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As mãos do meu avô

(por Cássio Andrade)

As mãos do meu avô

eram rudes, calejadas da lida na roça.

Mãos enormes dos anos de ordenha.

Pensas em braços fortes.

Mãos hábeis para fazer corda de crina,

barrigueira de couro,

travesseiro de paina,

canzil de madeira,

arapuca de gravetos para os netos.

E firmes nas rédeas de um cavalo,

abatendo um cachaço,

rodando café no terreiro,

cortando cana,

prendendo os bois nas cangas do carro.

Nunca as vi levantadas para agredir.

Muitas vezes as vi

unidas para orar,

acarinhando um neto pequeno em seu colo,

levando um neto maior ao arreio.

As mãos do meu avô,

ao se despedir,

balançavam no ar.

Rodavam espalmadas,

num semicírculo sobre os pulsos.

Não dizia tchau,

dizia algo como “tchogo”.

Talvez fosse um tchau

seguido de um até logo.

Meu avô saiu em seu cavalo.

Era manhãzinha.

Atravessou a porteira dos eucaliptos.

Subiu para os lados da serra de cascalho.

Virou à direita, saiu no pasto de angola.

Parou na porteira do bananal,

às margens do cafezal.

Apeou.

Olhou-me pela última vez.

Acenou.

Não sei se ele me ouviu dizer:

- “Tchogo”, meu pai-avô, “tchogo”.

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Hoje um menino nasceu. Rodeado da família, amigos e dos animais da fazenda. Cresceu, correu, subiu em árvores e delas também caiu. Se caiu, aprendeu. Aprendeu que a vida é feita de escolhas e caminhos certos e errados. Errados? Só da pra saber voltando no tempo, mas o tempo não volta nunca mais. O passado é um jardim florido pronto para ser admirado a qualquer momento, mas sem nenhuma passagem. Presente é esse que te damos hoje, mas mais importante que isso é viver o presente. Você que aparta vacas hoje e aquele menino que apartava as vacas na fazenda do avô se reencontram, no mesmo lugar. Consegue ver? Decidido, carinhoso, educado, charmoso, inteligente, insubstituível e abençoado. Parabéns ao Benedito Augusto, ao Juvenal Prudente, ao Cássio Henrique e ao Pai de Dois. Atrás de quantos personagens escondemos nossas emoções? Esse espaço é seu e as palavras estão prontas para serem plantadas. Nos preencha de poesias, contos e amor. Agradeça por existir, nós agradecemos por você estar aqui. Que dia! Te amamos infinito.

Isabel, Lucas e Carina.

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“ Amanhecer é uma lição do universo 

Que nos ensina 

Que é preciso renascer

O novo amanhece”.