interrogacaolnb
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interrogacaolnb · 5 months ago
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A arte de se interrogar Pt.1
Eu achei que sabia quem eu era.
Esse sentimento é tão... estranho.
Quando eu era mais nova, achava que eu só seria completa se eu estivesse com um menino do lado. Lembro que com apenas 4 anos de idade eu já tinha "namoradinho" na escola, e isso talvez até tenha sido invenção das minhas "tias" da escolinha. Aí eu cresci e vi um menino muito fofo na minha escola nova (dessa vez eu tinha uns 7 anos), e lembro até hoje que os meninos eram muito separados das meninas, e eu queria jogar futebol com ele, mas não deixavam, mas eu fiz amizade e, de novo, falaram que eu estava com "namoradinho", e com isso eu conseguia me enturmar com eles.
Fui crescendo e o tempo todo me perguntavam de quem eu estava gostando. Por todas as escolas que passei isso aconteceu. E eu cheguei a amar de verdade quem hoje é meu melhor amigo da vida.
O problema começou quando, no 6° ano, eu comecei a assistir séries que obviamente não eram para minha idade, mas ninguém me vigiava então eu assistia. Nessas séries começaram a aparecer as mulheres que curtiam mulheres, e eu comecei a me questionar. Na minha cabeça já não fazia mais sentido ter o personagem masculino que era meu "crush", mas a feminina tinha.
Criei amor platônico pela maioria. Pra mim fazia muito mais sentido querer namorar a Cheryl ou a Toni do que o Jughead (Riverdale). Mas a primeira de todas as minhas paixões foi a Cossima (Orphan Black). PQP QUE PERFEIÇÃO.
Eu só percebi o que estava acontecendo comigo no começo do 7°, quando eu defendi a comunidade e falei que era bi (sem nunca ter me questionado sobre isso, mas eu falei mesmo assim pra uma menina super homofóbica. Plot: ela se descobriu bi na pandemia).
Depois disso eu só aceitei que eu gostava de meninas e que eu estava meio apaixonadinha pela minha amiga.
O tempo passou e eu acabei me apaixonando pela irmã do noivo da minha prima (muito específico). Aí chegou pandemia, descobri que ela não queria literalmente nada comigo, sofri e aí passou.
Só que aí é que tá: PANDEMIA, um monstro.
Nessa época eu me questionei muito. Identidade de gênero, sexualidade, carreira, se eu queria tomar café pela milésima vez no dia, ou se eu preferia tomar um cházinho pra conseguir ter sono em algum momento da madrugada etc.
Foi aí que minha sexualidade se tornou um problema para mim mesma. Eu tinha certeza absoluta que eu gostava de mulher, mas será que eu gostava de homem? Naquele ano, no carnaval, eu tinha tido meu primeiro beijo. Uma menina linda de olhos azul com verde me beijou e eu fiquei encantada. Tipo, eu deveria sentir aquilo tão forte por uma menina? Poucas semanas depois eu beijei um menino pela primeira vez, e não foi nada de incrível...
Mesmo com o beijo do menino não sendo bom, eu persisti. Mas durante a pandemia eu percebi que garotos não tinham 1/3 da graça que uma menina tinha. Aí pronto, sou lésbica. Afirmei isso com todas as palavras. Foi assim até junho de 2021, quando eu conheci um menino todo esquisito e a gente se beijou. Eu criei uma obsessão por ele. Queria ele mais do que tudo.
Ele era um escroto.
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