a sororidade Zeta Phi Beta, que funcionava como uma espécie de extensão daquele reinado. E por que, então, a garota estaria ansiosa para abrir mão do lugar onde podia fazer o que quisesse, como quisesse, ter outras jovens a seus pés e o controle da grande maioria de coisas que lhe rodeava? Mas jamais permitiria que qualquer outra integrante da casa sequer cogitasse que a vida perfeita em casa que Callie pintava nas histórias era uma enorme mentira, o que a forçava a retornar à mansão fria e vazia todo verão e tempos de festa. O mês se arrastava em uma eterna tortura, enquanto ocupava-se com o mesmo de sempre: festas, garotos, compras, bronzeamento artificial, slushies diet. E em todo aquele mês, ainda tirava um tempo para tentar de alguma maneira chamar atenção do pai para suas conquistas. Mas Osman não se importava se a jovem Callaway havia recebido três medalhas na luta, se havia batido um recorde pessoal na vitória de debates e nem mesmo se havia ganhado a presidência de comitê de eventos. E se ele não se importava com nada daquilo, também não se importaria com o fato de que ela se sentia sufocada e perdida diante do objetivo traçado na política (na realidade, provavelmente a julgaria, e, após rir um pouco, constataria que sempre estivera certo). E ainda menos com a pontada de insegurança que lhe batia a porta toda vez que alguma mulher olhava para seu namorado, já que no fundo sabia que era apenas questão de tempo até ele perceber que era ele quem era bom demais, ou que sentia inveja de parte das ‘irmãs Zetas’ que realmente tinham um vínculo verdadeiro uma com a outra, e não apenas a suportavam pelo dinheiro e influencia. Nah, Osman Callaway jamais se importaria, e a filha do prefeito sentia-se mais irritada consigo mesma a cada retorno para casa, pois parecia não se cansar de alimentar a pequena chama de esperança apenas para que fosse pisoteada outra vez. A sensação de retornar à sororidade era próxima a de ser solta da prisão após dez torturantes anos, mas mesmo que estar de volta em sua posição de controle e poder a deixasse animada, ela também estava particularmente mais irritável que o normal. Sempre retornava assim, inevitavelmente replicando os comportamentos maldosos aos quais era submetida no período longe. Com a pequena mala em mãos e o óculos caro no rosto, pisou no chão perfeitamente encerado e respirou o perfume característico do lugar, como se aquela fosse a mais pura forma de oxigênio que tocava seus pulmões nos últimos tempos. “Oi, Rosie.” Cumprimentou uma das veteranas, que estava próxima a porta, com alguns beijos insinceros de bochecha. “Se um garoto ruivo aparecer por aqui, pode deixar entrar, ele está com as minhas malas.” Avisou, retirando o óculos e então se dirigindo ao quarto, ansiosa para organizar enfim suas coisas quando o rapaz que ela nunca se recordava o nome aparecesse. Não podia culpá-lo pela demora, claro, as duas malas gigantes e a bolsa de sapatos atrasariam o passo de qualquer um. Após subir as escadas e traçar o caminho conhecido, pôde reconhecer já há alguns metros de distância a figura de April que andava pelo dormitório espaçoso. O sorriso no rosto denunciava, mesmo que ela não estivesse pronta para admitir, que parte de si realmente ficava feliz em rever o mais próximo de uma amiga de verdade que tinha. Claro que a expressão durou pouco e logo se transformou em algo como estranhamento, conforme notava uma desconhecida atrevidamente confortável em sua cama. Depois de colocar os óculos escuros na cabeça, parou na entrada. “Bom saber que está de volta, AJ. Mas se quer trazer o ensino médio pra conhecer a casa, por favor, mantenha a criança longe das minhas coisas.” Avisou, andando até sua cama e deixando a bolsa ali, enquanto encarava a garota desconhecida e esperava o mínimo de bom senso para que se erguesse do colchão.
Bastou a caloura adentrar a residência das Zeta Phi Beta para que uma rápida mudança nos rumos da conversa se colocasse em curso – talvez tal comparação pudesse soar demasiado dramática e fantasiosa para quem quer que fosse, afinal de contas não havia nada de sobrenatural sobre a casa e Jasmyne era cética demais para acreditar em qualquer lenda universitária, mas era como algo tivesse subitamente mudado no segundo em que as duas meninas atravessaram o batente branco que separava o mundo exterior e o ambiente perfumado de jasmim. Como em filmes de scifi, onde os laboratórios de segurança máxima e alta sofisticação tecnológica eram designados para conter armas químicas poderosíssimas e altamente voláteis, as paredes cuidadosamente pintadas de branco eggshell pareciam ser tão poderosas quanto, ainda muito mais sutis e discretas já que não havia sinal algum de reatores de corrente elétrica, ao contrário, o ingrediente de alta periculosidade parecia pairar junto ao ar, sendo impossível enxergá-lo, embora pudesse sentir sua presença em cada cômodo. Se antes o objetivo de tornar-se uma Zeta parecia um feito facilmente atingível, apesar de custoso, um breve passeio até os aposentos íntimos da veterana foi capaz de revelar nuances que Jasmyne não fora capaz de perceber enquanto aguardava do lado de fora, na companhia das roseiras brancas do jardim.
Ouvir April falar era como estar em um passeio no serpentário do zoológico – em um momento a espécie parecia docilmente controlada em seu aquário de vidro, estudando àqueles que se atreviam em visitá-la, mas em um fragmento de segundos depois, a mesma parecia romper de seu repouso sereno para assustá-los com algum golpe imprevisível. A garota de roupas cor-de-rosa parecia tão imprevisível quanto uma serpente em seu lar. A Campbell percebeu, então, que longe de ser como as meninas do colégio católico o qual havia frequentado, a moradora da sororidade era ainda uma espécie desconhecida, embora pudesse facilmente ser confundida com mais uma garotinha má e com dinheiro no bolso. Não só as palavras da mais velha eram escorregadias, frequentemente alternando entre uma gentileza invejável para um tom inquisitório que parecia testar até o último fio de cabelo de Jazzy, mas o sorriso presidenciável e o olhar rápido pareciam alterar com a mesma rapidez e agilidade. Quando ela disse seu nome, porém, Jasmyne não pode conter o sorriso entusiasmado que se desenhou nos lábios, como se tivesse acabado de receber um prêmio, mas ao mesmo tempo enchendo-se de preocupação, pensando em todas as interpretações que poderiam acompanhar a frase dita pela outra e nas conclusões que a mesma parecia tirar de si, como fotografias inesperadas. Sorriu, entortando a cabeça para o lado, buscando manter algum mistério – nem mesmo ela sabia quais cartas possuía nas próprias mangas.
– É claro que existem tantas outras coisas mais importantes que o menu culinário da casa, duh. Mas eu confesso que não me importaria nenhum pouco em fazer refeições estreladas. – o comentário foi seguido de uma curta risada, dado o vislumbre da possibilidade. A animação efervescente da garota fora tamanha que mal pode se dar conta da dualidade quase escancarada que a frase da outra trazia consigo, “se entrar”. Fosse em razão do entusiasmo exacerbado que sentia dentro de si ao sentir-se tão próxima de um de seus maiores objetivos dos últimos anos ou apenas um desejo secreto e silencioso que habitava da garota há muito mais tempo: o de ser aceita. A Campbell sempre fora solitária demais, nem sempre por escolha, já que a personalidade geniosa e o temperamento moroso pouco eram capazes de atrair a companhia das meninas de sua idade, e ainda assim quando o faziam, a própria dava um jeito de afastá-los, julgando não precisar de mais ninguém. Assim, a possibilidade de enfim poder participar de uma verdadeira sororidade – mesmo com todas as particularidades um tanto questionáveis da ZPB – mexiam com a garota muito mais do que ela estava disposta a admitir.
Com a ponta dos dedos, a garota imprimia sua digital nas fotos e demais lembranças pregadas à parede, buscando gravá-las à memória fotográfica o máximo que pudesse. – Callisto. – os lábios reproduziram o nome dito por James, mas em volume muito mais baixo, apenas memorizando o nome da menina das fotos. – Vocês tem mesmo muito bom gosto, não se parece em nada com aquelas transformações cafonas que os programas de baixo orçamento da televisão fazem nos dormitórios dos alunos. – constatou, apreciando a bela decoração que transformava o quarto em um cenário de conto-de-fadas, com as cortinas de linho quase invisíveis tremulando com o vento. – Muito bonita. – o elogio escapou de seus lábios mais rápido do que previa, concordando com o tom curioso da veterana. – Não vejo a hora de conhecer todas as irmãs. – talvez o uso do termo soasse muito ingênuo para a outra, mas Jazzy não se importava, afinal de contas ainda tinha que se mostrar interessada em tornar-se uma delas. – Se Callisto e as demais forem como você, então acho que vamos nos dar muito bem. – a morena piscou para a outra, cruzando a perna e agarrando-se à uma das almofadas peludinhas que ficavam sob a cama.
As próximas perguntas dirigidas à adolescente pareciam sugar todo o ar que existia no cômodo e sem ao menos se dar conta, as duas mãos agarraram a almofada com tanta força que as unhas perfuraram o tecido. – Estou, por que não estaria? – o tom quase ameaçador exigiu toda a coragem da menina, que suspendeu o queixo buscando manter-se firme em sua resposta, temendo mostrar suas próprias inseguranças. – Eu tenho as notas, o currículo, a aparência e o dinheiro. Não é isso que vocês olham? – o pensamento da mais nova geralmente se estruturava daquela maneira, sempre orientando-se para conquistas, resultados e potencial. – Além disso eu estou aqui, não? Se a competição é tão boa assim, então onde está o restante? – as pontas dos dedos já podiam sentir o recheio da almofada, tamanha a força com que segurava o mesmo. Todos os músculos do corpo de Jasmyne mantinham-se tensos como se estivesse realmente em um serpentário, não no quarto pintado em tons pastéis. – É o que... – a frase, entretanto, fora interrompida pela súbita interrupção junto à porta. Em um movimento brusco motivado pela surpresa, Jasmyne voltou sua atenção para a figura feminina que agora a encarava com um olhar tão penetrante quanto o da James, largando a almofada que caiu ao chão, sob os pés da desconhecida. Imediatamente levantou-se e tomou fôlego – a porta aberta fora um alento, o que permitiu a caloura de preencher os pulmões com o ar fresco e acalmar os nervos. – Sou Jasmyne, caloura. – anunciou, estendendo a mão, embora a cama da outra impusesse uma distância maior do que havia antecipado. – Callisto? – repetiu o nome por uma segunda vez, mas agora com alguma finalidade.
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star, s3: alex crane + smiling
#v: jasmyne#o primeiro gif >>>#sei que eu tô devendo mil e uma coisas mas prometo que vou tentar ajeitar tudo entre hoje e amanhã heheheh#truly
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dearlina·:
A conversa com Jasmyne era de se considerar estranha. A maneira a qual a mulher agia, com certa agitação naquela hora da madrugada, era de se desconfiar, por mais que o nível de endorfina no corpo estivesse mais alto devido a corrida. “Ah a Emily é ótima, ela é fã da Avril Lavigne e gosta dos Backstreet Boys” deu continuidade ao assunto, mesmo que soubesse que aquilo soava como uma aleatoriedade
“Prazer” sorriu. Lina procurou se recordar das iniciais mantidas na porta ao lado do banheiro. Na primeira semana, as iniciais pregadas em uma placa na porta de cada quarto, serviam para além de cada dono identificar seu próprio quarto, identificar também os quartos alheios. Lina gostava de observar as placas ao redor de seu quarto, quase como um hobby. Religiosamente, nos primeiros três dias, ainda quando nem todos haviam chegado de suas respectivas férias, a morena tentava adivinhar os nomes que se referiam as letras, o que a fez se questionar se os quartos próximos ao banheiro tinha alguém com a letra J, ou mesmo se na fraternidade aquela era a inicial de alguém. Poderia estar enganada e preferia acreditar na veracidade da fala da mulher. “Eu pensei em me inscrever em algum esporte, mas não sei se ia ter algum teste. Se tivesse ia ser reprovada na hora. Acho que a cota de esportista da família já foi ocupada pelo Ty” riu sem humor “Meu primo” esclareceu, já que não tinha certeza sobre ela conhecer ou não seu primo, afinal era uma caloura assim como Lina. “É o que dizem, hidratação em primeiro lugar” pegou mais um copo num dos armários, se certificando que o mesmo se encontrava limpo, preenchendo-o com água. McCoy entregou um dos copos para a outra e rapidamente tomou o seu “Bom, se você não se importar, eu acho que vou dormir. Você pode deixar as luzes acesas e se certificar que a porta foi trancada? Tem as suas chaves, não tem?” perguntou desconfiada da resposta que viria a seguir “Boa noite, Jasmyne” disse ao começar a subir rapidamente as escadas. Com uma rápida conferida nas portas, procurando algum J e que se localizasse próximo a algum banheiro, Lina recebeu apenas as iniciais T.G., D.O. C.H, A.D, mas nada concreto com um J. “Eu sabia!” com o cenho franzido e claramente enfurecida, desceu o mais depressa possível as escadas, procurando Jasmyne. “De qual fraternidade você é?” vozeou num tom alto, enquanto a procurava nos cômodos comuns do térreo.
Da mesma forma que apoiava todo o peso do corpo sob o calcanhar esquerdo, a paciência da caloura parecia se apoiar sob o resquício de bom humor que restava após um longo dia de trotes, estando exausta não apenas de ter de participar de atividades patéticas que sequer faziam sentido, mas como de ter que confraternizar tais momentos com seus novos colegas, tão impertinentes quanto a própria dinâmica. Ao olhar para Lina, não pode, senão, soltar um longo bocejo, exausta do tagarelar da outra que não parecia entender que estava tarde demais para fofocar sobre boybands e outras trivialidades – questionando-se, por alguns segundos, se realmente valia à pena passar por tudo aquilo por um troféu estúpido. – Sim, ela deve ser ótima! – injetou a própria fala com um entusiasmo artificial, imediatamente suspirando em cansaço à fala da outra. “Deve ser mesmo, para te aguentar…”, pensou consigo mesma, revirando os olhos com alguma discrição, pouco importando-se caso a outra notasse ou não sua insatisfação para com o momento. Jasmyne nunca fora naturalmente simpática, ao contrário, raramente esboçava sorrisos para estranhos pelos corredores e usava o mesmo tom monótono e desinteressado quando tratando com qualquer um, com exceção, é claro, se àquele tivesse algo a lhe oferecer – o que ainda garantia à Lina alguma cordialidade naquele momento, ainda que por pouco tempo. – É, você com certeza deveria aplicar para alguma coisa como, sei lá, croquet. – deu de ombros, deixando que uma risadinha mal-intencionada escapasse os lábios grossos, contendo-a alguns instantes depois. “Emily, Ty… Ela realmente espera que eu conheça alguma dessas pessoas? Pfft.” – resmungou em silêncio, guardando os pensamento para si, embora o rosto denunciasse o desdém para com o que a outra dizia.
Com o copo d’água em mãos, bebericou apenas um amostra do líquido insípido, mantendo-o junto às mãos, aguardando até que a outra sumisse de sua vista para atacar o cômodo ao lado. – É, é, isso, pode ir! – a animação na voz destoava completamente da apatia de instantes atrás. – Anotado, Lina. – a garota assentiu com a cabeça, balançando-a para cima e para baixo. – Chaves? Aqui! – com a mão desocupada bateu juntou ao bolso do moletom de veludo Juicy Couture que trajava, embora não tivesse nada no mesmo à não ser pelo próprio celular. Com ansiedade, acompanhou a moradora escada acima com os olhos cerrados até que essa se perdesse de seu campo de vista, desaparecendo no escuro das escadas. Imediatamente largou o copo d’água praticamente cheio em cima da bancada, olhando ao seu redor para certificar-se de que não havia mais nenhuma visita desagradável – já havia tido surpresas demais para uma única noite. Com um suspiro curto, Jazzy endireitou a coluna e enfiou as mãos no bolso do moletom, saltitando em direção à sala de estar da Kappa Theta Tau enquanto buscava por toda a decoração pelo pequeno troféu de mini-golfe. Há alguns metros de onde estava, do outro lado da sala, exatamente como havia sido instruída, o troféu repousava sobre a lareira de tijolos da enorme sala, reluzindo o metal dourado junto às luzes do cômodo. O sorriso ardiloso pintou-se sob o canto dos lábios e em questão de segundos a menina agarrou o troféu. – Zeta Phi Beta, aí vou eu. – disse à si mesma, saboreando a vitória da missão à qual havia sido encarregada. No mesmo instante, porém, pega de surpresa pela moradora irritante à qual jurava ter se livrado minutos atrás, Jasmyne voltou sua atenção para a outra, apontando o troféu em sua direção como se segurasse uma arma. – Sai da frente, Lina. – o tom enraivecido era notório e embora o troféu não fosse de fato uma arma, Jasmyne não se importaria de usá-lo como uma – deveria ter, aproximadamente, pouco mais de um quilo e o material de latão certamente poderia causar um estrago se usado da forma correta. – Eu? Uma Zeta Phi Beta, se você quer saber. – jogou os cabelos para trás como se fosse uma vilã de soap opera. – Você achou mesmo que eu poderia morar aqui? – debochou, fazendo uma expressão de desprezo. – Agora sai do meu caminho, eu tenho uma entrega à fazer. – sacodiu o troféu em mãos, podendo imaginar a recepção vitoriosa que receberia ao chegar na casa das Zetas.
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axjames·:
A respeito de elogios repentinos e oportunos, April tinha para si que, se aplicados nos momentos certos, eram bastante eficazes para alcançar objetivos. O comentário sobre seus sapatos fora, no mínimo, uma leve massageada no ego e, em sua opinião, uma forma inteligente de Jasmyne passar uma impressão mais intimista e simpática de sua presença repentina na casa. “Ah, obrigada, Jasmyne. O encontrei semana passada no South Coast Plaza. Se fizer parte da família das Zetas, ter um espaço na agenda pra sair com a gente e encontrar essas belezinhas vai ser bastante útil.” Citou, reforçando o estereótipo das meninas da casa. Era engraçado como muitos no campus viam as meninas da sororidade como patricinhas sem cérebro, quando na realidade era basicamente o grupo que fazia a pirâmide social na USC funcionar, além de terem ótimas notas nos rankings em seus cursos. Zetas eram, sempre foram e sempre seriam as nº1 naquela universidade. Agora mesmo, April via uma versão mais nova si mesma na garota, como se fosse algo que fizera anos trás – quando na realidade, a James era a Campbell no ano passado. Talvez, mas apenas talvez, fosse por isso que estava sendo tão solícita para com a aparição da caloura de forma tão adiantada. O sorriso da estudante de direito aumentara gradativamente quando ouvira a opinião da menina sobre o método de inscrição e aceitação das Zetas. O canto dos lábios chegara a tremer, em graça e animação, mas por motivos óbvios, segurou-se para mostrar o melhor de si. Deus, ela era tão adorável. “Na realidade, nosso processo de seleção é um pouquinho mais elaborado. Acredite, recebemos em torno de setenta fichas por ano, quando temos, no máximo, de seis a sete lugares a serem tomados aqui dentro. E são apenas setenta, porque muitas outras nem tem coragem de aplicar.” Reforçou, com toda a tranquilidade e paciência do mundo. Se Jasmyne realmente queria entrar, deveria saber que existia concorrência.
“Então venha, deixa eu te apresentar às acomodações.” Dando mais espaço à Campbell para que ela passasse e tivesse acesso ao interior, logo da entrada ela podia perceber o hall caprichosamente decorado. “Sim, mas a dispensa ocorreu no início desse ano. As meninas estão um pouco preocupadas com uma alimentação ainda mais saudável, chegamos ao consenso de que deveríamos fazer negócio com o sous chef do The Little Door. Manipula ingredientes naturais e orgânicos com mais propriedade.” Com os braços cruzados, April acompanhava a mais alta pelo hall, levando-a até a sala de estar. “Temos reuniões periódicas na sala de estar, para votações e eventos. No mais, é uma estrutura onde socializamos em horários livres.” Passando pelo local, a levou até a cozinha e a sala de jantar. “Devido à nossa rotina pesada, acredite, zetas sempre estão envolvidas com muitos projetos, tomamos café da manhã juntas sempre que podemos. É muito difícil reunirmos todas, mas fazemos com quem se encontra.” Sorriu, vendendo a sororidade como uma grande equipe. Deus sabia. “Para a esquerda, temos a lavanderia e o jardim anterior. Esse último é um local semi-aberto, lá se encontra a piscila e, abaixo das marquises, a hidro. É proibido trazer rapazes.” Embora a firmeza na voz da James, o sorriso dela indicava outra coisa. “Podemos subir? Embora não possa te mostrar demais cômodos, posso te mostrar meu quarto.”
Observando-a à uma distância segura, não havia muito sobre a outra que despertasse a atenção imediata da caloura, na verdade, não pareciam ter muito em comum, a não ser, é claro, pela aparência primorosa com atenção aos mínimos detalhes e o fato de ambas estarem sob o perímetro das Zeta Phi Beta’s, o que automaticamente as conferia algumas similaridades, como a conta bancária, status social e a pretensão de um futuro brilhante pela frente. A imagem de garota perfeita, então, pouco à entusiasmou já que havia tido experiências o suficiente com espécies parecidas para saber que, na maioria das vezes, não havia material interessante o bastante para compensar os acessórios da moda e o lip gloss brilhante, mas quando a outra abrira a boca, Jasmyne não pode, senão, abandonar o julgamento apressado e devotar à outra um pouco mais de atenção do que havia planejado inicialmente. Embora soubesse que tinha o necessário para se tornar uma Zeta, a garota sentiu o nervosismo borbulhar em seu estômago quando a outra, de maneira astuta, tomou conta do elogio condescendente fornecido por Jazzy para uso próprio, laçando-o das mãos da caloura. – É, totalmente. – a garota respondeu de imediato, jogando os ombros para trás, buscando não parecer tão impressionada assim. Na verdade, muito antes de sentir-se vencida pela outra, Jasmyne pensou que, enfim, não estava cercada por um arsenal de idiotas, satisfeita de ter encontrado colegas à sua altura que poderiam verdadeiramente desafiá-la em alguma coisa. Quando April entrou em detalhes quanto à aplicação, Jasmyne manteve sua atenção à cada palavra dita pela mais velha, não apenas buscando manter notas mentais importantes, mas também de forma a deixar explícito para a outra que ela não sairia daquele tour sem antes garantir uma vaga na fraternidade. – Não tenho dúvidas, no caminho para cá eu vi filas gigantescas em frente à certas casas, é tão vergonhoso. – a mais nova revirou os olhos, suspirando ao final da frase.
Ao dar um passo adiante, ultrapassando o batente que a separava do interior da casa, Jasmyne passeou os olhos por todo o foyer, buscando capturar junto à memória pelo ambiente que em breve se tornaria seu novo lar. – Você está falando sério? Esse é o restaurante do momento! – a garota usou uma pausa dramática entre uma palavra e outra para expressar sua surpresa com o fato, é lógico que sabia que as Zeta’s possuíam um padrão de vida altíssimo, mas vê-lo pessoalmente era algo totalmente diferente. – Eu já tentei algumas vezes conseguir uma mesa, mas é tão difícil. Ugh. – lamentou, ajeitando o cabelo para trás da orelha, conforme seguia April com alguns passos de distância. A decoração da casa de fato refletia a mensagem que a fraternidade buscava passar, com objetos refinados e clássicos ao mesmo tempo que as cores alegres traziam uma aura jovem à ambientação. Quando a veterana pontuou a proibição de rapazes na propriedade, Jazzy deixou que um riso espontâneo fugisse aos lábios, imediatamente levando os dedos aos lábios de modo a abafar o som baixo, porém indelicado que havia feito. Não se importava com garotos, Deus sabe que tinha tantas outras prioridades às quais sua atenção era necessária, aguentar algum garoto sem graça e estúpido não estava entre elas. – Certo, certo. – sacudiu a cabeça positivamente, concordando com a outra. – Ah, eu adoraria, April! – a voz continha um entusiasmo nada discreto, se a veterana estava disposta a levar Jasmyne até seu próprio quarto é porque havia gostado da garota o suficiente para confiar à ela tal privilégio, certo? O sorriso alegre da jovem estudante seguiu por todo o trajeto, até que chegaram à porta dos aposentos da mais velha, que continha as iniciais “AJ” e “CC” pregados à porta. O interior do cômodo harmonizava perfeitamente com o restante da casa, às paredes eram adornadas por um papel de parede suave e delicado, além de uma dúzia de travesseiros fofinhos sob as duas camas. – Uau. – exclamou, adentrando o espaço. – Vocês que escolhem a decoração? – perguntou, ainda impressionada com a riqueza de detalhes, imaginando o preço alto que não deveria ter custado todos os objetos. – Essa é sua colega de quarto? – o rosto ainda desconhecido poderia ser visto em algumas fotos pregadas à parede em um pequeno quadro de lembranças. – É mesmo incrível, AJ. – ousou chamá-la pelo apelido, conferindo alguma familiaridade com a garota. – O espaço é ótimo, não? Você tem muito bom gosto! – elogiou, passeando os olhos ágeis por cada canto do espaço. – Eu não vejo a hora de poder decorar meu quarto, também. Confesso que já tenho alguma referências. – riu, acomodando-se não apenas na cama, mas como na situação por um todo, tirando proveito da intimidade que dividiam.
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dearlina·:
Por mais que tivesse lido e feito uma pesquisa que imaginou ser mais do que suficiente sobre a Kappa Theta Tau antes de finalmente por os pés na fraternidade, Lina percebeu que aquilo não tinha valido de nada. A internet não contava ainda com informações sobre os integrantes ou mesmo sobre os trotes necessários para ser oficialmente uma Theta Tau, era algo que precisava ser acrescentado na página. Com o comentário feito pela morena, Lina semicerrou os olhos ao fitar o relógio numa das paredes da cozinha. 2h15 não parecia ser um horário muito comum para sair pelas ruas da universidade em busca de uma vida mais saudável, ao menos para ela que aceitava o sedentarismo há alguns anos não fazia sentido algum. No entanto, alguns aspectos da fala alheia parecia ser o suficiente para que nenhuma desconfiança fosse motivo de alerta. Por mais que naquele mesmo dia, durante o trote, avisaram sobre não confiar em ninguém e desconfiar de qualquer membro de outra fraternidade, ainda mais naquela época do ano em que trotes era o evento mais comum no país inteiro. “Ah eu também, acho que o banheiro nos separa. Eu tô num quarto com a Emily, ela tem um cabelo escuro e um pouco mais baixa que eu. Sabe quem é?” perguntou querendo saber sobre a até então desconhecida “Lina McCoy” estendeu a mão esperando o cumprimento de volta. Recordando-se do aviso feito pelos veteranos e tentando buscar um rosto semelhante ao da mulher a sua frente na memória, Lina por sua vez imaginou que pudesse estar passando por mais um processo seletivo da fraternidade. E se aquela mulher estivesse me treinando para ver se eu realmente mereço ser uma Kappa Theta Tau? Por mais improvável que soasse, não duvidaria de mais nada vindo daquela universidade. “Nem te perguntei. Você acabou de chegar de uma peculiar corrida as duas e quinze da madrugada. Você não aceita um copo d’água? É importante repor os líquidos, por mais que você aparente estar impecável depois de uma corrida. Quero ser assim um dia. Ando vinte metros e minhas bochechas imitam um tomate” riu sem muito humor, esperando que a resposta da outra soasse convincente o suficiente e explicasse o que de fato a motivava estar ali naquele horário “Não, não queremos acordar ninguém. Já vai subir pro seu quarto, vizinha?”
Mantendo uma distância segura da moradora, Jasmyne repassou o plano inteiro em sua cabeça, perguntando-se onde havia errado para ter dado de cara com a surpresa nada agradável da desconhecida à sua frente – de acordo com as instruções fornecidas pelas veteranas não deveria haver ninguém na casa àquele horário, ora, era a madrugada de uma sexta-feira e o primeiro final de semana do semestre, os moradores deveriam estar espalhados pelo campus mergulhados em cerveja aguada e entorpecentes sintetizados, não? Cruzes, não é o que Jazzy jamais faria, tinha pavor de demonstrações quase animalescas de espírito escolar e nunca havia ingerido mais do que dois dedos de álcool, mas ao menos era isso que costumava imaginar quando tratando-se dos demais, que a outra fazia ali, então? Discretamente a caloura passeou os olhos pela imagem da outra, chegando à conclusão de que àquela não apenas trajava um modelito horroroso de poliéster como também pouco parecia vestida para celebrações, o que certamente eram evidências suficientes para atestar de que a outra não iria a lugar algum tão cedo. Para lá de nervosa, Jasmyne passou a ficar impaciente quando a outra iniciou uma espécie de small talk no meio da cozinha verde musgo – já estava lá dentro há muito tempo, o plano era entrar sem ser notada e apanhar o troféu dando o fora dali o mais rápido possível, ficar e trocar amenidades enquanto bebiam já definitivamente não estava nos planos. – Ah, Emily, sim. – concordou com a cabeça como se fizesse alguma ideia de quem era a dona do nome altamente genérico. Quando a outra se apresentou, Jazzy não viu outra alternativa senão fazer o mesmo, já que soaria mais suspeita ainda caso não o fizesse. – Jasmyne. – fora bastante direta, estendendo a mão em resposta ao cumprimento da outra. Se havia algo que Jazzy havia aprendido nos seriados criminais que costumava assistir, era de que informações básicas como nomes não deveriam ser inventados, já que a probabilidade de se confundir era alta, mas achou melhor não ceder o sobrenome, por via das dúvidas. As próximas palavras de Lina fizeram a caloura erguer uma das sobrancelhas e engolir a pouca saliva que ainda restava em sua boca – “será que me entreguei assim tão fácil?”, pensou, apreensiva. Mas mesmo que a outra já a tivesse pego em suas mentiras, teria de fazer o melhor para não queimar imediatamente todas as suas cartas, com alguma chance ainda poderia roubar o troféu e retornar à Zeta Phi Beta com o prêmio em mãos. – Ops, notívaga detectada! – ergueu uma das mãos como se houvesse sido descoberta, logo em seguida embarcando em uma risada bem-humorada embora nervosa. – Ah, isso? São anos de condicionamento físico, com o tempo você pega o jeito. – a garota apontou para si mesma, minimizando o fato de estar completamente seca e arrumada para estar correndo. – Água, sim, por que não? – respondeu, torcendo para que a outra deixasse em paz de uma vez por todas. Agitada, Jasmyne esticou o pescoço até o corredor que dava vazão à sala de estar da casa, buscando identificar onde poderia estar o tal troféu, para que, ao menor sinal de distração da outra, pudesse escapar para o outro cômodo e finalmente fazer o que precisava. – Eu? Ah, não, mas você pode ir. – assegurou, depositando as mãos sobre a bancada da cozinha. – Só vou conseguir ir para a cama daqui há algumas horas, tenho uma dificuldade terrível para dormir, você não faz nem ideia. – balançou a cabeça para cima e para baixo, buscando convencê-la. – Você costuma ficar bastante por aqui? – perguntou, buscando fazer algum reconhecimento dos hábitos da outra, no pior dos casos poderia se esconder em algum arbusto do lado de fora e esperar até a jovem fosse finalmente dormir para poder atacar. – Eu achei que todos estariam por aí celebrando a noite de trotes, sabe como é, espírito universitário e tudo mais. – deu de ombros, inquirindo à outra quanto sua presença na casa., buscando desviar o assunto sobre si.
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axjames·:
Tinha os cadernos, sua checklist e sua agenda espalhados pela cama que recentemente ocupara perto da de Callisto quando ouviu o sinal da presença de alguém lá fora. Não era comum ouvir a campainha no primeiro dia de instalação, afinal, as Zetas eram irrefutavelmente organizadas com as chaves e nenhuma delas encontrava necessidade de fazer qualquer outra perder tempo em atender a porta – pelo menos a James gostava de pensar assim, porque estava bastante ocupada arquitetando sua nova rotina semestral, a qual contava com infinitas e infernais atividades extracurriculares que a deixavam estressada. Como qualquer outra das moradoras da casa, sempre impecáveis no que dizia respeito a aparência mesmo dentro da intimidade do “lar”, April não demorou a descer e, assim como bem montada, também abriu a porta vestida com um sorriso à altura. A figura a sua frente tomara partido antes mesmo que falasse alguma coisa, o que já vez com que a estudante movesse a cabeça de leve com a saudação facilmente detectável como pretensiosa, ao seu ver. “Quem?”, perguntou-se internamente. Encarando-a e observando-a dos pés a cabeça, April pôde sentir o cheiro de aspirante à Zeta de longe. “Tão bonitinha, como um filhote.”, pensou. Só faltava descobrir se de coelho ou de jaguar. “De fato, sim. Nos esforçamos pra manter a reputação, Jasmyne.” Respondeu assertivamente, apertando a mão dela de forma cordial, embora firme. Escorando a outra mão na batente da porta branca ao que mantinha a expressão solícita e angelical de sempre, April queria que ela lhe desse mais corda pra puxar. “April James, veterana. Mas pode me chamar de AJ, é como todos me chamam. Suponho que queira dar uma olhada na casa antes de se inscrever. Estou certa?” Soltou, aos poucos abrindo espaço para que a possivelmente mais nova adentrasse o recinto. Depois da formatura de algumas das meninas, um número considerável de camas havia vagado, mas para ser sincera, Jasmyne fora a única corajosa de aparecer para avaliar o local. Oh. Como se ela fosse encontrar lugar melhor no campus.
O tempo de resposta entre o toque à campainha e a recepção da veterana pareciam ter sido cronometrados cuidadosamente no relógio, restando um intervalo perfeito para que a caloura pudesse realizar uma inspeção curiosa da propriedade, essas que apenas confirmaram suas expectativas quanto à sororidade – a maçaneta dourada reluzia ao brilho do sol e a grama verdinha parecia ser aparada todos os dias com enorme precisão – detalhes que, para olhos inexperientes, poderiam se resumir à boas aparências, mas não para a jovem estudante, que poderia de longe reconhecer o potencial da casa apenas examinando a qualidade das rosas brancas plantadas junto ao jardim. Quando a porta se abriu, entretanto, a aparência imaculada da veterana serviu para atestar a hipótese de Jasmyne, que enfim, após trágicos anos aturando as meninas medíocres do colégio de freiras, poderia juntar-se à um grupo a sua altura. O aperto de mãos firme e sóbrio também marcou pontos na lista imaginária que a Campbell mantinha como referência para si mesma, onde de um à um, fazia sua própria avaliação quanto às outras, da mesma forma que as veteranas deveriam fazer consigo. Os olhos da outra pareciam varrer cada pequeno canto de sua existência, como se a visão da veterana tivesse algum poder sobrenatural ou de raio-X, o que naturalmente elevou o nervosismo de Jasmyne, embora estivesse fazendo seu melhor para escondê-lo, ao invés disso, sorriu apenas com os lábios. – AJ. – repetiu, como se gravasse o nome daquela em uma nota mental. – Eu amo seus sapatos. – o elogio não tinha a pretensão de esconder seu objetivo de adular a outra, apesar dos calçados serem, de fato, bonitinhos. Os olhos castanhos retornaram à altura dos olhos de April ao convite de conhecer a casa. – Oh, não. – a garota balançou a cabeça de um lado para o outro em negação. – Eu já enviei meu formulário na semana passada, imaginei que essa semana seria apenas uma formalidade, não? – se alguma coisa, Jasmyne deveria ser punida por ser exageradamente pontual com seus compromissos, enviando seu currículo e carta de apresentação no primeiro dia de inscrições – oras, o que pensariam se ela os enviasse ao quatro, cinco dias depois? Certamente alguém cujo comprometimento sequer existe. – Mas adoraria conhecer a casa! Nada melhor do que um tour em primeira mão feito por uma das veteranas, não há nada que eu deteste mais do que aqueles passeios em grupo de péssimo gosto. – a garota jogou os ombros como se não tivesse tempo à perder com introduções coletivas completamente impessoais, Jazzy definitivamente não pertencia em um bolo de calouras desesperadas por uma vaga na Zeta Phi Beta e era preciso deixar isto claro o quão antes. – É verdade que o chef pessoal de vocês era um dos sous chef do Nobu? – os olhos de Jasmyne pareciam cintilar de animação e a boca levemente aberta demonstrava uma surpresa genuína diante da possibilidade.
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dearlina·:
with @msjazzy·
Depois daquela sequência de atividades exaustivas, Lina em seu normal não pensaria mais de uma vez se oferecessem a ela o conforto de uma cama e um sono tranquilo, contudo a quantidade de cafeína em seu corpo estava num nível em que suas pálpebras se recusavam a fechar. Assistia a primeira temporada de Lizzie McGuire na televisão, no som mínimo, porém audível, já que não pretendia acordar e criar confusão com ninguém. Dado a um certo momento da madrugada e o sono começando a dar sinais, Lina pensou ter ouvido algo do lado de fora da casa ou simplesmente o corpo avisando que deveria dormir. Se levantou do sofá, deixando o pote de pipoca na mesa central e foi em direção a janela, notando uma movimentação não muito comum do outro lado da rua. Com medo por aparentemente ser a única acordada e naquele cômodo, prometeu a si mesmo que beberia um copo de água e iria para o quarto, para ao menos, tentar dormir. Sua tentativa falhou a partir do momento que ao sair da cozinha notou a entrada de alguém, que no primeiro momento imaginou ser dos Kappa “Meu Deus, que susto” levou uma das mãos ao peito “Só vim beber água e prometo que já vou dormir” comentou ao levar a garrafa de água gelada de volta a geladeira. Por um momento desconfiou da outra ser realmente uma Kappa, talvez a luz em meia fase não fosse um grande facilitador para distinguir as pessoas “Você é de qual quarto?”
As orientações dadas pela veterana das longas madeixas escuras foram bastante claras: Jasmyne deveria entrar na casa da Kappa Theta Tau e roubar o troféu de mini-golfe amador do Torneio Universitário de 2003 – uma das posses mais valiosas do presidente da casa – que a aguardava na sala de estar da casa, acima da lareira. Não deveria haver espaço para dúvidas ou erros, havia ficado bem claro, embora as ameaças feitas pela mais velha não deixasse os lábios cor-de-rosa, podendo ser vista apenas pelo olhar penetrante e um tanto temível. Assim, às duas horas da manhã, precisamente, a caloura deixou a base das Zeta’s com apenas uma missão, deixada à própria astúcia e sorte, e um objetivo, roubar o troféu e garantir sua classificação na semana dos calouros, o que, imediatamente, significava uma vaga na casa mais concorrida e prestigiada de todo o campus. Jazzy não era, particularmente, uma enorme entusiasta da semana dos calouros, do contrário, achava a dinâmica um tanto quanto barbárica e dramática, mas se era aquilo que a separava de uma poderosa lista de contatos e um excelente destaque em seu currículo universitário, o faria sem pensar duas vezes.
Após uma caminhada rápida até a casa rival, Jazzy definiu sua estratégia: iria penetrar a propriedade pelo quintal mal iluminado e sorrateiramente esgueirar-se pela porta de serviço que lhe daria acesso aos interiores da fraternidade. Antes de girar a maçaneta encheu os pulmões de ar, soltando-o de uma vez só, como em um súbito ato de coragem. “Impressões iniciais, ew – quem escolhe verde pântano para o armários da cozinha?”, pensou, dando uma rápida passada de olhos pela decoração de péssimo gosto que não ornava em nada com o local à não ser com o quadro de moradores esquisitos. Às sombras de um dos cantos da cozinha, a caloura percebeu uma movimentação próxima a geladeira, o que fez sua barriga se contorcer de adrenalina, desejando que sua presença não fosse notada, mas já era tarde demais – havia sido descoberta. Por um rápido instante pensou em todas as desculpas que poderia usar, mas a outra adiantou-se antes que ela pudesse juntar qualquer amontoado de palavras. – Não quis te assustar, voltei de uma corrida agora e não queria sujar a entrada principal com meus tênis. – a mentira saltou de seus lábios como um cuspe e fora acompanhada de um riso fraco. A próxima pergunta, entretanto, a pegou de surpresa. – Eu? – o dedo indicador voltou-se para o próprio peito. – O que fica próximo ao banheiro. – mentiu mais uma vez, buscando controlar a respiração. – Essa é minha primeira semana, ainda não decorei os números. – deu de ombros, avançando em direção a outra a passos lentos. – Não se preocupe comigo, na verdade, finja que eu nem estou aqui. Não queremos acordar ninguém, não é? – o sorriso falso coroou a deixa que precisava para se ver livre da moradora indesejada.
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De dentro do táxi, Jasmyne observava com cautela seu mais novo lar pelos próximos quatro anos, digerindo lentamente a paisagem que começava à dar os primeiros sinais de chegada da nova estação, o outono, conforme o asfalto escuro das ruas começava a ser colorido de laranja pela folhas secas. Se fosse sentimental provavelmente poderia fazer um parelelo com a troca das folhas com a nova etapa de sua vida, mas não tinha a menor paciência para simbolismos melosos e clichês – deixava isso para os outros tantos calouros que chegavam à instituição cheios de esperança e sonhos. Jazzy, por outro lado, chegava com um objetivo bastante claro, não havia tempo ou sequer paciência para devaneios fantásticos e aspirações fantasiosas, estava lá para cumprir o pré-requisito do programa de medicina e já tinha sua estratégia muito bem traçada: iria se formar com as mais altas honras de sua classe, seria oradora de sua turma e dona de um currículo impecável de atividades extracurriculares, sonhos e planos cor-de-rosa poderiam esperar. Quando o carro parou diante da fachada da enorme casa branca, Jazzy saltou, agarrando sua única mala de mão que ainda continha as etiquetas do avião com seu destino de origem, sua última ligação com Atlanta. A verdade é que não sentiria a menor saudade de casa, não havia deixado memórias significativas o suficiente para tornar-se saudosa das mesmas, não via a hora de chegar a universidade e finalmente poder respirar ares que refletissem a sua grandeza e fossem equiparáveis as suas ambições. Com as mãos, delicadamente ajeitou a camisa e a o cabelo, alinhando-os com perfeição para logo em seguida tocar a campainha. “Knock, knock”, soou. Alguns instantes depois a porta se abriu relevando a imagem feminina que vestia não apenas um conjunto monocromático em tons rosa, mas como um largo sorriso. – Oi. – um sorriso esperto ajeitou-se no canto dos lábios. – Sou a Jasmyne, caloura. Ouvi dizer que vocês têm a melhor casa da USC, é verdade? – perguntou, embora a pesquisa extensa que havia feito sobre a hierarquia universitária já confirmasse sua resposta, estendendo a mão para um cumprimento.
@axjames
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