limlotus
Lotus
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Dionysus' daughter
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limlotus · 4 years ago
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A segunda garrafa de vinho estava pela metade quando a primeira chuva de estrelas cortou o céu, fazendo um verdadeiro espetáculo pela varanda do seu quarto. Se manteve cética, apesar de ter suas memórias de volta, eram muitos anos vivendo de forma humana. Desacreditada de toda a magia.
Após uma olhada ou duas na timeline, ela começava a ver pessoas falando que seus pedidos tinham sido atendidos. Mas... O que ela poderia pedir? Tinha riqueza, não tinha vícios, estava em casa, tinha suas memórias de volta. Só havia uma única coisa que ela não tinha, que nunca teve, na verdade... E levando em consideração os poderes de filhos de Hades...
- Eu gostaria de ter algum tempo com a minha mãe...
Foi o que ela pediu meia hora mais tarde, na segunda chuva de estrelas cadentes, enquanto terminava seu vinho. Louie dormia em seu colo de forma pesada, os dedos de May ainda brincavam em seus pêlos macios. A taça se apoiava na mesinha de madeira, o que era uma imensa sorte pra ela e para a taça, pois um segundo a mais e teria se espatifado no chão.
"Lotus...?"
A mulher gelava com o som da voz feminina. Devagar, ela virava a poltrona onde estava sentada, até poder ver de onde vinha a voz. Ela... Se parecia consigo. Muito, levando em consideração que estava eternamente na forma que havia partido daquele mundo. A mulher se aproximava de si, e incrivelmente, era quente ao tocar seu rosto.
"Minha menina, você cresceu tão bem..."
Soluçou. Sentindo as lágrimas tomarem seu rosto como uma cachoeira violenta. Como uma barreira que se rompe, liberando tudo que estava guardado. Eram muitos anos sem uma mãe. Eram muitos anos sozinha. E quando teve forças pra tirar Louie de seu colo, May caiu de joelhos, abraçando as pernas da coreana na sua frente. Por tudo que houvesse de mais sagrado, ela não queria que a mãe fosse embora ainda.
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limlotus · 4 years ago
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Are we old yet?
Olympus, 16 de agosto de 2020.
Quando acordou, o colega com quem havia passado a noite anterior fumando maconha já tinha ido embora, deixando-a sozinha no quarto espaçoso e arejado. Não era uma reclamação, é claro. Gostava da relação deles, de como se sentiam confortáveis um com o outro e ainda assim, ela não se sentia emocionalmente presa a ele. Levando em considerações as últimas vezes as quais tinha se apegado a alguém, aquilo era realmente ótimo. Não tinha psicológico para perder alguém novamente, fosse amigo ou algo mais.
A chinesa, que de chinesa mesmo só tinha o nome e o nascimento em solo daquele país, mas estava mais para coreana, seguia com o seu domingo típico. Abriu o primeiro vinho do dia, entornou uma taça, e colocou a banheira para encher com seus sais de banho preferidos. Enquanto enchia e a espuma se formava, a modelo preparava um macarrão instantâneo apimentado e o enchia de queijo, comendo-o enquanto ouvia Bohnes tocar em bom tom em sua caixa de som. Prince pedia ração e a ganhava junto de um afago na cabeça. Louie não precisava pedir, mas também ganhava, e acabava sendo apanhado e tendo o fucinho beijado ao sair da toca. 
Os filhos alimentados, ela podia seguir para seu banho junto do seu vinho. O corpo se acomodava na água quentinha, e por alguns minutos, apenas esvaziava a garrafa enquanto as borbulhas massageavam suas costas. Com o vidro vazio, ela podia de fato relaxar, e sem se dar conta, adormeceu em meio as bolhas, espumas e cheiros doces.
Não era tão anormal, dormir na banheira. Ao menos, não para si. Acordar com uns 70 anos, contudo... O grito saiu muito mais baixo que o normal, e a garota não conseguia desviar os olhos do espelho. Estava horrorosa. O corpo que ela tanto se orgulhava e exibia, enrugado e murcho. Manchas na pele que outrora havia sido lisinha como creme, os fios lisos encrespando junto aos grisalhos.
Revoltos, disformes. Ao menos não se sentia cansada ou dolorida, provavelmente graças a vida ativa que ela levava, mas... Era horrível. Não conseguia aceitar a ideia de que estaria daquela forma em menos de 50 anos. Maylin apanhou o seu conjunto de moletom mais folgado e tampado, revoltada enquanto se sentava junto dos seus filhos peludos e olhava a timeline. Estava tudo um verdadeiro caos, e ela não era a única com a idade errada. Nem vontade de beber não tinha, se parasse pra pensar. Estava quase indo tirar um cochilo quando recebeu uma mensagem de Saint pedindo pra que ela abrisse a porta pra ele.
A filha de Dionísio seguiu pro quarto do colega de dormitório mais depressa do que esperava pra uma mulher idosa, mas quando viu a versão criança do garoto, não se aguentou. Era fofo, e ela afagava os fios dele com carinho, enquanto ele chorava assustado. Se fosse totalmente franca, Saint se parecia com aquilo pra si em 90% do tempo. Uma criança assustada, precisando apenas de alguém que lhe oferecesse um doce, colo ou apenas... Atenção.
“Eu quero andar a cavalo”.
A vozinha dele lhe aquecia o coração e ela concordava, apanhando a palma pequena dele pra caminhar junto dele até o estábulo. Faria as vontades dele, e cuidaria dele, já que aparentemente era a única coisa útil que ela poderia fazer naquele momento. Ao manos alguma criança ficaria feliz naquele dia tão caótico.
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limlotus · 4 years ago
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Psyche class with Gael
Olympus, 12 de agosto de 2020.
Maylin estava extremamente ansiosa, apesar da dor de cabeça leve que sentia. O motivo era bem simples: Gael, seu irmão mais velho, seria sua dupla. E por mais que não fosse de demonstrar mil amores facilmente, não podia mentir que tinha um enorme carinho, desde que o conhecera. Depois do fim de semana juntos em Londres, contudo, tal carinho havia se intensificado, fazendo-a confiar nele como de fato família.
Haviam escolhido pegar o cinto de Hipólita, e numa situação normal, ela nunca teria chego perto de um acampamentos de amazonas. Muito menos peitaria a rainha delas, porque francamente, quem tem cu, tem medo. Mas ela era uma fodendo semideusa. E se ela já tinha feito loucuras sem saber disso, na vida real... O que era uma simulação, tendo o irmão ao seu lado?
A sala de treino sumia, pra dar lugar ao acampamento militar grego, repleto de tendas alinhadas quase metodicamente. Uma fogueira, armamentos à mão. E as mulheres... Ok, Lotus não era um exemplo de altura com seus 1.55m, mas... Aquelas mulheres tinham o que? Um e oitenta de altura? Elas beiravam a altura do irmão, e pode jurar que algumas até passavam dele. Apesar disso, não esperou sequer que a primeira alcançasse uma espada antes de pigarrear. Haviam planejado tudo, e ela esperava imensamente que funcionasse.
Seu poder era simples: ela tinha o dom da narrativa. Ela falava, e falava, e falava... E as pessoas acreditavam. Ela não podia parar de falar por mais do que alguns segundos, ou o poder se dissipava? Sim. Mas a intenção era justamente não parar, até ter o cinto em mãos.
– Olá, todas vocês! Eu vim em paz, olha só, não tem como esconder uma arma nessa roupa. – Ela erguia as palmas enquanto falava e dava uma voltinha, fazendo o vestido rodar. – Vocês estão sérias né... Mas eu entendo. Deve dar muito trabalho ser uma amazona. E lidar com homens então? Pfft... Eles são um bando de saco de bosta, não são? Mas esse aqui é meu irmão. Ele é muuuito boa gente, na verdade. Um anjo. E ele faz uns truques bem legais, querem ver? Me passa aquele caneco ali. Isso, você mesma.
Lotus induzia a situação de forma que as mulheres se dividiam entre trocar olhares confusos com suas colegas, e olharem curiosas pra si. O caneco que ela solicitava chegava vazio nas suas mãos, passavam pras de Gael, e num segundo o líquido rubro enchia o recipiente junto do seu cheiro doce. 
– Vocês não vão beber algo que uma estranha deu, é claro, por isso eu mesma vou provar. – E assim, ela o fazia, causado murmurinhos espantados e admirados das mulheres ali. Enviados dos Deuses, elas diziam. Ou talvez uma armadilha? – Eu daria pro meu irmão beber, mas... É a maldição dele. Ele não pode beber o que ele cria, ou algo muito ruim acontece com ele. E eu não quero machucar meu irmão, como não quero machucar vocês. Na verdade, e só vim divertir vocês. Vamos, me passem esses canecos vazios, isso aqui tá muito triste.
Em questão de segundos, um caneco atrás do outro chegava até eles, e após provar um gole toda vez, ela passava pras amazonas, elogiando ou comentando uma baboseira em meio aos seus atos. “Você é tão bonita!”, “Eu adoraria que me ensinasse a lutar, depois!”, “Claro, eu posso usar as tintas do meu rosto no seu!” Em instantes, todas bebiam e riam com Lotus e o brasileiro, que se olhavam numa cumplicidade silenciosa, até que ela enfim fez o seu xeque mate.
– Por favor... Eu não poderia ver Hipólita? Sendo sincera, eu gosto muito dela, é uma inspiração e eu adoraria fazê-la rir um pouco, quem sabe ela não me deixa ficar por aqui permanentemente?!
Era incrível como não haviam hesitações das amazonas nessa altura. Todas se mostravam totalmente abertas aquela ideia, concordando quase de maneira eufórica. May e Gael caminhavam para a tenda mais afastada e protegida, e fosse justa... Sua garganta já arranhava e sua boca parecia secar mesmo que mantivesse ela molhada com o vinho. Falar tanto, sem parar mal pra respirar, cansava. Apesar disso, sabia que o irmão também estava se esforçando ao sumonar tanta bebibda, e ainda faria mais pra escaparem dali.
Hipolita era... Linda. Era ridículo definir a Rainha das Amazonas como linda, ela sabia... Mas a mulher gigantesca, a armadura com couro, a cascata de cachos dourados e rebeldes... Era uma figura de impor respeito, admiração, encanto. Tudo junto. E May precisou respirar fundo antes de se sentar perante a mulher, apresentando-se e deixando que o próprio irmão o fizesse. Estavam rodeados do lado de fora da tenda, ela sabia, mas também sabia que continuava sendo ouvida e por isso continuava tagarelando.
Dez? Talvez quinze minutos, abastecendo a taça de ferro da Rainha com o vinho mais doce, que se mostrava gentil e compadecida da “maldição” de Gael ao lhe oferecer água fresca da fonte mais próxima. Os três bebiam e conversavam sobre trivialidades, sobre desgostos em comum, a admiração sobre aquele conjunto de mulheres. May estava no auge do seu discurso bajulador quando soltou a frase mais importante, e mais temida. 
– Sabe... Tem algo que eu sempre quis, emprestado, é claro... O seu cinto. Não costumam me respeitar, pelo meu tamanho, sabe? É tão frustrante... 
Por um momento acreditou que o caos ocorreria ali naquele instante, mas a mulher amoleceu o olhar, de uma forma que beirava o estranho pra figura tão forte, e não fez nada além de soltar o cinturão de sua cintura e entregar à filha de Dionisio, que o fechou na própria cintura com um sorriso no rosto. 
– Gael... 
O olhar trocado entre eles era o suficiente. Num segundo, a Rainha diante deles começava a dançar com uma expressão confusa. Os dois se afastavam e forma ainda tensa, e ao sair da tenda, se deparavam com aquela verdadeira festa de mulheres que dançavam umas com as outras, como num festival que levantava a terra e bagunçava tudo. Eles não hesitaram antes de correr, e a ilusão enfim se desfez, pra que Lotus pudesse pular e abraçar o irmão com força. 
– A gente fez uma dupla incrível! Você é incrível, irmãozão.
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