Tumgik
manietado · 3 years
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Parei de escrever quando começamos a namorar, parece que tudo voava, o tempo era pouco, não poderia gastá-lo com fantasias. E agora, cinco anos depois, eu perdi o rumo, não sei mais nem ortografia, sintaxe ou onde foi parar minha razão. Eu fui sugado pelo furacão que você se tornou, sou só destroços: um bêbado trêmulo que precisa de ajuda para achar a própria dignidade perdida entre o passado e o presente. Piedade, por favor. Já faz um tempo que só sei implorar por humilhações. Piedade, eu juro. A dor de finalmente entender os escritores que só falam de amor, a mágoa de não ter percebido os sinais que se aproximavam e se distanciam numa mesma tangente, as lembranças de um sexo que poderia ter durado mais. Se eu soubesse, ah, se eu falasse mais, eu só escutei o nosso choro ser parido e já nasceu morto. É só um corpo. Alma mesmo, bem, não resta mais.
manietado
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manietado · 7 years
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um
uma lamparina que se apaga, um vento sem uivo, só frio, só leve, a música escorrendo pela beirada da janela, aspirando o cheiro de petúnias recém-florescidas. a dança de uma criança banguela, com uma sujeirinha no pé que não quer sair, misturada ao esperneio das galinhas no quintal, ciscando o chão duro de histórias - e a noite descendo sem rumo pelo oeste, engolindo qualquer olhar triste que entrecruza a estrada. os vaga-lumes piscam sob o ritmo dos grilos: escreve o escritor arredio, no conforto de seu silêncio iluminado por LED’s.
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manietado · 8 years
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(...) os mendigos eram teatrais. Estavam longe de mentir. Ilustravam o desespero com talento.
Valter Hugo Mãe, "Homens imprudentemente poéticos".
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manietado · 8 years
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(...) a felicidade está na atenção a um detalhe. Como se o resto se ausentasse para admitir a força de um instante perfeito.
Valter Hugo Mãe, "Homens imprudentemente poéticos".
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manietado · 8 years
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Chegava a afirmar que sabia o que seria a luz por colocar a mão nas madeiras que aqueciam aí sol. Dizia: é uma espécie de olhar sobre nós. A luz é uma espécie de olhar sobre nós. No entanto, incapaz de ver por dentro. Por isso, quando é intensa, aquece pela frustração de lhe ser impossível entrar nas pessoas. Entra por temperatura. Explicava assim, como se quisesse fazer crer que ver era coisa pouca de que a felicidade poderia abdicar.
Valter Hugo Mãe, "Homens imprudentemente poéticos".
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manietado · 8 years
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Por vezes, escolhiam a fome em troca de um mínimo de sossego. A felicidade podia acontecer num ínfimo instante, ainda que a fome se mantivesse e até a sentença para sofrer. O sofrimento nunca impediria alguém de ser feliz.
Valter Hugo Mãe, "Homens imprudentemente poéticos".
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manietado · 8 years
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manietado · 8 years
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Talia Chetrit
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manietado · 8 years
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(...) 'Poder.' O que queremos dizer com isso? 'A capacidade de decidir a sorte de outra pessoa.' (...)
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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Como é vulgar essa ânsia de imortalidade, como é vã e falsa. Os compositores não passam de homens a rabiscar pinturas nas cavernas. Nós compomos música porque o inverno é eterno, e porque, se não o fizéssemos, os lobos e as nevascas dariam cabo de nós mais rápido ainda.
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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As pessoas ajoelhadas rezavam, algumas mexendo os lábios. Eu as invejo, sério. Também invejo Deus, que conhece todos os segredos delas. A fé, o clube menos exclusivo do mundo, tem o porteiro mais esperto.
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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Essa história de que amor é fidelidade, retrucou ela, é um mito inventado pelos homens por conta de suas inseguranças.
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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"Liberalidade? É porque os ricos têm medo!"; "Socialismo? O irmão mais moço de um despotismo decrépito, que ele quer suceder"; "Conservadores? Mentirosos adventícios, que acreditam numa doutrina do livre-arbítrio que é uma tremenda tapeação". Que espécie de Estado, afinal, ele quer? "Nenhum! Quanto mais organizado o Estado, menos humano ele é."
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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Uma verdade implausível às vezes é mais útil do que uma ficção plausível (...).
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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(...) como todo valentão e tirano, orgulha-se justamente do que há nele de detestável e o torna odioso.
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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Há tantas verdades quanto há homens. De vez em quando chego a vislumbrar uma Verdade mais verdadeira, escondida por trás de simulacros imperfeitos de si própria, mas, à medida que me aproximo, ela se move, mergulhando mais fundo no pântano agreste da cizânia.
David Mitchell, "Atlas de nuvens".
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manietado · 8 years
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you have been visited by the seven magic dragon balls your biggest wish will be granted but only if you reblog
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