Eu ainda pretendo um dia publicar um livro, mas eu procrastino demais para isso, então vou fazer um blog para me sentir em 2012
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Em uns três mil anos estaremos mortos.
Sim meu caro leitor, eu sei que acabei de dizer o óbvio, eu acho, nós todos estaremos mortos biológica e provável, socialmente daqui uns milhares de anos. Mas eu digo que eu em especial, vou estar morto daqui três mil anos porque eu não sei quando vou morrer e isso me dá uma gigantesca agonia. Eu já até pensei no porquê disso, será que é a dor da morte? Afinal, por mais pacifica que uma morte pode ser, não parece ser algo agradável, tem até um instinto biológico envolvido em impedir isso (pode continuar sentado aí Freud, não estamos falando de você hoje).
Eu penso que posso morrer dormindo, na verdade é uma meta sabe? Morrer sem nem ter muita ideia de como, acho que é por isso que nós temos hábitos saudáveis (não Sabrina, eu sei que não tenho hábitos saudáveis, por favor, foquemos no sentido generalista e coletivista que estou tentando propor aqui), nós comemos meia dúzia de frutas, uma taça de vinho seco, um pouco de peixe e pronto, você elimina uma caralhada de doenças que podem lhe fazer sofrer que nem um alcoólatra, sem álcool as 2am, sem a porra de uma loja 24 horas na cidade minúscula que ele vive (não sou eu).
Mas ainda assim, você pode cair na roleta de desgraça humana e ter um câncer avulso que está ali porque sim, porque você comeu um amendoim a mais aquele dia e agora ouve mensagens motivacionais ou provavelmente, vai virar uma dessas para um palestrante muito ruim, que pode ser você. Então no final das contas eu teria medo do processo e morrer e não da morte, certo? Claro que não, não pode ser tão simples.
Então por que eu tenho medo de morrer? Por que me dá agonia pensar que daqui a centenas de anos eu não vou estar vivo, que coisas virão e irão..., mas que eu sairei de fininho por uma porta feia nos fundos do teatro merda que é a vida... eu seria um nada perto de toda uma saga milenar de eventos sem proposito e não, eu não sou niilista, eu odeio vocês niilistas, não posso mais ser pessimista e triste sem que me comparem a vocês, saiam daqui.
Só que hoje eu assisti um documentário peruano sobre o oceano e um deserto que a uma outra caralhada de anos foi um oceano também, aparentemente é mainstream entre os oceanos virar um deserto, tipo fazer concurso depois de terminar a faculdade, por essa logica seria o mar morto um jovem triste que cedeu aos caprichos da família? “olha lá, seu primo Ocucaje está indo muito bem como deserto, por que não faz que nem ele”.
Mas ignorando o drama familiar delicado de oceanos e desertos, vamos focar no fato de que, nenhum de nós viu as fossilizadas baleias de Ocucaje nadarem (ou andarem, acham que elas podiam ter tido pernas, que fofo), ninguém que poderia ter visto está vivo (provavelmente pela desidratação, ou não, parando para pensar deve ser insuportável viver perto de um oceano que está virando deserto, tipo um adolescente com 16 anos, já acha que porque tem umas dunas pode voltar depois das 23:00h).
Ninguém vivo agora, vai ver o pacifico morrer e se tornar uma grande terra cheia de fosseis... vamos todos morrer antes de sentir a secura do oceano pacifico e por mais que eu não goste da ideia de uma tartaruga marinha perdendo sua casa... eu sei que muitas outras coisas que eu não vou ver acontecerão até lá.
Eu posso morrer daqui cem anos, mas nunca verei algo que nesse momento estou tentando exemplificar, só que não dá, porque eu não vou ver... provavelmente ninguém de nós vai ver essa tão esperada coisa, que no momento é como o numero zero para os romanos. Mas se por um milagre publicarem meus escritos (ou “digitados”, meu deus, a tecnologia fodeu os termos, não é?), dirão que realmente eu não perdi muita coisa, que esse tal “algo” que eu queria ver tanto foi bem frustrante no final das contas, espero que seja, se eu não vou ver, que seja péssimo e triste.
Então, meu medo de morrer vem do fato de que por mais que eu me esforce para aproveitar toda e qualquer experiencia humana, que por algum motivo possa me trazer uma sensação de completude ou conexão (o que eu não faço), eu não vou experimentar nada... em proporção, não vou tomar um gole da taça de vinho seco que a vida pode ser... não vou nem bebericar...
Me sinto na verdade, falho, pois minha espécie é capaz de criar isso tudo que vemos e um pouco mais, tem essa imensa gama de beleza naturais e tudo mais... e eu não vou ver uma centelha... nem se eu quiser... eu não posso ter de tudo um pouco, nem um pouco de um pouco, na verdade, quase nada. No final, eu sou só um ser humano triste e ambicioso que mal consegue ver as coisas que queria ver... logo, todas as minhas angustias irão cessar, em 20 ou 80 anos talvez, nada que não possa ser esquecido, mas enquanto estou aqui, vou fazer a única coisa eficaz no que se propões, vou reclamar sem o intuito de fazer diferença.
-Fernando (não o Pessoa)
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Acordei cedo
Sai de manhã para caminhar. Eu nunca acordava cedo, não tinha motivos para isso, nesse dia não fora diferente, nem dormir eu fui, então logo não poderia acordar cedo, meu compromisso com a procrastinação estava mantido. A névoa cobria a rua, cobria como um leve cobertor frio que iria para o além, logo nos primeiros raios do sol filha da puta que banhava minha cidade. Essa era nossa marca, verões chuvosos e quentes, junto a invernos secos e ainda mais quentes, não sabemos ter mais de duas estações, acontecem umas flores, mas ninguém sabe muito bem quando, então não dá pra chamar de primavera. Voltando a caminhada, eu odiava caminhar, andar sem sentido de um ponto a outro, vaguear quando eu poderia deitar no chão com o meu gato e admirar sua adorável arrogância. Caminhar deve ser a maior ofensa ao nosso corpo, que fica guardando energia para você jogar no lixo, mas eu tinha que caminhar, estava difícil pensar no quarto e as vezes eu sinto que lá dentro eu não existo, que só há um pedaço físico das minhas vontades, essas que aos poucos também vão sumindo, logo vai sobrar só um corpo vazio de alma, olhando os piscas que paguei uns quinze contos (um roubo eu diria). Só que caminhar não me trouxera a paz de pensamentos novos, só trouxe calor, a porra do calor de novo me fazendo suar como um porco, deveríamos... sei lá, vender esse estado como uma sauna aberta. Por fim, o único pensamento que viera de toda essa tentativa falha de organizar pensamentos, é que... Eu tenho de começar a dormir à noite...
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