lucasmoamed
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minha arte é quem sou, é minha dor, minha cura, minha mais pura essência
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lucasmoamed · 2 years ago
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Consciência existencial
Busco a mim um café em tarde anticlimática, Confortavelmente quente, com cheiro de novo e nem doce ou amargo. Apenas pelo ato de pensar: “sirvo-me café com mão direita, destro”.
Viver é surpreendentemente mais emocionante quando vivo! Quando, todavia, vive-se estando vivo de jeito genuíno, claro. Encontro-me desperto, há mais razões para viver quando acordado.
Existo! E não quero esquecer de lembrar que existir é dar e tomar encanto. Mas é fato que esquecerei e terei o choque de realidade ao desejar novo café.
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lucasmoamed · 2 years ago
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Reconciliar
Ainda que dois perdidos não se achem, Contanto que tenham o propósito de encontrar, Incontestavelmente acharão um ao outro.
Perdi-me, mas não me aceito por desaparecido, Embora o único que busca por mim eu mesmo seja. Preciso de mim mais uma vez, um pouco mais.
Quero me ter de novo, apenas pela sensação de ter. Além de ter motivo para amar, lutar, redimir, Descobrir, sentir, transformar e ser.
Resta, indubitavelmente, só a mim. Dar as mãos, ambas minhas, é pedido de desculpas e união? Tem de ser! Tem de ser.
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lucasmoamed · 2 years ago
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Rochas que nos compõem
Nem como bicho nossa gente mais tratada é, Gente de verdade é melhor tratada que bicho de madame. Nossa gente nem de "gente" pode ser mais chamada, Pelos biólogos, talvez. Contudo, corriqueiramente não mais.
Gente de verdade por aí repetidas vezes não é atirada Ao ponto de encontrar-se em cada canto estirada, indo se encolher.
Nestes tais cantos, comumente mais banais que água em copo cheio, já transbordado, Há tanta "gente" tão igual jogada por aí Que os cascalhos de estradas falhas e esburacadas de urbe do interior São mais distintos entre si do que nossa "gente". Fomos arrancados da fauna e postos à Geologia.
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lucasmoamed · 2 years ago
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Quando tornou-se Louvre
Gente que vem, vai, volta, Toca e retoca. Há quem fique? Não. Só ficam resquícios Na memória. Mona Lisa é caso outro similar, Vista para que faça-lhes vistos, De olhos reconhecíveis, descritivamente indescritíveis, Porém, já banais, Porque tudo a muitos perde a graça; Também tem olhos de espelho. Vêm, vão, voltam, tocam e retocam, Para olharem e serem vistos. A pergunta que ninguém parece fazer, é: Veem quem porta olhos espelhados Ou veem sempre só a si?
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lucasmoamed · 2 years ago
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Perdoar é dar à luz
Dou-lhe meu perdão de mãos espalmadas, maciadas e, ainda assim, calejadas. Acredite quando digo valer mais que pérolas, pois me deparei estupefato com ostras Vendo a mim como parente distinto diante de tal ato, porque são elas das empáticas. Vendo a mim, ainda que quem receba seja tu, meu perdão.
Embora de nome precioso e de aparição rica em raridade, O Perdão nem é tão belo quanto a pérola; chega nem perto, é feio de ver! Troço tão amargurado, retorcido, esguichador, espinhento, melecado e de mau odor. Tive de tirá-lo do interior meu por ordem médica, pois portar me dava dor.
Entende agora bem por que nunca foi sobre tu, mas por bem meu, meu bem? Quase é filho teu. Sim, sim! É filho teu! Fui engravidado por você, que plantou dentro de mim filho tão feio. Pari e não o quero! Tome, apanhe, pois minhas mãos espalmadas começam a pesar, erguidas assim no ar.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Olhos condenados
Eu rogo aqui e agora, Pra que os olhos condenados caiam enquanto o sujo sob sofrimento, De órbitas vazias, ainda assim, chora! Com a Lua ou o Sol como testemunha do tal momento, E o maléfico malefício maldito jamais volte outrora!
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lucasmoamed · 3 years ago
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Santificado espírito animal
Bestas fracas desfilam em manadas, rebanhos, cardumes, revoadas, Pra que unam forças maliciosas, turbulentas, condenáveis, desaprovadas E finquem suas armas em carnes alheias, justo pelo gosto da perturbação, Cujo qual, por si só, em mente de espírito fraco, dá medonho tesão.
Que santificado espírito animal este seja, pra que hienas carregadas em puro mau odor, Em mau odor do clamor desenfreado de quem quer ser visto, sem lidar com mais dor, Possa libertar-se da autocondenação da tentativa de humilhação feita unida; Inocente, pois, na busca pelo saboreio da superioridade, morrerá ainda mais perdida.
Superior é serpente, com consoante inicial de superintendente de si, de sedutora até de cegos-surdos, de servente da bondade, De seios fartos em veneno violento e esmagamento sutil, sabiamente sabe do poder da calamidade. Segura de si, segura o desamor. Segue só, só restaura o vigor.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Foi Rei e Rainha do xadrez
Ensinou-me o pulo dos Cavalos, a demolição das Torres, o corte dos Bispos. Cada movimento e verdade, vitória e derrota, todos passados... Ambos no passado, sem chance duma outra vez.
Fiz menos do que eu podia por você, minha vida, Durante a própria tua vida. Agora, dói, durante a própria minha. Jamais teremos nossa revanche.
Prometo-te que enterrarei, com carinho, teus segredos contigo. Durma bem, ainda que não acordará amanhã. Lamento. Adeus...
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lucasmoamed · 3 years ago
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Supremacia da quietude
Queime em silêncio cada parte pútrida deste teu organismo psíquico disfuncional! Deixe que carbonize até os mais sutis resquícios da perversidade da própria podridão que arrasta-te paralelamente ao teu arrastar, Pois se capaz de puxar quieto pelos chãos pavimentados arranhadores debaixo da quietude tuas dores, é capaz de ver tudo queimar.
Carbonizará, tostará, sofrerá com a dor das safadezas do que te doem, ainda que a cuja dita não pertença-te, Enquanto queimam em purificação, no exato ponto de ebulição, Cuide de praticar da supremacia da quietude, mesmo que ardam as chamas.
Feche teus olhos, deixe que vá de vez cada fardo e permita que a incandescência predomine, Dominando, com ferro ardente, cada ferida que já devia ter sido selada para que tu renasça outra vez! Sempre sob o silêncio da própria vivacidade e arrebatadora ambição de ser uma nova versão melhor de si.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Porque sim
Por que lá de longe o Sol já nasceu Se soa-se ainda o mesmo dia? Por que reclama de não beijocas Se nem sequer se namoraria?
Por que persiste em viver Se nem a própria vida viva aprecia? Por que trabalhar pra sustentar Se por aí feliz nem vadia?
Porque as horas da particular rotação Desregularam-se da rotina e o Sol é impaciente pra monotonia. Porque se teus afetos forem pra teu próprio amor, Nosso mercado faliria.
Porque foi criado programado à mortificação E jamais ao que, indubitavelmente, espantaria, a própria euforia. Porque é mais fácil cumprir dada rotina CLT Que lutar contra o caminho da carcaça cheia de dores à aposentadoria.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Meia-década de amor
Cubro a cama toda à noite, a noite toda, toda noite, Só pra não restar espaço a você, Ainda que só na minha mente que chora e sorri em te pensar Noutra metade do meu colchão, voltado a mim, sorrindo a mim, pensando em mim.
Nessa minha guerra de meia-década Tão cheia de carinhos e olhares, Há mais tempo passado contigo no lado de dentro Do que do tanto quis ao lado teu, gastando tempo calado, colado em ombro teu.
Já não te resta espaço, segundo nosso decreto secreto de paz, Naquele dia que te declarei com o coração ainda pulsando na mão. Dentre todos os campos de batalha, só há um corpo, Quase defunto, o do amor que de ti, por mim, esfaqueei, no meu colo vendo ir.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Viciado em mim
Desejo ir pra não voltar, Sendo que já fui e ainda nem voltei. Vou esconder de todo mundo O que em mim vanglorio e quero ver. Pouco importa se detestarão, Amarão, Já que a relevância me reside Feito diabólica presença em corpo possuído. E no vigor da magnífica essência minha, Intimidadora, sedutora, inabalável e, paralelamente, derrubável há. Um objeto subitamente radiante, inexplicavelmente insubstituível, Que magnifica quem vê, quem toca. Vicia. Sou viciado em mim.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Sabor de ossos
Chegou cheia de malícia e, ainda que dita com antecedência sua vinda, Protestaremos, sim, por sua despedida, pela vida! Negamos e rejeitamos! Lutamos contra o estado de putrefação do corpo, Mas Dona Fome é grande guerreira quando aliada à Madame Fortuna (ela, deles).
Desorientados batalhões têm a visão enevoada, sem campo de batalha, Afinal quem é nutrido por desnutridas sopas sabor de ossos Inevitavelmente sucumbirá no instante em que o próprio estômago se devorar. Derrubem-na, antes que a Fome derrube a todos.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Mar de Martírios
Numas cruzes lá no Mar de Martírios crucificados há todos nós, Visto que nossos metacarpos e metatarsos abriram espaço Às estacas vindas à vida para alimentá-la.
Cruzes por metro quadrado, porque os mares são vastos O suficiente para portar toda dor que dói de cada doido doído. Vemo-nos do litoral em êxtase, em riste, humedecidos ou ambos, Tamanho tesão pela dor. Gostamos do sofrimento saliente e safado, já que sem somos completamente incompletos.
Os felizes dependem da luta pela e contra a dor. Corpos anestesiados já não têm razões para existir.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Sofrimento duma sentinela
Tuas armaduras não cobrem-te o corpo todo E o golpear foi profundo, calculado e certamente fatal. Doeu-te tanto assim? Claro que sim.
Vejo a sentinela sentida sentada, após cair, Junto de seus sentimentos sentidos, feridos. Senti nela dor do partido dos corações quebrantados E senti porque perfurei na ferida de guerra malcicatrizada.
Nem precisa chamar-me de monstro insensível, De coisa profana temível que já sentiu muito sangue quente Escorrer normalmente pela palma espalmada; tenho ciência. Observei doloroso o sofrimento duma sentinela com a mão na espada. Desta vez, não usei do escudo.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Muralhas de papelão
Plantadas, muralhas que não te deixam ver o que há de tão íntimo doutro lado podem balançar, feito dança sem cultura, com toque dum vento qualquer, Porque são de papelão e apenas foram servidas de telas a artistas trevosos, medonhos e de covardia abissal, Coloridas de tintas de pedregulho imóvel ultrarrealista, surrealista, com a intenção maliciosa de convencer ser impossível ir além dali.
Acredita-se que por eras estão erguidas e que em relíquias não se deve chegar perto, Embora turistas de todos os cantos e planos compareçam com seus olhos gordos para admirar as muralhas (de papelão). Cada um quer tocar e deixar sua marca, afinal, há espaço para muitas mãos, mas não houve quem pusesse força no tato para descobrir que caem para dentro.
Quero tanto que caiam... Reconheço o medo de causarem derrubada em massa e destruição em série com o tombar, pois convencem ser pesadas, Porém, turistas, tombarão, ainda que para fora, dado meu tocar definitivo; porém, turistas, nem todos vocês têm minhas boas-vindas.
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lucasmoamed · 3 years ago
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Última morte a morrer
Aqueles olhos venenosos observam com remorso o próximo pescoço a ser envenenado. Pena sente de tomar vida, pena sente de ter uma vida a menos fazendo-se de companhia pelos cantos. Só mesmo rejeita, mata, torna podre a carne marcada de dois furos envenenada porque desaprendeu a viver junto.
Vê com maior simplicidade socializar com as caveiras e bailar com os esqueletos secos, Porque não temem. Quem não teme jaz aqui ou ali e as ossadas não contam do calor dolorido sentido na morte fadada em veneno.
Deseja tanto não enterrar mais corpos esguios ou robustos, embora toda vida fraca a veneno feroz partiu e as resilientes distanciam-se. Como vai aprender a não matar se já matou tudo que poderia morrer? Tamanho conhecimento, aquele mesmo de tratar com carinho, perdido no genocídio da felicidade, encontra-se desencontrado.
Cerrou tais vistas venenosas, ricas em rancor incendiário, defronte à solitude e a desafiou a duelo mortal. Dueto, então, fez-se e a melodia mais tocante tocaria no pescoço falho. Solidão arrancou arrepios com seu rebolar arrastado — ela é boa —, mas mais alguém tem de morrer, pois pena sente mais de permanecer só do que matar mais algo-alguém.
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