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.ᐟ⭑ 𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐔𝐦: 𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒.
Estrela da Morte entrou na taverna O Corvo com passos leves e calculados. Seu disfarce de camponesa era impecável - a calça simples de linho marrom, desbotado e remendado, cobria sobre seu corpo esguio, escondendo as curvas que poderiam denunciar sua verdadeira identidade. Os cabelos, normalmente soltos, estavam cobertos por um lenço, com algumas mechas castanhas cuidadosamente arranjadas para escapar e emoldurar seu rosto. As bochechas, normalmente pálidas, agora exibiam um rubor artificial, cuidadosamente aplicado com suco de beterraba. Seus olhos azuis brilhavam com uma mistura de excitação e nervosismo enquanto ela avançava pelo salão movimentado. Ela sabia que estava arriscando muito ao voltar para a taverna, uma vez que havia lhes roubado na semana passada. Mas havia algo que a atraía para aquele lugar. Talvez fosse o fluxo de moradores. Ou talvez fosse o desejo de provar novamente sua habilidade como ladra audaciosa. De qualquer forma, ela mal podia esperar para escolher sua vítima. Áster se aproximou do balcão da taverna e pediu uma caneca de cerveja ao barman carrancudo. Enquanto bebia lentamente sua bebida amarga, ela observou os clientes ao redor. Os mercadores ricos ocupavam a mesa no canto, coberta por moedas de ouro. Ela observou os mercadores com interesse crescente, enquanto escutava a conversa animada que se desenrolava na mesa do canto.
⸻⸻ Ah, meus amigos! ⸻ Exclamou um homem corpulento com um bigode espesso, erguendo sua caneca de cerveja com entusiasmo. ⸻ Que dia glorioso tivemos hoje! As vendas superaram todas as nossas expectativas!
⸻⸻ Verdade, Bartolomeu! ⸻ Concordou um mercador mais magro, com cabelos grisalhos e um nariz pontudo. ⸻ Nunca vi tantas moedas de ouro passarem por minhas mãos em um único dia!
⸻⸻ Calem-se, seus idiotas! ⸻ Sibilou um terceiro mercador, um homem baixo e atarracado com uma calvície pronunciada e olhos miúdos que se moviam nervosamente pelo salão. Seu rosto estava contorcido em uma careta de irritação. ⸻ Vocês querem que toda a taverna saiba dos nossos negócios? Abaixem a voz, pelo amor de Miguel!
O homem corpulento, Bartolomeu, pareceu desconcertado por um momento, mas logo recuperou seu bom humor. Com um sorriso malicioso, ele se inclinou sobre a mesa, baixando a voz para um sussurro teatral. ⸻ Ah, mas é justamente isso que torna tudo tão emocionante, meu caro Tomás! ⸻ Bartolomeu piscou para o homem. ⸻ O perigo, a adrenalina… não é por isso que nos tornamos mercadores, afinal?
Estrela da Morte inclinou-se discretamente, apurando os ouvidos para captar cada palavra da conversa sussurrada. Seus dedos ágeis brincavam distraidamente com a borda de sua caneca, enquanto sua mente trabalhava furiosamente, calculando e planejando. ⸻ Vocês são uns tolos. ⸻ Resmungou Tomás, mas seu rosto se suavizou quando o olhar encontrou a silhueta da camponesa.
Naquele instante, Áster percebeu que seu plano iria funcionar. Um sorriso sutil curvou seus lábios enquanto ela erguia os olhos para encontrar o olhar de Tomás. Com um movimento fluido e ensaiado, ela inclinou levemente a cabeça, deixando que uma mecha de cabelo escorregasse do lenço e caísse sobre seu rosto. Seus dedos delicados afastaram o fio rebelde, num gesto que parecia casual, mas que fora cuidadosamente calculado para atrair a atenção do mercador. O coração de Áster acelerou quando viu o efeito imediato de sua performance. Os olhos de Tomás se arregalaram ligeiramente, e ele engoliu em seco, e logo se levantou. Ele levantou-se com um movimento brusco, quase derrubando sua cadeira. Seus companheiros lançaram olhares confusos em sua direção, mas ele os ignorou, seus olhos fixos na figura delicada no balcão. Com passos hesitantes, ele atravessou o salão lotado, desviando-se habilmente de garçonetes apressadas e clientes embriagados. A luz bruxuleante das velas dançava sobre os cabelos da jovem, criando um halo dourado ao redor de seu rosto. Ele pigarreou, tentando encontrar sua voz.
⸻⸻ Mais uma caneca da sua melhor cerveja! ⸻ Ele pediu.
Assim que o barman entregou a caneca espumante a Tomás, ele se virou para Áster, um sorriso nervoso pairando em seus lábios finos. Com passos vacilantes, ele se aproximou dela, a cerveja balançando perigosamente em sua mão trêmula. À medida que a distância entre eles diminuía, Áster sentiu suas narinas se dilatarem involuntariamente. Um odor pungente e desagradável emanava do mercador, uma mistura de suor rançoso, alho e algo indefinível que lembrava queijo estragado. Ela lutou para manter sua expressão neutra, resistindo ao impulso de franzir o nariz ou virar o rosto. Ele estendeu a caneca de cerveja em direção a Áster, seu sorriso nervoso se alargando.
⸻⸻ Para você, minha bela camponesa. ⸻ Ele disse, sua voz tremendo ligeiramente. ⸻ Uma bebida para refrescar sua garganta nesta noite quente.
Áster hesitou por um momento, seus olhos azuis encontrando os de Tomás. Ela podia ver o desejo ardente naqueles olhos miúdos, misturado com uma pitada de ansiedade. Com um movimento gracioso, ela aceitou a caneca, seus dedos roçando deliberadamente os dele no processo. ⸻ Obrigada, gentil senhor. ⸻ Ela murmurou, sua voz suave como seda.
Conforme Tomás entornava sua segunda caneca de cerveja, Áster inclinou-se para mais perto dele, seus lábios roçando levemente sua orelha enquanto ela sussurrava. ⸻ Por que não me apresenta aos seus amigos? Parecem tão alegres e generosos quanto você. ⸻ Os olhos de Tomás brilharam com uma mistura de embriaguez e luxúria. Ele assentiu entusiasticamente, quase derrubando a terceira caneca que o garçom acabara de trazer.
Tomás, cambaleando ligeiramente, guiou Áster até a mesa onde seus companheiros aguardavam, curiosos e ansiosos. O chão de madeira rangia sob seus pés, e o burburinho da taverna parecia se intensificar à medida que se aproximavam. Áster podia sentir os olhares dos outros clientes seguindo-a, alguns invejosos, outros desconfiados.
Bartolomeu, o homem corpulento, foi o primeiro a se levantar, seus olhos brilhavam com uma mistura de curiosidade e desejo mal contido. ⸻ Ora, ora, o que temos aqui? ⸻ Ele exclamou, sua voz retumbante ecoando pelo salão. Àster se sentou e não demorou muito para outra rodada de cerveja chegar.
Seus olhos brilhavam com malícia contida enquanto observava os homens entornarem generosas goladas da bebida amarga. Conforme as horas se arrastavam, a taverna ficava cada vez mais barulhenta e caótica. Os mercadores riam alto, suas vozes se sobrepondo em uma cacofonia de histórias exageradas e piadas impróprias. Áster fingia corar a cada comentário ousado, escondendo seu rosto atrás da caneca de cerveja para disfarçar seu sorriso divertido. Bartolomeu, gesticulava freneticamente enquanto contava uma história sobre suas aventuras em terras distantes. Seu bigode espesso se sacudia a cada palavra, e gotas de cerveja voavam de sua caneca, salpicando a mesa e os companheiros sentados mais próximos. Tomás ria sonoramente, seus olhos semicerrados e suas bochechas coradas pelo excesso de álcool. Áster observava atentamente, notando cada gole, cada piscadela sonolenta, cada cabeça que pendia para frente em um adormecer momentâneo. Ela aguardava pacientemente, contando os minutos até que o efeito entorpecente da cerveja começasse a fazer efeito.
Finalmente, depois de várias rodadas, os mercadores começaram a demonstrar sinais de embriaguez profunda. Bartolomeu, resmungava incoerências, sua cabeça balançando perigosamente de um lado para o outro. Tomás havia adormecido completamente, sua cabeça descansando sobre a mesa em uma poça de cerveja derramada. E outros haviam se afastado para ir ao banheiro. Áster sorriu consigo mesma, sabendo que havia chegado o momento perfeito para agir. Com movimentos ágeis e silenciosos, ela se levantou da mesa, passando despercebida pelos mercadores embriagados. Seus olhos faiscaram quando avistou as bolsas de couro repletas de moedas de ouro espalhadas descuidadamente sobre a mesa. Ela se aproximou sorrateiramente, sua mão deslizando para dentro de sua capa desgastada e retirando uma pequena adaga. Com um movimento rápido e preciso, ela cortou as correias das bolsas, liberando o tesouro dourado em seu interior. As moedas tilintaram suavemente ao cair sobre a mesa, mas o som foi abafado pelos roncos e risadas.
Tomás ergueu a cabeça sonolenta da poça de cerveja na mesa, seus olhos turvos e desfocados quando notou os movimentos de Áster. ⸻ Onde… onde você vai? ⸻ Ele perguntou, sua voz pastosa e arrastada pela embriaguez. Áster se virou para ele com um sorriso doce nos lábios, seus olhos brilhando com malícia contida.
⸻⸻ Vou apenas pegar mais cerveja para nós, meu querido. ⸻ Ela ronronou, aproximando-se dele com passos felinos. Tomás assentiu bobamente, seus olhos semicerrados acompanhando cada movimento sinuoso de seu corpo.
Áster se inclinou sobre ele, seu rosto a meros centímetros do dele. Ele podia sentir o calor de seu hálito sobre sua pele, seus lábios roçaram levemente a bochecha áspera de Tomás, deixando um rastro de fogo em sua pele. Inconscientemente, ele inclinou o rosto em direção a ela, buscando prolongar o contato. Naquele instante, os dedos ágeis de Áster deslizaram pelo pescoço de Tomás, encontrando uma corrente grossa de ouro pendurada ali. Com um puxão rápido, ela removeu a corrente, a chave antiga que pendia dela tilintando suavemente. Tomás mal percebeu o movimento, perdido na névoa alcoólica e na fragrância inebriante que o envolvia. Áster se afastou, um sorriso triunfante curvando seus lábios. Ela rapidamente segurou a chave como um troféu, virando-a entre os dedos para apreciar os intrincados detalhes entalhados no metal reluzente.
Áster partiu em direção à saída da taverna e quando chegou à porta, ela lançou um último olhar por sobre o ombro para os mercadores adormecidos. Um sorriso de satisfação cruzou seus lábios ao ver Tomás babando sobre a mesa, seus roncos altos ecoando pelo salão. Ela empurrou a porta da taverna, a brisa noturna fresca atingindo seu rosto assim que emergiu na rua lamacenta. As sombras dos prédios ao redor se projetavam em padrões distorcidos sobre as pedras gastas do chão, criando um labirinto escuro de becos e vielas. Áster puxou sua capa mais apertada ao redor de seu corpo esguio, o capuz cobrindo parcialmente seu rosto. Apenas seus olhos azuis brilhantes eram visíveis na escuridão, duas gemas cintilantes cheias de determinação. Seus passos eram leves e silenciosos enquanto ela se movia pelas sombras, sua mão apertando firmemente a chave antiga de metal. A lua cheia pendurada alta no céu noturno, banhando as ruas com uma luz prateada suave. Áster virou uma esquina apertada, seus olhos fixos em seu destino - o beco escuro onde o veículo estava.
Áster virou a esquina, seu coração batendo forte contra suas costelas. Lá, no final do beco sombrio, ela viu o contorno familiar do veículo. Um sorriso satisfeito curvou seus lábios quando ela se aproximou, seus dedos acariciando a madeira envernizada. Com movimentos rápidos e precisos, ela inseriu a chave na partida. A tranca cedeu com um clique suave, e Áster deslizou para dentro do interior acolchoado. Seu corpo inteiro vibrava com a adrenalina do roubo bem-sucedido, e ela mal conseguia conter sua excitação. Ela sabia que esse era o momento que tanto esperara - a chave para sua liberdade. Pela primeira vez em muito tempo, Áster sentiu uma onda de puro alívio. Não mais seria a marionete de seu mestre, forçada a realizar trabalhos repugnantes. Essa noite, ela havia provado que podia cuidar de si mesma, que era capaz de sobreviver por conta própria. Um sorriso largo se espalhou por seu rosto quando ela acelerou, as rodas chiando contra as pedras gastas da calçada.
À medida que o veículo ganhava velocidade, Áster sentia o peso de anos de opressão e medo deslizando de seus ombros. O vento fresco da noite chicoteava seu rosto, fazendo seus cabelos esvoaçarem livremente. Ela ria, uma risada desimpedida e genuína que não experimentava há anos. As luzes da cidade passavam em um borrão ao seu lado, e Áster sabia que estava deixando sua antiga vida para trás. De repente, um estrondo alto ecoou atrás dela, fazendo-a pular de susto. Olhando pelo espelho retrovisor, ela viu Tomás cambaleando para fora da taverna, seu rosto vermelho de raiva. Ele gritava algo ininteligível, apontando furiosamente para o veículo em fuga. Áster sentiu seu coração afundar quando percebeu que ele corria para o segundo veículo estacionado ali perto. Amaldiçoando em voz alta, ela pisou fundo no acelerador, as árvores ao longo da estrada se tornando borrões verdes. Atrás dela, as luzes do veículo de Tomás surgiram, ganhando terreno rapidamente. Áster mordia o lábio com força, seus olhos estreitados em fendas determinadas. Ela não podia permitir que ele a alcançasse, não quando estava tão perto da liberdade.
Áster fez uma curva fechada, as rodas guinchando em protesto quando ela entrou em um caminho sinuoso que serpenteava pela floresta. Galhos baixos chicoteavam contra os lados do veículo, deixando arranhões profundos na pintura. Tomás seguia implacavelmente atrás. Ela conhecia essa floresta como a palma de sua mão, tendo percorrido inúmeras vezes esses caminhos em suas fugas. À frente, ela avistou um desvio apertado, seus lábios se curvaram em um sorriso feroz ao reconhecer a rota - uma trilha íngreme e traiçoeira que dificilmente poderia ser percorrida em alta velocidade. Mas Áster era uma mestra da floresta. Ela guinou violentamente, o veículo inclinando-se de forma precária quando entrou na trilha estreita. Folhas secas esvoaçaram ao seu redor em uma nuvem dourada. Atrás dela, Tomás gritava imprecações enquanto tentava desesperadamente seguir seu caminho. Áster podia ouvir o guincho de pneus quando ele entrou na trilha, as árvores fechadas raspando contra o metal.
Cada músculo tenso, cada nervo em chamas enquanto ela lutava pelo controle. O caminho ameaçava arrancá-la do curso, mas Áster manteve o aperto firme no volante, seus punhos brancos sob a força de seu aperto. Então, à frente, ela viu sua salvação - uma bifurcação abrupta, onde a trilha se dividia em dois caminhos distintos. Um seguia reto e o outro fazia uma curva fechada para a esquerda, desaparecendo nas sombras espessas. Áster mal hesitou, girando violentamente o volante e enviando o veículo em uma trajetória de colisão com a curva fechada. O mundo girou em um turbilhão de verde e marrom quando o veículo derrapou na curva fechada. Por um breve instante, Áster temeu ter ido longe demais, suas rodas deslizando perigosamente sobre a lama e folhas soltas que cobriam o chão da floresta. Então, o veículo encontrou finalmente a tração e ela explodiu pela clareira. Atrás dela, Tomás rugiu de frustração quando percebeu que havia perdido o caminho. Áster ouviu um baque alto seguido por um estrondo de metal amassado quando o veículo de Tomás colidiu violentamente contra um carvalho antigo. Galhos grossos cravaram no parabrisa, criando uma teia de rachaduras que se espalhava pelo vidro como teias de aranha. Um sorriso triunfante curvou os lábios de Áster quando ela olhou pelo espelho retrovisor e viu Tomás saindo do veículo destruído, suas roupas rasgadas e arranhadas cobrindo seu corpo. Ele gritava imprecações, acenando os punhos nus para ela em fúria impotente. Áster riu, uma risada despreocupada que ecoou pela clareira. Ela sentia-se leve, como se acabasse de se livrar de um enorme fardo.
No entanto, de repente, uma silhueta escura surgiu no caminho à frente. Áster mal teve tempo de reagir antes que uma figura alta e imponente emergisse das sombras. Ele estava parado no meio do caminho, seus braços cruzados sobre o peito largo, bloqueando sua rota de fuga. Um capuz escuro emoldurava seu rosto anguloso, realçando a linha dura de sua mandíbula cerrada. O pânico começou a se espalhar pelo peito de Áster quando ela percebeu que estava encurralada. Puxando o freio de mão, as rodas derraparam e guincharam quando ela tentou virar o veículo. Mas era tarde demais. A figura se ergueu e um clarão ofuscante explodiu diante dela. Áster gritou, erguendo os braços para proteger os olhos da luz cegante. O mundo girou em uma confusão de cor e movimento quando o veículo capotou.
Os estilhaços cortaram profundamente a carne macia do ombro de Áster quando seu corpo foi arremessado para frente e para trás como um boneco de pano. Um grito agudo rasgou sua garganta quando suas costelas bateram com força contra o volante. A dor era ofuscante, tão intensa que por um momento ela desejou a escuridão doce do desmaio. Finalmente, após o que pareceram horas intermináveis, o veículo parou de girar, descansando em uma pilha retorcida de metal e vidro estilhaçado. Áster permanecia imóvel no meio dos escombros, seu corpo arqueado em uma posição antinatural. Pequenos cacos de vidro cravavam sua pele, abrindo centenas de cortes superficiais que sangravam lentamente. Fios de sangue escorriam pelo lado de seu rosto, turvando sua visão quando ela abriu os olhos atordoados.
A dor era lancinante, uma agonia ardente que se espalhava por cada terminação nervosa. Áster tentou mover um braço, mas uma onda nauseante de agonia a dominou, roubando seu fôlego. Suas costelas deviam estar quebradas, os ossos perfurando perigosamente seus pulmões. Cada respiração era uma tortura, um esforço que enviava lâminas afiadas de dor por todo o seu corpo. Através de sua visão embaçada pelo sangue, Áster viu a figura alta se aproximando lentamente. Seus passos eram silenciosos sobre o chão da floresta, quase fantasmagóricos. A escuridão se condensava ao seu redor como uma capa, ocultando seus traços. Áster sentiu o medo escorrer por suas veias como gelo líquido quando a figura se ajoelhou ao lado dos destroços retorcidos do veículo.
Uma mão grande e calosa emergiu das dobras da capa escura, erguendo lentamente o capuz para revelar o rosto por baixo. Áster arfou quando os traços humanos foram revelados à luz da lua. Seus olhos negros brilhavam com ódio mal contido enquanto estudavam o estrago à sua volta. ⸻ Você realmente pensou que poderia escapar de mim, Estrela da Morte? ⸻ Sua voz era um rumor grave e gutural.
Ela tentou se afastar, mas seu corpo ferido não obedecia seus comandos desesperados. O pânico começou a se acumular em sua garganta, um nó sufocante que bloqueava seu ar. Com um esforço sobre-humano, Áster forçou suas pálpebras a permanecerem abertas, mesmo que sua visão estivesse turva e desfocada pelas lágrimas de agonia. Ele se inclinou para mais perto, e Áster pôde sentir o calor amargo de seu hálito roçando sua bochecha. Cheirava a cinzas e fumaça, um lembrete cruel de sua verdadeira natureza. Sua mão grande e calejada envolveu a garganta delicada de Áster com a força de uma mordaça de aço. Ela ofegou, suas unhas arranhando inutilmente os dedos grossos que restringiam seu ar.
⸻ Você é minha agora. ⸻ Ele rosnou, seus olhos negros brilhando com uma fúria glacial. ⸻ Você sempre será minha. Não importa onde você vá ou para onde fuja, eu sempre a encontrarei. ⸻ Suas palavras eram como punhais afiados, cortando através da carne e do osso para atingir o âmago do ser de Áster. A escuridão começou a se aproximar, sedutora e tentadora. Áster podia senti-la roçando as bordas de sua consciência, como ondas negras lambendo uma praia de areia branca. A dor ficava cada vez mais distante, até se tornar apenas um murmúrio remoto. Ela se deixou afundar naquela escuridão acolhedora, seus olhos se fechando lentamente. Sua morte ao menos seria épica.
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.ᐟ⭑
( mulher cisgênero • ela\dela • pansexual ) — Não é nenhuma surpresa ver ÀSTER CARDINALE andando pelas ruas de Arcanum, afinal, a BRUXA DO COVEN OF THE LUNAR VEIL precisa ganhar dinheiro como LADRA. Mesmo não tendo me convidado para sua festa de DEZOITO ANOS, ainda lhe acho MAGNÉTICA e ASTUTA, mas entendo quem lhe vê apenas como BRUTAL e VINGATIVA. Vivendo na cidade DESDE SEMPRE, ESTRELA DA MORTE cansa de ouvir que se parece com CATERINA FERIOLI.
★・⸝⸝﹒bio.
Em uma noite particularmente escura, quando as árvores da floresta que circundava Lichendorf pareciam mais retorcidas do que nunca, um choro ecoou entre as sombras. O som era tão frágil e delicado que poderia facilmente ser confundido com o pio de uma coruja ou o lamento do vento, mas para os ouvidos aguçados de Elara, uma fada guardiã da floresta, era inconfundível. Guiada pela sua curiosidade e senso de dever, Elara voou entre os galhos nodosos, suas asas cintilantes deixando um rastro de pó dourado no ar. Quando finalmente chegou à origem do som, seu coração de fada quase parou. Lá, enrolado em uma manta esfarrapada e abandonado sob um velho carvalho, estava um bebê. Seus olhos, grandes e assustados, brilhavam com lágrimas não derramadas à luz da Lua. Elara pousou suavemente ao lado da criança, suas asas tremulando com preocupação. Ela estendeu uma mão delicada para tocar a bochecha do bebê, sentindo o calor da vida pulsando sob a pele macia. Naquele momento, um som de galhos se quebrando ecoou pela clareira. Elara se virou abruptamente, suas asas se abrindo em uma postura defensiva. Das sombras, emergiu uma figura imponente e ameaçadora. Era um homem alto, de cabelos brancos. O homem avançou com passos silenciosos, seus olhos frios fixos em Elara. As árvores pareciam se curvar diante de sua presença, galhos formando arcos sobre sua cabeça. A estrutura de madeira, corroída pelo tempo e pela umidade, parecia prestes a desmoronar a qualquer momento. Musgo e trepadeiras cobriam grande parte das paredes externas, como se a própria natureza tentasse reclamar o espaço para si. O homem empurrou a porta rangente com o ombro, adentrando o interior escuro e mofado. O assoalho gemia sob seus pés a cada passo. Foi ali que ele criou a criança até seus 13 anos, obrigando-a a se humilhar para sobreviver. O homem, que a criança aprendeu a chamar de "Mestre", transformou aquele lugar decadente em um covil de treinamento implacável. Dia após dia, ano após ano, ele moldou a criança em uma ferramenta de sua vontade. Ensinou-lhe a arte do furto, os segredos das sombras e o poder do silêncio. As mãos pequenas e delicadas que um dia seguraram a manta esfarrapada, agora eram exímias com a adaga.
A menina, era conhecida nas ruas escuras de Lichendorf como "Estrela da Morte". Seu capuz negro como ébano e olhos de um verde profundo contrastavam com sua pele pálida, quase translúcida, que parecia absorver a luz da Lua. Ela se movia com uma graça sobrenatural, seus passos tão leves que nem mesmo as folhas secas ousavam farfalhar sob seus pés. Nas noites mais escuras, deslizava entre os becos e telhados como se fosse parte da própria escuridão. Ela enganava até os mais espertos homens, roubando mercadores e arrumando brigas em tavernas. Numa noite particularmente agitada na taverna O Corvo, ela executou seu golpe mais audacioso. Vestida com um vestido simples de camponesa, cabelos trançados e bochechas coradas artificialmente, aproximou-se de um grupo de mercadores ricos que celebravam um negócio bem-sucedido e os convenceu a beber canecas e canecas. Enquanto os mercadores riam e bebiam, ela os observava atentamente. Ela sabia exatamente quando agir. As velas da taverna tremulavam, o cheiro de cerveja derramada e fumaça de cachimbo pairava no ar, misturando-se com o aroma tentador de carne assada vindo da cozinha. À medida que a noite avançava, as línguas dos mercadores ficavam cada vez mais soltas, suas risadas mais altas e seus movimentos mais desajeitados. Ela continuava a encher suas canecas, sempre com um sorriso audacioso. Então ela roubou o veículo, com eles dando conta apenas quando o cavalo trotava pela estrada empoeirada que levava para fora de Lichendorf. Ela segurava as rédeas, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de adrenalina e satisfação. O vento noturno açoitava seu rosto, levando consigo o cheiro de cerveja e fumaça que ainda impregnava suas roupas. Mas a euforia foi curta. Pouco antes de conseguir sair da estrada principal, uma figura sombria surgiu abruptamente diante do veículo. Era como se a própria noite tivesse ganhado forma, uma silhueta negra e imponente que se erguia no meio do caminho. Ela mal teve tempo de registrar o que estava acontecendo quando sentiu seu corpo ser violentamente arrancado do assento . O impacto foi brutal. Ela sentiu o ar escapar de seus pulmões enquanto rolava pela estrada empoeirada, pedras e gravetos arranhando sua pele através do vestido fino. A figura se aproximou e pela visão turva, ela viu um rosto que não conhecia. "Filha da Lua", ele falou, sua voz melodiosa e antiga como o próprio vento. Foi a última coisa que ela ouviu antes de cair em um sono profundo.
★・⸝⸝﹒cnn.
@gzsoline ・ Estrela da Morte: Àster, agora conhecida como "Estrela da Morte", se tornou uma figura lendária em Lichendorf, e Kai ouviu rumores sobre essa jovem prodígio das sombras, embora não saiba sua verdadeira identidade.
O Encontro na Taverna: Quando Àster executou seu golpe mais audacioso na taverna O Corvo, e foi interceptada por uma figura sombria, su personagem estava de alguma forma conectada àquele momento, talvez percebendo uma energia ou uma presença familiar, mas não diretamente envolvida.
@abbcdon ・ A Captura de Àster: A captura de Àster pela figura sombria marcou um ponto crucial em sua vida. Abbadon, de alguma forma, está envolvido na trama maior que levou Àster a cruzar caminhos com essa figura misteriosa.
@mitsandpoetic ・ Refúgio: Após Àster fugir dos mercadores e decidir abandonar seu Mestre, ela cruzou o território até chegar na Boutique Lírio do Vale. Carmella aceitou protegê-la, cobrando serviços de Àster como mercenária.
@blackorbs ・ Conflito Interno: River sente uma culpa, um sentimento de responsabilidade, por não ter protegido Àster em sua infância.
Descoberta do Passado: Eventualmente, su personagem e Àster podem se encontrar e elu revelar seu passado com Àster, criando um momento de confronto entre os dois personagens e uma discussão sobre o que realmente aconteceu.
@blackorbs ・ Futuro do Caos: Àster se vê obrigada a confrontar o Mestre, seu antigo mentor, que tem seus próprios planos para usar o caos atual a seu favor. Por essa razão, ele convenceu Ba'al a perseguir Àster. O Mestre revelou que suas intenções eram muito mais do que apenas treinamento e que ele tem uma conexão profunda com os eventos que estão se desenrolando em Arcanum.
Infância: Durante um breve período Àster ficou sob os cuidados de su personagem quando criança, até que o Mestre a retirou da residência à força.
@azazcles ・ Assalto Mal-Sucedido: Àster estava prestes a roubar um homem quando Azazel surgiu e a impediu. Por infortúnio do destino, Azazel foi contrata para matá-lo. Mas com toda a situação, o homem fugiu e nenhuma delas conseguiu finalizar o serviço.
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