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depois de tanto tempo (pra mim) estava exausta das minhas personagens, suas vidas, aventuradas entrelinhas: tudo aquilo e suas raízes profundas, ao ponto de destruir calçadas, em único lugar de existência na minha cabeça, nem nos sete buracos dela eu era capaz de pronunciar os desejos mais fortes que elas tinham em me possuir: me tragar com uma fumaça translúcida azul clara ; ou simplesmente me atender num exercício que pela impressão do outro é um jeito de sonhar estranho. Nem seus nomes que para algumas nem inventei gostaria de entalhar nessa realidade, não as mato, mas na floresta densa da montanha mais alta e curiosa da cidade jogo elas num tabuleiro que assando em forno de lenha pode queima-las se não forem espertas ou um pouco inteligentes a teimosia dá persistência do coração do portal circular que não amadurece suficiente em alguns vinte anos
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“Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.”
— Clarice Lispector.
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,na gira eu imagino, o por quê de pra tudo nesse mundo ter máquina, pra limpar o fundo do navio: mas não tem pra me deixar bem, senão um pouco feliz: complexo: completamente até que eu esqueça (mas é importante lembrar
que inventem uma máquina sem fio, eletricidade ou recursos quaisquer artificiais: uma máquina de sangue, de pelos e pele : com luz;
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minha criança ficava longos tempos sem comer: em círculos percorridos em casa nada podia aplacar a fome da eternidade, do gosto do portão aberto, da revolta dos mares ou apenas o medo do vento forte (que balançava a topo das árvores ) mas anunciava a mudança, a quebra da jarra domestica
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acordo pra saber do que deixa o gosto na boca: na certeza das regras duras: testamento do que será porque o que foi é material importante pra forro de mesa, mas não enche em suficiente o estômago
jura, que não judia nem faz sacrifício a não ser o gasto, valores e tecidos /
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você é uma brisa fresca, quase vento, que unicamente pela presença: refresca o cansaço quente, é manga no pé; o doce que vira fiapo nos dentes/ Se quiser pedir licença, não venha! tu sabe que vais entrar pelo caminho dos pelos da perna; dos peixes (do que arrepia, dilatado por dentro:
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horizonte possível: pra casa que quero, as árvores à plantar: espécies brasileiras. dedicação aos cuidados em transformação de construir, um lar, dar aconchego ao gozo, a ternura do banho/
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a cor mais funda do gelo é a única coisa que escondo de você, às vezes até de mim ela se esconde atrás da boca, do desejo, da palavra não dita: de tudo ou o mais absoluto nada que você espera silencio e encontro uma respiração ofegante, olhos esbugalhados e um sorriso de canto
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insisto em ser intérprete na crença de ainda não me sentir confortável na composição, na aventura de uma melodia e letra: que em mim são uma incerteza certa do que faz chorar, o coração doer de um jeito que só a natureza da ‘não consideração conhece
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Uma cidade cheia de fumaça pra você atravessar, pra ser ou estar jogando fora o tempo que a ebulição é maior que qualquer sentimento: gravo audio pra saber como funciona esse mecanismo de coragem que nu reflexo têm poderes de espelhos mágicos
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acordo depois das 10:00 por esperar o sol bater na cama, invadir meu quarto e iluminar meus pés embrenhados no que esconde, cobre, uma nudez libertadora que eu tenho certeza absoluta que a solidão me deu: como recompensa pelo abuso, pela flor que contida sem esterco não flori no tempo que esperam, sinto o gosto do costume da minha vontade de estar lá (corrida com celular no bolso)
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coisas especiais e lindas que ganhei de papel vermelho (coração) :
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controlo meu desejo em sentido estrito de qualquer natureza morta e manipulada : comoVulcãoInativo à espera secular de se erupção ou fumaça (química tóxica) aguada/gelada/açude
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meu corpo quente, julgando meu jeito de sorrir escondendo os dentes d”baixo
coleciono meus traumas com móveis, um colchão velho: o sangue da mamãe vai ficar pra sempre
escuto: quero saber dançar na coragem dezoito/vinte e seis e
Merecimento de tantos fios, do que eu puder fazer
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pro destino devo ser corajosa? Ou ainda tenho tempo para amadurecer o suficiente, na justiça da medida do que posso ser: inventar numa dor que vai e vem, tipo brinquedo ou verso repetitivo que não saí da mente e apodrece os dentes, obedecendo uma certeza que não é (e se não é, não sabe a necessidade de fingir,
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quanto de água se gasta pra esquecer alguém? Quanto tempo se leva pra tirar toda areia, tudo que ocupa um lugar indevido (agora) mas na diversão pouco interessava ao incomodo : quantos dias,
quantas porcentagens de vida num punho, num rápido tempo de
um fiapinho de satisfação; prazer ou qualquer coisa que dura? Passa rapidinho !faz dormir mais tranquilo, mas na passada ainda é conveniente à angústia, ao medo
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agua de chuveiro me encharca a cabeça, desafio por gotas de um banho gelado que em tempo se acostuma com o bronze, a areia é salvação: me deixa quieta, responde meu story:::
emoji de coração de cabeça pra baixonãoexiste
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