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Cap. 35
Não consigo encarar o corpo de Eric, mesmo que eu desejasse a morte dele e sim eu desejava, é algo que não consigo fazer.
Uma explosão me traz de volta ao cenário em que me encontro, estou no meio de uma guerra, não posso parar.
-MINHO! –ele corre até mim, parece que assim como a explosão me atira de volta a realidade, meu grito o desperta.
-Você está machucada. – ele me encara de perto e eu tento abrir um sorriso, mesmo que um sorriso fraco.
-Estou viva, certo?
A dor ainda é lancinante e ameaça tirar a minha sanidade, mas não posso sucumbir à ela, não agora, não quando estou no meio de uma guerra.
-Minho. – faço com que ele desvie a atenção do meu ombro e me olhe nos olhos. – o que está havendo?
-Mostrei as imagens das reuniões de Max e Jeanine para o restante da divisão e bem, como você pode ver ninguém ficou muito feliz em saber que estávamos sendo controlados pelos laboratórios, portanto...
Olho ao redor, soldados, soldados da minha divisão unidos por um ideal, unidos para mostrar que não somos marionetes, que não podem nos controlar.
-Por um instante parecem todos como nós. – disparo e Minho sorri.
-Só você mesmo.
Mais uma explosão e ele me encara.
-Temos que encontrar o Felix. – é o que consigo dizer.
Estou feliz pela minha divisão estar nos apoiando, mas no instante só consigo pensar nele, preciso resgatá-lo, Felix está lá por minha culpa.
-Você não tem condições de lutar dessa forma.
-Espero que não esteja sugerindo que eu me esconda. – o encaro firme e Minho respira fundo.
-Se eu sugerisse, você obedeceria?
-Claro que não.
-Foi o que pensei.
-Estamos perdendo tempo, acho que sei para onde talvez eles tenham levado o Felix, vamos!
Disparo corredor adentro com Minho em meu encalço, viro a esquerda, a direita, depois a esquerda novamente, os barulhos de tiros constantes fazem com que meu coração dispare enquanto corro, de vez em quando vejo Minho se virar e atirar para trás na tentativa de impedir que os guardas nos sigam, mas não estou preocupada com isso, não posso parar de correr, preciso encontrar Felix.
Paro em frente a uma porta e olho através do vidro, tem alguém ali, alguém está deitado em uma cama e parece desacordado, forço os olhos para ver que conheço aquele rosto. Felix.
-Ele está aqui! – chamo a atenção de Minho que em um movimento rápido me atira de costas no chão, o tiro que estivera destinado para minha cabeça, atinge a porta e mesmo do chão ele consegue derrubar o guarda que atirara contra mim.
Caio em cima do ombro machucado e não consigo evitar soltar um urro de dor.
-Lizzy me desculpa eu...
-Shh, é melhor seguirmos em frente, Felix está aqui.
Fico de pé com a ajuda da mão que ele me estende e giro a maçaneta da porta, até esse gesto mínimo já faz com que eu sinta vontade de soltar um grito de dor, mas me contenho.
Caminho a passos vacilantes na direção da cama em que Felix se encontra, vejo que existem vários eletrodos conectados a sua cabeça e que seus cabelos, antes loiros e volumosos na altura dos ombros estão agora cortados de forma desordenada, em alguns lugares chega a faltar grandes tufos e eu me sinto cada segundo pior por causa disso.
Me aproximo e retiro o primeiro eletrodo de sua cabeça, mas ele não se move, parece estar morto, mas sei que não está pela forma com que seu peito sobe e desce enquanto ele respira calmamente, Felix está dormindo.
Ao tocar seu rosto percebo que não são apenas os cabelos que faltam, seus lábios estão machucados assim como as bochechas, é como se Felix tivesse resistido até o último minuto e por um segundo deixo escapar um sorriso, ele lutou.
-Felix. – chamo, quero que ele abra os olhos, quero que fale comigo. – Felix. Você está aí?
Continuo tirando os eletrodos enquanto Minho vigia a porta, preciso que Felix acorde logo, precisamos ir embora.
-Lizzy, se der pra agilizar um pouco eu ficaria feliz. – Minho fala enquanto atira mais uma vez na direção do corredor, sei que a cada tiro que ele dá uma pessoa morre, afinal Minho é o melhor atirador que conheço e o pessoal da divisão dos guerreiros não atira para machucar, atiramos para matar!
Termino de retirar o ultimo eletrodo e Felix abre os olhos de imediato, é como se aquelas coisas o tivessem controlando. Mais uma vez barulho de tiro e então percebo que Minho não está apenas atirando, está sendo alvejado também.
-Felix, vamos fique de pé. – falo e ele continua me encarando sem se mover, parece uma estátua de cera. – Felix!
E então é quando tudo fica confuso de vez. Felix estende as mãos em minha direção e agarra meu pescoço. Me debato na tentativa de me soltar, mas ele é forte demais.
Ele salta da cama ainda me segurando e me atira de costas no chão, a dor percorre meu corpo por inteiro e mais uma vez explode no ombro. Não consigo respirar, não consigo me mover. Felix agora está ajoelhado com os dois joelhos em cima de minha barriga e as mãos apertando cada segundo mais minha garganta.
Não consigo respirar, não consigo respirar, não consigo...
Lembro de quando quase morri no começo da iniciação quando Minho, na época Know me forçou a correr inúmeras vezes ao redor do abismo depois de ter apanhado de Woojin.
Não consigo respirar, não consigo respirar, não consigo...
Lembro da impotência que senti quando Woojin e os outros membros da divisão me atacaram em meu alojamento.
Não consigo respirar, não consigo respirar, não consigo...
E então sinto um alivio rápido e puxo o ar com força para dentro dos pulmões e começo a tossir no mesmo instante. Estou livre, Felix voltou a si, Felix...
Felix está caído ao chão ao meu lado, sua boca sangra. O que está havendo? Falta oxigênio em meu cérebro e eu não consigo processar as coisas direito.
-Lizzy? Liz! Ei pequena fala comigo, hey olha pra mim!
Foco em um rosto forte e em um par de olhos castanhos que me encaram preocupados, ameaço deixar com que a cabeça despenque para trás, mas ele me segura.
-Hey, hey olha pra mim, ei acorda! Não desmaia, você não pode desmaiar.
Aquela voz, conheço aquela voz.
Respiro fundo mais uma vez e a tosse volta, me apoio no chão com a mão direita, mas então solto um grito ao ver que não deveria ter feito aquilo, meu ombro está machucado. Ombro. Levei um tiro por estar tentando resgatar Felix. Felix.
Respiro novamente e agora consigo saber onde estou, estou nos braços de Minho, como das outras duas vezes, ele me salvou.
-Consegue me ouvir? – faço um gesto positivo com a cabeça. – e de pé? Consegue ficar? – mais um gesto.
Me apoio nele e ele me ergue, me esforço e consigo ficar de pé, mas cada centímetro do meu corpo dói.
-Eu não sei. – começo a falar, mas estou rouca, Felix quase esmagara minha traqueia. Sinto uma pontada de raiva quando o encaro. – o que aconteceu com ele.
Felix está caído ao chão, uma pequena poça de sangue se forma próximo a ferida em seus lábios provavelmente provocada por Minho.
-Acho que ele está sob o efeito de uma simulação ou algo do tipo, acho que Jeanine conseguiu o que queria, ela agora controla os divergentes.
-Isso é um absurdo. – me esforço para falar. – ela não pode...
-Aha, então é aqui que o casal vinte da divisão se esconde. – a voz vem da porta e nos viramos ao mesmo tempo para ver quem se aproxima.
Woojin, mas ele não está sozinho, Ashley está com ele e os dois possuem faixas brancas nos braços, por que não estou surpresa?
Seguro mais uma vez a arma que Bang Chan atirou para mim no hall com a mão esquerda e aponto na direção deles, Minho já tem sua arma em riste assim como os dois. Somos dois contra dois, a nossa única desvantagem é que não sei como atirar com a mão esquerda e provavelmente atirarei em qualquer lugar menos no meu alvo, mas mesmo assim não a abaixo, não vou demonstrar essa fraqueza.
-Woojin, é melhor você dar a volta e ir embora. – Minho fala enquanto o encara. – se fizer isso agora, não vou precisar te matar.
-Como fez com Eric? – Woojin atira as palavras na direção de Minho que dá de ombros.
-Fiz o que devia ser feito, não vou pensar duas vezes em atirar em você também.
Mas Woojin não se move, nem ele e nem Ashley, ela me encara firme e eu não vacilo, não posso vacilar.
Escuto uma movimentação atrás de mim e percebo que Felix está ficando de pé. Não, não é uma boa hora.
-FELIX! – grito ainda com a arma apontada para Ashley. – Felix sou eu, Lizzy! Felix!
-Ele não vai te escutar garota, ele pertence a nós agora, não é Felix? Vem aqui seu idiotinha de merda, vem aqui!
Felix se precipita para o lado de Woojin e Ashley e mais uma vez sinto um aperto no coração.
-E então, o que vai ser? Vocês se entregam ou vamos ter que matá-los?
-Quero ver você tentar. – Minho desafia e Woojin ri alto.
-Know, Know, Know, sempre tão corajoso e cheio de si.
Minho não se move. Woojin sorri.
-Então que seja. Vamos lá.
O tiro vem em seguida, na direção da minha cabeça, mas sou rápida o suficiente para desviar dele, caindo de costas no chão, mais uma vez meu ombro dói e eu o amaldiçôo, odeio estar machucada, odeio estar impotente.
Escuto um baque surdo e vejo um corpo inerte cair ao chão. Ashley, ela tem um buraco de bala exatamente entre os olhos, Minho, Minho a abateu quando ela atirou em mim.
Mais alguns tiros enchem a sala e então desperto para ficar de pé e correr para me proteger, não posso atirar com o braço esquerdo, não sei se conseguiria mirar.
Escuto alguns cliques e noto que as balas acabaram, Woojin está escondido atrás de uma mobília enquanto Minho está parado no meio da sala. Vejo quando ambos largam as armas e se encaram. Mas ao contrário do que eu pensava que Woojin faria, ele não ataca Minho, ele simplesmente sorri enquanto Felix o faz.
Fico de pé enquanto Minho reage, ele tenta não machucar Felix, mas parece impossível, Felix é um animal selvagem, ele não conseguirá ser domado, ele precisa ser abatido.
Afasto aquele pensamento, Felix é meu amigo, preciso ajudar Minho, preciso ajudá-lo.
Corro naquela direção ainda com a arma em punho, mas ao me aproximar, Woojin se atira contra mim, me jogando de costas no chão e se ajoelhando em cima de mim, por um segundo lembro do que Felix fizera e temo que ele tente me sufocar também, mas não é isso o que ele faz.
Com um sorriso Woojin enfia o dedo no buraco de bala em meu ombro e eu começo a gritar, a dor se espalha por todo o meu corpo e queima minha cabeça, não consigo pensar a única coisa que ainda consigo fazer é gritar, gritar até cansar.
Sinto um impacto e vejo que Minho se lançara em cima de Woojin atirando- o contra o chão. Os dois rolam em uma briga desesperada. Felix está de pé ainda, pega uma barra de ferro de uma das camas e segue até o dois. Minho agora está em cima de Woojin dando-lhe repetidos socos na cara com tanta raiva que sinto que a cada investida, Woojin fica mais perto da morte.
-FELIX! – chamo, mas ele não me escuta, ergo a arma. – FELIX!
Ele ergue a barra de ferro.
-Felix, por favor Felix pare, não me faça atirar em você.
-FELIX!
Fecho os olhos e escuto a pancada seguida pelo estampido da bala. Não quero olhar, não sei o que aconteceu, não quero olhar.
Mas preciso.
Abro os olhos e a cena que vejo me faz desabar em lágrimas de imediato. Minho está caído ao lado de Woojin, há sangue saindo de sua cabeça e eu reprimo um soluço. Errei o tiro, atirei nele.
Mas no segundo seguinte escuto um baque surto e vejo Felix despencar, a barra de ferro em sua mão faz um barulho ensurdecedor quando cai ao seu lado e eu vejo sangue nela e então consigo raciocinar. Não errei, acertei Felix, mas não antes de ele acertar Minho.
Me arrasto até lá, Minho está machucado, mas respira, está apenas desmaiado, em compensação Felix tosse e engasga. Vou até ele e ele me encara, seus olhos não estão mais como antes, agora vejo reconhecimento neles.
-Li... – ele ameaça falar e eu tenho que engolir as lágrimas, minha garganta está travada, mas preciso ser forte. – eu... e.. eu ...lu..te..i.. não.. foi... fá...fácil... PR...ra... me... do....mi...na...re..m.
Me aproximo mais e coloco sua cabeça em meu colo, há um abismo dentro de mim, um buraco negro que cresce mais a cada gota de sangue que vejo escapando da boca dele enquanto fala.
-É eu sei que sim, você não cederia sem uma bela luta. – falo forçando um sorriso, as lágrimas agora já escorrem por meu rosto.
-E....eu... ma...chu...que...i...al...gué...m? – a pergunta faz com que eu tenha que respirar fundo para não desabar, não consigo responder, portanto faço apenas um gesto negativo com a cabeça. Felix sorri. – a...a..in...da...bem...não...me..lem...bro...de...na...nada.
Não lembra?
-Nem....sei....quem...ati...rou...em....mim...–ele respira fundo. – mas....se...sei....q...que....foi....o....Ke....vin...só...esta...mos....nós...a...aqu...aqui....Know...não....far...faria....i...isso....nem....vo....cê.
A cada segundo o buraco aumenta mais, fui eu, eu atirei, mas não tive escolha, eu não tive escolha.
-Lizzy...o...bri....ga...do...por....me....mos...mostr...mostrar....q....que....po...pode....podemos....lu....lutar...mes...mesmo....qua...quando....não...pa...re...ce...ha...ver...mais...espe...ran...ça.
A cada frase a tosse dele aumentava e a minha culpa também.
-O...bri...ga...do.
Quando seus olhos se fecham o grito escapa da minha garganta e eu o puxo mais para perto, abraçando-o contra o peito. Felix está morto, eu o matei, eu o matei.
Não consigo mais segurar o choro e soluço mais do que choro. Olho ao meu redor e o que vejo é a destruição, o caos, a morte.
Woojin também parece não respirar, mas não me importo, Felix, Felix está morto, eu o matei, eu o matei.
Fico de pé me afastando dele, batendo com as mãos contra o meu próprio corpo na tentativa de me livrar do medo e do pânico que se instala em mim, da sujeira do que fiz, da imundície que minha alma se tornou, eu poderia ter atirado na mão dele, poderia tê-lo desarmado eu poderia ter feito qualquer coisa, menos matá-lo.
Meu ombro dói, mas não me preocupo, acerto repetidos tapas em meu rosto, em meus braços e nas pernas, estou suja, quero me livrar dessa sujeira, quero me livrar de mim, da minha alma imunda que nem ao menos teve a decência de confessar o que fez, Felix morreu achando que sou uma heroína, mas não sou nada, não sou nada.
Solto um berro e caio de joelhos novamente com as mãos tapando o rosto, me sinto um lixo. O choro não é mais um choro normal, são lamentos de um animal ferido, lamentos de uma besta que merece ser sacrificada, eu deveria ter morrido, não Felix.
-Lizzy? – a voz está distante e eu nem ao menos consigo identificá-la. – Lizzy? ow meu Deus o que houve aqui? Lizzy, ei Lizzy, Hey!
Não respondo, não sei quem fala comigo, quando me tocam, não sei quem o fez e quase não sinto o toque.
Sei que estou sendo levada escada abaixo porque sinto meus pés se moverem, mas não sei onde estou e nem para onde estou indo.
Estou em choque.
Não ligo para mais nada. Não mereço viver e quando a explosão chega e tudo acaba, não sinto nada.
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Cap. 34
Levo a mão as costas, centímetro por centímetro para que o guerreiro que está com a arma apontada para minha cabeça não repare. Não posso vacilar agora, talvez minha vida dependa disso.
Encaro Bang Chan, ele grita coisas absurdas para os traidores e por um instante eu desejo que ele fique calado, tenho medo do que possam fazer com ele.
Me concentro na minha respiração, na forma com que inalo e solto o ar, assim consigo agir de forma mais calculada.
Encaro Eric e imagino seu coração, mas não como o meu, bombeando sangue, imagino como ele ficará silencioso assim que eu enfiar minha faca nele, o pensamento faz com quem um sorriso brote em meus lábios.
-Recebi ordens para manter apenas dois de vocês vivos. – Eric começa enquanto caminha entre nós. Olho ao redor e conto com os olhos, somos dez, oito de nós irá morrer. – há várias maneiras de saber quais de vocês serão menos uteis para nós.
Seus passos desaceleram quando ele se aproxima de mim e eu tenciono os dedos, apertando com força o cabo da faca em meu bolso, mas ele não chega perto o bastante, continua andando na frente de uma garotinha que chora, ela não deve ter mais do que seis anos de idade.
-O cérebro para de se desenvolver aos vinte e cinco anos. – diz Eric. – portanto, sua divergência ainda não está completamente desenvolvida.
Ele ergue a arma e dispara.
Um grito estrangulado escapa quando o corpo da garotinha desaba no chão, e eu fecho os olhos com força. Todos os meus músculos me impulsionam para atacar Eric, mas eu me contenho. Espere, espere. Não posso pensar na garota. Espere. Me esforço para abrir os olhos e pisco para afastar as lágrimas.
Meu grito serviu para uma coisa: Eric agora está diante de mim, sorrindo. Chamei sua atenção.
-Você também é bem jovem, mas por outro lado, se os rumores estiverem certos, você atingiu as cinco aptidões no seu teste, não foi?
Eu não me movo, quero que ele chegue mais perto, quero poder enfiar a faca em sua garganta.
Fecho os olhos me concentrando no pulsar do metal contra meus dedos e abro os olhos, saltando para cima de Eric. Sinto a faca entrando, mas não sei bem onde, depois a puxo para fora novamente. Todo o meu corpo lateja no ritmo do meu coração. Abro os olhos e vejo Eric desabar no chão, e então... caos.
Os traidores não estão segurando armas letais, apenas umas que atiram o que quer que seja com que nos acertaram antes, enquanto todos eles tentam sacar suas armas de verdade, vejo Bang Chan pular em cima de um deles e socar seu queixo, ele apaga e desaba no chão, Bang Chan pega sua arma e começa a atirar nos outros traidores.
Tento alcançar a arma de Eric, mas sou lançada para trás por um chute bem dado em meu queixo. Estou zonza, ergo os olhos para ver que uma mulher está de pé de frente a mim, a arma em riste, diretamente apontada para minha cabeça.
-Pode dar adeus coisinha. – é o que ela diz.
-Adeus coisinha. – é o que escuto antes de ouvir o estrondo e do corpo dela cair inerte ao chão.
Minho está lá, com a arma empunhada e o rosto firme. Não tenho tempo de falar com ele, mas ele salva minha vida.
-LIZ! – o grito vem do outro lado e então avisto Bang Chan, ele me lança uma arma que seguro no ar sem nenhuma dificuldade, agora posso lutar.
Encaro Minho e ele me faz um gesto positivo com a cabeça, está na hora de resgatar Felix.
Desvio de alguns disparos enquanto disparo também, a confusão me deixa atordoada, mas sei exatamente o que fazer, fui treinada para matar e é exatamente isso o que estou fazendo.
Os traidores começam a fugir, se espalhando pela divisão de laboratórios, sei o que estão indo fazer, estão indo se organizar. Não posso perder tempo, não posso deixar que eles armem um contra ataque, preciso agir rápido.
Dou dois passos na direção de um dos corredores e quando estou prestes a me embrenhar por ele...
-Ei inútil! – me viro automaticamente ao escutar aquilo e ao fazê-lo mais uma vez dou de cara com Eric. Sua barriga sangra e ele estanca o sangramento com uma das mãos, mas a outra segura uma arma e ela está apontada diretamente para mim. – eu posso morrer. – continua ele, cambaleante. – mas, te levo junto.
Não tenho tempo para pensar, a única coisa que consigo fazer é me atirar ao chão, mas não sou rápida o suficiente e sinto a dor do tiro estourar em meu ombro direito.
Espero que o segundo venha diretamente em minha cabeça, mas não é isso que acontece, escuto outro disparo e me concentro para ver que Minho está de pé ao lado de Eric, e Eric está ao chão, sangue escorre da mão que ele segurava a arma e ele sorri.
-Achei que guerreiros eram treinados para atirar pra matar, Know. – Eric debocha enquanto tosse.
-E são, mas eu queria olhar para sua cara antes de fazer o que deve ser feito. Você é um traidor, você e Max e eu vou atrás dele assim que acabar com você.
Eric ri alto.
-Não seja imbecil, nós dois sabemos que você não tem coragem para atirar em mim, é honrado demais para algo assim.
Minho ri.
-Você atirou na Lizzy.
-E errei por pouco. – Eric fala ainda rindo. – queria ter acertado a cabeça, é assim que costumávamos sacrificar os cães antes da explosão.
Não me movo, Minho também não me encara, a arma ainda está apontada para a testa de Eric.
-Vamos Know! – Eric provoca. – achei que você tivesse bolas, mas creio que me enganei, acho que foi por isso que a coisinha ali não te quis mais.
Eu ainda não consigo reagir, mas consigo ver as costas de Minho subirem e descerem, ele está com a respiração falha, consigo sentir o ódio que o invade.
-Quem é você para decidir se eu vivo ou morro? – Eric o encara, Minho não se move.
Penso na garotinha que Eric acabara de matar, seu corpo ao chão ao meu lado. Talvez não seja Minho que está decidindo se Eric vive ou morre. Talvez tenha sido ele mesmo quem decidiu, quando fez tantas coisas terríveis.
Mesmo assim, é difícil respirar.
Olho para ele dessa vez sem malicia, sem ódio, sem sentir nada. Não estou com raiva do tiro que me deu, não tenho raiva de todas as coisas que fez comigo na divisão, na verdade sinto pena e isso é muito pior do que ódio.
-Vamos Know, atire! Quero ver a culpa te dominar antes de morrer.
Acho que sei o que ele quer. Quer ver as pessoas ruindo. É o que sempre quis, desde que começou a treinar os guerreiros. E ele acredita que se Minho for obrigado a matá-lo, conseguiria ver isso antes de morrer.
É doentio.
-Não sentirei culpa alguma. – Minho dispara.
-Então não vejo problema. – Eric retruca. – por que ainda não atirou?
Minho respira fundo.
-Me diz, sempre quis saber, é seu pai que aparece em um dos seus medos?
Minho checa a arma sem levantar a cabeça.
-O que foi? Quer que sua namoradinha ache que você é corajoso? Eu não acho você continua sendo um covarde.
Minho ergue a arma com a mão esquerda.
-Eric. – diz ele. – seja corajoso.
E aperta o gatilho.
Eu fecho os olhos.
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Cap. 33
A dor diminui. Enfio a mão sob a jaqueta para procurar a ferida.
Não estou sangrando. Mas, a força do tiro me derrubou, então deve ter havido algum tipo de munição. Passo a mão no ombro e sinto um calombo onde minha pele costumava ser lisa.
Ouço um ruído no chão ao lado do meu ouvido e ergo os olhos para ver um cilindro de metal que rola em minha direção. Antes que eu possa me mover, uma fumaça branca começa a sair da extremidade. Eu me engasgo e empurro o cilindro para longe, para o meio do salão, mas já é tarde demais. Aquele não parece ser o único e em menos de um segundo o salão inteiro está coberto por uma fumaça branca. Começo a tossir e fico de pé na tentativa de proteger os olhos, mas a fumaça faz com que eles comecem a arder de imediato.
Dou mais dois passos e a fumaça simplesmente desaparece, como se tivesse sido sugada.
Qual foi o sentido disso?
Olho ao redor e vejo meus amigos caídos, não te mais guerreiros traidores ao nosso redor, portanto posso ir até eles sem me preocupar em levar mais um tiro. Me aproximo e sacudo Mari, ela não se move, vou até Zeke, nem um sinal de vida, paro os encarando, eles não sangram, mas também não se movem.
Me aproximo de Bang Chan, o projetil do que quer que tenha sido atingiu seu estômago, pois posso ver um buraco em sua jaqueta preta. Ouço passos e volto a deitar ao chão, na posição em que estava antes de acordar, é melhor que não saibam que acordei.
-Por que simplesmente não atiramos na cabeça deles e acabamos logo com isso? – uma voz fria soa, eu aperto os olhos, não podem descobrir que estou acordada, não podem.
-Não seja idiota Frank, se matarmos todos como vamos ter população suficiente para o projeto de prosperidade.
Aquela voz, aquela voz eu conheço. Eric.
Os passos se aproximam mais de mim e eu sinto alguém abaixar ao meu lado.
-Olha se não é a garotinha do Know. – Eric, é ele que está ao meu lado, posso sentir o cheiro de seu perfume. – não achei que ele a deixaria sair sozinha, mas enfim, parece que não estão mais juntos.
Ele fica de pé e pisa em minha mão. Mordo a parte interno do lábio para evitar gritar, ele me paga.
-Agora vamos embora, esses quatro não são nada. Vamos!
Espero até os passos desaparecerem e abro os olhos. Eric, traidor miserável. Fico de pé e mais uma vez caminho olhando ao redor, quando os outros irão acordar e por que estou desperta e eles não? Algo passa pela minha cabeça. Sou divergente, é por isso que estou acordada, aquele gás, o que quer que tenha nele não surte efeito em mim, a caçada aos divergentes está a todo vapor, literalmente.
Escuto uma tosse e me viro para ver quem se aproxima, Bang Chan, ele está ficando de pé e me encara firme.
-Lizzy?
-Você também é diferente? – pergunto, não há tempo para me surpreender.
-Só não queria que ninguém soubesse. – é o que ele responde.
-Não se preocupe, vem, precisamos de uma dessas faixas brancas.
Tem guerreiros caídos ao chão, traidores na verdade, Zeke, Bang Chan ou até mesmo Tiele conseguiram derrubar alguns deles, conto seis.
-Por que? – Bang Chan me encara respirando com dificuldade.
-Porque todos os traidores possuem essa faixa no braço, é melhor para nos camuflarmos, certo?
-Por que não pegamos Zeke e Tiele e não sumimos daqui?
-Porque Eric está aqui, ele está tramando alguma coisa e não vou embora antes de saber o que está havendo.
-Lizzy isso é loucura.
-Se não quiser vir comigo fique a vontade, eu não vou desistir agora. Ele está sozinho, quer dizer, só tem um outro guerreiro com ele, não vou mesmo perder essa oportunidade, posso me livrar de Eric e ir até a divisão dos laboratórios disfarçada, posso libertar Felix, você está comigo ou não?
-Minho me pediu para cuidar de você.
-Então eu sugiro que você comece a andar, porque não vai poder cuidar de mim se não estiver por perto, e eu estou indo!
-Você tem MESMO um desejo de morrer, não tem?
Dou de ombros, não me importo, preciso ir até Eric.
Corro até a escada e Bang Chan me segue de perto. No meio do caminho começo a pensar no que pretendo fazer. Ir até Eric, exigir que me leve até a divisão dos laboratórios? A cada passo que dou percebo que não, não possuo um plano.
E então a ficha cai. Estou sendo imprudente. Estou fazendo o que Minho disse que eu faria, estou cavando minha própria sepultura, não sei o que vou achar por lá, mas com certeza não será nada agradável e estou levando Bang Chan para a morte comigo.
Mas o mais estranho é que não ligo.
-Eles vão subir a qualquer momento. – falo para Bang Chan e ele faz um gesto positivo com a cabeça.
-Você consegue dar conta deles? Está armada?
Lhe mostro a faca que tenho no bolso de trás e ele faz um gesto negativo com a cabeça.
-Arma de fogo Lizzy.
-Esqueci de trazer, desculpe.
-O que diabos você tem na cabeça? Vir a um lugar desses desarmada.
-Não estou desarmada Bang Chan, agora pare com isso por favor. Vamos!
Caminhamos juntos por mais alguns degraus, depois paramos em um corredor bifurcado.
-Você vai para a direita e eu para a esquerda. – falo.
-Nem pensar.
-Bang Chan eu disse que você podia discutir?
Aquela frase bate fundo dentro de mim, lembro de Minho e lembro também que talvez eu nunca mais o veja, pois estou agindo feito uma suicida novamente.
Corro antes que Bang Chan diga alguma coisa, no fim do corredor tem uma porta, paro de frente a ela e encaro o meu reflexo, mas não estou sozinha como pensava, Eric está atrás de mim.
***
Olho para ver o reflexo de Eric na porta e ele me encara de volta. Se eu me mover rápido talvez consiga fugir, talvez ele não esteja preparado para me segurar. Mas, me dou conta de que não conseguirei correr mais rápido do que ele. E não conseguirei atirar nele, pois estou desarmada. Gênio.
Giro o corpo, erguendo o cotovelo e o lançando na direção do rosto de Eric, mas ele é mais rápido do que eu e desvia do golpe, me segurando ao redor dos ombros.
-Olha só se ela não está acordada. – ele fala enquanto me segura. – diferente, não é?
Não respondo enquanto Eric me imobiliza, me deixando impotente. Ele me gira, segurando meu braço esquerdo com uma das mãos e apontando o cano da sua arma para minha cabeça.
-Não entendo, como você aparece aqui sem uma arma?
-Não preciso que entenda nada.
Eric torce meu braço para trás, meus joelhos cedem com a dor, e ele me agarra pela gola da camisa de maneira quase descuidada, me arrastando na direção oposta.
Me debato, mas não consigo me soltar, Eric me arrasta na direção da divisão dos laboratórios, não quero ir pra lá, mas não consigo me soltar.
Quando entramos, há um exercito de guerreiros de pé no hall de entrada, como se já esperassem uma espécie de ataque. Eric me atira ao chão e encara um dos guerreiros.
-Quero uma arma em cima dela o tempo todo. – ele fala firme.
-O que é Eric? – debocho. – está com medo de uma garotinha?
-Não sou idiota. – ele fala me encarando. – já fui enganado por essa encenação antes, não vou ser novamente. Você por ser aparentemente fraca é um ótimo cão de ataque e por isso vou me certificar de que seja a primeira a ser abatida.
Fico ali de joelhos com uma arma em minha cabeça enquanto vários outros guerreiros entram carregando outras pessoas, começo a analisar e percebo que são todos divergentes, haverá uma chacina.
Escuto um grito e ergo os olhos para ver que Bang Chan acaba de morder o seu captor, não posso deixar de sorrir, ele é como eu, pode até morrer, mas não irá sem causar um estrago.
Eu deveria estar com medo. Mas, em vez disso, uma risada histérica borbulha dentro de mim, porque, de repente me lembro de algo.
Posso até não segurar uma arma. Mas, tenho uma faca no bolso de trás.
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Cap. 32
A primeira coisa que precisamos é saber quem está do nosso lado, não podemos simplesmente começar a atacar uma divisão cheia de guardas sendo apenas quatro e partindo do principio de que Jisung e Tiele não são guerreiros, bem isso nos reduz a dois.
-Hyunjin. – Tiele fala simplesmente. – ele veio me perguntar algumas vezes a respeito do Felix e disse que sabe que há algo errado.
-Eu confio em Bang Chan, Zeke, Shauna e Tori. – Minho fala simplesmente. – sei que não nos trairiam. Lizzy?
-Não confio em ninguém. – falo dando de ombros.
-Existe um prédio abandonado próximo a divisão de laboratórios. – Minho começa ignorando o fato de eu não ter amigos. – de lá dá para ver a movimentação e podemos saber quantos guerreiros estão guardando o prédio.
-Me parece um começo.
-Não podemos ir todos. – Jisung começa. – acho que desconfiariam, certo?
-Eu vou. – falo simplesmente e todos me encaram.
-Não vai sozinha. – Minho dispara.
-Ok, mande mais alguém comigo, alguém que você confie, sei lá Tori, Shauna...
-Zeke. – ele fala simplesmente. – e Bang Chan.
-Não conheço esse tal de Bang Chan.
-Vai conhecer. Enfim, eu vou voltar para a sala de controles para ver se consigo mais alguma informação.
-Eu vou dar uma checada ao redor. – Jisung se manifesta. – ver se reconheço mais algum diferente entre os guerreiros.
-Eu vou com a Lizzy. – Tiele dispara e eu a encaro.
-Não vai não.
-Vou sim, aprendi a atirar e você não pode me manter aqui trancada e além do mas, é apenas para observar, certo? Não sei o que daria de errado em algo assim.
Não discuto pois os olhos de Minho estão em cima de mim e eu sei que ele está apenas esperando uma oportunidade para que eu discorde.
-Ok, você que sabe. Hoje a noite na saída da divisão, avise seus amigos Minho, não gosto de atrasos.
Naquela noite quando nos encontramos no local marcado, Minho se aproxima de mim.
-Nos vemos mais tarde. – murmura ele. – não faça nenhuma besteira.
-Obrigada pelo voto de confiança. – digo com uma careta.
-Não foi o que eu quis dizer, só quero que não se arrisque a toa, certo?
Ele se inclina na minha direção como se fosse me beijar, mas depois parece pensar direito e se afasta. É um ato insignificante, mas ainda me sinto rejeitada. Evito fazer contato visual e me apresso para acompanhar Zeke e Bang Chan que já caminham mais a frente.
Caminhamos lado a lado os quatro na direção do edifício que Minho citara mais cedo. Encaro os dois garotos que nos acompanham, Zeke parece ter a mesma idade de Minho e me lembro dele, quando não estava comigo, Minho quase sempre estava com ele, mas Bang Chan? Realmente não me lembro dele.
-Então é você? A garota que laçou o Know? – ele me encara e eu me sinto envergonhada.
-Eu não diria isso, não sei se alguém algum dia conseguiria laçar ele. – é o que sai da minha boca.
Bang Chan se vira para me encarar, seus olhos são pequenos castanhos, o rosto muito branco, a boca perfeitamente desenhada e os cabelos pretos e desordenados, ele sorri na minha direção e então noto que ele não deve ser muito mais velho do que eu, um ano no máximo e me pergunto como não o havia visto antes. Ele realmente chama a atenção.
Chegamos sem mais conversas em frente ao prédio e subimos. A noite está agradável e eu me pego respirando fundo e encarando o céu, mesmo sabendo que não vou conseguir enxergar exatamente nada além da escuridão proporcionada pela fumaça negra que toma o planeta.
Desvio os olhos e encaro o prédio a nossa frente, as luzes estão acesas e eles parecem em plena atividade, meu estômago mais uma vez sofre um dano ao saber que Felix está em uma daquelas salas e que eu estou aqui, apenas observando enquanto ele é estudado feito um objeto e provavelmente nem sobreviva no final.
-Isso é idiotice, sabia? – disparo. – ficarmos aqui observando enquanto em alguma daquelas salas, aquelas pessoas torturam o Felix.
-O que você quer que façamos? – Zeke me encara. – precisamos estudar cada centímetro daquele prédio caso queiramos invadir.
-Conheço aquilo como a palma da minha mão, você também deveria conhecer.
-Conhecer por dentro é uma história, por fora é outra garotinha.
-Não sou uma garotinha.
-Então pare de agir feito uma. – ele dispara. – não sabemos quantos guerreiros traidores estão guardando aquele prédio, não podemos simplesmente chegar lá atirando em todo mundo.
Aquela era uma boa ideia.
-Não. – Bang Chan fala me encarando com um sorriso. – não é uma boa ideia Lizzy.
O que ele é agora? Vidente?
-Quando estava conversando com Max ouvi jeanine dizer que precisava de um cérebro deferenciado mais poderoso. – começo enquanto ainda observo a divisão. – talvez se eu me candidatar, ela pare com os testes e deixe o Felix ir.
-E o que te faz achar que você tem um cérebro assim mais poderoso? – Tiele me encara.
-Jisung me disse, ele estava no meu teste de aptidão, ele me colocou nos guerreiros, ele disse que só no teste eu já demonstrei aptidão para as cinco divisões.
-As cinco? – Bang Chan me encara como se eu fosse algo de outro planeta e o olhar dele me machuca.
Dou de ombros.
-Não é nada de mais.
-Não é? Teu cérebro é uma máquina de destruição em massa. – Zeke fala me encarando. – e isso é...
Me preparo para ouvir que eu deveria estar morta ou que sou uma ameaça para a humanidade, mas o que escuto é uma risada, Bang Chan está rindo.
-Isso é muito maneiro, de boa, sério, você tem uma máquina na cabeça e não pode ser controlada, isso realmente é muito legal.
Eu o encaro e ele me dá uma piscadela, naquele instante me sinto um pouco melhor. Bang Chan não me vê como eu me vejo, como uma ameaça, algo destrutivo, ele me vê como algo legal, maneiro até e enquanto ele sorri pra mim eu sinto que sim, talvez eu possa ser algo do tipo.
Encaro mais uma vez seu sorriso e vejo de relance algo azul atrás dele e me esforço para enxergar melhor.
De repente, armas começam a disparar.
As portas de vidro se estilhaçam. Guerreiros com faixas brancas nos braços estão parados do lado de fora, carregando armas de um tipo que eu nunca havia visto, com feixes azuis saindo de cima dos canos.
-Traidores! – escuto Zeke gritar.
Os guerreiros que estão comigo, incluindo Tiele sacam as armas ao mesmo tempo. Não tenho arma de fogo para sacar, esqueci de pegar uma quando vim, então me escondo atrás de uma barreira que parece ser uma caixa de água, esmagando pedaços de vidro sob os pés e sacando a faca que sempre carrego no bolso de trás.
Ao redor, vejo Zeke desabar. Meus companheiros de divisão. Meus amigos mais próximos, os que acreditaram no meu plano idiota de resgatar Felix. De um por um indo ao chão, mortos ou morrendo. Tiele é a próxima seguida por Bang Chan. De repente fico paralisada. Um dos feixes azuis está fixado em meu peito. Mergulho para o lado, para fugir da linha de fogo, mas não sou rápida o bastante.
A arma dispara. Eu desabo.
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Cap. 31
Acordo com uma dor de cabeça enorme, não consigo dormir mesmo que queira. Olho para o lado e vejo que Minho ainda dorme, sua respiração é calma e tranqüila e não posso deixar de observá-lo. Sinto um aperto no coração e não sei bem a razão disso. Me aproximo e encosto os lábios nos dele com delicadeza para ao acordá-lo, quando o faço ele sussurra meu nome em meio ao sono e eu abro um sorriso.
-Eu te amo, sabia? – sussurro encarando-o. Em seguida fico de pé e sigo apartamento afora.
Não sei para onde estou indo ou o que estou procurando, só sei que preciso caminhar.
Estou apenas a alguns passos da divisão quando escuto algo. São vozes e eu as conheço. Max, Max e Jeanine, mas por que diabos eles estão conversando há uma hora dessas do lado de fora da divisão?
Me aproximo pé ante pé, eu poderia simplesmente ignorar aquele fato e voltar ao apartamento de Minho, mas não é isso o que faço, porque sei que preciso escutar aquela conversa, sei que nela terei informações a respeito do que houve com Felix.
Minho me chamaria de idiota e me daria uma bronca com certeza, mas no momento não estou preocupada com isso.
-Todos os detalhes. – consigo ouvir e sei que é a voz de Jeanine. – serão resolvidos na sede dos laboratórios, portanto acho melhor você continuar mantendo os olhos abertos, aqui entendeu? Uma pessoa com esse cérebro na sua divisão e você nem se quer se deu conta disso.
-Ele nunca mostrou talento nenhum que o pudesse denunciar.
-Pois é, até conseguir nos espionar, não é? Não vou admitir mais nenhum erro infantil vindo de você, entendeu?
Max não responde e naquele instante percebo que ele é apenas mais um lacaio de Jeanine.
-Procure, sei que podem haver outros.
-Achei que só um já serviria para seu propósito com o soro. – Max exclama.
-Não sei se a diferença do garoto é assim tão forte, de qualquer forma, procure.
Dou um passo para trás para me afastar da conversa e acabo esbarrando em algo. Não consigo reagir e uma mão tapa minha boca de imediato me segurando firme. Ameaço começar a me debater, mas conheço aquele perfume, Minho.
Ergo os olhos para constatar que é mesmo ele, Minho solta minha boca lentamente e me faz um gesto com a cabeça para que eu o siga. Obedeço, mesmo sabendo que vou levar uma bronca.
Quando chegamos ao apartamento ele simplesmente para no meio do quarto me encarando firme, os braços estão cruzados e o olhar é firme.
-O que foi? – pergunto.
-O que foi? – ele repete, os olhos são dois feixes de luz vermelha me queimando. – o que diabos deu em você para sair dessa forma a noite?
-Eu estava apenas caminhando.
-No escuro? A noite? No lado mais perigoso da cidade.
-Sou uma guerreira, achei que conseguiria me defender.
Ele balança a cabeça em um gesto negativo.
-Quando resolvi que a transformaria em uma, não pensei que precisaria ficar bancando a babá.
-Do que está falando?
-Estou falando que talvez eu tenha criado um monstro. – ele dispara. – uma viciada em adrenalina que não consegue se conter, que quer provar ao mundo que não é fraca.
-Eu nunca... – ameaço discutir, mas paro. Sim, quero provar ao mundo que não sou fraca, que não sou a inútil que todos me nomearam, mas acima de tudo quero salvar Felix, ele está preso por minha causa.
-Você é mais do que apenas uma guerreira. – ele continua. – mas se quiser simplesmente ser como eles, se colocando em situações ridículas sem razão fique a vontade. Pensei que você fosse mais do que isso, mas talvez eu estivesse errado.
Cerro os punhos e os dentes.
-Você não deveria insultar o os guerreiros. Eles o acolheram quando você quis fugir do seu pai.
Encosto-me na parede, encarando o chão. Os ladrilhos estão gastos, mas consigo identificar tons de preto e branco neles. Preto e branco, sem tons de cinza, algumas pessoas não acreditam no cinza. Talvez Minho e eu também não acreditemos. Não de verdade.
Meu corpo está muito pesado, mais pesado do que consigo suportar. Tão pesado que eu poderia atravessar o chão.
-Liz.
Continuo a encara o chão.
-Liz!
Finalmente, olho pra ele e ele me encara.
-Só não quero perder você.
Ficamos parados por alguns segundos e nada mais é dito.
Quando acordo no dia seguinte Minho não está no apartamento, me apronto e sigo meu caminho, a noite não fora muito boa no fim das contas.
Chego ao refeitório me sentindo horrível, como posso estar sentada ali quando Felix está visivelmente sendo torturado? Não posso viver com aquele peso, não consigo.
Minho se aproxima da porta e eu, Tiele e Jisung erguemos os olhos para encará-lo, o gesto é discreto, mas sabemos o que ele quer que façamos. De um por um seguimos caminho na direção de seu apartamento.
Quando já estamos reunidos lá, ele nos encara, os olhos estão mortos, cansados.
-Um programa espelhado. – ele começa simplesmente. – Felix de alguma forma conseguiu instalar um programa espelhado no computador de Max e estava usando o próprio computador como um clone do dele.
-Como assim? – Tiele pergunta.
Eu entendo o que ele quer dizer, entendo sim.
-Felix conseguia ver tudo o que Max fazia em seu computador. É como se a tela do computador do Felix fosse uma extensão do computador do Max. – concluo.
-Exatamente. – Minho concorda.
-E isso é possível? – Jisung parece fascinado.
-Com o programa certo é perfeitamente possível.
-E o que ele descobriu? – pergunto ansiosa.
-Há um novo soro sendo desenvolvido, Felix não é o primeiro como nós a ser pego, pelo contrário, alguns outros fora pegos e testados, mas nenhum deles sobreviveu aos efeitos.
Meu estômago é mergulhado em um abismo negro e eu começo e sentir frio, Felix.
-Nós precisamos ir até lá. – falo e todos me encaram.
-Não sem saber onde ele está e pior ainda quem o está guardando.
-Isso é fácil de saber. – falo simplesmente. – guerreiros o estão guardando e eu apostaria minha vida que ele está na sede dos laboratórios.
-Por que será que eu acredito mesmo quando você diz que apostaria sua vida? – ele me encara firme, dou de ombros, sem drama.
-Ouvi Jeanine e Max dizerem que ele estava na divisão dos laboratórios. – falo ignorando o ataque de Minho.
-E quando estava pensando em dividir essa informação comigo? – Minho me encara.
-Meu Deus Know! – exclamo irritada. – preciso mesmo te contar tudo na hora? se me lembro bem você estava bem ocupado me dando uma bronca e me chamando de viciada em adrenalina!
-Em primeiro lugar, não use esse nome como uma arma contra mim. – retruca ele, apontando pra mim. – em, segundo lugar, eu não estava te dando uma bronca ou te acusando de coisa alguma, só estava expondo meu ponto de vista a respeito da mania que estou vendo se desenvolver em você.
-Que mania seria essa?
-Suicida!
Não sou suicida, mas não respondo, porque simplesmente não tenho o que dizer. Minha cabeça está confusa e eu tento reprimir um pensamento que ameaça me dominar. O pensamento de que Minho está certo e que tem uma parte de mim que se sente tão culpada pelo que está havendo com Felix que deseja mesmo chegar desarmada na divisão de laboratórios e se entregar para ser cobaia no lugar dele. As cinco aptidões, eu possuo as cinco e talvez eu seja a dona do cérebro que Jeanine procura.
-E então? – me obrigo a voltar para a realidade. – qual é o plano?
Ele ergue umadas sobrancelhas e abre um sorriso discreto.
-É o seguinte...
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Cap. 30
Corro de volta ao apartamento de Minho e bato feito uma louca na porta, após alguns segundos ele abre e me encara firme, seus olhos estão preocupados.
-Lizzy o que houve? Você está bem?
-Felix. – falo tentando recuperar o fôlego. – Felix, eles levaram o Felix.
-Como é?
-Eu estava chegando na divisão, Max, Eric e outros guerreiros o estavam colocando em um furgão, Max descobriu que ele o estava espionando e o levaram, eu não sei pra onde, não sei o que vão fazer com ele e a culpa é minha.
-Calma. – ele fala finalmente. – calma ok? Tenta se acalmar. Respira.
-Me acalmar? – falo irritada. O que Minho tem na cabeça? Eu não acabo de dizer que pegaram o Felix e que o levaram Deus sabe-se lá para onde? – como eu posso me acalmar?
-Você pode e vai! – agora o olhar dele é firme em cima de mim. – se não se acalmar não vamos conseguir saber o que está havendo e para onde o levaram, entendeu? O desespero faz com que você fique vulnerável e nesse momento essa é a ultima coisa que você pode ser.
Faço um gesto positivo com a cabeça respirando fundo, Minho tem razão.
-Precisamos de Jisung e Tiele. – ele continua. – o quanto você confia nela? O suficiente para lhe dizer que é diferente?
Faço um gesto positivo com a cabeça, mesmo sabendo que talvez Tiele não me perdoe pelo que aconteceu aos artistas, confio nela.
Caminhamos juntos até chegarmos a divisão, quando nos aproximamos da porta Minho me encara.
-Você entra primeiro.
Faço um gesto positivo com a cabeça e caminho a passos apressados na direção do refeitório, preciso encontrar Tiele e Jisung e levá-los a algum lugar seguro em que possamos conversar e esse lugar seguro é o apartamento de Minho.
Ele não entra, simplesmente volta para casa para nos esperar por lá, viera apenas para ter certeza de que eu chegaria bem até a divisão.
Quando avisto Tiele e Jisung ela sorri em minha direção e acena, eu faço um gesto negativo e a chamo com um aceno de cabeça, de inicio ela parece não entender, mas então vejo Jisung ficando de pé e a segurando pelo braço, arrastando-a em minha direção.
-O que foi? – ela pergunta quando os dois se aproximam de mim.
-Vem comigo.
Seguimos sem nada dizer até o apartamento de Minho, quando bato na porta, ele a abre com um sorriso.
-Bem vindos a minha humilde residência. – é o que ele diz.
Passo feito uma bala por ele e me posiciono no meio do quarto com os braços cruzados, não tenho tempo para cortesias, preciso saber o que houve com Felix e preciso saber agora.
-Levaram o Felix. – falo firme sem uma explicação previa, Jisung me encara firme enquanto Tiele parece mais perdida do que nunca.
-Felix? Levaram? Pra onde?
-Não sei. – completo. – só sei que sinto que vão matá-lo e a culpa é minha.
-Como a culpa poderia ser sua? – ela pergunta e então eu desabo.
É minha culpa, minha maldita culpa, se tivesse ficado quieta, se tivesse ignorado as coisas ao meu redor Felix talvez não estivesse nessa situação. Minha culpa e do meu cérebro idiota que insiste em funcionar de todas as formas possíveis.
-Felix é diferente Tiele. – falo erguendo os olhos para encará-la. – assim como Minho e eu.
Ela passa algum tempo quieta apenas olhando de mim para o Minho, de inicio imagino que ela não saiba o que significa ser diferente, mas então vejo compreensão em seus olhos e percebo que ela sabe exatamente o que aquilo quer dizer.
-Diferentes existem mesmo? – essa pergunta ela dirige diretamente a Jisung, ele faz um gesto positivo com a cabeça.
- Por isso explodiram sua divisão, estavam caçando pessoas como eu.
Agora sinto frio, me expor daquela forma faz com que meu corpo inteiro se arrepie e então percebo que estava usando esse segredo como uma segunda pele e que agora que não o tenho mais estou vulnerável.
Ela não diz nada durante um bom tempo, então se aproxima e senta na cama de Minho. Jisung a encara firme, ela balança a cabeça em um gesto negativo.
-Perdi meus amigos e minha família porque estavam, caçando vocês três? Você, Minho e Felix?
Faço um gesto positivo com a cabeça, ela passa as mãos pelos cabelos, está visivelmente abalada. Fico ali sem saber o que fazer ou dizer, sei que está me odiando, sei que odeia a todos nós naquele momento.
Ela respira fundo e ergue os olhos em nossa direção, ao contrário do que eu imaginava, eles estão determinados.
-Quem?
-Quem o que? – deixo a pergunta escapar e no instante seguinte me sinto uma idiota.
-Quem está caçando vocês?
-O governo. – falo simplesmente. –as outras divisões, não sei dizer.
-E o que estamos esperando para descobrir quem são? Eles não vão matar meus amigos, minha família e caçar minha melhor amiga e ficar por isso mesmo.
Sorrio, não quero e não posso sorrir, mas quando dou por mim estou sorrindo. Tiele vai nos ajudar, ela não me odeia.
-Por onde você acha que devemos começar, Lizzy?
Os olhares se voltam para mim quando Jisung diz isso e eu dou de ombros. Como diabos vou saber?
-Por que pergunta pra mim?
-Porque de todos aqui você é a que tem mais aptidão para a divisão de laboratórios. – ele fala simplesmente.
-Achei que Minho também fosse diferente e que pensasse como eu.
-Existem níveis diferentesa, o seu é um pouco mais elevado do que o do Felix ou do Know.
Encaro Minho, ele sorri.
-Sou a mais pirada dos três, é isso?
Todos riem, eu não sei qual é a graça.
-Apenas pensa um pouco, ok?
Fecho os olhos e respiro fundo, uma ideia me vem a cabeça, quer dizer, não uma ideia, mas uma certeza, algo completamente obvio, tão obvio que tenho até vergonha de falar.
-Devemos começar pela sala de controles, se soubermos o que Felix estava espionando e o que ele viu que o entregou, podemos saber para onde o levaram, certo?
Eles trocam olhares e então eu percebo que aquilo não é obvio, pelo menos não para nenhum deles.
-Se eles descobriram que Felix é diferente. – Jisung começa.
-O mataram. – falo simplesmente.
-Ou não. – ele me encara. – talvez o estejam levando para fazer aquele teste que te falei, do soro que não conseguiram desenvolver ainda, talvez estejam o estudando.
Um pensamento passa pela minha cabeça e eu tento bloqueá-lo, Felix sendo estudado pela divisão de laboratórios como se fosse um objeto me faz ter vontade de vomitar.
-Eu tenho acesso aos computadores, posso ver o que ele estava vendo e depois passo as informações para vocês. – Minho me desperta e eu o encaro.
-Sozinho?
-Não vejo outra forma Liz.
-E se te pegarem também?
-Eu sei me cuidar.
-Minho.
-Lizzy, não me lembro de ter dito que isso está em discussão.
Cruzo os braços e ameaço discutir, mas então percebo que isso em transformaria em uma garotinha idiota e resmungona, portanto apenas começo a morder a unha do meu dedão.
-Então fica combinado assim, olhos abertos e tudo o que virem e ouvirem de estranho por favor informem, certo?
Nós concordamos. Jisung e Tiele se precipitam para fora do apartamento de Minho e eu os sigo, mas antes de sair ele me segura pelo braço.
-O que foi? – pergunto me virando para encará-lo.
-Fica comigo hoje?
O pedido é espontâneo e com certeza todas as garotas da divisão gostariam de receber aquele convite, mas há algo dentro de mim que fica simplesmente em choque.
Não tenho medo de Minho, não mesmo, o que temo é o que ele espera de mim. mesmo que não queira que me ache uma garotinha boba, ainda não estou preparada para agir feito uma mulher. Não sei como me comportar quando estou perto dele e simplesmente quando me toca, eu sinto toda a minha razão me deixando e tenho medo de onde isso possa me levar.
-Você está bem? – diz ele tocando meu rosto. Sua mão apóia o lado da minha cabeça, deslizando seus dedos longos entre meus cabelos. Ele sorri e segura minha cabeça enquanto me beija. O calor se espalha pelo meu corpo lentamente. E o medo soa como um alarme em meu peito.
Com os lábios imóveis sobre os meus, ele puxa a jaqueta dos meus ombros. Eu me contraio ao ouvi-la caindo ao chão, e o afasto, com os olhos ardendo. Não sei por que me sinto assim. não me senti assim quando ele me beijou das outras vezes. Eu ergo as mãos e as levo em direção ao rosto, cobrindo meus olhos.
-O que foi? Tem algo errado?
Eu balanço a cabeça.
-Não me diga que não é nada. – sua voz tem um tom frio. Ele agarra meu braço. – ei, olha pra mim.
Eu afasto as mãos e ergo os olhos para encontrar os dele. Seu olhar de dor e raiva me surpreendem.
-Às vezes, eu me pergunto. – digo, com o máximo de calma que consigo. – o que você está ganhando com isso. Isso... seja lá o que isso for.
-O que eu estou ganhando? – repete ele e se afasta de mim, balançando a cabeça. – você é uma idiota Lizzy.
-Eu não sou uma idiota. – digo- e é por isso que eu sei que é um pouco estranho que, de todas as garotas que você poderia ter escolhido, você tenha escolhido a mim. então, se você tiver apenas atrás de... bem, você sabe... daquilo...
-O que? de te levar pra cama? – re truca ele, com raiva. – pensei que já havíamos passado dessa fase, pensei que tinha deixado claras as minhas razões para estar com você.
Sim ele havia me dito algumas coisas, mas eu simplesmente não conseguia compreender, eu era... Eu. Um cara como Minho não podia se interessar por mim se não fosse pelo que todos pensavam que era.
-Sabe, se isso fosse a única coisa que eu quisesse. – ele volta a falar. – você provavelmente não seria a primeira pessoa que eu procuraria.
Sinto como se ele tivesse acabado de socar meu estomago. É claro que eu não seria a primeira pessoa que ele procuraria. Nem a primeira, nem a mais bonita, nem a mais desejável. Aperto as mãos contra o abdômen e desvio o olhar, segurando as lágrimas. Não sou do tipo que chora. Também não sou do tipo que grita. Pisco algumas vezes, abaixo as mãos, e o encaro.
-Eu vou embora agora. – digo, baixinho, depois me viro para a porta.
-Não, Liz! – ele agarra meus pulsos e me puxa de volta. Eu o empurro com força, mas ele segura meu outro pulso, mantendo nossos braços cruzado. – me desculpe por ter dito isso. O que eu quis dizer é que você não é assim. E eu já sabia disso desde que a conheci.
-Você é um dos meus medos, sabia? – disparo e ele me encara.
-O que? – ele solta meus pulsos, e seu olhar de dor retorna. – você tem medo de mim?
-Não de você. – digo. – de estar com você... com qualquer pessoa. Eu nunca me envolvi com ninguém antes, e... você é mais velho, e eu não sei quais suas expectativas, e...
-Lizzy. – ele diz severamente. – não sei que tipo de loucura você enfiou na sua cabeça, mas tudo isso é bobagem.
-Bobagem? – repito. – você realmente acha uma bobagem?
-Acho porque simplesmente não estou esperando nada de você, o que espero é que esteja comigo, o resto eu não me importo.
Ele me beija entre as sobrancelhas, depois na ponta do nariz, depois encaixa cuidadosamente a boca na minha. Estou no limite. Há eletricidade correndo em, minhas veias. Quero que ele me beije, mas tenho medo da direção que isso pode tomar.
Minhas mãos deslizam para suas costas e seguro sua camiseta com força, forçando-a para cima. Não estou pensando direito, a única coisa que tenho em mente é que quero tocá-lo e mais nada.
Ele se afasta de mim e me encara de perto com um sorriso nos lábios, quero continuar a tocá-lo, mas tenho medo das conseqüências.
-Isso está assustando você, Liz?
-Não. – minha voz sai rouca. Limpo a garganta. – não muito. Só estou... com medo do que quero.
-E o que você quer? – seu rosto se contrai. – você me quer?
Eu faço que sim lentamente com a cabeça.
Ele também assente e segura minhas mãos com delicadeza entre as suas. Guia as palmas das minhas mãos até sua barriga. Com os olhos abaixados, puxa minhas mãos para cima, sobre seu abdômen e sobre seu peito, e as segura contra seu pescoço. As palmas das minhas mãos formigam com a sensação da sua pele, macia, quente. Meu rosto está em chamas, mas mesmo assim estou tremendo. Ele olha pra mim.
-Um dia... – ele começa. – se você ainda me quiser, nós podemos...
Sorrio um pouco e o envolvo em meus braços antes que ele termine de falar, pressionando o lado do meu rosto contra seu peito. Sinto o bater do seu coração na minha bochecha, tão rápido quanto o meu.
-Você também tem medo de mim, Minho?
-Tenho pavor. – ele responde sorrindo.
Nos beijamos mais uma vez e desta vez, a sensação parece natural. Sei exatamente como nossos corpos se encaixam, com o seu braço ao redor da minha cintura, minhas mãos em seu peito, a pressão de seus lábios nos meus e por um segundo esqueço de todos os problemas, por um instante, não existe uma guerra lá fora.
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Cap. 29
Diferentes. A palavra ainda soa estranha aos meus ouvidos, não sei o que sou, mas com certeza não sou como Felix e Minho, não me sinto como nenhum dos dois mesmo Jisung dizendo que somos iguais.
Estou confusa, assustada e preciso conversar com alguém. Tiele seria a melhor escolha, mas não sei se ela me compreenderia, quer dizer, no dia em que a resgatamos, ela me acusou, mesmo que momentaneamente, de ser a culpada pelo ataque, talvez agora, ela me culpe de verdade.
Caminho sem saber exatamente para onde ir e quando vejo estou de frente ao apartamento de Minho. Respiro fundo e empurro a porta. Ele não está lá, mas mesmo assim não vou embora, ao contrário apenas me aproximo de sua cama e deito, abraçando o travesseiro que tem o cheiro dele.
-Lizzy? – a voz me desperta e só então noto que dormi. Abro os olhos calmamente e o vejo sentado ao meu lado, suas mãos acariciam meu rosto e eu me obrigo a sorrir.
-Oi, desculpe eu não queria ter dormido. – é o que falo sentando na cama e passando a mão pelos cabelos na tentativa de colocá-los em ordem.
-Não tem problema, gosto de te ver assim.
-Assim como?
-Não sei, parecendo uma garotinha.
-E quer dizer que não sou uma?
Ele sorri em tom de descaso e fica de pé se afastando de mim.
-Está vendo?
-O que? – pergunto começando a me irritar, Minho não me vê como uma garota? O que sou então?
-Você. Nunca relaxa, nunca consegue levar as coisas com simplicidade. Quando digo que parece uma garotinha quero dizer sem toda essa armadura que você criou ao seu redor.
-Armadura que você me ajudou a criar. – falo ficando de pé também e o encarando firme. O que Minho quer? Ele me transforma em quem sou e depois reclama disso?
-Te ajudei a criar essa armadura para que possa se defender dos outros não de mim!
Por alguns breves momentos nós apenas nos encaramos. A respiração de Minho é pesada e sei bem a razão disso, ele está irritado, eu o irritei, mas o que ele queria? Não consigo compreender as coisas que ele me diz, talvez meu cérebro não seja assim tão desenvolvido como Jisung dissera, talvez eu seja apenas uma garota idiota que não consegue acompanhar o mundo a sua volta e que simplesmente se desequilibra com tudo, talvez Minho seja a principal razão do meu desequilíbrio, ele é, sei que é.
-Somos diferentes? – mudo de assunto de repente, não quero mais falar de nós dois ou do fato de eu não ser boa o bastante para ele.
Minho me encara firme, seus olhos estão surpresos, mas após me encarar por alguns segundos ele respira fundo e os fecha.
-Como você descobriu? – é o que ele fala.
-Isso importa? – é o que respondo – você sabia o que éramos desde o começo, não sabia?
-Não. – ele responde. – não sabia, depois comecei a reparar em você, na forma como agia e então percebi, por isso te empurrei até o limite muitas vezes, porque sabia que você precisaria dessa força algum dia.
-Então se aproximou de mim por eu ser como sou? – a ideia de que Minho se aproximara de mim só por eu ser diferente me assusta desde que Jisung me contara a respeito, não quero que esse seja o motivo, quero que goste de mim por ser quem sou e não por dividir um desvio cerebral com ele.
-Quando descobri que você era como eu já era tarde demais Lizzy, eu já estava completamente apaixonado por você, mas parece que as coisas nunca funcionam assim pra você, certo? Você precisa que eu tenha uma razão para ter me aproximado, pois é, se você quer tanto saber, vou te dar a verdadeira razão.
Meu coração acelera e ameaça tirar meu fôlego, mas eu me mantenho firme e cruzo os braços em frente ao corpo enquanto o encaro. Minho me olha firme, seus olhos não vacilam e os meus também não, parece que estamos travando uma batalha para saber qual dos dois será o primeiro a ceder.
-Me aproximei exatamente por esse motivo. – ele começa e eu continuo o encarando sem me mover. – esse desafio no seu olhar, a forma com que demonstra que eu não a assusto e que nunca assustarei, foi por isso que me apaixonei por você, porque sou idiota e consigo imaginar um futuro pra gente fora de tudo isso, porque sou imbecil o bastante para me imaginar com você e mais ninguém, porque...
Eu não o deixo terminar, corro até ele e o beijo, Minho me envolve em seus braços e me tira do chão, respirando fundo enquanto me beija com vontade.
-Eu te amo pequena, eu não sei o que seria de mim sem você, eu...
-Shhh. Não diz nada, eu também te amo.
***
Falar com Minho a respeito de eu, ele e Felix sermos iguais me acalma um pouco, percebo que mesmo não me sentindo como os dois, não estou sozinha.
Me pego pensando em como me senti quando Minho me beijou pela primeira vez, como se não estivesse sozinha no mundo e agora entendo a razão.
-Acha que Felix sabe o que somos? – pergunto enquanto ele acaricia meus cabelos. Estou deitada em sua cama com a cabeça em seu colo, Minho dá de ombros.
-Imagino que não. – ele fala simplesmente. – Tori me disse quem eu era, me falou sobre o irmão dela e sobre o que houve com ele quando descobriram que ele era diferente, o encontraram no fundo do abismo.
-Então a caçada não é algo que começou agora, certo?
-Não, mas parece que agora todas as divisões estão empenhadas nisso.
-Precisamos alertar o Felix.
-Quem te contou a respeito de quem você é?
-Jisung, era esse o segredo que ele estava mantendo, as divisões atacaram os artistas porque achavam que a maioria de nós estava entre eles, mas se enganaram, pelo que Jisung sabe, a maioria está aqui e somos eu, você e o Felix.
-Precisamos falar com ele. – Minho constata e eu faço um gesto positivo com a cabeça.
-deixa que eu falo, porque ele ainda tem medo de você.
Ele ri alto.
-Ok então. – falo ficando de pé e o encarando. – vou até lá, nos vemos no jantar?
-Nos vemos.
Lhe dou um beijo breve e sigo meu caminho. Preciso encontrar o Felix, preciso contar á ele que está em perigo, preciso protegê-lo.
Quando chego a sede da divisão a cena que vejo faz com que meu coração pare de bater momentaneamente. Vejo Eric , Max e mais alguns soldados segurando Felix pelos braços e o arrastando na direção de um furgão. Ele não se debate ou reage, ele simplesmente encara o chão.
-FELIX! – grito em sua direção e ele ergue os olhos para me encarar, seu rosto está inexpressivo, mas a me ver, ele abre um sorriso triste. – o que diabos está havendo aqui?
-Seu amiguinho foi pego se metendo em assuntos que não eram da conta dele. – Eric fala com um sorriso me encarando. – você sabia de alguma coisa a respeito?
Encaro Felix, sei do que Eric está falando, o pegaram espionando Max e Jeanine, o pegaram porque eu pedi para que ele ficasse de olho e me avisasse, eu não deveria ter feito aquilo, eu deveria ter pedido para que se mantivesse longe de confusões, eu deveria ter protegido ele.
Abro a boca para me manifestar sem saber bem o que vou dizer, mas Felix ri, sim ele ri alto.
-Acha mesmo que uma garotinha boba feito ela estaria sabendo de algo do tipo? – a voz dele possui um tom divertido, mas eu sinto a dor em cada palavra, a dor de estar mais uma vez sendo protegida pelas pessoas de quem gosto, de mais uma vez ser a vítima e não poder ajudá-las. Eu destruo tudo o que toco, sou perigosa.
Eric olha de Felix para mim, meu coração ameaça sair pela boca, mas não me movo apenas o encaro, Felix abre um sorriso em minha direção, um breve sorriso que apenas eu noto e que sei o que significa, eu tenho que continuar o que ele começou.
-tome cuidado com as amizades que faz inútil. – Eric fala me encarando firme. – senão você será a próxima que eu estarei levando.
-Pra onde? – não posso deixar de perguntar quando eles voltam a empurrar Felix na direção do furgão. – para onde o estão levando?
-Isso não é da sua conta, é? – Max me encara e eu me sinto uma inútil. – é melhor você entrar, está escuro aqui fora e nenhum de nós vai querer que você se machuque, certo?
Eles terminam de colocar Felix no furgão e eu fico ali parada olhando enquanto eles batem a porta e o levam embora, para onde? Isso não sei dizer.
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Cap. 28
Por que diabos Jisung teria disparado o alarme de segurança, não fazia sentido, a não ser que…
-Merda!
-LIZZY!!!!
Deixo Felix falando sozinho e corro na direção da rua, não posso ficar para o almoço, preciso encontrar Jisung.
Caminho pelas ruas ao redor da divisão e não vejo nada, para onde aquele idiota foi?
Volto para dentro completamente frustrada, não acredito que sou idiota ao ponto de não conseguir encontrá-lo.
Caminho na direção do dormitório para tentar encontrar Tiele, talvez ela saiba de algo, certo? Mas ela não está lá e me surpreendo ao ver quem está.
Jisung. A me ver entrar ele me encara.
-Pensei que tinha ido embora. – falo simplesmente, ele dá de ombros.
-Não consegui.
-Tiele?
Ele apenas faz um gesto positivo com a cabeça.
-Não posso deixá-la, ela não está segura, ninguém está.
Me aproximo mais e sento ao seu lado, Jisung respira fundo e eu seguro sua mão, entrelaçando os dedos dele nos meus e os aperto. Ele me encara e eu vejo que consegui o que queria, consegui transmitir naquele toque que ele pode confiar em mim.
-Jisung, o que você está escondendo?
Ele olha ao redor, para as câmeras que mostrei a ele e ao notar que estamos seguros ele me encara.
-Tranca a porta.
Fico de pé e corro até lá, trancando e voltando em seguida.
-Estamos seguros. – constato. – pode me contar.
Mais uma vez ele respira fundo.
-Existem pessoas que possuem mais de uma aptidão. – ele começa e eu apenas o encaro. – elas não são completamente guerreiras, completamente artistas, construtores, julgadores ou curandeiros, elas podem ser qualquer um deles.
-Como isso é possível? – pergunto incrédula.
-O cérebro delas trabalha de forma diferente Lizzy. Elas e inicio não se encaixam em nada, mas depois conseguem fazer o que quiserem. O cérebro delas está apto para trabalhar como qualquer uma das divisões, por isso na maioria das vezes são pessoas confusas, porque pensam que deveriam agir de uma forma, quando o que querem é agir de outra.
Enquanto Jisung fala eu o encaro e algo me transporta para mais cedo naquele mesmo dia. A forma com que pensei como os julgadores e como de repente voltei a pensar como guerreira, depois no quarto, assoviar é uma aptidão dos artistas, não dos guerreiros…
-Jisung, essas pessoas elas são perigosas? – sei que sou, de alguma forma sei que sou.
-São. – ele fala simplesmente. – não para os outros, mas para o governo, elas não podem ser controladas Lizzy, os julgadores e a divisão de laboratórios estão tentando desenvolver uma injeção que os controle, mas por enquanto não conseguiram, não que eu saiba.
-E o que isso tem a ver com o ataque aos artistas? – minha boca tem um gosto amargo e eu estou me controlando para não gritar e esmurrar coisas. Sou diferente, tem algo errado com meu cérebro, sempre soube que havia, mas não pensei que isso seria constatado.
-A aptidão para a arte é a mais fácil de ser desenvolvida, portanto a maioria dessas pessoas procura a divisão dos artistas.
Forço uma compreensão, mas o que me vem a mente é que tenho culpa no massacre aos artistas, tenho culpa, tenho culpa.
-Não encontramos ninguém assim por lá. – ele fala simplesmente e eu me obrigo a voltar a escutar o que ele tem a dizer. – não que eu saiba pelo menos. Eles atacaram a divisão errada, afinal são os guerreiros que possuem pessoas assim, nós não.
-Do que está falando? Como assim?
Jisung sorri.
-Sabe do que eu estou falando Lizzy, não se faça de burra. Você, Minho e aquele seu amigo, Felix, vocês três são diderentes.
-Diferentes? – pergunto.
-Sim, é o nome que dão para esse tipo de pessoa. Sei que notou que vocês são mais espertos do que deveriam ser, certo?
Não respondo, Jisung sorri.
-Te ouvi assoviar mais cedo, de onde vem sua aptidão musical?
Artistas.
-E a forma com que está sempre tentando ajudar todo mundo? Esse senso de justiça, vem de onde?
Julgadores. Meu estomago embrulha.
-A forma com que confeccionou o colar no seu teste de aptidão. – ele fala e eu o encaro.
-Você viu meu teste?
-Era eu que estava atrás do espelho negro Lizzy, como acha que ainda está viva? Se fosse um dos instrutores dos guerreiros ou de qualquer outra divisão você estaria morta.
-Você me colocou entre os guerreiros?
Ele faz um gesto positivo com a cabeça.
-Por que ?
-Porque no seu teste você já mostrou mais de uma aptidão. Artista ao transformar o boneco no que agora eu vejo ser o Woojin, guerreiros ao arrancar os olhos dele, construtores ao fazer um colar com eles, laboratórios ao analisar que aquela situação seria possível, julgadores ao se vingar e curandeiros, a forma com que você removeu os olhos dele foi cirúrgica.
-Você poderia ter me colocado em qualquer divisão. – falo tentando assimilar os fatos. – e me colocou nos guerreiros. Por que?
-Você não foi a única. Os outros dois fui eu quem os colocou aqui também.
-Você estava no teste de aptidão de Minho e Felix?
Mais um gesto positivo com a cabeça.
-Minho sabe o que somos, certo? – pergunto ao me lembrar da cena que ele fizera ao me ver assoviando no dormitório. – ele sabe que somos diferentes.
-Sabe.
-Como?
-Isso eu já não sei te dizer, não fui eu quem contou pra ele. Só vi Know no dia do teste e depois de anos quando vocês nos resgataram, nem o reconheci até saber o nome verdadeiro dele.
Os resgatamos de um fogo pelo qual somos responsáveis indiretamente. Minha cabeça começa a girar e Jisung sorri.
-O ataque a nossa divisão não foi culpa de nenhum de vocês. – ele fala simplesmente. – foi crueldade de pessoas que não entendem o que o cérebro de vocês realmente é.
-E o que seria?
-Uma dádiva Lizzy, uma forma de mudarmos o mundo que conhecemos, vocês possuem vontade própria, vocês pensam e não podem ser controlados.
Somos perigosos. Ameaças, por isso não vão medir esforços para nos matar.
-Quantos mais?
-Não sei.
-Estão todos entre os guerreiros?
-Não sei. Alguns podem nem ao menos ter saído da sala do teste de aptidão dependendo de quem os estava assistindo.
Um nó se forma na minha garganta e eu encaro Jisung. Quer dizer que só estou viva porque dei sorte de ter entrado na sala certa? Não apenas eu, mas Minho e Felix também? Começo a tremer.
- Por que os guerreiros?
-Porque eu sabia que vocês precisariam aprender a se defender quando o dia chegasse.
-Dia? Que dia?
-O dia em que a caça começasse.
-Caça?
-As pessoas como vocês.
Começo a tremer com mais violência só de imaginar alguém nos caçando, mas ao contrário do que seria natural, não temo pela minha vida, simplesmente não suporto a ideia de alguém machucando Minho, aquilo seria demais para mim, eu preferia morrer do que presenciar algo assim.
-E quando será esse dia?
-Já o estamos vivendo Lizzy, desde o dia da explosão na minha divisão. A caçada começou e sua divisão é parte dela.
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Cap. 27
Parece que foi tudo parte de um defeito no circuito de defesa, pelo menos é isso o que Max está nos explicando. Não consigo ouvi-lo, apenas olhar para seu rosto tranqüilo e sorridente me dá náuseas, quero muito ir até lá e desmascará-lo, mas não posso, não sem saber o que está havendo e para isso preciso de Jisung.
Quando os anúncios terminam eu sigo para o lado de fora da divisão, preciso respirar um pouco ou vou enlouquecer. Sento-me na calçada e abraço meus joelhos.
Não sei por quanto tempo fico sentada ali, com a cabeça abaixada e os olhos fechados, antes que a porta se abra novamente. Não sei se passaram-se vinte minutos ou uma hora. Minho caminha em minha direção.
Eu me levanto e cruzo os braços esperando uma explicação. Ele me tratara daquela forma no refeitório e depois visivelmente ameaçara Felix, ele me deve uma explicação.
-O que foi?
-Você está bem? – uma ruga aparece entre suas sobrancelhas, e ele toca suavemente a minha bochecha. Eu afasto sua mão com força.
-Bem. –digo. – primeiro fui humilhada na frente de todo mundo, depois tive que presenciar meu amigo ser ameaçado e sem falar que não consigo saber a razão de Jisung estar mentindo, ah e tem também o fato de Max ter contado aquele monte de mentiras lá em cima sobre aquela droga de alarme e eu claramente ter sido a única a ver que tem algo errado, então eu acho que a resposta é sim. Parece que o meu dia está sendo maravilhoso, Know.
Ele balança a cabeça e olha para o prédio em ruínas à sua direita, que é feito de tijolos e não se assemelha em nada ao elegante de vidro atrás de mim.
-E por que você se importa tanto? Você pode ser um líder cruel ou um namorado preocupado. – fico tensa ao falar a palavra “namorado”. Eu não queria ter dito isso de maneira tão leviana, mas agora é tarde demais. – você não pode exercer os dois papéis ao mesmo tempo.
-Não sou cruel. – diz ele de maneira severa. – eu estava protegendo você hoje mais cedo. Como você acha que os outros vão reagir se souberem que eu e você estamos novamente juntos… – ele suspira. – Eric não te deixaria em paz.
Abro a boca para discutir, mas não sou capaz. Penso em algumas respostas duras e sarcásticas, mas as deixo de lado. Ele tem razão. Meu rosto esquenta e eu o esfrio com as mãos.
-Você não precisava ter me insultado para provar algo à ele. – digo, por fim.
-E você não precisava correr até o Felix porque eu magoei você. – ele diz. Ele esfrega as mãos na nuca.
-Não Corri até ele, ele queria falar comigo a respeito do Max, afinal ele está te substituindo na sala de controles e tem visto coisas interessantes. Você não precisava tê-lo ameaçado. O que diabos disse pra ele, afinal?
Minho sorri, um sorriso lindo que faz com que a raiva dentro de mim ameace desaparecer, mas eu a seguro, preciso dela para continuar pensando racionalmente.
-Nada de mais. – ele dá de ombros. – só pedi com gentileza para que ele ficasse longe de você ou acabaria no fundo do abismo.
Um riso ameaça escapar, mas eu o controlo. Estou com raiva de Minho, com raiva, preciso me lembrar disso.
-Isso é bobagem, somos amigos.
-Eu sei, desculpe, vou falar com ele, ok?
Eu me ergo na ponta dos pés, levanto a cabeça e beijo Minho. Apenas nossos lábios se tocam.
-Obrigada. – balanço a cabeça. – por me proteger, por tudo. Você sempre sabe exatamente o que fazer e eu, sou uma idiota impulsiva.
-Não se torture assim, só sei o que fazer porque tenho pensado nisso há algum tempo. – diz ele dando-me um beijo rápido em seguida. – em como eu iria lidar com isso caso eu e você… – ele recua um pouco e sorri. – você me chamou de namorado, Liz?
-Não exatamente. – dou de ombros. – por que? Quer que eu chame?
Ele apenas sorri e encosta sua testa na minha. Por um instante, fica parado assim, com os olhos fechados, respirando o mesmo ar que eu. Sinto a rapidez de sua respiração. Ele parece estar nervoso.
-Quero. – diz ele finalmente, e seu sorriso desaparece. – você acha que convencemos todos que nos odiamos?
-Eu espero que sim. – digo
Eu realmente esperava.
***
Naquela tarde enquanto arrumo os lençóis da minha cama começo a fazer o que Jisung fazia, assoviar se não me engano. Não me lembro onde aprendi aquilo, mas simplesmente me parece fácil. Sorrio enquanto o faço, até que eu poderia desenvolver talento para música, por que não?
-Não sabia que você tinha dom pra música. – me viro rápido para dar de cara com Minho, ele está parado de pé na porta do meu dormitório.
-Você me assustou. – falo simplesmente.
-Não foi a intenção. – ele diz simplesmente, seus olhos estão fixos em mim e parecem assustados.
Paro o que estou fazendo e o encaro com os braços cruzados em frente ao corpo para me proteger, não sei exatamente do que, mas preciso fazer aquilo.
-Por que veio aqui? Achei que nos veríamos no almoço.
-Por nada. – ele dá de ombros. – estava passando pelo corredor e ouvi a música, achei que fosse o Jisung, mas vejo que não. O que mais você consegue fazer, Liz?
Eu o encaro, como assim o que mais consigo fazer?
-Não entendi a pergunta.
Ele caminha até mim e me sinto vulnerável.
-Eu perguntei o que mais você consegue fazer que não seja aptidão dos guerreiros? – as mãos dele ao redor dos meus braços me assustam e seu olhar firme só piora a situação.
-Minho você está me machucando.
-Responda a pergunta.
-Minho por favor.
-Lizzy responde!
-KNOW!
O grito parece despertá-lo, ele me solta e dá um passo para trás, sinto meus braços latejarem e o encaro.
-O que diabos deu em você? Eu aprendi com o Jisung, ele fez, achei interessante e reproduzi, só isso, não tenho aptidão para mais nada como já te falei, entrei para os guerreiros por um surto psicótico e nada além disso.
Ele ainda me encara, mas seus olhos parecem voltar ao normal.
-Me desculpe pequena. – ele fala simplesmente enquanto se aproxima e me abraça firme. – é só que eu, eu…
-Você o que? Minho o que é?
-Não, nada eu só estava pensando bobagem, desculpe.
Minho caminha na direção da porta, mas antes de sair ele me encara.
-Não faça mais isso.
-mais isso o que?
-Assoviar, música ou qualquer outra coisa que não seja aptidão dos guerreiros.
-Por quê?
-Lizzy só não faça mais, ok?
E sem dizer mais nada ele simplesmente segue caminho
Quando termino de arrumar a cama sigo para o abismo, queria pensar um pouco. Quando me aproximo noto que não estou sozinha, Felix está lá.
-Ei, eu queria mesmo falar com você, mas esperei o Know não estar por perto.
Eu sorrio, não posso deixar de rir.
-Vocês voltaram?
-Não. – minto.
-Mas acho que ele ainda gosta de você ou sei lá, enfim, preciso te falar sobre os alarmes que soaram.
-O que tem eles?
Felix se aproxima de mim e eu ameaço dar um passo para trás, mas me contenho ao perceber que ele apenas quer falar um pouco mais baixo.
-Foram disparados manualmente.
-Como uma espécie de distração?
-Não sei, mas os circuitos de segurança pegaram quem o fez.
-E quem foi?
Felix respira fundo e me encara.
-Sinto te dizer isso, mas foi seu amigo. O artista. Jisung.
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Cap. 26
Caminhamos juntos até o refeitório, mas antes de entrarmos ele para.
-Você entra primeiro, eu entro em seguida, ok?
Faço um gesto positivo com a cabeça e obedeço.
Quando entro avisto Tiele e Jisung, caminho até eles me concentrando em todos os seus movimentos, eles estão próximos e Tiele parece se sentir muito bem com isso, não a culpo, ela não sabe que talvez ele esteja escondendo algo, talvez não, sei que está.
Jisung parece tenso, olha para os lados como se esperasse que de repente algo saltasse sobre ele. Eu bem que poderia fazer algo do tipo, poderia retirar a verdade dele usando força bruta, mesmo sendo homem e mais velho do que eu, sei que não teria problema nenhum em deixá-lo incapacitado.
Afasto aquele pensamento me odiando por ter pelo menos cogitado aquela possibilidade, Jisung é meu amigo, não posso machucá-lo, preciso de outra estratégia. Me pego sorrindo, naquela manhã me perguntei se não me daria melhor na divisão dos julgadores por pensar racionalmente, agora quero usar força bruta para extrair informações de um amigo, pois é, acho que pertenço aos guerreiros no fim das contas.
Os olhos de Jisung que percorrem o salão param em mim, eu sorrio e me aproximo da mesa, ele parece mais nervoso do que nunca.
-Eita kirida. – Tiele comenta em um tom divertido. – que demora. Achei que tinha morrido.
Eu sorrio com a brincadeira, costumávamos chamar uma a outra de kirida na divisão de laboratórios, uma forma amigável de provocação. Desvio o olhar para encarar Jisung, ele apenas encara sua bandeja de comida.
-Não vai comer? – a pergunta de Tiele me desperta e então percebo que não peguei uma bandeja.
-Vou, eu só vim para guardar o lugar.
Não posso me dar ao luxo de não comer nada, estou morta de fome e os treinos a tarde com certeza serão pesados. Me levanto e sigo na direção do outro lado do refeitório com a cabeça cheia. O que Jisung está escondendo?
Enquanto penso acabo esbarrando em alguém, o encontrão me desequilibra e preciso dar dois passos para trás para não cair. Ergo os olhos. É Minho.
-Você não olha por onde anda, menina? – o encaro, por que ele está falando assim comigo? E pior ainda, por que me chamou de menina?
-Me desculpe, Know. – dou ênfase no apelido porque sei que ele não gosta que o chame assim, da mesma forma que odeio que me chamem de menina, não sou uma menina, posso aparentar ser, mas estou longe disso. – eu não te vi.
-Não sou eu o fácil de se camuflar no meio da multidão. – ele atira as palavras em minha cara e eu tenho que respirar fundo para não gritar com ele.
Não se descontrole, não se descontrole.
-Da próxima vez. – ele continua enquanto todos os olhares estão em cima de nós. – vê se levanta essa cabeça para andar, não somos obrigados a agüentar você tropeçando e esbarrando a torto e a direito por aí. Inútil.
A última palavra ressoa em minha cabeça. Inútil, Minho tinha MESMO me chamado de inútil?
O sangue sobe para meu rosto e posso senti-lo corar. Estou irada, posso acertar um tapa na cara de Minho a qualquer instante, é melhor me controlar.
-Não se preocupe. – falo entredentes. – vou evitar até estar no mesmo ambiente que você, agora se me der licença.
Passo por ele feito uma bala, não me importo em desviar e acabo esbarrando mais forte do que deveria em seu ombro, Minho se desequilibra e quase cai, não me importo, queria mesmo que ele sentisse algum tipo de dor.
Pego o que quero para o café e sigo na direção de Tiele e Jisung, mas antes de chegar lá uma mão me para, ergo os olhos e dou de cara com Felix.
-Lizzy a gente pode conversar um segundo?
Volto a respirar tranquilamente, desde o que acontecera na divisão dos artistas que não converso com Felix, não da forma que costumávamos fazer.
Faço um gesto positivo com a cabeça e o sigo até uma mesa no canto, posso ver quando passo por Minho que ele não parece nada feliz e tenho que me conter para não abrir um sorriso.
Sento com Felix e o encaro, ainda estou chateada com ele, mas aos poucos a raiva vai diminuindo, preciso enfiar na minha cabeça que nem todas as pessoas pensam e agem como eu, Felix estava assustado e nada mais.
-Te peço desculpas por ter te dito aquelas coisas. – começo, sinto que preciso me desculpar.
-Você estava certa, fui covarde e não apenas eu, todo o resto da divisão, não deveríamos ter nos omitido e é por isso que estou aqui.
Ele olha ao redor, parece procurar algo, presto atenção em seus gestos e percebo que ele está procurando as câmeras, como Felix sabe delas?
-Eu estive prestando atenção em algumas coisas que se passam no andar de cima da divisão. – ele começa. – como estávamos afastados nem tive tempo de te contar, estou trabalhando nas salas de controle, substituindo o Know. Max está sempre recebendo a visita de alguém, uma mulher loira e os dois passam muito tempo na sala dele, ainda não sei quem ela é, mas estou querendo descobrir.
Mulher loira?
-Felix, me descreve ela.
-Loira, cabelos lisos da altura do ombro, olhos frios e está sempre bem vestida.
Jeanine, sei que é ela.
-Felix posso te pedir uma coisa?
Ele apenas me encara.
-Claro Lizzy o que quiser.
-Fica de olho nela e por favor, me mantenha informada a respeito de qualquer movimentação que você vir, está bem?
Ele faz um gesto positivo com a cabeça, eu sorrio e me aproximo lhe dando um beijo no rosto, Felix parece se assustar a meu gesto, mas no segundo seguinte relaxa e sorri pra mim, ele tem um sorriso bonito, eu nunca reparei nisso, na verdade não é apenas o sorriso, Felix é bonito, tem um rosto infantil e uma boca realmente que chama atenção, mas ele não demonstra a segurança que Minho demonstra, de alguém que é bonito e as pessoas já lhe disseram isso, Felix é um pouco mais discreto, anda encarando os próprios pés como se não fizesse ideia de que as pessoas provavelmente deveriam olhar mais para ele.
-Obrigada. – agradeço pressionando os dedos contra os dele, Felix encara nossas mãos unidas e depois sorri novamente.
Fico de pé e caminho até Tiele e Jisung, a me ver me aproximar ele fica de pé.
-Já vai? – tento soar inocente mesmo sabendo que ele está fugindo de mim.
-Já sim. Preciso organizar algumas coisas, nos vemos mais tarde.
O sigo com o olhar enquanto ele se afasta, ao olhar o outro lado do refeitório percebo que Minho faz o mesmo, Jisung acabou de provar nossa teoria, ele está sim escondendo algo.
***
-Felix. – a voz faz com que todos nos viremos para encarar Felix, estamos no treino de facas e Minho simplesmente se aproxima com o olhar duro em nossa direção.
-Oi? – Felix pergunta me encarando, mas eu não o olho, estou com os olhos fixos em Minho, o que diabos ele vai fazer?
-Posso falar com você um segundo?
Felix me encarara visivelmente assustado.
-Algum problema? – pergunto encarando Minho.
-Eu falei com você? Não, estou falando com o Felix. Felix, me acompanhe.
Fico sem saber como reagir. O que é aquilo? O que Minho vai fazer?
Os dois seguem caminho e eu fico ali, parada feito uma idiota com uma das facas em mãos. Não consigo mais atirar, Tiele se aproxima de mim e me olha firme.
-O que foi aquilo?
-Não sei.
-Você e o Know voltaram?
-Ele disse que me amava. – deixei as palavras escaparem.
Após alguns minutos Felix volta, o encaro e ele desvia o olhar de mim. O que diabos Minho fez?
Antes que eu possa ir até ele, um barulho chama nossa atenção, sirenes, sirenes por todos os lados, meus olhos encontram os dele e Minho parece confuso e assustado ao mesmo tempo.
O que está havendo?
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Cap. 25
Não consigo dormir, algo em mim me diz que existe alguma coisa errada, não apenas no fato de Eric e Max estarem querendo controlar Minho de uma forma tão desesperada, mas em todo o resto.
Caminho até o abismo e sento com os pés pendurados acima do enorme fosso, lá embaixo o que vejo é apenas a escuridão, sei que a água se choca contra as pedras abaixo de mim, mas só consigo perceber isso pelo som que ela faz.
Respiro fundo e fecho os olhos. A razão, preciso encontrar a razão. Minho havia negado a liderança várias vezes o que indicava que talvez aquilo tivesse ferido o orgulho de Max. Não, não pode ser apena isso, Max não ameaçaria a vida de alguém por orgulho, nem que fosse a de alguém tão insignificante quanto eu.
Se não é orgulho o que seria? Minha cabeça dói, é sinto que sei a resposta, mas ela está em algum lugar inacessível do meu cérebro. Pensa Lizzy, não seja idiota, pensa.
O ataque aos artistas tem que ter algo a ver com isso. Os guerreiros não atacaram sozinhos, qual era a divisão que eu sabia ser cruel ao ponto de fazer algo assim? Aquilo era óbvio, os julgadores.
Eric fora até eles no dia das inspeções, ele voltara até os artistas apenas para se certificar de que o trabalho tinha sido feito, era isso, os guerreiros estavam trabalhando com os julgadores.
Mas por que? Por que os artistas? O que eles tinham de tão especial que mereça um bombardeio surpresa? Não sei, nunca os visitei, quer dizer, quando estavam inteiros e nunca conheci nenhum deles, Jisung é o primeiro. Jisung, não perguntei sua idade, mas com certeza ele é mais velho do que Tiele, do que eu ou até do que Minho. Será que ele sabe de algo? O que será que consigo caso o aperte contra a parede?
Perguntas demais e respostas de menos. Me pego voltando a pensar em Minho e na razão de Max estar tão desesperado para tê-lo a seu lado. Eric não parece gostar da situação, não gosta que Minho seja um líder como ele porque sempre o invejou. Minho é mais talentoso, mais corajoso, determinado e mais bonito.
Minha cabeça começa a latejar e eu a encosto na grade, eu não deveria estar pensando, quer dizer, não fui criada para algo assim. Abro os olhos e mais uma vez encaro a escuridão do abismo a minha frente. Há algo de diferente em mim, algo de diferente em meu cérebro, sempre soube disso, mas agora fica evidente, não me encaixava em nada porque simplesmente não posso ser apenas uma coisa.
Eu penso, consigo pensar, consigo ligar fatos, sou lógica, algo que não deveria ser a não ser que entrasse para os julgadores, sinto uma vertigem e volto a fechar os olhos. Os julgadores, será que eu estou na divisão errada? Será que é com eles que deveria estar? Um frio passa pela minha espinha só de imaginar aquilo. Não, não sou como eles, posso pensar como eles, mas nunca bombardearia uma divisão inteira pelo motivo que fosse, sou uma guerreira e como tal, vou lutar para descobrir a verdade.
Respiro fundo e me obrigo a voltar a pensar, é bom jogar todas as peças na mesa. Eric. Sei que é invejoso, sei que me odeia pelo simples fato de eu parecer ser fraca. Sei que odeia Minho por inveja, mas o que mais sei sobre ele? Não conheço seu passado, não sei se como eu ele passou a vida inteira na divisão de laboratórios sem saber quem eram seus pais ou se como Minho ele tinha algum conhecimento prévio desse detalhe. Não sei como se tornou um líder dos guerreiros, não sei absolutamente nada a não ser que não gosto nem um pouco dele.
Max. O que eu sei sobre o líder da minha divisão? Nada, nada além do que o que suponho, de que ele está trabalhando com os julgadores e que parece controlar a situação, mas se é este o caso, por que é tão importante para ele ter Minho por perto?
A voz de Minho invade minha cabeça: “- ele disse que é sua culpa o fato de eu estar começando a fazer perguntas.” Algo desperta em minha mente, Minho. Minho desconfia de algo e está investigando, como eu, ele pensa.
***
Quando volto ao alojamento Tiele e Jisung já estão se preparando para o café da manhã.
-Onde diabos você estava? – o tom de voz dela é preocupado.
-Desculpe, eu acordei mais cedo e resolvi dar uma volta pelo complexo antes do café. – minto.
Ela me encara por alguns segundos depois abre um sorriso.
-Só não faça isso de novo, ficamos preocupados.
Eu desvio os olhos dela para encarar Jisung, ele dobra seus lençóis enquanto faz um som estranho com a boca, aquele som, me lembra o ritmo de uma música.
-O que está fazendo? – pergunto sem conseguir me conter.
-Isso se chama assovio, aprendi vendo alguns arquivos antigos dos artistas, antigamente quando as pessoas não sabiam letras das músicas, elas simplesmente assoviavam suas melodias.
-Isso é mesmo muito bonito. – concluo e ele me lança um sorriso. – Jisung.
Ele me encara, ainda está sorrindo e sinto algo em seu sorriso, sinto que posso confiar nele, respiro fundo e deixo com que a pergunta escape entre meus lábios.
-O que exatamente você fazia na divisão dos artistas?
-Eu era instrutor, tipo o que o Know fazia por aqui antes de se tornar um dos líderes. – essa segunda parte ele fala com desdém.- ainda não sei porque ele fez algo assim.
-Ele tem razões. – falo. – e são realmente boas, mas acho que isso ele deve contar a vocês. O que quero saber é...
Ergo os olhos e olho ao redor, as câmeras, não posso me esquecer delas. Caminho até um ponto cego do quarto e faço um gesto para que Jisung e Tiele me acompanhem, nos esprememos os três contra uma parede e eu os encaro.
-Vocês sabem o que pode ter levado os guerreiros a atacar sua divisão?
Tiele bufa visivelmente irritada.
-O fato de eles serem um bando de selvagens?
Eu a encaro firme, nem todos da minha divisão são pessoas ruins.
-Não fale assim da minha divisão. – despejo.
-Desculpe.
-Jisung? – o encaro, mas ele parece perdido em pensamentos. – Jisung, está me ouvindo?
-Ah, oi, desculpe Lizzy estava distraído.
-Quer que eu repita a pergunta?
-Não, eu a ouvi. A verdade é que não sei. – seus olhos se desviam dos meus para encarar o chão abaixo de seus pés, eu o olho firme, analisando aquele gesto. – não faço a mínima ideia. – ele completa.
Eu continuo a encará-lo, ele não desvia o olhar do chão.
-Ok então, mas se algum de vocês lembrar de algo, qualquer coisa mesmo me avisem por favor.
Tiele apenas acena com a cabeça enquanto Jisung se recusa e me olhar nos olhos.
-Vejo vocês daqui a pouco. – falo. – vou terminar de me aprontar para o café.
Tiele deixa o alojamento com um sorriso, enquanto Jisung parece nervoso. Ele sabe de algo, está mentindo pra mim.
***
Sigo para o refeitório e paro na porta olhando ao redor, onde ele está? Onde Minho se meteu? Forço os olhos e não o vejo, portanto, ao invés de seguir até a mesa onde Tiele e Jisung se encontram, desvio meu caminho e saio da divisão, quero e preciso falar com Minho, só espero que ele esteja em casa. Bato três vezes na porta do apartamento antes de ouvir um som indistinto lá dentro.
Bato uma quarta vez.
-Quem é? – é a voz dele, mas parece diferente.
-Sou eu, Lizzy. Preciso falar com você.
Ele não responde e por um minuto temo que não vá me deixar entrar, mas então a porta se abre de frente a mim.
Caminho quarto adentro e o que vejo é uma enorme bagunça. Há roupas espalhadas pelo chão, assim como restos de bolo de chocolate da divisão, entre os pratos sujos, identifico duas garrafas, Minho andou bebendo, por isso não estava no refeitório, por isso sua voz soou estranha através da porta.
Ignoro aquele fato e tento me concentrar no que andara pensando, as coisas sobre a divisão, a mentira de Jisung.
-E então? – sua voz parece mais grave do que o normal quando ele me encara com os braços cruzados em frente ao peito. –o que aconteceu?
Seus cabelos estão desordenados e os olhos vermelhos.
-Eu é que pergunto. – droga, não era pra ficar calada? Por que sempre tenho que abrir a boca? – o que diabos aconteceu com você?
Ele dá de ombros em um gesto despreocupado, mas mantém os olhos fixos em mim.
-Tive uma noite difícil depois de levar um fora. – ele fala simplesmente e então eu percebo, Minho bebera por minha causa, ele fizera aquilo depois que eu não lhe respondi no quarto, eu sou a culpada daquele estado lastimável em que ele se encontrava. – mas, desconfio que você não está aqui para falar dos meus porres, certo? Vamos, por que veio?
Respiro fundo, sei que posso confiar em Minho, mas não consigo falar com ele no estado em que se encontra. A culpa ameaça me corroer e eu preciso respirar novamente para tentar me manter sã.
-tenho coisas para te contar. – começo. – mas, gostaria mesmo de falar com o Minho que conheço e não com esse .
Ele me encara firme, penso que irá discutir, mas ele simplesmente faz um gesto positivo com a cabeça seguindo na direção do banheiro. Desvio de tudo o que está jogado ao chão e respiro fundo ao alcançar sua cama. Me sento e fico ali, sentindo cada parte de mim se envergonhar pelo que fiz a Minho, sou uma imbecil, destruo tudo o que toco, sou perigosa.
Depois de mais ou menos uns dez minutos ele sai do banheiro, sinto o cheiro de seu perfume de longe e o absorvo, sabendo que nunca mais o sentirei tão perto, aquele pensamento me machuca e eu me obrigo a me concentrar em qualquer outra coisa que não seja ele. Minho caminha em minha direção secando os cabelos com uma toalha, eu prendo a respiração quando ele senta ao meu lado e me olha de perto.
-E então? O que quer me contar?
O encaro, seus olhos castanhos parecem opacos, Minho está diferente, sinto cansaço em cada gesto que ele faz, fingir estar do lado de Max e Eric está consumindo suas forças.
-Estava pensando e cheguei a conclusão de que acho que sei a divisão que pode ter ordenado o ataque aos artistas.
-E qual seria?
-Os julgadores. – disparo esperando que Minho me pergunte a razão, mas ele não o faz. Ele fica em silêncio durante alguns segundos, depois me encara novamente.
-Faz sentido, Eric foi visita-los no dia da inspeção e depois voltou apenas para se certificar de que o trabalho estava feito.
Não consigo desviar os olhos dele e abro um sorriso, Minho pensa exatamente como eu.
-Mas Lizzy. – a forma agora com que fala meu nome parece menos carregada, quase tranquila e eu me sinto bem por isso. – qual seria a razão? Quer dizer, o que os artistas possuíam que poderia ter despertado o interesse dos julgadores a ponto de se aliarem aos guerreiros nessa destruição em massa?
-Não sei e é exatamente isso que preciso descobrir. Falei com Jisung hoje, sei que notou que ele não é um iniciando como Tiele, ela me disse que ele era monitor.
Minho assente com a cabeça.
-Ele era monitor dos artistas e pareceu bem nervoso quando perguntei se ele sabia de algo.
-Acha que ele está escondendo alguma coisa?
Volto a encará-lo, agora seus olhos brilham, um brilho de curiosidade, Minho também quer saber a verdade.
-Não sei, mas desconfio que sim, a forma com que ele ficou nervoso o entregou.
Ele faz um gesto positivo com a cabeça e encara o chão, eu o olho novamente. Por que? Por que o tenho tão perto e reluto em pedir desculpas? Por que sou tão idiota?
-O nervosismo entrega muita coisa. – ele dispara e eu não consigo me mover, Minho me olha e por um instante me perco em seus olhos. – por que suas mãos estão tremendo, Lizzy?
Eu as encaro, não havia percebido que estavam tremendo, desvio os olhos delas para voltar a encarar Minho, ele não está se divertindo com meu nervosismo, ele simplesmente espera uma resposta.
Uma resposta. E qual seria? Que quero ficar com ele? Que estou completamente apaixonada? Que me sinto perdida quando ele não está comigo? Sim, aquelas seriam as respostas certas a dar, mas eu consigo dá-las?
-Lizzy se você não...
Não consigo responder, mas consigo reagir, me aproximo sem nada dizer e o beijo. Ele sorri, sorri enquanto toca meus cabelos de leve com a ponta dos dedos, sorri enquanto segura firme a carne ao redor da minha cintura e me puxa para mais perto, ele simplesmente sorri.
-Minho eu...
-Shh. – ele fala, sua boca ainda está encostada contra a minha e eu sinto um arrepio. – não precisa dizer nada, eu também te amo.
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Cap. 24
Permaneço o caminho de volta inteiro em silêncio, não pergunto quais perguntas a divisão de laboratórios fez a Tiele e Jisung porque simplesmente não quero que Minho escute as respostas, não entendo minhas razões, mas as atribuo a minha raiva.
Respiro fundo e o encaro, Minho está sentando próximo a janela, seus expressivos olhos castanhos encaram a paisagem além dela. Por que? Por que ele aceitara aquela droga de liderança? Qual o motivo o levara aquilo? Por que ele não podia simplesmente voltar a ser o meu Minho? Me pego pensando e vejo que sinto saudades dos seus toques, dos beijos e da forma com que eu parecia pequena em seus braços fortes, a segurança que ele me passava enquanto estávamos juntos simplesmente se esvaiu e sinto que me encontro a ponto de desmoronar novamente. Não sou forte, não sou corajosa, sou apenas uma garota boba e teimosa que acha que sabe das coisas e que pensa que sua opinião é a única certa. Sou preto no branco e me odeio por isso.
Não consigo perdoar Minho, não consigo ir até ele e perguntar suas razões, simplesmente sou orgulhosa demais para isso.
Minho respira fundo e seus olhos se desviam da paisagem para encontrar os meus, me pego correspondendo ao olhar dele por mais tempo do que gostaria e me repreendo mentalmente pela demora quando enfim crio coragem para desviar. Aposto que ele viu vulnerabilidade em mim.
Encaro Tiele e Jisung, vejo que ela parece um tanto assustada o que faz com que ele de imediato a abrace ao redor dos ombros, fico mais um tempo olhando a cena e de repente me sinto mal, estou invadindo a privacidade dos dois, pois sei que estou assistindo ao começo de algo, sorrio, pelo menos uma de nós conseguirá ser feliz, Jisung me parece o tipo de cara por quem valeria a pena lutar.
Quando chegamos a cede da divisão simplesmente salto do carro e começo a caminhar na direção dos largos portões, não sei se Minho está atrás de mim e nem me importo, continuo a passos firmes até esbarrar em alguém.
O esbarrão é forte, tão forte que faz minha cabeça girar e tenho que me segurar para não cair ao chão. Ergo os olhos e encaro a parede a minha frente, ela não é feita de concreto, ao contrário, é feita de músculos e não parece muito feliz em me ver. Eric.
Tiele e Jisung param ao nosso lado, Eric faz um gesto para que eles entrem, mas me segura pelos ombros.
-Você não inútil.
Não discuto, apenas faço um gesto positivo para meus amigos que seguem caminho sem mim. Cruzo os braços em frente ao corpo e encaro Eric, ele colocou mais um piercing?
-Posso saber o que você estava fazendo fora da sede da divisão? – ele me encara e não parece estar de brincadeira, mesmo o tom de sua voz sendo sereno e tranquilo. Aquilo me assusta ainda mais, eu consigo lidar com um Eric que grita e se descontrola, esse Eric eu conheço, mas o que está agora na minha frente? Não sei o que esperar dele.
-E então? – ele me encara de perto, posso sentir sua respiração em meu rosto e não gosto NADA da sensação.
-Eu... – começo mas as palavras simplesmente me abandonam. – eu, eu não...
-Ela estava comigo. – a voz vem de cima de meus ombros e eu sei exatamente quem está falando, Minho.
-Ela estava com você? – Eric o encara. – não me lembro de ter pedido que a levasse junto. Era uma missão da divisão e não um passeio romântico para fazer com a namorada.
-Ela não é minha namorada. – a frase me acerta mais forte do que eu pensei que acertaria, fico ali tentando digerir as palavras dele, a cada uma que consigo sinto um gosto amargo na boca.
-E a ceninha no refeitório? – Eric o encara desconfiado.
-É passado. – Minho fala com convicção e eu escuto a risada de Eric explodir.
-Eu sabia que o legendário Know não perderia seu tempo com uma garotinha boba e inútil. – ele se vira para me encarar, estou com a garganta travada e não consigo respirar direito, aquelas palavras realmente me machucam e eu sei a razão, porque são verdadeiras. – não é nada pessoal. – Eric continua. – são apenas fatos.
Respiro fundo, quero enfiar a mão na cara dele e arrancar cada piercing de seu rosto, mas sei que não posso fazer isso, nem imagino o que Eric faria comigo caso eu o fizesse.
-Por que escolheu ela entre tantos para te acompanhar? – Eric não parece convencido mesmo depois me dizer todas aquelas coisas. – não foi uma escolha sensata Know.
-Não a escolhi. – Minho fala simplesmente. – estava indo, ela me viu sair e me seguiu, acho que queria que reatássemos, foi falando disso, implorando feito uma garotinha boba até chegamos aos laboratórios, mas eu já falei, ela é criança demais pra mim.
O encaro, será que aquilo que ele está falando é mesmo o que pensa? Será que é o que sente e está usando o pretexto de me salvar de uma confusão com Eric para colocar tudo para fora? Reprimo um soluço, não vou chorar.
Eric me encara e sorri, um riso debochado.
-Você até que é bonitinha inútil, mas sabe como é, acho que não tem o que é necessário para ser desejável.
Essa ultima parte ele fala me encarando com olhos maníacos, mais uma vez reprimo a ânsia de vômito.
-Posso ir agora? – pergunto entredentes.
-Vá, está dispensada.
Baixo a cabeça e sigo caminho tentando segurar as lágrimas, consigo, mas o gosto delas em minha garganta me faz tremer, não sou tão forte quanto pensava.
***
Encontro Tiele e Jisung no dormitório, os dois conversam e eu agradeço por não estar sozinha, não sei se conseguiria espantar as lágrimas caso estivesse.
-E então? O que o Eric queria? – Tiele me encara em expectativa.
Me humilhar. –penso, mas não digo, ao invés disso apenas dou de ombros em um gesto despreocupado.
-Perguntar por que eu estava fora da sede da divisão e coisas do tipo.
-E o que você disse?
-Nada, Know falou por mim, mas não quero falar disso agora. – pensar na forma com que Minho havia me tratado na frente de Eric me deixa enjoada, é melhor ocupar a cabeça com outras coisas. – e então? O que queria de vocês dois na sede dos laboratórios?
Tiele respira fundo assim como Jisung.
-Se eu te disser que entendi alguma coisa, vou estar mentindo. – ela começa. – me fizeram um bando de perguntas sem sentido e Jisung me disse que fizeram exatamente as mesmas para ele.
-Que tipo de perguntas? – indago.
-Primeiro qual o meu talento como artista, depois se consigo fazer mais alguma coisa, coisas que são próprias de outras divisões como suturar, cuidar, construir e lutar.
Eu a encaro, há algo errado posso sentir, mas não sei o que poderia ser, me sinto burra enquanto tento procurar no fundo do meu cérebro uma razão para aquelas perguntas e o que acho é apenas o vazio.
Quando nos chamam para o jantar estou tão irritada com o que aconteceu mais cedo que decido não ir, Tiele promete trazer algo para que eu coma mais tarde e eu aceito sua gentileza de bom grado.
Fico no quarto, encarando o teto escuro e tentando imaginar a razão dos laboratórios terem feito aquelas perguntas, mas não consigo encontrar nenhuma.
Fecho os olhos e o que vejo é o rosto de Minho enquanto dizia para Eric que éramos passado. Uma pontada aguda invade meu peito e eu reprimo um soluço, não vou chorar por ele, ele não merece minhas lágrimas.
Cubro o rosto com o travesseiro e escuto passos se aproximarem, minha primeira reação é me libertar para ver quem é e quando o faço dou de cara om Minho. Ele está sentando na cama ao meu lado e sorri pra mim.
Sorri? A primeira coisa que vem à cabeça é que demorei tempo demais com o travesseiro na cara e acabei sufocando até morrer, depois percebo que não é o caso então me ajeito melhor e sento na cama, encarando-o.
-O que está fazendo aqui? – tento soar dura e é exatamente assim que minha voz sai. Pesada, carregada de raiva e mágoa.
-Precisamos conversar. – ele fala simplesmente.
-Sobre você ter se tornado um deles ou de eu ser uma garotinha boba que corre atrás de você?
Ele me encara e mais um sorriso se forma em seus lábios.
-As duas coisas.
Eu quero gritar com ele, dizer que não quero ouvir explicação alguma, mas aquilo é mentira, quero que ele se explique, quero que me diga que estou ficando louca e que não fui idiota em ter confiado nele, quero me fale que tudo vai ficar bem.
Ele baixa os olhos antes de voltar a me encarar.
-Primeiro de tudo. – ele começa sem desviar os olhos de mim. – me juntei à eles porque não tive escolha. Depois que perdi o controle e te beijei na frente da divisão inteira, Eric e Max me chamaram para uma conversa, nela me ofereceram duas opções que eles acharam válidas. Primeira, me torno um dos líderes da divisão junto a eles e continuo sendo seu fantoche ou me revolto.
-E por que você escolheu a primeira opção? Pareceu ser a mais viável? – pergunto com todo sarcasmo que consigo reunir, Minho agora não sorri mais, apenas me olha firme.
-Sim me pareceu. – responde e meu coração mergulha em um abismo negro.
-Posso saber a razão? – quero saber, por favor me conte.
-Se eu me rebelasse, eles matariam você.
O gosto amargo retorna à minha boca e eu sinto vontade de vomitar, mas me controlo e continuo encarando-o.
-Não precisa mais fingir então, se não me engano acabou de convencer o Eric de que somos passado.
Ele faz um gesto negativo com a cabeça.
-Mesmo sendo passado, não acho que ele pensaria que sua morte não me afetaria mais. – ele continua como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo de ser dita. – e além do mas, não foi apenas isso.
-E o que mais foi?
-Tiele e Jisung, se me rebelar eles estão fora.
-Como assim fora?
-Da divisão Lizzy, se eu me rebelar, os guerreiros os atiram nas ruas.
Jisung e Tiele dois marginais? Não, eu não podia permitir aquilo. Escuto a respiração pesada de Minho e percebo que ele está ficando de pé. Fui idiota, ele se sacrificou para me salvar, fui egoísta, fiz besteira como sempre.
-E depois. – ele fala firmemente. – não te acho uma garotinha boba e por isso disse aquelas coisas, sei com quem estou lidando, eu conheço sua força e sabia exatamente até onde te empurrar, Eric não te deixaria sair ilesa caso eu não tivesse dito aquelas coisas.
Abro a boca para em desculpar, mas as palavras simplesmente não saem, lembro do que Eric disse a nosso respeito e vejo que ele estava certo, mesmo Minho não tendo traído minha confiança, mesmo ele dizendo que não me acha boba, mesmo ele sendo o cara mais honrado e altruísta do mundo não posso tê-lo novamente nos braços, não sou suficiente, ele merece coisa melhor.
E então, parecendo ter cansado de esperar uma resposta minha, ele se vai.
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Cap. 23
Após os treinos estou de pé ao lado dos furgões quando Minho se aproxima seguido por meus amigos, pela cara que ele faz, parece não saber que vou com eles.
-O que está fazendo aqui? – ele pergunta e eu dou de ombros como se fosse a coisa mais natural do mundo.
-Vou com meus amigos eles não te disseram?
-Não.
-Então estou dizendo agora.
Ele me encara e eu noto um certo desconforto em seus olhos ainda maior do que quando estávamos na sala de treinos e eu o atingi com uma faca, naquele instante já não me arrependo mais.
-Não vou te levar comigo. – ele finalmente diz.
-Escalo o furgão e vou do mesmo jeito. – rebato.
Minho me encara, sei que ele me conhece, sei que sabia que eu realmente faria o que estava dizendo, nunca fui de ameaças vazias.
-Não sei porque está fazendo isso. – ele diz simplesmente.
-Acho que tenho meus motivos assim como você parece ter os seus, não é? – o desafio. – vamos acho que já deveríamos estar na estrada.
Subo no furgão sem esperar resposta alguma dele, Jisung e Tiele sobem em seguida, Minho é o ultimo e quando o faz, tenta se manter o mais distante possível de mim, aquilo é algo bom, não o quero por perto.
Nos dirigimos até a divisão de laboratórios, sei que Minho está desconfortável, consigo ver isso em seus olhos a cada quilometro que percorremos, mas ele não se manifesta, eu também não e ficamos assim, cada um cuidando de seus próprios pensamentos.
Não sei quanto tempo passamos dentro daquele furgão, só sei que quando enfim paramos minhas costas doíam.
-Se puder fazer o favor de ficar quieta eu agradeceria. – Minho falou quando saltamos juntos do furgão.
-Não se preocupe Know, não vou desperdiçar minhas palavras em um lugar assim.
Eu conhecia bem a divisão, quando entramos eu sabia exatamente pra onde íamos enquanto seguíamos Minho corredor adentro. Encarei a parte traseira de seu pescoço e os vi, os traços da tatuagem que ele tinha nas costas, a tatuagem que mostrava que como eu, ele não era apenas uma coisa, que como eu, ele não era uma peça inútil naquele jogo, respirei fundo, no fim das contas parecia que eu estava enganada.
Minho para quando chegamos em frente ao escritório do líder da divisão, seu pai.
Eu o encaro, suas mãos estão trêmulas e ele visivelmente tem dificuldade em se mover. Fico esperando sua reação, mas ela demora demais, demora tanto que a porta a nossa frente abre sem que ele a toque.
E então o vemos. Seu pai está parado no meio da sala, seus olhos são frios e não lembram em nada os olhos de Minho.
-Minho. – ele fala simplesmente com um tom gélido na voz.
-É Know agora.
-Um apelido ridículo. – ele se manifesta.
-Não estou aqui para pedir sua opinião.
-E então por que está?
Ele enfim parece notar as roupas do filho e abre um sorriso debochado.
-Pedi ao Max para me mandar um líder da divisão e não um garoto assustado.
Minho ri alto.
-Sou um líder da divisão e faz algum tempo que não sou mais um garoto assustado.
Tiele e Jisung se entreolham sem nada entender, eu fico ali, punhos cerrados e olhar firme, se aquele cara ousar atacar Minho...
-Eu não teria tanta certeza disso. – ele ataca e Minho sorri, seu sorriso é nervoso, mas o olhar é firme.
-Quer testar?
Antes que seu pai pudesse responder a porta atrás de nós se abre novamente e eu vejo uma mulher muito bonita passar por ela.
Ela nos encara com um sorriso, mas seus olhos se demoram mais em Minho, aquele gesto me faz ter vontade de arremessar uma faca nos olhos dela.
-Então, são eles? – ela pergunta, o pai de Minho faz um gesto positivo com a cabeça.
-Está tudo pronto? – ele pergunta e meus olhos começam a dançar de um para o outro sem entender nada do que eles dizem.
-Não, infelizmente tivemos uma sobrecarga no sistema e o teste não poderá ser realizado hoje.
Teste? Que teste?
-teste? – quando vejo deixo escapar, a mulher desvia o olhar de Minho para me encarar.
-E você quem é?
-Uma das guardas da divisão, ela está comigo. – Minho fala rapidamente.
-Acho que a garota sabe falar por si, certo? – ela ainda me encara de perto, eu dou de ombros.
-Na maioria das vezes até demais, mas no momento, Know disse tudo o que eu tinha para dizer. – concluo.
Ela me olha firme, pareço ter despertado seu interesse e sinto que ISSO não é nada bom.
-É uma artista também? – ela pergunta e eu a encaro, como assim também?
-Achei que estivessem todos mortos. – respondo.
-Acho que alguns sobreviveram.
-Ao fogo e as explosões? Então devem ser no mínimo determinados ou sortudos.
-Por que diz isso?
-Não sei, acho que um ataque aéreo surpresa meio que anula a possibilidade de sobreviventes, certo? Ainda mais em um complexo como o dos artistas onde eles não são treinados para esse tipo de coisa.
Os olhos dela estão em cima de mim, como os olhos de uma cobra que está pronta para dar o bote, mas eu não me intimido, apenas a encaro sem com os braços cruzados em frente ao corpo, ela abre um sorriso, um sorriso tão dissimulado que faz com que meu corpo se arrepie por completo.
-Ela não é mesmo uma garotinha adorável?
-Não sou garotinha. – respondo.
Minha reação parece assustar a todos, Minho ao meu lado respira fundo e encara o pai.
-Não temos os testes, mas podemos mesmo assim fazer algumas perguntas, se puderem me acompanhar...
A mulher faz um gesto indicando um corredor, Tiele e Jisung se entreolham quando ela os indica com um gesto de mãos.
-Só os dois.
Eu e Minho somos encaminhados para um outro corredor, ficamos lá os dois, quietos sem nada dizer durante o tempo em que Tiele e Jisung estão no interior do laboratório. Após o que me parece uma eternidade eles voltam, acompanhados pelo pai de Minho e a mulher loira que agora possui um sorriso nos lábios.
-Se não temos mais nada para fazer aqui, acho melhor voltarmos para a nossa divisão. – Minho fala firmemente e todos concordamos, eu não queria ficar mais um segundo perto daqueles dois.
-Por que a pressa? – a pergunta da mulher soa como deboche aos meus ouvidos.
-Senhora, como é mesmo seu nome? – Minho pergunta.
-Jeanine e o seu?
-Know.
-Know? Isso é um apelido?
-O que você acha?
Agora a forma com que ela encara Minho me incomoda, ela o olha como se quisesse estuda-lo e aquilo desperta algo em mim, decido que não gosto desta mulher.
-Agora se vocês nos derem licença. – Minho começa. – estamos indo.
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Cap. 22
Quando anoitece e volto ao apartamento percebo que ele não está, me deito e fecho os olhos, estou sendo idiota, Minho não faria aquilo comigo, ele não mentiria para mim, não mesmo.
Decido que vou esperar que ele volte, mas de alguma forma pego no sono. Quando acordo ele não está mais lá, me sinto ainda pior ao ver que seu emaranhado de lençóis está ainda mais bagunçado e que sim, ele dormira lá, mas não se dera ao trabalho de me acordar.
Me apronto e sigo para o refeitório com o intuito de encontra-lo e pedir desculpas, mas ele também não está lá. Avisto Tiele e Jisung e me sento junto a eles.
-E o Minho? Alguém viu? – pergunto.
-Ele não apareceu aqui hoje, o que houve? Vocês brigaram?
-Não, é só que eu agi feito uma idiota ontem e queria...
-E então é assim que você tem subido na pontuação da divisão, certo? – a voz me atrapalha e eu giro o pescoço para saber quem fala, Woojin.
-Como é? – pergunto. – do que você está falando?
-Do seu progresso repentino dentro da divisão, passando de idiota fracassada para uma das melhores iniciantes. – ele tem um sorriso debochado nos lábios que mais uma vez me faz ter vontade de soca-lo até a morte. – tudo se torna mais fácil quando se está dormindo com um dos líderes, não é?
-Eu não estou dormindo com ninguém e mesmo que estivesse, o que não é da sua conta, Minho não é líder, nunca foi, nem instrutor ele é mais.
Woojin muda sua fisionomia e me encara com uma curiosidade dissimulada.
-Mas como assim? Você dorme com o cara e ele não te conta nada?
Sei que vou me arrepender disso, mas mesmo assim pergunto.
-Do que você está falando?
Woojin apenas ergue os olhos e então sorri.
-Daquilo!
Ergo os meus para encarar a grade acima do refeitório, Max está lá assim como Eric e Minho, mas o que diabos Minho estava fazendo com aqueles dois?
-Guerreiros. – a voz de Max ecoa poderosa em meio ao abismo e todos se calam para encará-lo. – venho aqui diante de vocês hoje para fazer um anúncio.
Há um sorriso no rosto de Eric, um sorriso que não combina em nada com sua cara toda perfurada por piercings.
-De hoje em diante haverá uma mudança em seu quadro de instrutores e líderes. Shauna e Zeke serão responsáveis por treiná-los para combate e Eric, juntamente com Know serão seus líderes.
O sorriso desaparece do rosto de Eric e ele encara Max como se não o conhecesse. Minho não se move, parece uma estátua de cera.
-Quero que respeitem e obedeçam essa nova liderança. – Max continua, mas eu não consigo mais ouvir.
Minha cabeça está a mil, existe um conflito de sentimentos dentro de mim e o que eu desejo naquela hora é apenas sair daquele lugar. Minho aceitara a liderança depois de tudo, aceitara ser novamente uma marionete de Max, se tornara tudo o que me dissera que não se tornaria, ele mentira pra mim.
Eu quis gritar, chama-lo de mentiroso, dizer que para mim agora ele estava morto, mas não consegui, as palavras simplesmente ficaram presas em minha garganta.
Só reagi quando notei que Max se afastava da grade e passava a palavra para Minho. Fiquei de pé e segui refeitório afora antes de ouvir a voz dele, eu não queria saber o que ele tinha para dizer, eu queria que ele se explodisse.
Entro no apartamento e sem pensar duas vezes começo a arrumar minhas coisas, não quero encontrar com Minho, por isso faço o mais rápido que posso, recolho tudo o que é meu e sigo porta afora, mas quando estou passando pelo corredor, nos esbarramos.
-Ei. – ele fala e ao olhar minhas bolsas parece simplesmente atordoado.
-Com licença. – digo tentando me desvencilhar dele para seguir caminho.
-O que está fazendo – ele pergunta me encarando e eu rio.
-Não parece óbvio? Estou voltando para meu alojamento.
-Lá não é seguro.
-Sei me defender.
-Como soube da ultima vez?
-Não sou mais aquela garota e não preciso mais de heróis.
-Não sou um herói. – ele fala e eu rio enfim conseguindo passar por ele.
-Não mais. – é tudo o que digo enquanto caminho corredor afora.
As lágrimas ameaçam invadir meus olhos, mas as afasto facilmente. Nunca fui de chorar, não sou esse tipo de pessoa. Minho escolheu seu caminho, agora que fique com ele.
Quando chego ao alojamento não posso evitar me sentir triste, o que sinto por ele não é apenas brincadeira de criança, sinto que verdadeiramente estou apaixonada, mas não consigo passar por cima do que vi.
Minho ao lado de Max e Eric é demais para minha cabeça.
Tiele e Jisung estão sós no alojamento, ela troca de roupa na tentativa de se esconder dele enquanto ele apenas ri olhando a cena.
-Você poderia pelo menos olhar para o outro lado. – ela reclama.
-E perder essa cena? Nunca.
-Sabia que eu te odeio?
-E eu te amo, estamos quites.
Tiele não responde, apenas sorri enquanto fecha o zíper da calça.
-Jisung, o que você achou do fato do Know ter aceitado a liderança?
-Não sei Ti. –ele enfim assume uma postura séria. – não deve ter acontecido nada de bom para que ele tenha aceito.
-Você acha que ele foi obrigado?
-Você não?
Tiele dá de ombros sem saber o que responder.
-Tiele? Jisung? – a voz vem da porta e os dois se viram para encarar quem se aproxima.
-Know? – Jisung encara o amigo. – a gente pode ajudar?
-Na verdade podem sim, vou levá-los hoje até a divisão de laboratórios e de lá vamos até a capital.
-Podemos saber por que isso? – Tiele pergunta simplesmente.
-Não, vocês simplesmente podem seguir ordens. Após os treinos, as quatro da tarde, quero os dois no abismo.
E sem mais nada dizer, Minho se vai.
Mais tarde naquele dia vou sozinha para a sala de treinos, após alguns minutos outras pessoas chegam e em poucos instantes ela está lotada.
-Lizzy? – a voz de Tiele me desperta e eu paro de dar socos no saco de areia para encará-la, ela e Jisung me olham firme.
-Aconteceu alguma coisa? – pergunto mesmo sabendo que aquela pergunta é no mínimo idiota, pelas caras deles dá para saber que sim, tinha acontecido.
-Know, ele quer nos levar até a capital hoje.
-Pra que?
-Ele não disse. – Jisung fala simplesmente. – nos mandou obedecer ordens, mas estamos assustados.
Olho ao redor e o vejo próximo a grade, ele me encara, mas desvia o olhar em seguida.
-Vou com vocês.
-Não sei se ele vai permitir. – Tiele fala simplesmente.
-Que se dane, vou e ponto final. Se ele pensa que vai vender meus amigos assim está muito enganado.
Respiro fundo e me afasto, não quero mais conversar, quero cortar coisas.
Estou atirando facas e não quero nenhum tipo de explicação, por isso quando Minho se aproxima eu não o encaro, simplesmente continuo atirando.
-Podemos conversar um minuto? –ele pergunta e eu não me desvio do que venho fazendo. – você pode parar um segundo?
-Não. – falo simplesmente.
Minho dá dois passos e para em minha frente com os braços abertos, percebo que todos estão nos encarando.
-Já atirei facas em você antes, posso fazer de novo. – falo ainda com os olhos fixos no alvo e a faca erguida acima dos olhos.
-Dessa distância sei que você não erra.
Eu rio, se ele pensa que me intimida com aquilo está enganado.
-Sai da frente.
-Não enquanto você não me escutar.
-Vou contar até três.
-Um, dois...
-Três!
Atiro a faca que passa abaixo de seu braço esquerdo e arranca uma parte de sua camisa, posso ver um pedaço da chama dos guerreiros tatuada em suas costelas e o sangue que escorre dela. Viro as costas e caminho na direção oposta. Me sinto culpada, mas não demonstro.
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Cap. 21
Os olhares estavam fixos em nós dois, eu não soube como reagir, Minho me aperta melhor entre seus braços e sorri ao pé do meu ouvido.
-Estamos ferrados. – falo simplesmente, ele sorri ainda mais.
-Só quis mostrar para esses idiotas que você é minha e se caso algum deles queira voltar a mexer com você, vão ter que passar por mim.
Eu não respondo, mas me sinto de certa forma vulnerável, sei que preciso de Minho, sei que sem sua proteção e ajuda eu não teria chegado onde estava, mas aquilo me perturba, não quero ser vista como a garotinha que precisa do namorado intimidador para protege-la, sou uma guerreira, quero ser tratada como tal.
-Se for apenas para isso, acho melhor pararmos por aqui. – falo e ele me encara confuso. Respiro fundo, a frase saíra mais rude do que eu pensava.
-Como?
-Não te quero ao meu lado para mostrar para as pessoas que possuo um cão de guarda. Te quero ao meu lado porque me sinto segura com você, completa e feliz, te quero porque gosto de você, do Lee Minho que vi se preocupar com pessoas de outra divisão ao ponto de ignorar ordens para ajuda-las, o Lee Minho que teve coragem de dar as costas para o pai, o Lee Minho que ajudou uma garota magricela e perdida quando ela foi jogada em meio aos tubarões, quero esse Minho, é por esse Minho que estou aqui.
Ele não se move e eu penso ter falado demais, mas no instante seguinte ele está sorrindo, o sorriso mais lindo que eu vira na vida.
-Esse Minho é seu. – ele fala simplesmente. – só seu e de ninguém mais, ele não vai a lugar algum.
E então eu sorrio com a certeza de que sim, ele não iria a lugar algum.
Nos aproximamos de Tiele e Jisung, quando sentamos de frente a eles, os dois estão com sorrisos nos lábios.
-E a cena calou a boca de todo mundo. – Jisung começa sorrindo largamente. – e o óscar de melhor beijo vai para...
-Óscar? – pergunto interessada. – o que é um óscar?
-Era um premio que costumavam dar para os melhores da arte antes da explosão, estudamos isso em história da arte na divisão.
-Estudávamos você quer dizer, certo?–Tiele o corrige e por um segundo me sinto mal, os artistas não existiam mais por nossa culpa.
-Ok, vamos pensar em coisas felizes agora. – Jisung cortou o clima ruim. – como o fato daquelas três garotas ali estarem olhando na nossa direção com facas na mão, acho que são pra você Liz.
-Culpa sua. – falo dando um soco de leve no braço do Minho, ele sorri.
-Know? – a voz vem de cima de nossos ombros e eu ergo os olhos para ver quem se aproxima. Max.
Ele tem o olhar firme e seus olhos estão grudados em cima de mim, não desvio o olhar, não vou demonstrar que ele me assusta mesmo que o faça, não sou mais uma garotinha assustada.
-Max. – é tudo o que sai da boca de Minho enquanto ele parte seu pedaço de bolo de chocolate.
-Podemos conversar um segundo?
Minho me encara e eu faço um gesto positivo com a cabeça, mesmo não sabendo a razão de Max o estar chamando, é melhor que ele vá.
Os dois se afastam e eu encaro Tiele e Jisung.
-O que você acha que ele quer com o Know? – Know, aquele nome agora me soa muito estranho.
-Não sei, mas não espero nada de bom vindo do Max, na verdade não espero nada de bom vindo de nenhum deles.
Ficamos quietos, era melhor ter cuidado com o que falávamos, afinal agora mais do que nunca estávamos na mira de todos.
-Sabe. – Ashley, uma das garotas mais velhas da divisão começa quando nos reunimos na sala de treinamento. – ainda não sei o que o Know viu em você garota.
Respiro fundo e encaro Tiele e Jisung que apenas me olham.
-Eu pensei que no instante em que ele conseguisse o que quer, quer dizer, te levar para o apartamento dele, o encanto acabaria.
Eu respiro fundo, sei do que ela está falando, sei o que todos estão pensando, que Minho me quer por causa do meu corpo, porque sou nova e de alguma forma bonita.
-Mas parece que não foi assim, não é mesmo? O que mais você fez para prendê-lo dessa forma?
Não respondo, apenas respiro fundo e volto a bater em meu saco de areia, não ia ceder a provocações, não mesmo.
-Ou quem sabe ele só queira a segunda rodada e depois, tchau tchau inútil.
-Olha aqui sua... – começo, mas encontro os olhos de Eric do outro lado da sala, sei que ele só precisa de uma razão, um pequeno motivo para me expulsar da divisão, por isso está observando todos os meus passos, por isso me olha daquela forma.
Volto a encarar meu saco de areia enquanto Ashley sorri e se afasta, não pude encará-la mesmo que soubesse que conseguiria. Me pego pensando nas palavras dela e de repente um pensamento assustador passa pela minha mente. E se ela estiver certa? E se Minho estiver comigo apenas pelo meu corpo? Os socos depois disso se tornam mais fortes e de alguma forma sinto pena do saco de areia.
Quando Minho enfim volta estou sentada na grade encarando o abismo abaixo de mim, Tiele e Jisung desapareceram, portanto estou sozinha. Ele se aproxima e senta ao meu lado.
-Ei, por que está sozinha?
Sua voz é pesada, mas não me importo, ainda estou com as palavras de Ashley na cabeça e de alguma forma sinto raiva dele, sei que é irracional e que não deveria me sentir assim, mas não posso evitar, portanto evito encará-lo mesmo sabendo que ele me olha.
-Tiele e Jisung desapareceram. – falo simplesmente ainda encarando o fundo do abismo.
Minho não responde de imediato e por alguma razão sinto que ele também está evitando me encarar.
-O que o Max queria? – pergunto.
Ele limpa a garganta.
-Nada de mais.
-OK.
Não quero entrar em detalhes, não quero saber dos problemas dele com Max, quero apenas encarar a água e fingir que não acredito na Ashley, mas toda vez que fecho os olhos e o vejo me convenço de que ela está certa. Minho é homem demais para mim, ele é simplesmente perfeito de formas que simplesmente não existem e eu sou apenas uma garota destrambelhada que caiu na divisão dele por um surto psicótico, não por talento.
-Know, posso te perguntar uma coisa? – começo ainda encarando o abismo.
-Know? – a voz dele soa mais grave que o normal. – por que está me chamando assim?
Não respondo, não posso responder, não posso dizer que de uma hora para outra ele me assusta, não posso dizer que sinto medo de perdê-lo na mesma proporção que sinto de ficar ao seu lado, não posso, não devo, não vou.
-Desculpe, foi força do hábito. – minto.
Ele não acredita, é claro que não acredita, mas não insiste no tema, me encara e em seguida desvia o olhar ficando completamente em silêncio.
-Posso? – insisto.
-Claro. – ele responde friamente.
-Você pode me dar uma razão, só uma pela qual gosta de mim?
Escuto sua respiração acelerar e então o encaro, os olhos de Minho estão em cima de mim e o que vejo neles é resignação e mais nada.
-Como é? – ele pergunta e eu me sinto uma idiota.
-Eu só queria...
Ele não me deixa terminar, fica de pé e se afasta e eu percebo que vê-lo partir é a pior sensação do mundo.
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Cap. 20
Um barulho me acorda no meio da noite. Abro os olhos lentamente e encaro o teto acima de mim. Estou fraca, dolorida, completamente acabada pela luta que tivera com Minho mais cedo, não havia sido culpa dele, mas mesmo assim, me machucara. Minho, é ele que está gemendo, é ele quem faz os barulhos que me acordaram.
Gemidos indistintos, mas com certeza gemidos de dor e angustia.
Fico de pé e sigo até onde ele está. Em um primeiro momento não consigo destingui-lo entre o emaranhado de lençóis que o cerca, mas em seguida avisto seu rosto.
Minho se debate, há dor em sua expressão facial e ele sua muito.
-Minho? – chamo me aproximando ainda mais, tenho que livrá-lo daquele pesadelo, com o que quer que seja que ele esteja lutando, visivelmente está perdendo. – Minho? – chamo novamente e me aproximo mais. Agora estou a centímetros de seu rosto e ele parece não me ouvir. – Minho?
O soco vem repentino e acerta o lado direito do meu rosto, caio para trás sem nem ao menos ter forças para reagir. Minho dá um salto, sentando rapidamente e olhando assustado ao redor.
-Lizzy? – ele fala e então parece voltar à realidade. – ow meu Deus, Lizzy eu te machuquei novamente.
O toque de suas mãos é delicado quando ele se aproxima para me olhar de perto. Estou assustada, em choque pela reação repentina dele.
-Lizzy, pequena fala comigo.
Não consigo responder e por um breve momento apenas o encaro, seus grandes olhos castanhos se confundem em um misto de preocupação, dor e angústia. Me recupero do choque e abro um sorriso enquanto ele ainda me olha.
-Com o que estava sonhando, posso saber? Porque pela força que você usou, posso apostar que estava lutando contra o Eric.
A piada não surte efeito, Minho não sorri ou sequer se move, ele apenas me encara e mais uma vez consigo ver suas partes quebradas, ele não é tão forte quanto pensei.
-Eu te machuquei novamente. – ele enfim se manifesta.
Eu sorrio mais uma vez.
-Não seja bobo, eu que fui idiota de me aproximar demais, mas como você parecia estar sofrendo eu quis te tirar do pesadelo.
Ele parece lembrar do sonho e mais uma vez seus olhos escurecem, sendo invadidos por uma tristeza repentina.
-Minho? – chamo enquanto fico de pé e ele ergue os olhos para me encarar.
Não quer falar a respeito, isso está evidente em como ele me olha, seus olhos imploram para que eu não faça mais perguntas, mas mesmo assim ele responde.
-Oi?
-Vem comigo? – agora estou caminhando na direção da cama, Minho parece um tanto confuso, mas me segue, eu sento na cama e o encaro enquanto ele fica de pé de frente a mim.-Dorme aqui comigo essa noite? – peço sem pensar duas vezes.
Eu o queria por perto, por mais que eu achasse que eu precisava de sua proteção, agora eu conseguia ver que ele também precisava da minha. Minho era tão frágil quanto eu.
Ele me encara novamente e eu vejo confusão em seus olhos. Sorrio e me deito, me virando de lado para encará-lo, Minho parece entender a deixa, porque simplesmente sobe na cama e deita atrás de mim, me envolvendo em seus braços, posso sentir o calor de seu corpo contra o meu e sua respiração acelerada na minha nuca. Respiro fundo e fecho os olhos ouvindo cada batimento de seu coração acelerado e decido, aquele é o som mais lindo do mundo.
Abro os olhos para constatar que Minho ainda dorme. Sua respiração agora está mais lenta e compassada. Olho através da janela e percebo que já é dia. Que horas devem ser? Será que estamos atrasados?
O despertador logo toca, um som baixo e calmo, percebo que só consigo escutá-lo porque estou acordada, o barulho está distante de mim, parece vir do emaranhado de lençóis que Minho chamava de cama.
Me aconchego melhor nos braços dele e crio coragem para me desvencilhar. Queria poder ficar a vida inteira ali, mas sei que não posso, então arranjo uma forma de me virar e encará-lo, sua respiração agora faz cócegas em meu rosto.
-Minho? – chamo, ele não se move e eu sorrio observando cada detalhe do rosto dele, os traços fortes, a barba que de alguma forma ameaçava voltar a crescer e os lábios, tão definidos, tão perfeitos.
Não me preocupo mais em chamar, agora me aproximo e toco seus lábios com os meus, aquele gesto parece acender uma chama dentro dele e Minho de repente ganha vida, apertando os braços ainda mais ao meu redor e me puxando para um beijo no mínimo quente.
-A gente precisa ir. – falo em meio ao beijo. – o despertador já tocou.
Minho respira fundo e me encara de perto.
-Pequena eu não quis...
-Shh. – falo tocando os lábios dele com a ponta do dedo. – não fala nada, eu sei que não quis me machucar.
Ele sorri, enfim um sorriso honesto.
-Não sei como te agradecer pela noite de ontem. – ele fala simplesmente e eu o encaro confusa.
-Por que? O que eu fiz de tão especial?
-Você me salvou e depois ainda me protegeu, ter dormido contigo, aqui, te tendo entre meus braços fez com que qualquer dúvida, medo ou angústia que eu sentia desaparecesse por completo.
Eu sorri, beijando a ponta de seu nariz.
-Estamos quites então. – falo ainda sorrindo. – você me salvou de tudo isso no instante em que me olhou pela primeira vez.
Minho não reage, eu fico de pé e faço meu caminho até o banheiro. Estou pronta para encarar o mundo.
Chegamos ao refeitório e mais uma vez todos nos encaram, aquilo já está começando a me deixar louca.
-Queria mesmo que nos esquecessem por alguns segundos pelo menos. – reclamo, Minho sorri.
-Pessoas são atraídas pelo que não compreendem Lizzy.
-Está dizendo que essas pessoas não nos compreendem?
-como poderiam? Nem eu mesmo nos compreendo.
Eu o encaro, por que Minho dissera aquilo? Ele não nos compreendia? Como poderia já que para mim estava tudo tão claro.
-Não entendi o comentário. – falo enquanto pego duas fatias de pão e coloco em minha bandeja.
-Qual deles?
-O que você diz que não nos entende. Achei que tudo estava claro, quer dizer, pelo menos para mim está.
-Pequena não foi isso...
-Esquece Minho, é melhor esquecer.
-Não Lizzy, você não entende o que eu queria dizer é que...
Me afasto dele, não estou com vontade de escutar nada agora. Pego uma xicara de café e enquanto o faço volto a olhar Minho, ele me encara e mais uma vez vejo angustia em seus olhos, mais uma vez, fui insensível.
Respiro fundo e me preparo para ir até ele e lhe pedir desculpas, mas antes que consiga, um grito chama minha atenção.
-LIZZY! – o grito da Tiele me desperta, ela está do outro lado do refeitório, me distraio para olhá-la e quando volto a olhar para Minho, ele está se afastando.
-MINHO! – chamo e todos se viram para me encarar. Esqueço que não sabem seu nome, esqueço que apenas eu, Tiele e Jisung sabemos. Ele me encara, os olhos fixos nos meus e por um instante me sinto uma idiota. – quer dizer, Know eu queria...
Não termino, ele simplesmente caminha a passos firmes em minha direção e me toma nos braços, o beijo que vem a seguir simplesmente destrói o mundo ao meu redor.
O refeitório está em silêncio, então consigo mais uma vez ouvir as batidas de seu coração, ou seriam do meu? Não sei dizer, só sei que estão aceleradas.
Depois do que pareceu uma eternidade nos afastamos, sei que estou vermelha e estou ciente de que todos ao redor nos olham estarrecidos.
-Por que fez isso? – é o que consigo perguntar.
-Porque você é minha agora e quero que todos saibam disso.
Eu sorrio e fico na ponta dos dedos para tocar seus lábios com os meus, Minho sorri e naquele instante percebo que sim, sou dele e ele é meu e não há sensação melhor do que aquela.
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Cap. 19
Minho não se moveu, eu sabia que ele não atacaria primeiro, portanto eu o fiz. Parti pra cima dele acertei um soco em seu rosto.
-Reage. – falei enquanto o encarava. – me bate!
Ele não se moveu e eu investi novamente, mas desta vez ele segurou meu braço, torcendo-o na direção das costas, por incrível que pudesse parecer não estava doendo.
-Eu não posso fazer isso. – ele sussurrou ao meu ouvido enquanto me segurava. – não posso te machucar, não conseguiria.
-Você precisa. – foi o que eu disse. – ouvi o que Eric falou, se ele subir aqui, eu estarei morta.
Minho respirou fundo me arremessando do outro lado do ringue, eu cai de costas no chão, ofegante.
-O que é isso,Know? – escutei Eric gritar. – todos nós sabemos que você pode fazer melhor do que isso, ou quer que eu mesmo faça? Não vou avisar novamente, da próxima vez que tiver que chamar sua atenção, te tiro do ringue e eu mesmo subo.
Os olhos castanhos dele encontraram os meus e eu fiz um gesto positivo com a cabeça. Minho não tinha escolha e eu não o culparia por nada.
Fiquei de pé e investi pela terceira vez, consegui acertar seu rosto, mas ele revidou, segurando meu pulso, ele me ergueu no ar.
-Me perdoa pequena.
O soco que ele me deu me fez começar a ver pontos pretos, eu nunca tinha recebido um golpe tão forte. Cuspi sangue no chão enquanto lutava para me levantar.
-Agora sim, é disso que estou falando.
Tossi me apoiando nas palmas das mãos para ficar de pé novamente, quando o fiz, Minho se aproximou e me atacou, o mesmo golpe que dera em Edward no dia em que Eric e Max o mandaram lutar com metade da divisão, um golpe seguro com o antebraço nas minhas pernas que me fez voar e cair novamente ao chão, mas ao contrário do Edward eu não apaguei e aquilo pareceu ser uma surpresa para todo mundo, inclusive o próprio Minho.
Fiquei de pé vacilante, cada osso do meu corpo doía por causa da queda e eu agora entendia a razão de Edward ter sido nocauteado com tanta facilidade.
Armei guarda e escutei Eric rir alto.
Fechei os olhos e me concentrei apenas na forma com que Minho me ensinara a atacar os sacos de areia, na defensiva, um golpe direto na garganta.
Ele partiu para cima de mim novamente e foi o que eu fiz, me esquivei e ergui a mão a tempo de atingi-lo, não foi na garganta, mas meu golpe definitivamente o machucou, pois vi Minho dar alguns passos para atrás e levar a mão ao pescoço.
Ele esboçou um sorriso e eu fiz um gesto positivo com a cabeça, eu sabia que Minho não se importava com o fato de eu o estar atingindo, na verdade, ele se sentiria um pouco melhor caso eu o machucasse, mesmo que minimamente.
Ele me atirou novamente ao chão e dessa vez eu não sabia se teria forças para levantar.
-OK Know, acabe logo com isso, está ficando chato.
Ele olhou de Eric para mim e respirou fundo.
-Me desculpe pequena.
O que eu vi foi sofrimento em seu olhar enquanto ele se aproximava de mim.
Eu sorri, para confortá-lo e então a visão de seu punho vindo em minha direção fez com que tudo ao meu redor simplesmente apagasse.
Minho deixou o ringue sem olhar para trás, os cuidadores me pegaram e levaram na direção do hospital. Tiele e Jisung se entreolharam, ela não imaginava como Minho estava se sentindo.
Ele caminhou na direção do abismo, passou pela porta com a fechadura colada com fita crepe e se embrenhou pelos corredores escuros, após alguns minutos estava do outro lado. Conseguia ver as pessoas que vestiam preto minúsculas do lado oposto. Sentou em uma pedra e deixou que a água violenta que provinha do mar abaixo de seus pés os molhasse. O que havia feito? Havia machucado a única pessoa com quem realmente se importava.
-Know? – ele ergueu os olhos para dar de cara com ela. Shauna. Desde de que aceitara a monitoria e que começara a ter mais coisas na cabeça que os dois não conversavam mais como antes. Shauna e Zeke sempre foram seus melhores amigos, desde que eram apenas iniciantes na Divisão, mas após um tempo, Minho simplesmente se afastara deles, não sabia a razão, mas se afastara.
-Oi. – ele falou erguendo os olhos e a encarando, um sorriso forçado em seus lábios. – como me achou?
-Esqueceu que só eu, você e o idiota do Zeke conhecemos isso aqui?
Minho sorriu, era verdade, Zeke os levara alí mais ou menos uma semana depois que os três haviam se tornado membros da divisão.
-E então? Te vi em cima do ringue mais cedo, quer falar sobre?
Know viu quando Shauna sentou ao seu lado e agradeceu a companhia da amiga.
-Eu a machuquei.
-Poderia ter feito pior, sabe disso.
-Eu sei que sim, mas de todas as pessoas que já conheci Shauna, ela era a última que eu queria machucar.
Shauna encarou o amigo, do que Know estava falando?
-Como assim? Por que está dizendo isso?
Ele riu, um riso debochado.
-Eu gosto daquela pequena. Então foi a vez de Shauna sorrir, ela não imaginava que algum dia ouviria aquilo saindo da boca do amigo, não do legendário Know que aprendera a bloquear seus sentimentos tão bem que até seu nome verdadeiro era um mistério, aquele cara ali, sentando ao lado dela naquele abismo, era um mistério para todos, pelo menos era o que ela achava, mas talvez ele tivesse se mostrado verdadeiramente para alguém. Sua pequena. A iniciante. Lizzy.
-Quer me falar a respeito disso? – Shauna o encarou, Know respirou fundo, se não pudesse falar com ela, falaria com quem? – ela é realmente bonita, certo?
-Não. – Minho falou simplesmente. – ela não é bonita, essa palavra é muito pequena, ela não é como as garotas que eu costumava que eu costumava admirar, toda polida e delicada. Ela é pequena porém forte e seus olhos brilhantes requerem atenção. Olhar para ela é como despertar.
Shauna não disse nada durante alguns segundos, depois sorriu.
-Como isso aconteceu?
-O que? – Minho perguntou confuso.
-Você se apaixonar por essa garota assim?
Apaixonar era aquela a palavra certa? Minho não sabia, o que ele sabia de verdade era que a primeira vez que a tocara, que tocara aquela garota aparentemente frágil o que sentira fora sem de explicação. Lembrava dos braços dela tocando-o, as mãos enquanto ela acariciava suas costas e ele sabia que a queria, com uma intensidade que nunca sentira antes, não apenas um impulso físico e irracional, mas um desejo real e específico. Não por “alguém”, mas por ela.
-Se eu dissesse que tenho uma explicação para isso, estaria mentindo pra você minha amiga. – ele começou com um sorriso fraco. – não sei como ou quando aconteceu, mas agora simplesmente não me imagino sem ela e hoje, hoje eu a machuquei, não como os caras são acostumados a machucar as garotas, não envolveu um coração partido e sim talvez, ossos.
-É o jeito dos guerreiros de dizerem que gostam de você. – Shauna falou em Tom divertido, mas Minho não estava com humor para rir. – olha Know, não foi sua culpa.
-Eu poderia ter me negado.
-E Eric subiria no ringue e mataria ela.
-Não se eu o matasse primeiro.
-Você não é um assassino e convenhamos que isso estava fora de questão, ele é um dos líderes da divisão, você seria executado.
-Mas ela estaria bem.
-Estaria mesmo? Acha que ela estaria bem sem você?
E sem mais nada dizer, Shauna ficou de pé e tocou a cabeça do amigo de leve com a ponta dos dedos, Minho fechou os olhos a seu toque.
-Fica bem Know, a culpa realmente não foi sua.
Quando abri os olhos constatei que Jisung e Tiele estavam sentados ao lado da minha cama.
-Minho. – falei simplesmente. – onde está o Minho?
-Ninguém sabe dizer, ele saiu do ringue no instante em que você apagou e não apareceu ainda.
Sentei de súbito na cama, mas uma tontura repentina me fez cair novamente deitada.
-Preciso achar ele, preciso falar com ele, eu preciso...
-Calma Lizzy, se você não respirar vai acabar sufocando. – Jisung falou simplesmente. – vem, eu te ajudo.
Ele me estendeu a mão e eu a segurei, sentei na cama e os encarei.
-Ele não teve culpa.
-A gente sabe. – Tiele falou firme.
-Mas ele talvez não. Não vou me perdoar se ele ficar se culpando por minha causa.
-Acho que o melhor que você tem a fazer agora é ir para o apartamento e esperar que ele volte, Know não é idiota, ele não vai fazer nenhuma besteira e além do mas, ele tem que te proteger daquele imbecil do Eric, certo?
As palavras da Tiele me acalmaram um pouco e com a ajuda dela e do Jisung eu segui na direção do apartamento.
Ele não estava lá quando cheguei, portanto Tiele e Jisung ficaram me fazendo companhia.
-É aqui que ele dorme? – Tiele perguntou apontando o cantinho dele no chão.
-É sim.
-Você se muda pra cá e ainda o expulsa da cama?
-Não era para ter graça Jisung.
-Desculpe.
Um barulho na porta nos fez olhar naquela direção, era ele, Minho entrava relutante, ao ver Tiele e Jisung ele parou.
-Eu posso voltar depois se quiser conversar com seus amigos.
-Na verdade a gente só estava esperando você chegar. – Tiele falou ficando de pé, Jisung a seguiu. – boa noite Know.
Os dois passaram por ele e seguiram porta afora.
Minho não me encarava enquanto caminhava em minha direção, eu me senti péssima com aquilo.
-Não foi culpa sua. – falei quando ele sentou na cama de frente a mim.
-Olha pra você. – ele enfim me encarou e havia dor em seus olhos. – olha o que eu fiz com você.
-Eu aguento algumas pancadas Minho.
Ele fez um gesto negativo com a cabeça.
Eu me aproximei e segurei seu rosto junto ao meu como era acostumada a fazer, Minho respirou fundo.
-Você fez o que era preciso ser feito, se existe algum culpado nessa história toda não é você, nem eu, é o Eric.
-Eu não vou me esquecer disso. – ele falou simplesmente. – o Eric não vai se safar assim.
-Está tudo bem agora, certo? – falei enquanto o puxava para um abraço. – estamos juntos, eu estou com você e me sinto segura dessa forma.
Minho respirou fundo e me encarou, naquele instante olhando em seus olhos eu percebi. Como eu nunca havia notado que para toda parte forte e gentil dele também havia partes machucadas e despedaçadas?
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