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𝔐𝔶 𝔬𝔴𝔫 𝔣𝔬𝔢 .
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Lone witch, a little bit of a bitch. Gaea Millard, muse at @volatilehqs
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lonerwitc-h · 6 months ago
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lonerwitc-h · 7 months ago
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MOVE ON // WITH @eliasms
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Tudo o que Gaea mais queria era se trancar em seu quarto e dormir até que toda aquela loucura acabasse. Seria perfeito se pudesse lidar com as visões de sua avó doente do conforto de sua cama, sem precisar lidar com todo o resto paralelamente, mas a verdade é que o mundo não parava simplesmente porque ela queria que o fizesse; por causa disso, estava atrás do balcão de sua loja, rodeada pelos livros antigos que vendia. Às vezes seus olhos se tornavam desfocados graças a mais uma visão, mas ela fazia o possível para que não demonstrasse para os clientes. Naquele momento mesmo tinha um flashback de quando descobriu que sua avó morreria quando o sininho da porta tocou, indicando um novo cliente, e ela pôde voltar a si. "Boa tarde, no que posso ajudar?", cumprimentou, a voz mais contida do que o normal.
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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"Onde eu moro é meio que o contrário", Gaea começou a explicar. "Eu moro com a minha melhor amiga, certo? E eu não quero submeter a coitada à minha bagunça, então sempre mantenho todos os cômodos organizados, com a exce��ão do meu quarto. Ele é um caos, dá pra se perder no meio da bagunça." Maryland provavelmente surtaria se visse o estado de seu quarto no momento, mas ela não precisava saber, de qualquer forma, por isso a porta se mantinha fechada a todos os momentos. Deu risada com a pergunta dele e ficou em silêncio por um tempo, pensativa enquanto encarava o líquido âmbar no copo. "Ok, eu tenho uma. Eu tinha 16 anos, certo? E ajudava a minha mãe a cuidar da minha avó doente. Um dia a minha avó precisou fazer um exame de fezes, e eu fui levar o material ao laboratório." Só de se lembrar daquela situação, o constrangimento de sua eu adolescente preenchia seu corpo. "Estava tudo dando certo, entreguei o potinho para a moça da recepção... mas ele não estava fechado direito. O pote abriu e foi merda para todo o lado, inclusive na mulher. Minha avó estava comigo, e ela ria tão alto que dava para ouvir o eco no lugar. Para piorar tudo, ela garantiu que não era problema, porque tinha mais de onde tinha vindo aquilo."
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[flashback]
Nate riu, balançando a cabeça de um lado para o outro para tranquilizá-la da hipotética. "Valeu pelo disclaimer, mas essa é a última coisa na minha cabeça agora. É só que esse é o cômodo mais habitável. Algo no estilo... Não durma no meio da merda. E sendo bem sincero... Agora que você vai virar a minha produtora de poções de sono... Eu prefiro não pisar no seu calo." Virou outra dose do whisky enquanto ombros relaxavam na pose despojada como se tivesse todo o tempo do mundo. Os olhos azuis subiram para o teto, denunciando que formava uma linha de pensamentos. "Hmmmm. Eu acho que a gente tá velho demais pra verdade ou consequência né, mas idade não quer dizer ter maturidade ou juízo. Então tá. Eu começo." Nate encheu os copos até um pouco menos da metade, um sorrisinho começando a brotar no rosto. "Me conta a situação mais ridícula que você já passou. De toda a vida. Se eu não rir, você bebe."
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lonerwitc-h · 7 months ago
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Se sobressaltou com a voz ao seu lado e dirigiu os olhos à dona dela, reconhecendo a bruxa do Whispering Woods com quem tinha bebido no dia do baile das sombras. Qualquer sombra de luta havia sumido de seu corpo há horas, e ela sentiu os ombros caírem com o comentário de Evelyn. "No fim das contas, o álcool não resolve nada, resolve? Ele só traz um alívio temporário." Aquela era uma reflexão que ela havia feito várias vezes consigo mesma, em momentos nos quais ela prometia a si mesma parar de beber. "Mas em tempos como esses, qualquer alívio é bem-vindo, não importa o quão temporário ele seja. Qual é o seu veneno?" Perguntou curiosa, os olhos no copo da outra.
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O peso dos eventos que aconteceram caia sobre os ombros de todos na cidade, cada um que teve as memórias revisitadas tinha aquele olhar, não perdido ou sem direção , mas sim cheio de amargor e pesar. "Hoje vamos ter que concordar, o álcool está sendo um bom amigo..." disse encostando no bar ao lado da mulher, mas nem tão focada nela, mas sim no barman que veio pegar seu pedido. Evelyn, sempre mantinha aquele ar de superior e forte, estava com a expressão quebrada, não falaria em voz alta o que viu, sinceramente achava que não conseguiria, mas não podia negar que aquilo a impactava também "Mas como um bom amigo ele também não nos garante nada"
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Baile das Sombras
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Abriu um sorriso satisfeito quando a outra confirmou o que Gaea havia pressuposto anteriormente; que ela também não tinha um coven. Ergueu as sobrancelhas quando viu os olhos vermelhos de Lydia, porém, não com medo, mas com curiosidade. "Uma híbrida, então. O jeito de metida está explicado, é coisa de vampiro mesmo." Sempre havia achado que vampiros possuíam um desdém muito típico vindo deles, e Lydia exalava isso. Deu uma risada com o tom desconfiado da outra. "Não sou uma bruxa das trevas. Se eu fosse, poderia muito bem me afiliar ao Shadowed Flame. Esse é o ponto, no fim das contas: não me limito a denominação nenhuma. Estudo tudo o que posso, pratico o que for útil ou necessário. Aos 28 anos sou mais versátil que muita bruxa velha por aí."
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[flashback]
Sem mostrar-se afetada, ainda que estivesse, Lydia ergueu o queixo. Assumia aquela pose prepotente, beirando ao cinismo enquanto encarava Gaea. "Muito espertinha para o meu gosto." Dizia como se ela, também, a rejeitasse. "Se precisa saber, eu também não tenho um coven. Mas vê, minha querida?" Num piscar de olhos, as íris tornavam-se de um avermelhado profundo. Um de alguém que há muito não consumia sangue de origens naturais. "Minha condição me isenta de um. Não preciso de ninguém protegendo minha retaguarda." E, novamente, voltavam para a coloração normal, mas não perdiam o ar acusatório. "Não sou uma bruxinha comum. Mas, algo me deixou curiosa na sua última fala... Disse que covens eram proibitivos demais. O que será que você pratica..? Me pergunto."
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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Gaea encarava Maryland enquanto ela dizia suas desculpas, claramente pouco impressionada. Podia viver sua vida de forma caótica e, por vezes, arriscada, mas sempre assumia o que fazia, e lidava com as consequências sabendo que as havia merecido. Quando Mary finalmente assumiu o que fez, Gaea assentiu com a cabeça de modo satisfeito. "É bom que você veja isso. Porque, Mary, se você for atacada ou alguma coisa do tipo, argumentar com o vampiro que você não sabia que ele era um vampiro não vai adiantar nada. Lição número um de ser dona do próprio nariz? Assuma o que faz e entenda que as consequências vão vir. Posso fazer de tudo para te proteger, mas se você não estiver disposta a se proteger também, não vai adiantar de nada." Se sentia como uma mãe dando sermão na filha adolescente que havia saído de casa escondida no meio da noite, e a ironia da situação seria risível se a bruxa não estivesse tão preocupada. Estreitou os olhos com o olhar arredio da amiga, não acreditando completamente no que ela dizia, mas deixou para lá ao ouvir o pedido seguinte. "Maryland, acha que eu sou uma iniciante? Já coloquei um círculo de proteção ao redor do prédio. Quanto a um detector, vou pesquisar um pouco sobre como fazer isso."
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FLASHBACK. Antes do evento de Natal.
"Mas eu não sabia nada do sobrenatural." Falou tão baixinho que poderia nem ter sido ouvida. Cortando e ajeitando os sanduíches, Maryland tentava se esconder da seriedade da melhor amiga. Aquela desculpa nem era aceitável depois... Bem, bastou uma semana para ver que cada um tinha uma origem diferente da sua. Seus pais adotivos tampando tão bem a existência da fonte de renda que, até ela, tinha se esquecido que existia também. Empurrou o prato com dois sanduíches para Gaea, encolhida e amuada, envergonhada. "Eu não sabia. Eu realmente achei que não eram tantos assim, não entendia a verdadeira história da cidade. De ser uma luz para mariposas sobrenaturais e- E nada. Estou errada. Foi minha decisão continuar vivendo como se nada tivesse mudado." Ela se adiantou com um sorriso despreocupado, agitando as mãos pra desanuviar o clima pesado que tinha se instaurado. Se tinha algo que estava a seu favor era assiduidade e importância do controle da própria condição. "O hospital sabe de mim, Gaea. Principalmente as meninas da doação de sangue. Porque seria estranho eu batendo o ponto mais de duas vezes na semana, inclusive fui lá na semana passada." Foi mesmo? Lembrava dos pagamentos, das bolsas entregues pessoalmente em locais específicos. Mas não... Quando foi a última vez que tinha doado sangue? Maryland ficou quieta, perdida em pensamentos enquanto terminava de confeccionar seu sanduíche e dar uma mordida. A única ver que lembrava fora antes da audição da peça e... Rapidamente olhou para Gaea e decidiu não transparecer nada. Precisava sentar e colocar aquela suspeita no papel, ter certeza. Confirmar que o receio da amiga já não fosse uma realidade. "Você- Sabe, nossa casa pode ser uma fortaleza, mas o resto do prédio não. Teria como colocar algo na porta? Sabe, um detector de criaturas mágicas, qualquer coisa para dar um sinal a pobre humana aqui. Porque visualmente sou péssima. E de feeling? Pior ainda."
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lonerwitc-h · 7 months ago
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DYING INSIDE // WITH @wantsallfab TW: Pensamentos sobre morte
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Ela estava bebendo. É claro que estava bebendo, pois era simplesmente incapaz de carregar o peso das memórias que aquela maldita moeda trazia enquanto sóbria. Naquele momento mesmo estava sentada à bancada do bar, seu terceiro ou quarto copo de uísque em mãos, os olhos vazios enquanto a imagem de sua avó definhando para o câncer preenchiam sua mente. Sua expressão era um quadro em branco; as pálpebras caídas com a embriaguez e os lábios entreabertos como se prestes a fazer alguma coisa. O quê? Ela era incapaz de dizer. Talvez quisesse chamar sua avó, implorar para que vivesse. Talvez quisesse recitar um feitiço que a tirasse daquele labirinto mental. Talvez só quisesse pedir desculpas. De qualquer forma, levava o copo aos lábios de forma mecânica, o ardor da bebida nem mesmo sendo sentido por ela.
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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"Bom saber que o produto vai agradar. Você vai ver, vai ter o sono dos justos." Gaea não comentou, mas a verdade é que ela mesma produzia essa poção para si quando o sono custava muito a chegar, abalado pelo luto e pela culpa de ser a última restante de sua família. Quando conviver consigo mesma era difícil demais, pesado demais, Gaea bebia uns goles da poção e se permitia se entregar a um sono tranquilo. Foi acompanhando o outro até o quarto então. "Só aviso que se essa for uma forma de me levar para a cama, não vai dar muito certo. Eu gosto dos meus homens como gosto do meu vinho: eu não gosto de vinho." Aquela era uma de suas piadinhas favoritas em relação à própria sexualidade, e era uma que sempre usava quando queria esclarecer que era lésbica. De qualquer forma, se sentou no tapete ao lado dele, também com as costas contra a cama. "Jogo? Eu gosto de jogos. O que você sugere?"
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[flashback]
Uma risada divertida escapou dos lábios de Nathaniel. Bruxas eram seres no mínimo curiosos. Toda a magia e conhecimento de poções tornava seus relacionamentos um tanto diferentes. Até porque, fora de Arcanum, o clã dos Hawthorne não costumava dividir o mesmo espaço com outros seres. "Gosto de amora, gosto de bebidas. Vou ser nocauteado sem realmente quebrar o nariz... Pra mim tá mais do que perfeito." Escorado pelo quadril e utilizando-se da destra como apoio no mármore frio, Nate continuava a conversa em tom amistoso, a leve e conhecida inebriação alcoólica tomando conta da mente a casa gole. Até que ele resolveu virar o copo, como Gaea havia feito. "Chega aí. Não tem gelo, mas tenho um tapete felpudo no chão do meu quarto." Ele disse sobre o ombro enquanto fazia caminho até o local indicado--- em uma mão o copo e na outra a garrafa. "O lugar mais habitável da casa... Porque a bagunça toda eu levo pra sala." Uma risadinha sem humor seguida de um estatelar no chão, costas encostadas na beira do colchão. "Quer tornar as coisas mais interessantes com um pequeno jogo competitivo?" Nate ergueu uma sobrancelha. "A gente até podia esvaziar a garrafa em silêncio, mas assim pelo menos vamos ter um motivo."
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Baile das Sombras
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Gaea deu um latido como resposta à tentativa de ofensa da mais velha, sabendo que precisaria de muito mais do que aquilo para de fato ser ofendida. Não queria admitir, mas estava gostando de conversar com ela. "Nunca precisei sujar minhas mãos para acabar com alguém. A não ser se minha forma de acabar com a pessoa for cair na porrada, mas o que é um pouco de sangue, afinal?" Deu de ombros indiferente. "Ah é? E qual é o seu coven? Se não gosta de nada selvagem, não pertence ao Whispering Woods. Parece fresquinha demais para o Shadowed Flame... Lunar Veil? Não, também não parece o seu tipo. Você também não tem um coven, não é?" A última frase foi dita em tom maldoso, com um sorriso provocador. "Você sabe que só gente velha se refere aos mais novos como juventude, não é? Está denunciando sua idade cada vez mais, vovó."
[flashback]
"Deu certo até agora porque provavelmente só convive com cães do seu porte." Lydia fez um gesto de mãos antes de voltar para a cadeira, não se demorando em ocupar outra vez o lugar. "No meu caso, detesto sujar as mãos. Acabei de fazer as unhas, seria um desperdício." Um sinal para o garçom encher duas taças, e ofereceu uma para a mulher. Uma trégua, pois sentia-se curiosa em desvendar os motivos por trás daquilo. "Sinceramente? Não passou pela minha cabeça pois é uma ideia ridícula. Onde já se viu?" O ar saiu pelo nariz, Lydia ajeitando a postura. "Uma bruxa deve ter um coven. Não importa a linha de magia, brincar com qualquer coisa selvagem é perigoso e irresponsável. Saberia disso, se estivesse em um." Mas a palavra arte lhe tirou do sério. Ela repetiu em puro escárnio. "Arte?! Céus. A juventude está perdida."
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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Gaea ouvia o que Mary dizia e assentia com a cabeça, concordando com os planos da outra, mas sem energia para de fato fazer qualquer coisa além de aquiescer. Isso foi, é claro, até que a série de imprudências que Maryland cometeu se tornasse o assunto da vez. Gaea suspirou pesado e olhou para a outra com seriedade, talvez o mais séria que ela estivesse em muito tempo. "Maryland, acredita em mim: eu sei mais do que ninguém o que é se tornar dona do próprio nariz de uma forma abrupta e inesperada. Aconteceu comigo também, cedo demais. E eu entendo o que é querer aproveitar a própria liberdade." Dito isso, se sentou melhor para que se encarassem frente a frente. "Mas ser dona do próprio nariz também significa arcar com as consequências do que se faz. Você tem noção do quanto desrespeitou a si mesma nesses últimos tempos? De quantas vezes arriscou sua vida? E se eu estou te dando lição de moral, é porque a coisa foi feia mesmo." Levantou do sofá e foi até ela, a olhando de frente. "A partir de hoje, nenhum vampiro tem permissão para entrar nesse lugar. Se um dia eu descobrir que você descumpriu esse trato, eu vou embora. E você vai tomar chá de verbena para tornar seu sangue tóxico para vampiros como forma de precaução. Com a quantidade de sangue que você produz, é uma surpresa que ainda não te drenaram em um ataque."
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"Chegou aqui e quase saiu, Gaea. Quase." De soltar um claro que terminamos bem cheio de ironia. Ficou evidente em seu rosto a vontade, assim como o riso divertido quando a careta da parada dominou suas feições. Maryland puxou o resto dos ingredientes para fazer tudo, o processo mais natural que a respiração. "Vou logo colocar o calendário das compras do lado da porta e agendar o eletricista para o mais rápido possível. Não tem como a gente viver sem uma máquina de lavar roupa decente." Maryland agradecia internamente por aquele respiro de normalidade, um lugarzinho genuinamente seguro para falar e dormir. Porque... O que tinha feito, o que tinha acontecido, aquela carta puxada na base da torre bem construída... Ameaçava derrubar tudo. A musicista respirou fundo. "Gaea, eu prometo que não vou convidar ninguém para cá sem que haja sua aprovação primeiro. Todos os testes e perguntas. Eu não vou comprometer nossa segurança. Não vou mais."
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lonerwitc-h · 7 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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Gaea escutou tudo o que o homem ao seu lado disse em total silêncio, se sentindo emocionalmente exausta. Há apenas alguns minutos, sua vida seguia em sua normalidade medíocre, e agora a visão de seu avô ─ deuses, era mesmo o seu avô ─ sentado ao seu lado quando pensou a vida inteira que estava morto mudava tudo. Ok, talvez não tudo; não curava os anos de trauma e luto que enfrentou, sua solidão auto imposta e toda a bagagem que carregava, mas aquilo significava que o sangue que corria por suas veias não era solitário. Havia mais alguém ali.
Por fim assentiu para as palavras dele; era bom saber que não receberia dali pressão alguma para ser qualquer coisa além do que já era. "É bom saber disso. Porque eu sou uma bruxa sem coven, e algumas das minhas práticas deixariam minha avó e mãe de cabelo em pé. Eu também não sou a pessoa mais doce do mundo, algumas pessoas provavelmente diriam que eu sou o contrário..." Acabou por dar de ombros, mas prendeu os olhos no avô por uns segundos. Por fim, se levantou e pendurou na porta a plaquinha que indicava que a loja estava fechada. "Eu tenho um andar secreto na loja, é onde eu reformo os livros. Nós podermos ir para lá e conversar. Acho que temos muita coisa para dizer." Aquilo era o máximo que podia oferecer no momento: uma chance para ambos finalmente se conhecerem.
ENCERRADO
Flashback
Kemet permaneceu ajoelhado, enquanto processava as palavras de Gaea. Sua respiração era irregular, marcada pelo esforço de conter as emoções que haviam transbordado de forma tão intensa. Ele ouviu cada palavra dela, sentindo como se cada frase fosse uma lâmina que cortava fundo, mas também trazia um estranho alívio — uma aceitação compartilhada da dor que ambos carregavam. Quando ela se sentou ao seu lado, ele ergueu os olhos para encará-la, agora com uma expressão mais controlada, embora o brilho das lágrimas ainda estivesse presente. Ele respirou fundo, sua voz ainda carregada pelo peso do momento. "Eu sei que não sou capaz de mudar o passado, Gaea," disse ele, com um tom grave, mas mais calmo. "Mas isso não torna a dor mais fácil de suportar. Não diminui a culpa, o arrependimento. Saber que poderia ter tentado... e não estava lá." Ele pausou, seus olhos fixos no horizonte antes de voltar para ela, observando a jovem que havia carregado tanto peso por tanto tempo. "Você diz que não é como ela, que não é boa como Rowena... mas não estou procurando sua bondade, Gaea." Ele deu um leve sorriso, embora houvesse mais melancolia do que alegria em sua expressão. "Não espero que você seja como ela. Estou apenas... tentando conhecê-la. Por quem você é."
Kemet endireitou um pouco a postura, apoiando os braços sobre os joelhos enquanto fitava o chão à sua frente. "E se há algo que vejo em você, é força. Talvez uma força que veio à custa de muito sofrimento, mas ainda assim, é uma força que merece reconhecimento." Ele virou a cabeça para encará-la novamente, o tom da voz suavizando. "Você pode não ser como Rowena. Mas isso não significa que você seja menos importante." Depois de um longo momento, ele acrescentou, quase como um desabafo: "A vida foi injusta com você, assim como foi com toda sua... nossa família. Talvez seja por isso que estamos aqui agora." Respirou fundo novamente, antes de continuar. "E não estou aqui para julgar bondade, principalmente depois de tudo que fiz."
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lonerwitc-h · 8 months ago
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FLASHBACK - Baile das Trevas
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Gaea gravou cada mínimo detalhe daquele momento na memória; já sabia de antemão que reviveria aquilo algumas muitas vezes depois que acabasse. Sentiu o perfume da outra, roçou os dedos pelo tecido das roupas alheias para que reconhecesse a textura, acariciou o maxilar anguloso com a ponta do nariz, analisando ─ quase como se medisse o peso daquele momento nas mãos. Não respondeu mais, ao menos não com palavras; ela sabia se comunicar de outras formas, como as mãos firmes na cintura de Marisol e os beijos suaves pela pele do pescoço, os lábios subindo pelo maxilar e se prendendo no lábio inferior alheio, sugando de leve. Poderia provocá-la por mais tempo se já não estivesse ansiando para beijá-la, portando soltou um suspiro pesado e juntou os lábios aos dela, finalmente, em um beijo que já começou ansioso. Tinha que ficar na ponta dos pés para beijá-la, o que seria incômodo se ela se importasse, se qualquer coisa importasse mais do que beijar Marisol naquele momento.
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[flashback]
A proximidade repentina da bruxa exigiu o restante do seu autocontrole para que continuasse onde estava, as pontas dos seus dedos coçando com o desejo pelo toque. Não fossem os sussurros de Gaea trazendo a perspectiva de um tempo a sós longe de tantos olhares, Rosa teria provavelmente cedido à sua impulsividade. Como estavam, ela estava contente em entrelaçar os dedos aos dela enquanto seguia a mais baixa pelo salão, desviando de celebrações por apostas bem sucedidas e outros proveitos da festa. Marisol aproveitou esse momento para apreciar a fantasia da outra, sorrindo com a familiaridade da primeira vez que assistiu ao filme com um grupo de amigos em uma noite do pijama há muitos anos atrás. Enquanto que Gaea não era uma réplica exata da sua primeira crush - Deus, ela nunca ia esquecer da visão de Megan Fox naquele filme - os olhares, a sugestão de magia na ponta dos seus dedos e o timbre delicioso da sua voz traziam uma realidade mais doce que a fantasia da sua juventude conseguiria produzir.
Uma vez que estavam sozinhas, e se aproximando novamente da mulher, sem muitas palavras além de um sorriso, ela deixou os olhos passearem pela fantasia da outra antes de pararem nas íris azuis. "Engraçado. Eu não lembro da gente estar conversando."
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lonerwitc-h · 8 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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A perspectiva de que aqueles humanos estavam começando a perseguir outras criaturas tirava Gaea do sério. Ela nunca fez distinção entre espécies; a maioria dos seres lhe tirava do sério, independente de quem eram, e seus poucos amigos também foram feitos sem nenhuma distinção. Ela não conseguia entender por que pensariam que uma caça estava sendo feita a humanos àquela altura do campeonato. "Isso é absurdo. Se alguém vier me encher o saco por causa disso me acusando de coisas sem fundamento, vou lançar uma maldição na fuça da pessoa, não quero nem saber." Vladislav a conhecia bem o suficiente para saber que ela não estava brincando. Arregalou os olhos para o comentário dele, como se peças começassem a se encaixar dentro da sua cabeça. "É claro que sim! O baile estava lotado de soldados, é impossível que uma coisa daquelas acontecesse sem que nenhum deles percebesse. Vlad, você é um gênio."
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Se  alguém  dissesse  para  Vlad,  quando  ele  chegou  em  Arcanum,  que  um  dia  se  preocuparia  com  uma  bruxa,  ele  riria.  Mas  lá  estava  ele  como  um  cão  de  guarda  de  uma  bruxinha,  e  apreciando  também  o  fato  de  que  o  sentimento  era  mútuo.  Pensava  em  como  as  coisas  podiam  tomar  rumos  tão  inesperados,  especialmente  quando  se  tem  quase  seiscentos  anos.  "Não  tenho  dúvidas  de  que  estão  revistando  qualquer  criatura  pela  frente."  Revirou  os  olhos.  "Eu  nem  conhecia  aquelas  pessoas,  pra  começo  de  conversa.  E  não  seria  tão  clichê."  Tentou  brincar  para  a  acalmar.  "São  humanos  com  necessidade  de  poder.  E  como  não  são  como  nós,  se  aproveitam  do  poder  imaginário  que  deram  à  eles.  Mas  está  tudo  bem,  Gaea,  não  vai  demorar  para  que  alguém  aponte  que  a  única  forma  de  alguém  entrar  naquele  casino  com  cabeças  sem  ser  parado  pelos  soldados,  é  se  este  alguém  também  fosse  um  soldado.  Não  acha?"
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lonerwitc-h · 8 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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Gaea ergueu as sobrancelhas com o miado perfeito que a outra soltou, apesar de saber que aquilo era muito mais provável ser proveniente de magia do que do livro à sua frente. Como se houvesse sido chamado, Crowley, o gato preto que era seu familiar desde a adolescência, saiu de dentre as estantes e parou em frente a Ozzy, curioso. "Seu miado foi tão perfeito que chamou a atenção do mal-humorado aí, estou surpresa. Tudo bem que ele sempre sabe o que estou pensando, mas bem que seria útil poder falar com ele...", comentou de forma pensativa enquanto encarava o livro. Soltou um riso surpreso ao ver o segundo, incapaz de esconder a incredulidade. "Ozzy, como você encontra essas coisas? Eu nunca vi esse tipo de livro por aqui, e olha que eu trabalho com isso!"
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Ozzy assentiu ouvindo a preocupação de Gaea, "Sim, sim... Eu entendo o sentimento, confia, Arcanum é um lugar de ciclos" disse confortando-a com um sorriso gentil. Riu com a pergunta de Gaea e pigarreou, o tom de sua voz mudando para algo bem mais agudo, "Miau, miau" disse com um miado perfeito e piscou voltando para sua voz normal, "Sim, é bem útil até, ficaria chocada com o que os gatos sabem" completou antes de enfiar a mão dentro da bolsa e retirar outro livro de capa preta e detalhes prata chamado "Latindo com Propriedade: A língua do cão, Autor Desconhecido" e o entregar para Gaea, "Dá para fazer um combo".
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lonerwitc-h · 8 months ago
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FLASHBACK - Antes do Evento de Natal
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Ver a reação visceral de Kemet ao saber do destino de sua avó abriu uma ferida que Gaea gostava de mentir para si mesma que estava fechada: não havia sido essa a exata reação que ela havia tido quando descobriu que sua avó havia morrido? Era como se visse onze anos atrás, caída de joelhos no chão do hospital de Arcanum, o rosto coberto pelas mãos enquanto chorava copiosamente. Era como se aquele desconhecido fosse um espelho seu, como se pudesse através dele ter uma visão do passado. E que visão dolorosa aquela era. "Não sei se poderia", respondeu. Não era boa em consolo, mas aquilo era algo triste de ver. "Muitos tentaram. Médicos competentes, bruxas poderosas. Nada parecia capaz de impedir aquele câncer de crescer dentro dela."
Ela sabia, mais do que ninguém, que pensar no que poderia ter acontecido era contraproducente. Ninguém era capaz de retornar ao passado e mudar as coisas; e, mesmo que isso fosse possível, não havia garantia de que algo pudesse ter salvado Rowena. Respirou fundo e se aproximou dele. Ignorou a mão estendida, mas se sentou ao seu lado no chão, abraçando os joelhos contra o próprio corpo. "Nascemos sozinhos, morremos sozinhos. Eu só tive que aprender isso um pouco antes da maioria das pessoas." Nunca havia sido fã da sociedade no geral, mas após ter que enfrentar tudo o que enfrentou, seu desgosto pelos outros havia aumentado exponencialmente. Olhou para ele com o canto do olho. "Acho que tenho que dizer... não sou como ela. Sei que pareço com ela, mas... não sou boa como a minha avó. Se está esperando por isso, vai ficar desapontado."
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Kemet ficou em silêncio por um longo momento, as palavras de Gaea ecoando em sua mente como golpes de um martelo em uma superfície frágil. A menção de Rowena ─ a mulher que ele havia amado, protegido e perdido ─ sucumbindo a algo tão cruel e mundano quanto o câncer parecia uma piada de mau gosto do destino. Ele tentou falar, mas as palavras falharam, sendo substituídas pelo peso crescente em seu peito e a queimação que subia até seus olhos. Ele sentiu o corpo ceder, as pernas fraquejando enquanto ele caía de joelhos no chão, as mãos tremendo enquanto cobriam o rosto. Lágrimas escaparam, lentas no início, mas logo se tornaram um choro silencioso e profundo, carregado de uma dor tão antiga quanto a própria imortalidade. Quando finalmente conseguiu falar, sua voz era um sussurro rouco, entrecortado pelo peso das emoções. "Eu... se eu estivesse por perto, eu poderia tê-la salvado, Gaea. Eu... poderia ter curado Rowena."
Ele ergueu o rosto, os olhos vermelhos e brilhantes de lágrimas, encontrando os dela. O peso da culpa e do arrependimento marcava cada linha de seu rosto. "Eu teria encontrado uma maneira. Sempre havia um jeito. Sempre." Ele fechou os olhos, tentando reunir forças, mas as memórias vieram como uma avalanche: Rowena fugindo, protegendo Thalia; ele, ficando para trás, lutando contra monstros que pareciam insignificantes em comparação ao verdadeiro inimigo que lhe tirara ambas. Quando abriu os olhos novamente, sua expressão era uma mistura de dor e determinação. "Você nunca deveria ter carregado tudo isso sozinha." Ele estendeu uma mão para ela, como se a convidasse para uma trégua naquela tensão entre os dois. "Você é uma Millard, Gaea, mas também é mais do que isso. É forte. E, agora que sei quem você é… você não está mais sozinha nisso." Ele precisava ser algo pra ela, mas não sabia como atravessar as barreiras, principalmente não naquele momento.
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lonerwitc-h · 8 months ago
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Imaginar sua avó fugindo pelo mundo com uma criança pequena, temendo a morte de seu bebê era algo que criava um buraco em seu peito. Tudo aquilo, porém, trazia mais e mais dúvidas ─ híbridos? Seria sua mãe uma híbrida? Como ela nunca havia sabido disso? E o que aquilo tornava ela? Ela era uma bruxa, sabia disso, nunca havia sentido desejo algum de beber sangue nem visto nenhum sintoma de algo diferente em si ─ como nunca havia visto nada do tipo em sua própria mãe? "Ok, eu tenho muitas perguntas. Eu só... não consigo formular nenhuma delas nesse exato momento. É muita coisa para processar." Queria um copo de uísque naquele momento, sua garganta praticamente ardia por isso ─ mas se entregar ao álcool teria que esperar um pouco.
Gaea não sabia como contar para ele ─ nunca havia tido muito tato ao lidar com situações sensíveis, e não era naquele momento que o desenvolveria. "Vovó morreu de câncer há uns onze anos", disse simplesmente. "Ninguém conseguiu parar a doença, ela sofreu por dois anos e depois se foi. Dias depois, minha mãe desapareceu. Deve estar morta também, mas nunca encontraram um corpo, ou o culpado." Suas mãos se fecharam em punhos enquanto ela falava ─ nunca aceitaria o que aconteceu enquanto não tivesse respostas. Respirou fundo, então, e olhou para ele. "Agora sou só eu. A última Millard."
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Kemet desviou o olhar por um momento, como se as lembranças fossem tão vivas que precisasse lutar contra elas. Respirou fundo antes de voltar a encarar Gaea, o peso das escolhas refletindo em sua expressão. Ele mediu as palavras com cuidado, sua voz carregada de algo entre dor e resignação. "Foi uma escolha... necessária. Rowena e sua mãe fugiram para sobreviver, e eu fiquei para trás para garantir que tivessem uma chance. Era o único caminho. Naquele tempo, fomos caçados por uma seita obcecada em erradicar híbridos, famílias inteiras. Elas sabiam que, se eu fosse com elas, seríamos encontrados. Então, eu fiquei." Ele fez uma pausa, a voz ficando mais baixa, quase como se falasse consigo mesmo. "Por anos, a única coisa que me restou foi a vingança. Aqueles que ousaram persegui-las... nenhum sobreviveu. Mas nunca soube para onde foram. Nunca soube se estavam seguras. E, por mais que procurasse sinais, tudo que encontrei foi silêncio."
Kemet deu um passo hesitante na direção de Gaea, mas parou, respeitando a distância que ela claramente desejava. "Nunca soube mais nada delas, desde então. Eu... me tornei um fantasma do passado delas. Talvez fosse mais fácil para Rowena acreditar que eu realmente havia morrido. Mais fácil viver assim." Ele inclinou a cabeça, seus olhos escurecendo com uma curiosidade silenciosa. "Aconteceu algo com elas?" Kemet semicerrou os olhos, tentando entender mais aquelas questões. A verdade era que não fazia ideia do que estava sentindo, do que passava em seu corpo desde o instante que cruzou o olhar com Gaea.
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lonerwitc-h · 8 months ago
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"Eu realmente espero que seja o caso, me mudei recentemente e estou cheia de contas para pagar por causa disso. As poções e as leituras de tarô até que ajudam na renda, mas o que põe comida na minha mesa é essa loja aqui." Ozzy deveria entender aquilo também, ela tendo o seu próprio negócio, mas Gaea estava sozinha no mundo ─ não tão sozinha agora com Maryland como colega de apartamento, mas ainda assim ─ e ela realmente precisava que os negócios continuassem a fluir. Gaea ergueu uma sobrancelha ao olhar o exemplar à sua frente. Pegou o livro em mãos, folheou o exemplar meio sem saber o que dizer e voltou os olhos para Ozzy. "O livro está em bom estado, consigo pagar relativamente bem por ele, mas tenho que perguntar por pura curiosidade ─ você testou? Dá pra falar com gatos mesmo?"
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"Não se preocupe, querida, as pessoas continuam meio nervosas com toda aquela coisa do baile e etc, logo voltaremos a nossa anormal normalidade e os livros voltarão a ser nossa distração do tédio" brincou enquanto colocava a bolsa em seu ombro em cima da mesa, "Falando em livros, trouxe alguns exemplares para você, tem interesse?", perguntou enquanto abria a bolsa que embora parecesse apenas uma bolsa de couro comum, em seu interior era totalmente escuro como breu, até o momento que Ozzy colocou sua mão e retirou da escuridão um livro de capa branca e detalhes dourados chamado "Como falar gatês: Os princípios essenciais da língua dos gatos, de Alexandra Sellers".
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