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Insônia

Aconteceu de repente, não consigo me lembrar quando comecei a não dormir a noite. Fiquei alguns anos sem tomar remédio e percebi que as noites são muito bonitas e me dão um ar de mistério.

Em quanto tudo está escuro e quando ouço só meus pensamentos sinto que posso ser uma pessoa normal.

Mas nem tudo é flores. Percebi que a voz do meu pensamento começou a me incomodar e eu já não queria ouvi-la. Comecei a me revirar na cama e a me sentir incomodada, nada está bom e as noites de misteriosas se tornou cansativa, eu já não queria mais ter esses sentimentos desencontrados.

Comecei a ligar o som baixinhos com sons que pudessem me acalmar. E surtiu efeito por um período de tempo. O que posso fazer?

Decidi fazer meditação mais músicas calmas e o processo se repetiu. Ninguém consegue ver o quão cansada eu estou. Eu não tinha sono e para piorar comecei a ter crises fortes de Pânico e eu percebi que teria que tomar remédios.

Começou com meio, um comprimido depois dois comprimidos para dormir. E eles foram o que me ajudaram. Até em que momento?

Não sei, vou esperar pra ver.

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Equivocada

Já se passara uma semana desde que continuo sentindo esses olhares. Eu sei que não deveria me iludir assim, mas está muito óbvio.

Ronald é o nosso editor-chefe e ele é muito bom no que faz. Comecei a trabalhar numa editora há três anos e ele já havia chegado a essa posição fazia mais tempo. As meninas do trabalho obviamente babam nele. Mas o que elas não sabem é que a atenção dele é, secretamente, para mim.

Tento disfarçar, mas não consigo tirar o sorriso do rosto.

O dia passa, e sinto os olhares persistentes de Ronald. Ele sempre parece estar por perto, observando cada movimento meu. Cada vez mais, me pego perdendo o foco no trabalho, pensando no que poderia significar toda essa atenção. À medida que as horas passam, minha mente se enche de pensamentos confusos. Será que estou interpretando tudo errado? Será que ele realmente está interessado em mim? Ou será apenas minha imaginação trabalhando horas extras?

Decido confrontar meus próprios sentimentos e, com o coração acelerado, decido abordar Ronald no final do expediente. Mas, conforme me aproximo dele, uma sensação de dúvida e medo começa a crescer dentro de mim. E se eu estiver completamente enganada? Com um último suspiro de coragem, finalmente chego perto o suficiente para falar com ele. Mas, antes que eu possa dizer uma palavra, Ronald sorri gentilmente e me entrega um envelope. "Isso é para você", ele diz, "queria uma oportunidade para te dar por que só faltou pra você" logo se afastou, deixando-me ali, parada e perplexa. Com mãos trêmulas, abro o envelope e encontro dentro dele um convite para a festa de noivado que ocorrerá naquele sabado.

Fiquei encarando o convite por uns segundos. E é nesse momento que a verdade finalmente se instala em minha mente. Talvez eu tenha sido enganada o tempo todo. Talvez toda essa atenção e olhares não significassem nada além do que pareciam: cortesia profissional.

Enquanto guardo o convite no bolso, uma sensação de constrangimento e desapontamento toma conta de mim. Mas, apesar disso, uma pequena parte de mim ainda se agarra à esperança de que, talvez, um dia, os olhares de Ronald possam significar algo mais.