boiaclara

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https://www.sothebys.com/articles/rene-magrittes-doubles-and-doppelgangers

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“To be changeable is to be unpredictable and free; it’s to be not just the protagonist of your life story but the author of its plot. In some cases, it means embracing a drama of vulnerability, decision, and transformation; it may also involve a refusal to accept the finitude that’s the flip side of individuality.”

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robert beatty

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from here to eternity (2017) by landis blair

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segurei o choro durante todo o caminho até em casa. a cabeça pesada, os braços fracos, as pernas em marcha automática. segurando aquele guarda-chuva amarelo, a criatura mais patética e irracionalmente triste a vagar pela rua. olhando para os pés, olhando para a chuva caindo de cima, nunca para a frente. olhar pra frente exige pensar, registrar o caminho, perceber a mudança no cenário. estou tonta, e pesada. o corpo sujo. o tédio escorrendo das mãos. quero ficar limpa. a barriga vazia, a cabeça tranquila, o peito leve, a cara lavada. uma caixa torácica pura, sem um coração gosmento pulsando sangue quente. me despir de tudo que suja a carne. quem sabe não ser carne, não ter corpo. voltar ao início e desfazer todas as viradas de caminho que deixaram cicatrizes, ou ainda sumir interamente sem rastros de algum dia ter existido. hoje era pra ser um bom dia, mas os dias que deveriam ser bons são frequentemente os piores. a cabeça não funciona, o sono não basta, os membros não obedecem. eu meio que acho hilário, olhando pra mim com outros olhos que não os meus. essa coisa de olhar nebuloso, concentrada em se manter em pé, sem ter pra onde ir e sem querer chegar à lugar nenhum.

10 de outubro de 2022

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Sentir a ira borbulhando nas palmas das mãos tem sido estranhamente prazeroso, a adrelina correndo nas veias. A vontade de ferir, na ponta da língua, incontrolável. Os pensamentos acelerados tão familiares à impulsividade inconsequente que vem junto. Por um momento, você pode tudo. Talvez seja isto tão desejável, perder o controle e, ao mesmo tempo, sentir a mente leve e clara como nunca. A ira, a mais potente das drogas, quem sabe seja esse seu vício, o desejo pela destruição.

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