Espaço de desopilação do rigor. Minha raíz é criativa.
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HQ lançada!
No último domingo, 20 de agosto, lançamos nossa HQ no Museu do Futebol.
É uma obra de ficção inspirada em minha pesquisa de 2020 e publicada no Portal Ludopédio. A pesquisa também integra o livro.
Já ouvi relatos sobre a realização deste campeonato, que, parece, foi organizado para o marketing das boates da Boca do Luxo.
Independente do contexto da realização dos jogos, fato destacado é a ocupação dos campos pelas mulheres e isso é tudo o que importa.
As mulheres que jogavam futebol eram marginalizadas. Mulheres, trabalhadoras do sexo, idem. Dá pra dizer, sem medo de incorrer em exageros, que este episódio na linha do tempo da história da cidade de Sâo Paulo, é o protagonista de um futebol marginal. E por marginal compreende-se o que està à margem e não criminoso como descrevem os dicionários.
Subvertemos, portanto, a imagem dessas mulheres, transformando-as também em heroínas dentro das 4 linhas com um futebol vibrante e alegre, como um dia foi a essência do nosso futebol.
Desenvolver uma ficção em história em quadrinhos foi a maneira que encontramos de disseminar o futebol de mulheres em linguagem distinta de outras publicações. Acreditamos que é possível despertar o interesse do público geral para o tema a partir de linguagens mais populares e acessíveis.
Tudo o que importa pensar a partir desta viagem do que poderia ter sido é: trabalhadoras do sexo do mais lendário pico da cidade de São Paulo, ocuparam campos e experimentaram seus corpos de maneira lúdica.
Um viva a todas elas!
#escrita criativa#futebol#futebol de mulheres#história em quadrinhos#hq#ficção histórica#pesquisa#publicações
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Assédio de um lado e amadorismo do outro - O suprassumo do patriarcado no futebol.
Havia prometido republicar o material feito em 2011 com o ex-presidente santista Marcelo Teixeira, mas há assuntos mais urgentes.
Neste domingo tivemos a final da 9ª edição da Copa do Mundo Feminina. Numa final inédita, também tivemos uma seleção campeã inédita: a Espanha.
Eu estava completamente ocupada do lançamento da HQ "E a Boca do Luxo entra em campo" e a final era, de longe, a coisa menos importante, sobretudo depois de uma campanha absolutamente RIDÍCULA do selecionado brasileiro nesta edição.
Noves fora e toda a decepção com a condução desrespeitosa da nossa sagrada (e sequestrada) camisa amarela, a pauta é o assédio pesado do presidente da federação espanhola em pleno palco de comemoração da campeã da Copa. O mundo olhando. O presidente da FIFA presente. Sob todos os focos. O suprassumo do patriarcado emulado na figura de Luis Rubiales, força beijo na jogadora espanhola Jenni Hermoso.
Não me informei o suficiente para discorrer sobre a treta que rola entre as jogadoras da seleção espanhola e o técnico, mas diante do que se viu ontem, fica explícita a opressão que ainda se faz presente no ambiente do futebol de mulheres. A luta pelo respeito aos nossos corpos não cessa até que não estejamos mais expostas a cenas e fatos piores que esse, que acontecem todos os dias no público ou no privado.
É expediente do patriarcado nos constranger. É expediente do patriarcado forçar situações pelo uso da força. É expediente do patriarcado sempre tentar nos colocar como sujeitas de segunda classe e subordinadas às suas mais arqueirosas necessidades.
O que se viu ontem, no palco da premiação do maior evento futebolístico do mundo é, no mínimo, combustível para seguir fustigando mudanças e soberania sobre nossos corpos.
E não só isso: que a FIFA tome atitude à altura dessa violência INACEITÁVEL.
Voltando os olhos para o Brazeew agora...
A campanha medíocre sob o comando da técnica sueca Pia Sundhage ligou o alerta de muita gente. Claro que nem de todos. Há os que defendam as estatísticas da sueca com o selecionado principal.
Mas há algo no futebol que vai além das estatísticas: a efetividade em jogos chave. Se ainda não te contaram sobre isso, aconselho a entender o futebol pralém do espetáculo.
E jogo de Copa do Mundo não é só mais um jogo que entra pra estatística geral. Jogo de Copa do Mundo é O jogo! E todos nós tivemos a péssima experiência de observar esse fato nesta edição do mundial.
Estatísticas só servem como argumentos quando há RESULTADO ENTREGUE. E não houve. Quatro fucking anos sem resultado. (hoje nem quero usar o substantivo)
Na contra-mão das campanhas do selecionado principal, vem a seleção Sub20, que, pelas mãos do treinador Jonas, conquistou o 3º lugar do Mundial da categoria após 16 anos de campanhas sofríveis.
Jonas vem de uma escola ÚNICA de treinadores: especializadíssima no #futeboldemulheres a partir da USP. Vem com o técnico Arthur Elias, aplicando uma filosofia de trabalho que dá resultado. E assim tem demonstrado na prática como se trabalha com o futebol feminino.
Agora, alguém me aponte, sem clubismo ou regionalismo, onde mais temos UNIVERSIDADE dedicada ao estudo do futebol de mulheres e que esteja, há bons anos, colocando em prática essa filosofia COM RESULTADOS.
Jonas é um dos mentores de jovens treinadoras na FIFA. Foi à Austrália participar de uma série de atividades. Monitorar. Replicar. Expôr. Fossem as pessoas que comandam as coisas na CBF mais interessadas e comprometidas DE FATO com a modalidade, o fato, por si só, seria motivo de muito orgulho.
Jonas é cuidadoso. É MUITO profissional e não digo tudo isso do nada. Só quem teve a oportunidade de encostar num alambrado para acompanhar seu trabalho sabe o que estou dizendo.
E aí, algum "jênio" da CBF, resolve que sua auxiliar técnica precisa ser demitida e delega à treinadora da Sub17 a missão de convocar a seleção Sub20 SEM COMUNICAR AO TREINADOR! A matéria é das Dibradoras.
AMADORISMO. DESORGANIZAÇÃO. Como é o orgranograma da CBF? Quem é que realmente está gestor ou gestora do futebol feminino dentro da entidade? Que maneira é essa de conduzir o trabalho? Isso foi EXTREMAMENTE desrespeitoso com o profissional comprometido com a modalidade que é Jonas Urias.
Agora mesmo a ex-atleta Mayara Bordin faz publicaç��o sobre sua saída da CBF. Alguns parágrafos dão o norte de como a estrutura patriarcal, e, portanto, OBSOLETA ATÉ OS OSSOS, dita os rumos do nosso futebol feminino.
"Se tornar invisível é o maior segredo para ter permanência longa na instituição. Infelizmente essa não sou eu. E quem me conhece sabe disso."
É fogo no patriarcado ou o "quase conseguimos" para sempre.
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"Não falamos sobre futebol feminino"
O ano era 2011 e o futebol de mulheres seguia na trincheira contra os apagamentos e finalizações súbitas de equipes. A dança das cadeiras da cartolagem era - como enventualmente ainda é - um dos pilares para inícios e fins de equipes femininas distribuídas pelo país.
Lembro de ter recebido uma convocação muito interessante. O então ex-presidente do Santos F.C., Marcelo Teixeira, gostaria de me conceder uma entrevista exclusiva. A pauta: o encerramento das atividades das Sereias da Vila (equipe feminina do Santos), pelo presidente eleito em 2010, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, o LAOR.
Àquela época, meu trânsito como jornalista especialista na modalidade era mais amplo. Havia muita treta nesse rolê -que novidade!- e eu explanava decisões equivocadas de modo bem incisivo. Era bem ignorada por meios de comunicação que não enxergavam potencial no jogo das mulheres em termos de audiência. E tampouco como futebol. O que não me abalava e o tempo presente ratifica minha teimosia em permanecer como profissional cujo mote não tinha relevância para esses meios de comunicação.
De posse do convite com hora e data marcada para o encontro com MT, entrei em contato com um editor de uma badalada revista impressa da época para oferecer o material exclusivo.
"Oi fulano, tudo bem? Tenho uma exclusiva com o MT e estou te oferecendo. Interessa?". "Oi Lu, sim. Legal, hein?". "Ok, vou pra Santos, preparo o material e te envio".
Fui a Santos. MT me recebeu em sua sala da UniSanta e apresentou uma série de argumentos que desbancavam a "desculpa" de LAOR para acabar com as atividades das Sereias da Vila. De posse do material, voltei a SP e me encontrei com o diretor comercial da Copagás, que patrocinava de modo exclusivo o time feminino dos Santos desde a chegada do poderoso esquadrão de 2009 para a primeira edição da Libertadores Feminina.
Tive contato, nesta ocasião, com o clipping feito pela empresa patrocinadora no ano de 2009 (último ano da gestão Marcelo Teixiera) e com o clipping de 2010. A diferença era absurdamente gritante.
Escrevi o texto, juntei as fotos que fiz (jornalista independente de futebol feminino em 2009 não andava com fotógrafo não, viu?) e enviei ao editor da revista.
Ao mesmo tempo, Ronaldo, o Fenômeno, anunciava sua aposentadoria do futebol e a imprensa esportiva estava daquele jeito. O que era uma exclusiva do MT perto do anúncio da aposentadoria de Ronaldo?
Demorou uns poucos dias para receber um surpreendente e-mail do editor: "Oi Lu, tudo bem? Olha só, li seu material. Está muito bom, mas a gente não fala sobre futebol feminino".
Faço aqui uma pausa dramática de 12 anos.
Estamos na 9ª edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino. TVs transmitindo vários jogos. Canal no Youtube transmitindo todos os jogos. Exposições. Livros. Documentários. Artigos acadêmicos. Jornais. Revistas. Perfis nas redes sociais dedicados ao tema.
A cena tá tomada PONTO
Recupero o material escrito no distante ano de 2011. Ano de Copa na Alemanha. Seleção japonesa com uma equipe eficiente e futebol criativo conquista seu primeiro título mundial. Acompanho in loco a 3ª edição da Libertadores da América em SãoJosé dos Campos e "narro" todos os jogos da competição via Twitter do Futebol para Meninas. São José campeão. Estádio Martins Pereira lotado.
Reflito: Pelo material que levantei/escrevi àquela época, quanto de engajamento com o assunto a revista geraria? Era uma "treta" boa de atiçar. Mas a treta, naquele momento, era minha contra a recusa em visibilizar o futebol de mulheres.
Continuo falando de futebol feminino e muita gente que tá chegando acha que o assunto é novo.
Assim como em 2011, meu pensament continua sendo: não é possível tanto atraso.
Em tempo: a matéria escrita em 2011 vai na próxima postagem.
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Esta é a capa da HQ "E a Boca do Luxo entra em campo", resultado de trabalho de roteiro em parceria com a jovem quarinista Lalo Sousa.
A obra é inspirada em pesquisa que realizei em 2020, que trata de jogos realizados entre trabalhadoras das boates que compunham a famosa Boca do Luxo, na Vila Buarque, centro de São Paulo, no ano de 1979.
Para além da escrita criativa, há uma reflexão importante sobre este fato. O futebol, àquela época, havia sido recentemente liberado para as mulheres após quase 40 anos de proibição.
Jogar futebol era uma atividade ilegal para as mulheres, cujos corpos sempre foram cerceados e marginalizados.
No caso desta competição, especificamente, o futebol de mulheres era duas vezes marginalizado: um pela ilegalidade, dois pela própria natureza do trabalho dessas mulheres.
Trabalhar criativamente sobre as imagens pesquisadas, tem sido o reinício da minha escrita criativa. Daí vem a importância dos anos de trabalho pesquisando as mulheres do futebol no Brasil e que resultaram nesta retomada e neste trabalho com ilustração em mangá de esporte, único sobre o tema em terras brasileiras.
E é só o começo.
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Trabalho x Criatividade
Tentarei manter este espaço como extremamente necessário na condução daquilo que abandonei há muitos anos: minha escrita criativa.
O trabalho, sempre urgente, limou de maneira significativa minha maneira de escrever, bem como o estilo que levei anos para lapidar.
Mas devo ser justa: foi o trabalho que forneceu elementos importantes para que essa volta às origens se tornasse fundamental para minha sanidade e sentimento de realização.
Há anos venho trabalhando a escrita sob o viés da pesquisa, ou seja, do rígor dos fatos e dados. Muitas reflexões foram geradas a partir dessas leituras como também muitas informações incompletas, que me permitiram - e permitem - um mergulho nas coisas que poderiam ter sido.
Este espaço será dedicado a sublimar essa passagem pelo rigor, que, de certo modo, cerceou minhas atividades criativas. Imagens serão o fio condutor deste processo.
Este é o resgate da minha raíz. E o futebol é a seiva.
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