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o verbo
são
palavras que se manifestam na realidade
pois é pelo poder das palavras e
além daquilo que,
presa, tento verbalizar o desejo faminto que
tenho das tuas
cicatrizes
pele
o que permanece dentre aquilo que te marca
bem no centro do peito
mãos cravadas na nuca
a saliva, a respiração ofegante
o cheiro
a boca
a língua
buscando por outros lugares
tão divinos quanto
— o verbo.
Ambra Marques | Julho 9, 2024
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aqui, no pós-vida
o desdobramento da realidade faz com que
o meu coração pese mais que uma pena,
apenas para que eu aprenda a tornar
o meu amor mais leve
não por alguma falha,
maldição ou castigo
e sim, pelo escárnio ao me verem
dolorosamente vendada, enquanto
me rebato sufocando em sangue.
esse mar vermelho
só abre a passagem
enquanto durmo, pois
são expressões sutis e sentimentos
desprovidos de medo e de tempo.
olhares que vibram mais que a voz
corpos etéricos mais presentes
à comunicação antecedente
veementemente desbravando
sons que se manifestam no após --
meras são as desilusões onde me encontro
acordada
dos segredos que abrigo, enquanto amor
transbordo
das boas memórias que, de outrora
esqueço e
das palavras que, de-letra em letra
desapareço
contudo, enquanto desperta
sinto que morri, pois o sonho
parece ser mais real que aqui.
a alma se observa adormecida
digladiando interiormente
no mutilar penoso, apenas
zarpando epiderme à fora
onde o peso das asas
como de um anjo caído
desabam no
agora,
Ambra Marques | Dezembro 5, 2023
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"e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes."
é através das sinapses que enxergo o significado das expressões e das palavras
indo além das concepções difundidas e progredindo na medida em que expando, explorando sua permanência estrutural
satanicamente psicografadas nos escombros sintomáticos do meu subconsciente.
são essas mesmas imagens cravadas, que sussurram como lâminas folheadas em busca de verdades antes jamais pronunciadas
afirmando que a lealdade ao próprio irmão, transcende até mesmo o ouro que tanto almeja.
e ainda risco — salientando sobre os bens e aquilo possuis por mérito — que nem mesmo criam raízes em solo fértil, muito menos te definem como indivíduo.
todavia, os castigos provenientes de suas ações e atos infantilizados ao dar de ombros em negação à realidade, é o que te define e onde mora o verdadeiro pecado
por conseguinte, sendo rejeitado pelo próprio universo através da relutância em aceitar que suas lições e disciplinas são repletas de dor,
e que aquilo que tanto repudia é o que mais carece de amor.
conheço os excessos angustiados, ao golpear o peito com autoengano, proclamando que não se importa com nada
sou igualmente indiferente à forma como tuas frívolas conclusões me reduzem à causa
pois, além de tudo o que me ocorreu, e que das cores me deixou desbotada
pela dor, sei onde minha paz reside, e o meu caminho de volta para casa.
Ambra Marques | Novembro 29, 2023
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e exclusivamente o Altíssimo detém a sapiência acerca do estado mental do cômico-errante.
seguindo a manada, eles marcham
organizados em fileiras de imagens, posses, máscaras, sorrisos, objetivos, adjetivos e
sem vivacidade alguma, se vendem.
como se uma fachada requintada pudesse disfarçar a vacuidade, transigindo quiméricos pózinhos mágicos dos quais se alimentam
enquanto o valor, ironicamente, escapa até mesmo à sua própria consciência.
vendados pela ambição enquanto o ego diz o que devem fazer ou como devem agir
diante de discursos persuasivos sobre as armadilhas fantasiadas de "regalias do ter e do não sentir", logo sendo ameaçados pelo tédio de possuir e a escassez de zelos obstinados.
e dos medos que sentem em ceder ao mínimo de afeto, amor e importância, colidindo-se em amizades e amores líquidos "pelas circunstâncias".
pois das virtudes perdidas e dos atos que se desumanizam durante a jornada
com minha foice os parto no meio, guiando-os em direção à abismos de paradoxos imanentes
sob olhos arrebatadores, interferindo num destino predestinado àqueles que não vêem ou enxergam as conexões intrísicas à natureza dos homens.
pois meus excessos projetam reflexos que sangram pela sensibilidade às condições iniciais — em efeito borboleta —, de diversas maneiras e formas, abatendo violentamente e sem vingança alguma.
parasitando em diferentes hospedeiros e
manipulando o absurdo e o inevitável, pois
não é pela fé que acredito nessas leis,
mas sim, por observação e experiência.
e me pego, desprevenida, rindo ao vê-los crendo firmemente no acaso raso das condições hipotéticas, rotineiras e
de seus esforços em compreender o que tô fazendo com tudo isso aqui,
na tentativa de expurgar pra fora uma lição e/ou o que sinto, cautelosamente atraindo olhares carinhosamente gentis ou de penitência (?)
logo após eu conseguir desapegar da ideia de importância e aceitar a minha própria
insignificância.
e nisso, não satiricamente, sinto uma vontade gritante em me manter em posição de lótus e de olhos fechados
observando meus risos transformarem-se em sons, piadas de mal gosto perderem a graça, formas-pensamentos tornarem-se nuvens dispersas e --
rostos e pessoas se dissiparem entre si.
Ambra Marques | Novembro 25, 2023
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Ouroboros
e ele caiu inoportuno na matéria orgânica, assumindo o posto destes corpos
pesando em densidade correspondente
operando na ponta da língua sons estridentes e arbitrários
"esvazie-se e verás quem lidera".
perdidas, serão minhas versões nessa lacuna
sedentas, serão as cobiças pelo Sol
e intensas as expansões dos dois polos.
a angústia devorando raios solares em desespero, enquanto a escuridão cumpre suas profecias.
guerras serão decretadas obrigando a busca por um lado. sem inimigos ou aliados.
trincheiras, serão as entrelinhas destes fatos.
perdidos, serão os véus de Maya nesses danos.
o protagonista repousa asfixiado entre os panos.
fendas em leito são criadas das renúncias de outrora
que, por espasmos, se fez em deleite ao nada.
a única constante é o eterno retorno em que rastejo
como serpente ascendente, despindo minha pele em camadas.
Ambra Marques | Novembro 21, 2023
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segredos dourados
rasgo o contrato, ímpar
rastejando no chão, procuro vestígios no sangue de como possuir a próxima vítima
unhas arrancadas pela fúria ao tentar abrir a tampa desse esgoto sórdido e maculado
lá em baixo tem um baú repleto de ouro e uma coroa com o meu nome ao lado
e um papel escrito com o nome de outras pessoas e seus aniversários
nenhum propósito ritualístico além de números que algum dia achei que eu pudesse fazer uma boa ação ao lembrar e
talvez o faça
mas os números viraram confusões matemáticas.
"17 de janeiro, 1 e 7..."
1, a origem
as 7 maravilhas do mundo
as 7 cores do arco-íris
as 7 chaves de Salomão
as 7 leis herméticas
os 7 pecados capitais
os 7 chakras
os 7 dias da criação
2 + 5 = 7
o sentido da vida.
12 de novembro, o meu aniversário
1, a origem (eu)
2, a dualidade (te)
1 + 2 = a trindade (amo)
a resposta.
e nos versos das minhas linhas mutiladas
vejo somente cortes sem reparo
e lá dentro da carne eu finco o que sinto
manipulando luz e extraindo pra fora palavras encharcadas de —
"você é muito importante para mim".
me sufocando num mar de sentimentos
essa besta ainda se arrasta aqui dentro
feia e assustadora aos olhos desatentos
talvez eu devesse deixar esse baú de lado
por um tempo.
Ambra Marques | Novembro 19, 2023
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Death's End(er)
foi num breve momento preambular do sono que te vi chorando, como uma criança
não consegui abster minhas lágrimas após esses milissegundos epifânicos de gnose
pois consegui ver nitidamente cada detalhe, e sentir exatamente tudo.
dias antes eu havia te visto nos meus sonhos pintando uma caveira num quadro
acredite, era lindo
porém teus olhos atravessaram rúbidos, fixamente no fundo da minha alma.
a barba estava grande e o cabelo precisando de um corte, o que nunca me incomodou.
lembro que você tinha talento para arte porém não sentia ânimo de desenhar, e por algum motivo, parou. assim como as poesias.
ao contrário de ti, eu sempre enxergava significado e sinais em tudo
não foi diferente nos meu sonhos.
eu e essa minha tendência obsessiva em decifrar sinais, códigos e significados ocultos
até das coisas que não tinham significado algum e eram puramente fruto da minha imaginação
ou indignação.
ainda continuo vivendo com essas quimeras regularmente, pois já me são bem familiares
é só olhar em volta
o sonho dentro de outro sonho, a vida, o tempo
ou a idealização que criou de mim por muito tempo.
apesar dos meus esforços de cumprir suas instruções de como eu deveria ser e viver a minha vida, eu resisti
reagindo instintivamente ao controle
de forma tão agressiva e imprevisível que
fui me esvaziando numa tentativa de suprimir tudo o que eu era, até não restar mais nada
somente tóxicos sedimentos que se solidificaram num recipiente vazio.
no entanto, essa inquietação já não me afetava, pois à medida que morria, fui aos poucos me purificando nessa dissolução provocada por ti.
hoje, escuto as mesmas vozes que ecoavam em sua mente, com igual intensidade, sarcasmo e crueldade por trás de um raciocínio inegavelmente lógico.
as mesmas vozes que diziam que te levariam para longe de mim, e que logo você iria me perder
pois corrompia tudo o que tocava.
"me deixa ficar, eu amo ela",
e assim o fizeram.
aposto que você não esperava que eu iria dar um jeito de te alcançar
pois sinto-me cada vez mais próxima desse monstro Minotauro, à cada passo que dou neste labirinto.
aprisionada em dezenas de pessoas que, um dia, já foram como ele.
sendo levada por uma correnteza cármica de vidas passadas que nos conduzirão
inexoravelmente
até a morte.
e assim, vou tecendo este quadro ao teu lado por incontáveis éons, para todo o sempre, porque
"por mais que eu me vire melhor sozinho, sei que o ser humano não consegue viver sem companhia".
Ambra Marques | Novembro 17, 2023
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miragem
em qual momento realmente fui uma ameaça ou uma vítima, se todo o cenário que vejo é indicativo de que sou vítima de mim mesma?
até quando me arrancaram a pureza, as cores e o brilho que aqui dentro existiam
e que me faziam viva,
foi como um julgamento pegajoso de que tudo seria a culpa deles e
do porquê de eu ser assim.
mas até minhas reações me pareciam fugir de algo manipulado pelo ambiente
e até no momento que eu não lembro de ter decidido não reagir aos pensamentos e situações que me acometinham, no fundo sabia que poderia
e que
com culpa, sentiria, não é a minha culpa,
mas sem culpa, sinto, é tudo minha culpa.
são milhões aqui dentro:
a vítima e a ameaça
a luz da morte e a desgraça
a liberdade e o véu
assim na terra como no céu
por um caso, sem acaso
eu me pergunto: "quem sou eu?"
"meu nome é Legião, porque somos muitos",
perdendo tudo o que era meu.
riram de mim através dos meus olhos, esvaíram-se em mim numa longa miragem.
o espelho agora refletido como um silêncio pacífico e irreparável de uma pergunta sem resposta.
viajando internamente de encontro com --
"Deus, arder no fogo e no Sol
não me foi suficiente?
pois ainda me sinto frágil como um vidro
tenho que ter muito cuidado comigo
das coisas que penso, que falo
e que sinto...
a dor aqui já está no limite há algum tempo por tudo o que aconteceu", falei.
"então caminho de forma cautelosa no campo minado da minha cabeça".
e Ele respondeu:
"são esses mesmos ruídos que vagam vagarosamente em sua mente, dizendo:
'sua manipuladora',
ao próprio alvo que se manipula e estipula
de que Eu sou isso,
em desserviço a esse corpo que te prende e
me apreende dentro de ti".
Ambra Marques | Novembro 15, 2023
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conexões epidêmicas
nesses dias de angústia e desespero
onde me desvencilhei dos apegos que um dia considerei amigos
e que só apareciam quando precisavam de algo ou mostrar algo com o desejo de alcançá-lo,
como se eu estivesse num patamar hegemônico de idealização e de aprovação.
eu me visualizava inconformada com esse objeto na qual fui coroada e que me fazia ouvir vozes de uma suposta queda
e no "tudo bem? como estão as coisas?"
de forma previsível e calculada, sem muita importância
onde entreguei minhas mãos sangrando de respostas e que na mesma medida me deixaram sem respostas.
alí largada com as mesmas mãos que das unhas cravando no peito escalavam e sufocavam minha traquéia
das vozes que me diziam que eu não deveria abrir a boca ou oferecer nenhuma palavra de ajuda, e que do contrário eu vomitaria sangue e o tempo desperdiçado
que acariciavam as entranhas do que me foi comunicado ser esse medo de abandono e rejeição.
começavam com "com o que tu trabalha?", "e isso paga bem?"
e terminavam com "eu trabalho traficando drogas".
astúcia e vampirizacão dada a confiança na qual não me foi correspondida
me poupavam as despedidas
transformando tudo aqui dentro numa desconfiança sem saída.
os que se importam tentam me ajudar e me livrar da prisão que construí para mim mesma
onde faço minhas próprias punições e morro continuamente, sem renascimento.
pois assim como uma criança, não lembro o momento em que nasci
ou da dor da graça, que minha mãe ao me dar a luz, me fez sentir
Ambra Marques | Novembro 14, 2023
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Gênesis
no dia em que tentei
me encontrar,
a terra era somente mar.
porém as ondas
começaram a ficar tão agitadas
pela mágoa de insuficiência que —
como num sopro de potência —,
elas quebraram próximo à costa,
fazendo-me perceber que eu era
somente uma ilha solitária.
desesperada,
busquei no mar respostas
do porquê de eu ser assim,
mas o mar estava muito escuro
para enxergar.
então, tornei-me um peixe
e mergulhei na escuridão do abismo,
onde descobri ter criado em minha volta
um oceano de ilusões.
mas eu ainda queria me encontrar,
pois eu não aceitara ser somente
um ponto em um vasto oceano.
então, me tornei um falcão
e vislumbrei, de longe,
um fragmento do que eu seria
mas ainda me faltava algo.
me transformei
na Estrela da Manhã
e vi o sol iluminando
as Cordilheiras dos Andes,
todas as ilhas,
todos os peixes,
todas as aves e
todo o resto.
finalmente entendi minha complexidade.
"meu horizonte é tão bonito e abundante,
que parece ser um desperdício", pensei.
Ambra Marques | Maio 3, 2023
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tarde demais
quando finalmente
entendi
a brincadeira
do bem-me-quer
e do malmequer,
já não havia mais pétalas.
Ambra Marques | Fevereiro 9, 2023
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o alimento dos deuses
assim, como um rato sujo
vou me esgueirando entre
os hiatos alheios
não era como a toca do coelho
que eu almejava alcançar
eram como esgotos vazios
sórdidos e pútridos
que meus pelos rastejavam
pelos verbos lameados
dicotômicos e insalubres
que eu arranhava
com um certo apreço.
o desespero
desespera a dor
de amar o amor
de qualquer forma
de qualquer jeito
em qualquer leito
e então, com estes olhos
cegamente vermelhos
eu farejava
inebriadas escamas abissais
em busca de algo...
ludibriada pelo canto da sereia,
me vi rodeada de predadores
numa armadilha forjada
vampirizada e amaldiçoada
a vender a minha alma
aos falsos deuses
que pela vulnerabilidade eu
insistia em me converter.
e Eles me disseram,
"seja submissa,
nem hedonista,
nem Eros"
mas se tenho seu amor
a troco do seu prazer
o que mais eu poderia ser?
Ambra Marques | Dezembro 18, 2022
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O Rugido do Sol
é leão no sol
e escorpião na lua
o rei da selva devora
a minha carne crua
entre os véus
dessa cachoeira
a alma dança nua
sanidade
de um lado
e do outro lado
loucura.
Ambra Marques | novembro 22, 2022
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às vezes a gente precisa machucar
um pouquinho
pra existir o que o amor mata, pois
onde um se entrega, o outro avança
o medo afasta o que o amor alcança
até tive que me manter distante
pra não perder as esperanças
e já nem sei quantas vezes
morremos pra existirmos
nessa dança.
lembranças.
eu queria nunca ter te conhecido antes
pois assim evitaríamos muitas coisas,
você sabe.
saudades.
passei a ter um apreço pela escuridão
senão
não poderia enxergar a luz
enquanto você se fazia sombra.
me assombra
que
você era
e é,
justamente aquilo que eu
mais precisava e preciso —
impreciso —
como a gota de chuva
de um temporal que
se tornou tão deífico
quando unida ao oceano
— pacífico.
Ambra Marques | novembro 22, 2022
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independentemente do que eu tenha feito, eu não deveria ter sido abandonada como o rato sujo e morto que eles enterraram pra esconder o cheiro e a culpa.
— eles se enterraram com o rato também.
Ambra Marques | julho 25, 2022
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eu sei que às vezes a machuco quando choro.
sei do desconforto que ela sente, e quando se move irrequieta dentro de mim, mesmo sem entender o porquê disso, daquilo ou de outros aquilos raquíticos e cataráticos que não me faziam enxergar.
tudo ficou muito escuro e desconfigurado, fazendo-me questionar o que era real todos os dias. chegou num ponto em que eu já nem mais sabia.
findei fazendo da minha realidade o meu próprio inferno, e eu, muito seletiva, sempre apontava pra morte achando que era algum tipo de inimiga.
porém acabei amando tanto a morte ao ponto de mudar, pois foi ela quem me criou. ela que me mostrou a essência de cada corpo, e que dentro de cada corpo, existia um ser.
foi a morte que perdoou todos os meus pecados, e que do barro me fez existir.
aos poucos ela foi se tornando aquilo que costumo chamar de deus, que de sua onipresença sempre esteve aqui —, cautelosamente espionando e moldando o maculado — dentro de mim.
e em todos os espaços coléricos em que eu me encontrava, era somente deus que eu enxergava.
talvez por ter visto tanto esse deus, acabei enlouquecendo e o chamando de vida.
e assim, quando a vida chegou ao fim, morri. me tornando aquela coisa que de início eu apontava e julgava, diferenciando de mim. Essa morte sem fim.
e eu, vi a vida passando e parando de me dar respostas.
eu a vi se esvaindo em frente aos meus olhos porque de certa forma, eu não havia valorizado — deixando marcas e rastros sórdidos por onde trafegava — e fui assassinando lentamente as cores que nela existia, pois era exatamente em mim que faltavam.
— e agora que te perdi, sei que tu jamais voltaria a afagar esses membros podres e mutilados.
desvencilhei-me dos sons, das cores, das purpurinas azuis, das flores, dos planos, das dores, e daquilo que valia a pena lutar.
e me deitei dentre as velas claras deste santuário insólito como um monólito indissolúvel que me invocava cessar —,
sendo esquecida pela vida e
rompendo os laços com as mágoas —
"Violet, prometo nunca mais te machucar"
— onde a vela se consume e a chama se apaga.
Ambra Marques | junho 23, 2022
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