babydeepsea
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just a wakewriter
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babydeepsea · 3 years ago
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comidas salgadas em pratos de sobremesa y bolos estranhos. cigarras que cantam enquanto cigarros queimam os cantos das cortinas. lembro dos ladrilhos brilhantes, meu corpo descascado feito mosaico combinando com paredes raladas y rebocadas. o cheiro das flores brancas antes de derrubarem árvores, talheres, estruturas. o cheiro do talco, do perfume e do que fica. Do que fica aqui. Conosco. Sem permissão. as cadeiras de plástico em frente de casa, domingos y segundas-feiras, dormindo y prateleiras empilhadas de pratos de vidro. não abra, vai desmoronar. frágil diz o símbolo. frágil diz o símbolo na caixa enorme que evolve tudo. os gatos da vizinha festejam de maneira inadequada, o portão parece lanças y de relance um tchau, até nunca mais.
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babydeepsea · 3 years ago
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o piso que nem pisei todo vermelho, textura lá de casa, mas é tua. cuspi sangue que era pra ter saído da buceta pela boca, que dias de labrador não. cão. teu fogão não é vario pro meu de nascença nesse corpinho minúsculo de aura tão cósmica. lá fora a mesma história de sempre e grande merda, tô repetindo tudo mesmo, tava esperando o quê? um ônibus de nome específico e certeiro, carteiro, correios e nenhuma carta de amor. NENHUMA carta de amor. espera, me olhei soslaia ao espelho sujo do teu quarto, vi a minha raba, vi meus cascos, minha crina raspada e musculatura forte, eu acabaria contigo na hora, na cama, na mesa, na pia e na guilhotina. eu acabaria com quem me convidasse a acabar, acabaria com isso tudo com a força que eu tenho. eu vou acabar com isso agora. babydeepsea
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babydeepsea · 3 years ago
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as colheres dessa casa tortas e só me enxergo bem do avesso e de bruço. lençol manta que cobre do veneno, suas presas no meu corpo sabor maçã de amor. líquido espesso de olhos arregalados há tanto, fadiga de noites sem camomila e seu chá. fadiga há tanto de televisão ligada e voluminho baixo, o entardecer cai cai cai que nem balão e mesmo frio nada queima, quer dizer, e mesmo frito nada assa, quer dizer, e mesmo ardendo nada sara. saneamento dos canos do corpo, vaporoso, na frigideira os ovos das galinhas e loro. maritaca sem dono, talvez nem fossemos humanos. piar de pardal que brinca e destrói tímpanos, praças e adagas. pardal pequeno poderoso com seu próprio canto.
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babydeepsea · 4 years ago
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os dentes desalinhados amarelos levantam suspeitas de goles de café amargos e frios num corpo nativo da estrela solar e suas erupções cotidianas, é de se doer assistir uma cena dessas, mas engulo seco raspando minhas crateras. aqui faz geadas, foi-se o tempo de estações, aqui faz geadas e às vezes pega fogo. boto uma calcinha rendada cor quente, é minha sina, bebo meu vinho, é meu sonho, e rebolo em cima do café-da-manhã. bom dia. derrubo a manteiga, o pão caseiro, as facas todas que eu desejo confusão a quem procura confusão, e penso na sua boca falando sobre amor e desejei amor pra quem o procura. me sinto pronta pra alguma coisa que nunca senti antes, que sensação maluca essa, me sinto viva dentro de uma linha temporal absurda e provei o que nunca provei antes: descobri que cresci quando enchia o prato de jiló e de ciclos, não sei bem qual forma geométricas eles têm, mas me lembram baba de quiabo. o sorriso através da câmera ao vivo me para, a garganta engasgada dispara em código morse. reaprendi a ler, a tocar, a sentir cheiro de chuva e de alecrim. teu cheiro na minha cabeça é feito cômodo novo no quarto, patifaria sinestésica da minha parte. hoje o Sol caiu de jeito diferente e eu, meio-Sol, meio-Lua, não tive medo de escuridão. deitei na baderna que fiz da mesa, enrolada ao telefone disquei e pedi para entregarem fósforos. era dia de festa e abri um sorriso largo.
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babydeepsea · 4 years ago
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Cotidiano. nostálgico
Meu avô tinha cicatrizes em suas mãos, ele era autor de várias obras manuais. Lembro de sua pele cheia de cores e uma marca de um prego que um dia esteve lá. Olho para a minha mão e não lembro apenas da minha mãe, mas também do meu avô. Lavo a louça, percebo que tateando os talheres um deles é diferente, não se acomoda como os outros na gaveta. Não era bonito, parecia até um projeto de algo que estaria vindo a ser, como se eu estivesse segurando nas mãos a própria mutação.
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babydeepsea · 4 years ago
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lanço-te um dardo bem no alvo você atira com a espingarda pego uma espada e começamos nossa batalha você me diz "dói, porque eu te amo" eu te respondo "dói, porque você ainda me quer" e quando passar a tua vontade, me machucar vai ser um prazer preciso me armar contra essa violência carregar munições contra essa doença dói, porque somos humanos e ainda acreditamos no conto de fadas sobre amor e a dor serem sinônimos mas nunca prestamos atenção na verdadeira moral da fábula vai ser um prazer te esquecer
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babydeepsea · 4 years ago
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(Cotidiano. 2)
Brinco com a palma das minhas mãos lembrando-me da minha mãe e seus trejeitos.
Minha cadela sai da sua casinha só para poder ouvir os pássaros. Eu estava ocupada, virei para olha-la para saber o que estava fazendo e ela se assustou, pareceu que gostaria de esconder aquele gesto que soou meio humano, como se ela tivesse se transformado em cã assim que a olhei. Nos olhamos e senti no peito uma catarse de espécie animalia. Qualia. Quem diria... Sinto, sinto e me viro, momentos como posso. Momentos como devo.
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babydeepsea · 5 years ago
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podre como uma fruta estragada queria voltar atrás se sente mal pelo passado se sente mal com o buraco que sente no meio do tórax faca? nenhum gume nenhuma laranja flecha? não sabe não há alimento não apetece tão pouco apeteceu do doce amargo saliva e saboreia todos os dias, nem precisa de... 
calendário, mas o açúcar, o açúcar do melado da cana, conta-se nos mindinhos dos dedos do pé polegar valente que enfrenta gigantes aos olhos polegar valente que enfrenta gigantes na gaiola que é o tórax
sem trança de Rapunzel ou feijão com arroz acorda do sonho e se assusta pra colheita é preciso momento de cura semear mesmo assistindo o mundo desabar e o gigante a espreita acreditar em fadas enquanto só se vê fardas em toda carpa há um dragão só por terem nadado nesse rio imundo
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babydeepsea · 5 years ago
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Tumblr media
fantasma seu nas cidades grandes e minúsculas neoplatônicas autorais por mim autorizadas pelo desgoverno da confusão que é construir quando não se tem noção do que se espera de espelhos, vidraças e refletores esperei assertividade objeto abstrato que desconhecia até dias atrás e objetivamente você tirou minha roupa como quem cuida tirou meus tênis o vento sopra e faz ruído da sacada que não fomos observar o que tinha pra amanhã no cardápio você satisfeito mais ou menos eu nunca, jamais "queria dizer que..." "já deu a hora" tive um sonho era tão lindo, parecia que a gente se envolvia, se envolvia e se envolvia éramos um e lembrei que sentia mais prazer comigo mesma que com você queria dizer que a gente não foi na sacada, nem sentei na poltrona beirando meu fetiche tive ânsia no duplo signo que a palavra tem cheguei a pensar que o problema era com homens com h minúsculo e seus testículos no duplo signo que a palavra tem cheguei a pensar que o problema era com Homens mas me enganei olhei-me no espelho e tava me sentindo fodida no pior significado mesmo mas me toquei e pedi a Deusa que mandasse um dilúvio de gozo depois que eu me livrasse destruísse os silêncios dos becos das cidades invisíveis mas tão concretas cheias de aços e cal mas tive que escolher entre você ou eu e me beijar apaixonadamente como narcisa consciente
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babydeepsea · 5 years ago
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eu me idealizo e lido com a imperfeição ao mesmo tempo é o jeito mais carinhoso que consigo olhar pra mim individualmente ritualista religião de fé em tempos distópicos caos e não cãos erro de digitação Eros, Baco, e psique, Cupido emocionado uma flecha retórica, duas, histórica
quero usar o pronome direto e reto EU quero usar o que sinto tesão comme raison d'être um chamado da natureza sob o luar dia de colheita mesmo no inverno dia de colheita sempre nesse terreno nesse dorso, nesse poço, nesse belíssimo corpo
eu lido com a imperfeição e me idealizo oro pra que o que o que já virou caroço lata como uiva o lobo na madrugada meu sonho não morre estrelas decadentes continuam sendo estrelas
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babydeepsea · 5 years ago
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cai a tarde e o tudo me esmaga. Avenidas e pontes me atravessam sem sentido algum. Carros, carroças, ônibus e caminhões também. Poças d’água me encharcam, sem sentido algum. O sentido aranha que me faz rir, mas tanto significado. Aracnofobia e ser uma aranha numa presença simultânea. O sofá rasgado, a xícara de café sem açúcar e rosnado de cadela. Muro chapiscado, pichado “Amor, Amor complexo Edson.” em letras tolas verdes. Verde-Palmeiras. A camisa do Vasco, Flamengo e esses times que aí tem e desconheço. A parede enorme sem pontes mesmo depois de uma perda que poderia... Poderia, mas paredão. As cores que não lembro o nome quando cai o céu.
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babydeepsea · 5 years ago
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Duas escovas de dentes pra quem? O medo de estar a sóis e a pele responder com escamas e queloides. As pedras que um dia uma criança guardou despropositada de porquê, criança que gosta de pedras, coleciona várias delas e guarda no fundo da caixinha que está no fundo do guarda-roupa. Corrimão de escada com fim, toda escada tem térreo igual apartamento tem base, colunas, colunas modernas tristes, aclássicas. Antropologia, maquinaria? Tecnologia. Antropólogo das máquinas inteligentes sem tempo para regar plantas.
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babydeepsea · 5 years ago
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Na cadeira estática o balanço incorpóreo da biologia. Imagina que a única possibilidade de movimento fora são os olhos sem expressão, mas olhos. Assistir líquidos que escorrem, destes alguns sapateiam lindamente e doutros evaporam. Tenho vontade de urgir, mas contra fluídos é tolice, é insano. Eu me derreto por fim, me rendo, numa peça gosmenta de pele-água e me sinto fora do contexto, porém com tempo, habitat e tudo bem. Liquidada e adaptável, movimento entre chãos lisos, porosos ou pedregosos, nunca parasita, água color que pira, rodopia e fera URGE, como quando escorre da pia forte e toca os canos. Boleto com o poema do Álvaro de Campos. Revanche. Avalanche. Ninguém estanca.
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babydeepsea · 5 years ago
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Passo, passo, pássaro
“É que eu coloco todo meu peso na ponta dos pés, na frente”. Aquelas cores lindas no céu que tem um nome, mas não recordo. Aquele que ficou dias e aquele que ficou anos. Anos. Aquele que mais ecoou. Será que riscaremos os fósforos e nos daremos conta que parte da gente está na dinamite? A química e a vontade de explosão, ah, a vontade de explodir. Sempre pisei meio deslocado, meus tênis todos afundam o chão tipo salto agulha só que grosso e pesado. Será que a forma como pressiono meu pé tem a ver com meus rumos e encontros? Encontros não, trombos viscerais. Mania de desencontros, sujeita a mais maldições que preces a serem realizadas. Pequenos trombos, micro-encontros, meus olhos pousam nos olhos que fogem e sugam os que espelham, mas ontem a noite rolou aquilo que menos se esperava, porém também se esperava muito. Queimei numa folha o aroma arborizado que trazia a lembrança dela quando eu lírica andava nas ruas ao léu, senti falta no meu corpo inteiro de um colega, um amigo, que faz papel de namorado no palco minúsculo dos dias de semana, e ontem pegamos qualquer objeto em pedaços no chão, colocamos na trouxa, fugimos um do outro e mesmo assim, corremos de volta igual pássaro voltando pro ninho. Que precisa ser reconstruído, um ninho abandonado com galhos velhos quebradiços e cupins. Duvidosa se vazo por mim ou vaso por ti, mesmo que nem germine, ainda sim tem uma semente lá esperando unção de tempo-espaço-peles ou asas que pousam. . Avoamos de novo.
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babydeepsea · 5 years ago
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A vidraça e os ossos salientes
Na brasa dos órgãos que pareciam inverno tiro a minha calcinha vermelha e você lavou suas mãos, compreende? Nua, crua, suja. Nas danças dos bailes confesso que me preocupa os destroços que deixarei. Penso numa vidraça não mais intacta, já no que já era, no que se foi, estilhaçada no chão feita só cacos de vidro. Há sentimentos que não conseguimos nomear: verão em pleno inverno, meu corpo queima parecendo o que chamariam de inferno. Meu rosto rosa. Memória sequelada. Rádio-relógio com pilha, canções e vozes que saem sem permissão, atos-falhos em sequência sem uma conclusão e ressaca da tarde passada. Cadeado onde se põe a chave, não cabe, ilogicamente tentei, mas fui tentada antes de tudo. Levada. Brinco com o isqueiro na intenção de me queimar e sempre me queimo, o que não é novidade. Feito Sol, feito hélio. Você coloca a mão envolvendo a derme do fruto e depois saboreia e eu gosto de sentir na flor da pele o novo, de novo e de novo. Eu rosa no rosto e cravo no corpo, vermelho. Cores de verão em pleno inverno, não no dorso ou nas extremidades, mas nu, cru.
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babydeepsea · 6 years ago
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Enfrentar tudo que me devora numa devoção que nunca vou ter, numa fome incalculável que nunca tive. Gestante do meu próprio ser numa idade precoce ou tardia? Olho-me no espelho, agora bem mais do que antes, até não saber quem sou eu, até não ter mais respostas e acrescentar mais um questionamento na minha lista de indagações e enxergar esse ponto de interrogação antropomorfizado que anda, come, bebe e sente. E sente. Gestante do meu próprio ser, vou parir-me sentindo as minhas contrações de mãe e minha vontade imensa de chorar como filha. . . . Todo dia um parto.
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babydeepsea · 6 years ago
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I was twenty years old and crying like a baby my dad said to me “It’s okay to be afraid” holding my hands it was the first time he understood I’m not a feeling girl anymore but a real feeling woman like a panther being afraid to die but surviving in the jungle of my body, of my brain, of the city
I was twenty years old and it seemed like to fight with a lion in the night but it was just myself
So I started to think if my thoughts seems like lions in hard days imagine in the good ones
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