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comecei relatando realmente como tinha sido meu dia, repleto dessas coisas, rotina, cansaço, emoções a flor da pele
estudo-clínica-treino-inseguranças-podcast-relação- mãe-cansaço-gui-rotina-inquietação-irritação-estresses-escola-casa-choro
organização clínica-post-instagram-gui-escola-cozinhar-limpar-vender-casa-pedir janta
terapia
depois de relatar tudo como aconteceu, fui sentindo a vontade de chorar mas a vontade de falar sobre era maior
estresse
sensível
lista infinita de coisas
rotina
teia, emaranhado de coisas, tudo vai sendo carregado junto, tudo e todos
lidar com a realidade pode se assemelhar a morte
aline bei e a coreografia do adeus e a relação com os estranhos e o desapontamento
termino a sessão de cabeça fervilhando, mas de um jeito bom, consegui adentrar nesse caótico viver
como pode ser que eu lide de outra forma?
cansaço da rotina
lista infinita de tarefas que não são minhas
maturar a realidade de que as coisas podem não mudar porque as pessoas não conseguem ou não desejam mudar
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hoje, 25 de janeiro
reajuste das sessões de terapia, em fevereiro, terei 3 encontros ao mês.
além disso, comecei falando da rotina, do trabalho da quitanda, de ser um trabalho familiar, e de tentar amenizar as responsabilidades que me colocam por lá.
e chegamos ao tópico trabalho enfim. porque comentei sobre o movimento de estar construindo meu espaço na psicologia.
e as lágrimas estiveram comigo o tempo todo. como se em algum momento eu fosse desmanchar.
a psicologia tem significado muito pra mim. é como voltar pra casa, falei a ela e ela perguntou como é ser psicóloga, com lágrimas, falei de acolher, cuidar, estar atenta.
e falei que além de lembrar dos estágios, esse momento de conversar prestando atenção genuína, de ter o cuidado com as palavras, com as reações da outra pessoa, tudo isso me fortalece. acho que esse movimento de cuidado tem sido isso mesmo, fortalecedor. mas quando estou descansada, pronta para dialogar.
existem momentos outros em que não há disponibilidade minha. e faço o mínimo para conversar.
outro ponto é que quando falo em voltar pra casa, a sensação que dá não é voltar para a casa dos meus pais, ou da minha avó, ou qualquer outra casa, mas sim uma casa que eu tenho construído, com tudo aquilo que mais me importa. a conversa, a escrita, a psicologia, a pessoa com quem me relaciono (e não a casa dele), as minhas amigas e o abraço delas (de quem tanto sinto falta), o treino e a relação com a comida (que tenho tentado construir).
e ela falou que é isso, atravessar e construir aos poucos, aquilo que não abro mão, que me faz muito sentido.
sei que tenho vivido em privilégios, mas reconheço também os custos deles, em saúde mental, em desgaste emocional, em estresse, em noites mal dormidas, em dores na coluna mesmo tendo 26 anos, a dor de cabeça, o mal estar, a falta de fome ou o excesso dela, a vontade de deitar numa rede e apenas observar o horizonte feito eu conseguia quando viajava de ônibus duas horas por dia para ir e voltar da escola em outra cidade.
o caminho não necessariamente são os passos, mas sim o que conseguimos captar com nossos olhos e as mudanças que percorrem por dentro. a sensação de ser atravessada por bons diálogos que acolhem.
é isso. e eu vou de cardio daqui a meia hora pois minha casinha tem precisado de manutenção tem um tempo, e agora estou voltando a ser fiel com esse compromisso do treino. tentando não passar muito tempo adoecida.
19h34
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12 fev 23 19:52
hoje atendi uma ligação pela primeira vez por vídeo de minha avó materna. as primeiras palavras dela foram "você está tão bonita, tão alva" e me atingiu em cheio o quanto que muitas vezes esse processo de embranquecimento passou como sutilezas, elogiando meu cabelo mais liso, ou minha pele mais clara do que a de alguns tios ou parentes. entendendo isso, não coloco culpa na minha mãe ou na minha avó, mulheres brancas, por toda minha insegurança, medos e pela minha falta de carinho pelos meus traços que são negros, o que talvez eu esteja tentando fazer é uma reparação histórica comigo mesma, tentando me dizer que apesar de não ter recebido elogios ou de ter tido figuras importantes que me lembrassem da beleza negra, eu preciso fazer isso por mim e pelas outras crianças que por mim passarem. crianças, jovens, adultos. quando a namorada do meu irmão falou hoje sobre emagrecer, quando meu sobrinho comentou sobre o corpo da minha outra cunhada, sobre estar gorda demais, isso também me atacou. eu não consegui falar sobre como aquilo me afeta diretamente, sobre como já me machucou ouvir essas falas. hoje não senti que fosse comigo, mas de certa forma senti que precisava colocar uma barreira novamente, um limite, mas não consegui. às vezes o que eu vou conseguir fazer é tentar passar um tanto quanto ilesa das situações desastrosas. não quer dizer que doa menos. na hora fiquei pensando numa parte de uma série em que uma mãe fala sobre o filho "se mateo pensar assim daqui a 20 anos terei falhado enquanto mãe" e eu pensei, caramba, não sou mãe, mas também não posso me colocar enquanto pessoa alheia a isso tudo. o que ainda me faz acolher tudo isso e de certa forma me dar um colo é que por serem questões caras demais para mim, ainda não consigo ser objetiva e clara o suficiente sem que eu mesma não me sinta machucada. por isso o silêncio. no entanto, eu sozinha não posso fazer todo esse esforço mental para poder explicar onde dói. a sensação que eu tenho ao estar perto dos meus pais ou irmãos, familiares no geral é que eu preciso gastar muita energia para simplesmente existir ali. talvez isso diga sim da minha dificuldade em comunicar, ou mesmo da minha pouca capacidade de interagir por muito tempo, ou talvez isso diga muito mais sobre as pessoas, sobre o ambiente, sobre as conversas, os temas, as ofensas que passam despercebidas sobre os corpos, sobre as formas de ser, sobre as escolhas de cada pessoa. rafa me perguntou sobre qual mudança mais me afetou durante o ano passado, eu não diria que é mudança, mas talvez uma dúvida eterna, na tentativa de me descobrir enquanto pessoa não branca. ter alguns traços negros, mas ainda assim ser lida enquanto pessoa branca. privilégios.
14 02 23
e quantas coisas me afetaram então ao longo desse ano? a maior parte delas sim foram familiares, mas a principal se trata de minha própria identificação, a minha relação comigo, o quanto que eu percebi o quanto preciso gostar de mim, das minhas coisas, de quem eu sou.
nesse último ano não estive presente para meus amigos, não fiz questão de ver eles, ou de socializar, mais ainda do que antes.
talvez por medo de que eles vejam o quanto às vezes estou tão quebrada que não consigo ver beleza nas coisas. passar por um luto não é fácil, assumo.
viver em uma família em que não se conversa sobre isso, pesadelo.
não durmo bem já faz mais de um ano, intercalado entre uma vez ou outra em que estou tão cansada que não consigo me lembrar de colocar o despertador.
eu acordo em sobressalto às vezes. falta de organização deles reflete em mim.
ontem um dos meus professores de academia estava me perguntando se alguma pessoa não tinha chegado em mim ainda, porque eu tinha mudado bastante, fisicamente, e com relação a minha autoestima e eu respondi que não deixava as pessoas chegarem.
e ele falou mas você é bonita, já era mas agora está bem mais ainda
quase que eu deixei escapar porque eu não me acho bonita.
e lembrei do início desse texto, falando o quanto minha autoestima é frágil.
mesmo quando me falam que sou bonita, eu custo a acreditar que seja realmente verdade. tem vezes que eu vejo garotas parecidas comigo, de corpo, de rosto, de traços, e consigo ver beleza, porque não consigo ver beleza em mim?
que tipo de ódio foi plantado aqui que eu não consigo chegar e tirar a raiz?
existe uma questão que sempre me assombra, e sei que só eu posso responder, sou negra, afinal?
e aí vem as questões se sofri racismo, se já vivi isso, se meus traços já foram alvo de preconceito, se meu cabelo já foi um problema.
meu peso tem sido o problema muitas vezes. meu cabelo ainda sinto que é, que é melhor aceito quando sem volume.
ou sou mais bonita quanto menos melanina minha pele estiver mostrando.
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qual mudança mais me afetou durante o ano passado? ainda me afeta?
difícil escolher uma.
relacionamento afetivo
responsabilidades com a família
último ano do curso de graduação e as responsabilidades e os medos com relação à carreira profissional
luto
assaltos
mudança de pensamento com relação ao meu corpo- exercícios e academia
08 02 23
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hoje tá rolando por aqui umas coisas que não sei se vou conseguir colocar em palavras, mas de todo modo, preciso tirar essas coisas de dentro.
hoje é terça, 8 de novembro, eu deveria estar agora no meu estágio final de curso, mas não fui, não dei satisfação ao serviço e não falei com meus pais ainda hoje pra saber se eles vão precisar de alguma ajuda minha hoje.
só hoje já pensei na terapia umas 10 vezes. pensei em parar, pensei em parar de falar sobre minha família nas sessões (porque afinal o que vai mudar ?)
já fiquei ansiosa pensando em ir treinar e como isso tem o poder de me fazer sentir mais relaxada ultimamente. iniciam as queimas físicas, sinto meu corpo arder, isso me faz esquecer as dores psicológicas um pouco. as dores de términos que parecem sempre vir pra me lembrar que estou sozinha, as dores de não saber o que fazer do meu futuro, as dores de me identificar com minha atual graduação mas de não conseguir me planejar pra daqui a 4 meses quando vou me formar e ter festas que vão comprovar isso. eu não quero levar ninguém pra festa alguma, eu não tô em festa.
esse desânimo faz parte do luto? faz parte do cansaço de conviver com ideias diferentes das minhas e não sustentar meus pontos de vista pois levariam guerras infinitas ? faz parte de ver meus pais trabalharem na velhice para tentar contornar o irremediável - a morte
meus ombros doem em parte da barra de agachamento em parte maior da tensão que é viver
eu entro na academia e meu foco é sentir prazer na dor
eu saio e entro em contato com dores que não quero sentir. das perdas. das frustrações. do futuro incerto. o que eu faço então?
eu não quero mais falar sobre família na terapia.
eu sinto que me perdi ao longo dos anos. não quero encontrar colegas de escolas anteriores. sinto um pânico ao encontrar com pessoas conhecidas. não quero permitir que as pessoas me conheçam de verdade.
eu tenho os relatórios para escrever. mas minhas experiências foram naufragadas pelo meu próprio cansaço de existir.
eu vivo cansada há anos.
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deu vontade de assistir de novo aquele episódio da série modern love, 3. Take Me as I Am, Whoever I Am.
assistindo, lembrei de quando em alguns momentos uma certa tristeza vem me visitar, e consequentemente agora, lembro que no dia do meu aniversário ela se fez presente também.
comemorei outro dia pois ali eu estava dentro de uma bolha.
hoje depois de ter assistido, eu já estava me sentindo mais quieta e desmarquei a supervisão que tinha, não participei da aula também, cochilei a tarde. isso só acontece em momentos em que estou tão exausta que não consigo me manter de olhos abertos.
não acho que eu tenha disgnóstico de bipolaridade, afinal, mas alguma coisa eu devo ter, ou então, a rotina que tenho, as pessoas ao meu redor são tão desinteressantes que fazem com que eu perca interesse em mim, pela minha história a ser contada.
me dá um cansaço pensar no que ainda tenho a trilhar pra conseguir minha independência, minha casa, minha rotina individual e não depender de alguém para dizer onde vou ou que horas vou chegar. parece criança falando, sim, pois parece que ainda não saí dali quando estou com meus pais e já sei que isso começa a ser chato pois preciso impor limites. a todo custo. se eu não ponho limites, escolho eles e não eu.
sei lá, às vezes é tão melhor ficar sozinha, em silêncio, que eu opto e planejo como não ter que ir vê-los.
e aí pra não me perder de mim eu fico tentando me conectar a todo tempo.
tentando me mexer pra não cair no mesmo ritmo acelerado e insano dos meus pais. que vão trabalhar até a morte.
17.10.22
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hoje na terapia eu contei dos meus encontros comigo
o de ontem foi ter conseguido tirar um cochilo a tarde e ter feito um bolo de chocolate fofinho.
hoje eu estava musical, assim ela me disse, e eu realmente citei muitas músicas e pensei em cantar durante a sessão mas me contive, isso é muito íntimo pensei, mas ao mesmo tempo pensei o que é que essa mulher não sabe ainda sobre mim?
“você quer ir embora de você como se você não lhe fosse todos os destinos possíveis” plutão já foi planeta
“acalanto” luedji luna
“psiu” liniker
“povoada” sued nunes
“o que é o que é” “eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita e é bonita” https://youtu.be/tHLdWLdAyP8 gonzaguinha
e a gente tava falando sobre como a gente se acolhendo acaba vivendo melhor. ela comentou que acha que não foi por acaso eu ter feito um bolo justamente no dia das crianças.
eu concordo. acho que eu tenho sido dura comigo muitas vezes num mesmo dia, me cobrando coisas que eu não tenho resposta agora.
e que esses momentos em que vivo e sinto na pele, que saboreio um alimento reconfortante, em que eu danço e canto, eu me reconecto comigo, eu me exercitando me sinto viva, me sinto em conexão. e isso é bonito!
o que é a beleza se não enxergar a vida?
13.10.22.
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eu costumo ter pensamentos e falas críticas, reflexivas e pesadas sobre a realidade, sobre as pessoas, sobre mim.
eu compro livros e não leio.
eu anoto várias coisas importantes em vários lugares na tentativa de não perder, mas eu esqueço.
13.10.22
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08 de setembro 22
consegui atravessar meu deserto sozinha e acompanhada pelos meus amigos
não estava de todo, sozinha.
mas sozinha fisicamente consegui me acolher e entender que o que estava sentindo dizia respeito ao meu luto, às minhas questões com comemorações de aniversários
a ausência dela, dos sorrisos e leveza dela
o desejo de talvez atravessar o deserto do luto acompanhada pela família
a eu de 24 anos não consegue expor o quanto de sofrimento passa, e isso talvez colabore pra que os outros me vejam inabalável e tentem assim ser também.
não sei.
muita coisa a se pensar sempre.
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talvez eu tenha uma grande dificuldade em pensar em me despedir do meu pai, ele é essa pessoa espontânea que faz amizade com qualquer pessoa, que se entrega em tudo que faz, que sabe de tudo um pouco, que faz piadinhas sem graça, que dança quando pedimos pra mexer o suco, ele é essa pessoa
me despedir de alguém assim tão natural e único me faz sentir a garganta arder e os olhos encherem de lágrima porque dói demais pensar num mundo em que ele não existe. uf
tenho 24 anos, pensar na morte de outra pessoa nunca doeu tanto. sempre dói. eu sempre volto a esse mesmo lugar.
eu tenho medo de pensar que são apenas os meus hormônios pré menstruais falando e me deixando emocionada demais por algo que já sei que vai acontecer, mas saber é diferente do que ter medo que aconteça. ou ainda, saber que vai acontecer é diferente do quando ou onde, pra que eu pudesse aproveitar até o último segundo.
depois das situações perigosas que eles sofreram eu vivo com medo de que ao me despedir seja o último adeus
sofro por antecipar as cenas de um possível acidente, trauma, ausência.
não me sinto conectada com minha mãe, pelo contrário. sou par de jarro do meu pai. somos parecidos.
mas só que levei tempo até poder viver isso. ele tava trabalhando até eu ter quase 20. mereço viver mais com ele. minha cabeça dói só de pensar na despedida.
Socorro.
6 ago 22
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03 que sessão confusa!
parece que o tempo correu e eu corri também, estávamos ambos correndo e saltando por entre os assuntos
corpo
minha relação com a academia
meus pais e a possível distância se eu me mudar
ryane e seu poema hoje eu to viva
a praia e os caldos
eu e a tirinha do me salva eu me salvando com minha mão
o meu caos interior e a questão de ser franca comigo, sobre como me vejo
02 08 22
todas essas coisas acabam tendo um ponto em comum, me pertencem e me atravessam, são parte de quem sou.
posso não me sentir confortável ou gostar de tudo do meu corpo em alguns dias, desde que em outros eu me ache incrível ou brilhante. acho que me apeguei à ideia de que a imagem não vale tanto, mas na verdade a minha relação com minha imagem vale, meu corpo físico precisa de atenção, e nada do que eu tivesse feito antes (rituais) funcionava além do momento pois eu estava incomodada com outras coisas, internas e confusas que diziam de mentiras que eu estava contando pra mim.
eu menti pra mim quando achei que tudo bem deixar minha barriga crescer, que isso não ia me incomodar pois estava ok com isso e que meu corpo estava saudável.
eu menti pra mim ao pensar que estava tudo ok e que eu me sentia uma gostosa, quando na verdade eu me sinto mas nem todo tempo.
03 ago 22
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e olha que eu comecei falando sobre a faculdade, sobre minhas decisões mais pra frente, sobre meus medos profissionais, sobre a volta aos estudos da residência e o quanto que mudar de cidade parece ao mesmo tempo palpável, ameaçadora, tenho medo de perder vínculo com meu pai, com meus sobrinhos, tenho medo de perder coisas importantes quando o tempo presente com eles é tudo que ainda me faz querer continuar respirando às vezes.
ter tempo com eles, rir, cantar junto, em silêncio junto, conversar dentro do mar, gritar junto de medo ou de euforia assistindo uma série
essas coisas todas vão passando e cada vez mais percebo que existe uma peça que quebra todo o quebra-cabeça familiar, que desestrutura. minha mãe sabe fazer isso. coloca culpa em nossos corpos, os vê defeituosos. vê defeito. não enxerga o que há de bom, apenas aponta o dedo.
tem coisas que são feitas pra durar e outras para serem desfeitas, geralmente se conectam em algum ponto da vida.
talvez hoje não faça sentido, mas eu te perdoo, eu me perdoo por não saber mais como lutar às vezes, por não saber como se defender nem defender os outros. mas sugiro que você arrume forças, para ir aos passos de formiga, construindo pessoas melhores. mas sabendo que nada nem eu mesma, consigo olhar nos olhos encarar e mudar assim tão fácil.
amanhã tem terapia e eu ainda não maturei a semana passada. e tô me sentindo perdida tanto quanto antes.
01 ago 22
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29 de julho de 2022
"viver é um rasgar-se e remendar-se" g. rosa
e assim terminamos a sessão de terapia de hoje, com palavras que são duras e ao mesmo tempo tão reconfortantes, a saber, que somos humanas, que nossa humanidade diz de sofrer e de proporcionar a si mesma o conforto e acalanto.
tem coisas que nos rasgam por dentro, tem coisas que nos fazem pensar que somos completamente vulneráveis e destrutíveis, e que certas memórias fazem parte de uma parte de mim que está silenciada, eu não quero a ouvir gritar. quando ela grita eu fico exposta, em carne viva. vivendo no automático, indiferente, nada me machuca, sei de tudo, eu assumo uma versão de mim à prova de balas, eu sou meu próprio colete, não preciso que me curem ou que me deem conforto, não preciso dar um passo atrás, estou sempre à frente, consigo tudo resolver, está tudo à palma de minha mão aguardando que eu resolva, sou suficiente.
na verdade eu me sinto perdida. chamando por uma versão de mim que foi construída justamente para lidar sozinha com as coisas. quando ela, tão ocupada em si mesma, tão indestrutível e inviolável, inquebrável, não escuta. não sente. não vê.
mas na verdade eu tenho lutado com ela por muitos anos e ainda sim, não a vi mexer um músculo sequer por mais que alguns segundos, quando a vejo chorar, quando a vejo esbravejar ao mundo que tudo no corpo dói. a sensação de solidão, a sensação de estar lutando contra mim mesma, a sensação de que a qualquer momento eu posso desidratar de tanto chorar, quando na verdade eu não a permito vir sempre.
tem momentos em que ela pode vir.
tem coisas que rasgam por dentro. morte. término. traição (comigo). falta de confiança. se sentir abandonada. sentir falta. estar a um ponto de puxar os cabelos por medo da ausência de alguém. lutar contra o desejo de enfim descansar meu corpo em um canto qualquer do mundo, na terra ou na água? vento?
existem momentos decisivos na vida de alguém, parece que hoje mais do que nunca, eu to lutando por uma melhor versão minha, e que para isso, eu to tendo que movimentar meu corpo, dizer acorda aí pessoa, você tá vivendo, você tá viva hoje, e eu com isso? uma versão de mim responde. e você com isso, te digo, você sente a carne arder, o choro vir, a dor, a perda, a felicidade nas pequenas coisas, feito citar ao mesmo tempo uma frase com sua terapeuta que já te conhece há cinco anos, feito o sol queimando a pele (isso é bom), feito o caldo que a maré dá nas desatentas, feito um beliscão.
ryane escreveu: HOJE EU TÔ VIVA!!!!!!!!!!e eu a entendo, às vezes eu passo despercebida, indiferente, anestesiada, comigo mesma gritando aqui por dentro.
"apesar de toda maldade do mundo coisas bonitas continuam acontecendo sem o nosso controle que hoje eu seja uma delas hoje serei minha própria cura hoje não terei vergonha hoje não vou esperar que me salvem que eu me perdoe que eu me renomeie que eu me recomece serei minha casa mesmo que só eu me faça visita hoje não estarei no olho do furacão hoje serei o furacão hoje estou viva hoje estou celebrando tudo que eu sou hoje eu sou coragem hoje eu to viva hoje eu to viva hoje eu to viva e quem sabe me vendo aqui viva outras pessoas escolham permanecer vivas também."
ela me conhece e sabe que eu tô tentando vencer uma luta, ou várias. e que nesse momento, isso tem sido decisivo.
you know i'm trying, its all I got (você sabe, estou tentando, é tudo que tenho).
youtube
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23 07 22
algumas coisas sobre a terapia dessa semana:
iniciei comentando que estava confusa com relação a última sessão que havia sido presencial, e que lá desabafei sobre como me sentia insegura com relação ao meu corpo, que na realidade eu precisava ser sincera comigo.
e isso foi me afetando de diversas formas, e comecei a pensar que estava ignorando quem eu queria ser, ou quem eu era.
isso tudo em meio a descoberta de que eu estava fingindo amar quem eu sou, que na verdade eu coloquei uma verdade absoluta sobre quem eu queria demonstrar ser.
pois bem
essa semana eu falei sobre fazer amizade comigo, e que não conseguia.
até extrair o motivo de porque não conseguir, eu estava me sentindo pesada.
não tenho como fazer amizade comigo então por dois motivos:
eu tenho pensamentos suicidas e depressivos
eu me odeio às vezes.
explorar isso vai me fazer revirar de dentro pra fora. mas
me odiar porque?
e morrer não é uma opção.
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7 de julho 22
e ela perguntou então como lido com esse se sentir pressionada demais por mim mesma
eu mesma me coloco numa forca, e o caminho que eu faço até lá só eu sei como chegar, só que às vezes faço tão no automático que esqueço como fazer o caminho de volta
a forca é cobrança para saber, ser, ter, saber, ser, estar sendo, uma melhor ou a melhor pessoa dentro de todas as categorias que me cabem, sem deixar escapar, sem deixar falhar ou errar, quando na verdade tudo isso faz parte de quem eu sou humanamente.
eu não sei, existem muitos dilemas por aqui, ultimamente sinto que não pertenço ao corpo que me veste, me sinto deslocada, perdida, aflita, talvez buscando uma perfeição novamente, quando na verdade meu corpo já me oferece o suficiente para continuar vivendo.
não sei não, tenho medo de me sentir exposta, na verdade demoro a levar coisas na brincadeira, sinto dificuldade em me expressar.
costumo ficar bem sozinha e em silêncio. não sei viver em agitação.
perdida e salva, sandy
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hoje na terapia
falei sobre o peso de me sentir responsável por colocar as coisas no eixo, e também sobre as responsabilidades com minha família
e da sensação de estar sempre cuidando de todo mundo
e algumas coisas foram surgindo
como me sinto diante dessas atribuições e responsabilidades
de que forma estou contribuindo para essa realidade
o que fazer a partir de agora
de que formas posso estar refletindo sobre meus sentimentos e colocando os meus limites para as pessoas que gosto
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