clarinhas2
clarinha
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omg clarinha hi
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clarinhas2 · 4 months ago
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14/07
Clauber nasceu difuso do resto, como se por ventura, por trabalho do acaso ou leitura das mãos, ele já soubesse de si mesmo tanto que não era capaz de descortinar, em seu olhar, o fascínio geral que causava. E, então, veio de encontro ao cosmo em puro âmago, a par da existência. Por si só, fazia-se Júnior.
Júnior passou parte da vida no núcleo do estado, tão interior que, em contrapartida, se via à margem. De maneira clara e esparramada no chão, aquilo que era intrínseco à alma mantinha-se em particular. Alastrava-se o medo crescente no peito da descoberta e do abandono, e se a então linhagem viesse em tal grau de pureza que seu único dom de amor fosse só mágoa e fuga? Perdido no cerne da contrição, ao pesar divino, se Deus de toda a gente conhece o mal, que sentisse o agouro que carregava de ser diferente. E no remorso do outro, Júnior custoso teceu toda armadura que revestia sua mais terrena estima.
Quando conheci Júnior, seus olhos ostentavam bem-querer e ele me fazia rir de tal modo que sentia a terra tremer um pouco, dada a harmonia das nossas risadas. De repente, tudo que residia no macrocosmo criou-se em essência e percepção, passei a desvendar um pouco da consternação e contento de ser vida. Júnior representava aquilo de mais belo em ser humano, o deslumbre da dança entre a ternura, a folia, o pavor e o alívio.
A colisão de almas foi o bastante pra que despontasse com afinco o maior testemunho de amor que somente Júnior é capaz de provar. E como congruente, o desalento da ira de não enxergar a si mesmo, Júnior não foi ensinado que cada lampejo reluzia mais forte, cada gota tempestuava e cada enigma resolvia-se à sua presença. No berço do seu afeto, me senti digna de ser amada e, desde então, tento lhe doar semelhante apreço.
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clarinhas2 · 4 months ago
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06/07
A primeira vez que vi Icran foi em um discernimento de pretextos, como o nascer de um juízo de valor, a semente da chance. Me sentei ao seu lado em um banco de madeira, aquela praça nunca me pareceu tão cheia no acaso. Não sei em que momento corri, não sei com quais lampejos eu ri, mas ponderava com afinco o saber de que tinha em mãos o que era tão precioso, que não havia saídas exceto a fuga. Naquele dia, Icran disse que em outro lugar tinha um resplendor de cortinas abertas, com 17 anos, pensava que o mundo era suficiente para que conversas de praças fizessem-se o cerne de tudo. Focada na consternação do azo.
A segunda vez que o vira foi na minha casa, Icran cozinhava como quem tinha dons e minha sede por cada partícula do que era intrínseco a nós fez com que meu corpo tremesse tal qual uma ligação esperada em excesso. De repente, o palato do alarde, sabia que nada me restava além de alguns anos ou segundos, a falta de apetite. Aos 25, espera-se saber mais do que alguns princípios de incêndio, mas quando nada mais remanesce, Icran se fora.
Na paridade, a terceira vez foi diante do mesmo fogão. Com o apercebimento daquilo que era premeditado, pensava que o destino não fazia mais parte dos meus percalços, como se aos 27, a experiência de viver e sofrer me fizesse distinta. Ao desligar o gás, não me restava nada no colo a não ser ele. Entretanto, como tudo o que é escrito é assinalado em pedra, aos 30, nada existe como aquilo que marcou os primeiros 15. Icran me disse que o seu primeiro quase-fim partiu do banheiro de casa, em um revés descalculado onde somente a intervenção divina poderia resguardar aquele peso. Nada ocorre duas vezes. Inerte.
A última vez que o vira foi em um cômodo que não guardei em guardanapos. Icran me fisgou em segredo, tudo no Rio era mais bonito, o céu era de ouro e os berços de pedra dos nossos lares quebravam-se. Com a timidez estendida, perguntei se todo o ocorrido dos carnavais passados eram tentativas de desapego, na suspeita do não-dito, ele ainda sabia todas as vezes que meus olhos tremiam, lendo-me por inteira. Aos 21, Icran parou-me nos 20, e segurando o seu rosto em minhas mãos, disse que ainda restava tempo para cada cabelo crescer, para a espera dos vizinhos de porta, numa tentativa efêmera de provar que nos feriados, nos sonhos das tardes quentes e nos banhos gripados, ainda resiste a esperança dos despreparados.
Em todas as demasiadas contagens, nenhuma era regressiva como atravessar pontes. Coleciono todo o encadeamento das memórias seladas em paredes ocres, no incessante piscar do reencontro, a saudade vaga na cidade, nos festejos, nos latejos, de forma que até nas mudanças de nome, ainda vejo Icran nos mesmos degraus, pagando na mesma moeda naquela praça.
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clarinhas2 · 6 months ago
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Quando me sinto caindo, me permito sonhar e apanhar um táxi. Ver a beleza da juventude no vidro fumê.
As vezes rio tanto de mim mesma que arrepio e choro, me emudeço tentando ler as letras pequenas e me pergunto se nunca errei. nos meus momentos mais mundanos, quando antes sentira a vergonha do não-saber, agora vejo que me dei uma liberdade indevida e não cessam-se os cochichos.
Vergonha e solidão.
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clarinhas2 · 7 months ago
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Me despeço então depois de dias tão tristes regados a fluidos despejados e penso fortemente que a vida tem me tratado como se todo o peso do mundo fosse repartido somente para uma dúzia de pessoas, por isso tantas dores na costa. Sou incongruente, choro por ser tão amada e tenho medo de ser somente o que resguardo, a solidão.
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clarinhas2 · 8 months ago
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Um segundo de genuíno orgulho de palavras até o iminente desfecho. À sujeira. Depois, a tristeza do saber demais.
Quis chorar mas o medo da estupidez me carregou e me acalentei, calejei conforme engolia em seco, carreguei o peso da insuficiência no ventre, sabendo que todo o amor que senti pelo mundo se foi e derramar-me nunca trará de volta os arrepios de saber que alguém me descobre e, ainda assim, me ama.
Te procuro todos os dias, cometo inúmeros erros que poderiam te irar. As vezes me vou um pouco, geralmente apenas tento.
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clarinhas2 · 8 months ago
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quando escrevo semiembriagado no chão do banheiro, me vejo como parte do projeto, abrindo latas e sem emprego. e quando já passa das duas, ressentido de tristeza, banhado ao vapor, se dispersa do adeus
em breve outra guerra civil
na hora de ouro
deus nos ajude
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clarinhas2 · 8 months ago
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semibêbada - 17/03/24
sinto que muita coisa que acontece eu não entendo, tenho medo até das palavras longas, principalmente do escuro. ficaria com todos para nunca deixar de te beijar, sinto até o não-sentir e de repente, tão fundo, que repele até as ditas conjuntas.
e então o aconselhamento,
que desejes até o que não pode, mas quem sabe irar, o fará às 6 em ponto, quando de ponto se tem o sol e o seu, de repente, não possui respostas. ofícios de domingo e quem sabe na segunda ainda ficará plano, entrega-se e, de nada, condena-se, cadê? cadê!
age em desespero com figuras soltas e imagina que quando o coração para e dispara vai encontrar aquele não mais presente, ausente não são todos? como agente me despeço do que a gente me ensinou, traga aquele que ama e então só sobra aquela saudade reprimida de querer descompassado, no desconsolo da ausência que ocorre logo cedo na manhã, no trópico do início.
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clarinhas2 · 9 months ago
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Atravessando pontes e me olhando por outro viés, quando fiquei tão amargurada? Quando odiei até os que amo?
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clarinhas2 · 9 months ago
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e-mail - 11/23
Estou relendo belo mundo onde você está, não sei se vc lembra mas li ele em 2021 e, na época, fiquei aterrorizada. Agora, lendo novamente numa tentativa de, 2 anos mais velha, ter uma nova perspectiva de pornografias explícitas e discursos de brancos sobre países de terceiro mundo. Até então as mudanças mais aterradoras vieram da ideia de que perpassei a mim mesma e aquilo que era autoódio se estabeleceu numa discussão massiva sobre a solidão.
De Djavan a Virgínia Woolf, a solitude e, sobretudo, a decisão de ser unidade consigo é auto imposta, sem escrúpulos e desmotivada. Venho me aparcebendo que toda a ideia de pertencimento preestabelecida por mim mesma contava com uma série de erros no que é material, enquanto está reservado no que transcende ao físico ao passo que é só meu.
De fato, corro de cabelo em pé, atenta a todos os que me param na rua e àqueles que me chamam de amor. Quando se torna insuportável, corro para o banheiro 2x2 jurando que a partir de amanhã o mundo será tão diferente e, no mais tardar, quem sabe eu mesma serei.
Criei medos no meio tempo, da morte e da vida. As vezes reviro na cama 1/4 de hora, com medo dos carros ligados, cantos escuros e campainhas que não atendem. Nos momentos mais inusitados, sou assustada por carboidratos, mochilas abertas e sinais que abrem e fecham sem parar. No fim das contas, ou de anos na falta de dedos para contar, a velhice carrega a sabedoria do esquecimento, a memória seletiva das faturas não-pagas e o desejo de um novo devaneio.
O capitalismo leva muito desaforo para casa e a gente caminha no próprio eixo para a próxima parada de ônibus. De repente tão amada pela acidez nas palavras e pelas gracinhas, mas ainda assim, me sinto sobrando sem um par de óculos me observando nas câmeras. Devo talvez me preparar para um fim de discurso neossocialista, assim como os emails trocados pelas protagonistas, para dizer que ainda renasço da sensação conformista de conversas paralelas em ônibus, cafezinhos a tarde e reviews de banhos. Sinto, de forma mais veemente, a esperança de ainda ser capaz de amar de todo mundo um pouco e, em parte, eu mesma.
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clarinhas2 · 9 months ago
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Isso não significa nada. E a felicidade preexiste numa segunda-feira.
Fiquei me perguntando, cercada de desconhecidos, se a natureza do ser humano de fato é a mudança, carregar caixas e pedras no sapato, questionar a felicidade e, no fim, comer bife no jantar.
Responder perguntas com sim ou não, marcar e assinar. Dias úteis e a praia não me cabe mais. Ainda assim, aquela alegria dos minutos no paraíso, as brigas de casal e o calor de janelas fechadas. O cotidiano residindo na aceitação de que a estima, a ternura, existirão além do preâmbulo da minha própria vivência. Tudo o que é vai continuar, o não-ser permanece como zelo no devaneio.
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clarinhas2 · 10 months ago
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isso não significa nada
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clarinhas2 · 10 months ago
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Fiquei de nariz em pé, a contragosto, amuada. De repente não sei se a maior vergonha foi a resposta ou meu deboche habitual, e depois uma solidão percorreu meu corpo tal qual um assobio. Ah, se eu tivesse um gato, um carro, um namorado. Quem sabe se eu fosse menos, falasse mais, bebesse menos, brincasse mais.
Se eu rimasse de vez em quando, se eu tocasse um instrumento e se eu beijasse a mesma boca, repito como um mantra que não sou poeta, mas sou mesmo desistente. Queria que sentissem falta do meu cheiro, cabelo e da minha saia lilás, mas com uma mão na frente e outra atrás ninguém mais quer saber de mim, sou assunto velho agora e que assim seja, só não é velha a vergonha ressentida e o passo de tropeços.
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clarinhas2 · 10 months ago
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de certa maneira, acinzentada. de outra maneira, sem paradeiros. e, sem tirar nem por, não existo mais na sua vida. ninguém é você e ninguém em mim, faz falta os maneirismos, as caretas e nunca odiei em demasiado nada exceto, quem sabe, quando quero outros. tendo a repetir a mim mesma que se foi, fui eu quem permitiu, caso o contrário ainda estaria ouvindo meu beabá.
ainda assim, te procuro no meio fio e anseio que me olhe em algum lugar, que eu esteja brilhando de volta e que, naquele milésimo de segundo, estejamos na escada de beijos roubados e músicas que só tocam pela metade.
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clarinhas2 · 10 months ago
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ninguém me escreve palavras bonitas e as vezes, durante a noite, tenho medo de nunca mais ver a um jogo de futebol. encaro a lua no espelho, gasto dinheiro demais e sinto falta.
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clarinhas2 · 1 year ago
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07/07
Ainda me cabe isso de escrever sobre amor? Trato como constância e unânime meu ideal de amor, mas quando me vejo assim de perto, venho me sentindo desmedida, descompassada. Penso então “que eu me apaixone”, mas a paixão em si não se vê, não tem esforço que me leve de encontro ao sentir. Vou andar manca por aí, e todos vão ver de longe a mentira em que meto “meu Deus essa daí até de si tira os membros só para ter o desalento”. Sigo assim mesmo e vou pensativa sobre metade do caminho que foi apenas inventado. Aprendo as palavras de novo tal qual criança: ra re ri ro ru, martela tudo das sílabas travadas ra ra ra, de tão manca, paro.
O que me falta? Tudo o que tenho, me tomam, mas até o dado momento a dor foi minha e a defendo com muito afinco e egoísmo. Entretanto se até a dor que carrego tem se esvaído, o que me resta? Dependo e tendo a fingir que não, quero dentro de mim, tão fundo que não pense em todas as letras, nem um P sequer a vista.
Não sou voraz, sem fome de nada e insatisfeita com o mundo. Quero entregar um filho em mãos alheias só por teimosia, direi alto Vejam tiro do meu ventre e entrego como símbolo do desatamento da selvageria autoimposta, agora sou capaz de ser além, serei desbravadora irresponsável. Só me verão ao longe. A menina que nem manca é mais. 
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clarinhas2 · 1 year ago
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brinquei com Deus por Ele sempre me dar o que quero e, desde então, Ele não deu mais
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clarinhas2 · 1 year ago
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13/07/2023 as 00:00
cria-se pensamentos só na inércia como quem vive de pausas. Penso em todos os detalhes, os entraves das portas, as cores das paredes, as vidas passadas e a solidão. e me canso, exaurida de tal maneira que nem o sono pega mais, essa aí passou do tempo de ser e agora danou-se a se queixar da correria, a vergonha preenche mas choro biqueiras e sigo assim, sentindo falta.
gui, te escrevo as 23:55 de uma quarta, que magia existe no dia a dia? olho tanto pros meus pés e pras minhas unhas que de fato esqueço das trocas até meu coração bater mais rápido. se me perco com tanta frequência, pq continuo insistindo em alimentar um cotidiano que de nada me vale? faço tantos cafés distribuídos e lá se vão mais 70 reais antes do apercebimento do: quero descansar descalça e lavada da cabeça aos pés por outro senão eu e só assim sentirei paz.
Haja chão desnivelado que me canse até que eu pare. um dia quero te fazer bolo numa quarta um dia um dia um dia
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