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As Aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Espaço destinado a devaneios e experiências cotidianas que decidi tornar públicas. Não escrevo todos os dias, pois como diria Clarice "profissional é aquele que escreve todos os dias e eu só escrevo quando quero, sou amadora e faço questão de continuar sendo". E sim, eu gosto de Raul Seixas.
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Eu li uma vez que algum psicalista disse que o orgasmo é a única angustia que têm fim. Talvez por isso o prazer seja tão intenso e maravilhoso.
Por não ver outra forma de encerrar minhas angústias fiz dos orgasmos uma espécie de vício que me anestesiava com a ilusão de que minhas dores se esvaíam a cada arfada.
Mas deus gosta de me castigar
Agora, meus orgasmos são a única maneira que encontrei de chorar. E ao invés de serem uma angustia que se encerra, pelo contrário, eles inauguram outras dores que eu transbordo ao tocar o mais profundo de mim.
É como se penetrasse minha dor e a fizesse sair de uma vez só.
O que devia ser prazer é agora meu vilipêndio. Eu termino cansada e vazia. Não sei dizer se foi prazer ou dor. É uma mensagem ambígua em que meu corpo parece dizer: " não há prazer sem lágrimas". E eu choro, choro. Depois durmo como se não tivesse acontecido nada.
No outro dia me sinto suja, estranha. Como se tivesse perdido um pouco mais minha dignidade,
Como se fosse um outro ser que não humano,
Como se não soubesse mais chorar sem que as lágrimas me fossem arrancadas por um orgasmo,
Como se fosse uma pecadora eternamente castigada
E eu nem acredito em pecado
Mas, certamente me arrancar o prazer, só pode ser castigo.
~ As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Fim.
Você disse que não estava disponível para o fim de semana.
Não precisei perguntar por quê. Você logo disse: "Estou namorando".
Foi um jeito diferente de me dizer não. Ainda não havia experimentado a honestidade no fim - mesmo que me ferisse tanto quanto a falta dela.
Respondi-lhe: "Entendi". Mas, horas depois, pensei numa resposta melhor.
Deveria ter te perguntado se em algum dos nossos encontros nos últimos dois anos, eu se quer fui uma possibilidade que você cogitou. E se esse fosse o caso, o que o fez mudar de ideia? A distância? O trabalho?
O que, afinal, te impediu de ter uma pessoa incrível como tantas vezes você disse que eu era?
~ As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Tenho medo de ligar e você nunca atender. Tenho medo de não ter mensagens respondidas e nunca te ver acordar pela manhã.
Não faz sentido, é um tipo de sentimento selvagem, instintivo. Ele não pede minha autorização e não se importa com meu sofrimento. É sobre tudo o que eu desejo e que você personifica, tornando impossível para mim seguir em outra direção.
Sou refém do querer. E eu te quero mais do que preciso. Quero só por querer. E quero completamente. Quando as vezes a razão encontra uma brecha em mim, penso que exagerei na dose e que amor não se vive assim, talvez por egoísmo deus fez desse desejo desmedido uma espécie de pecado para guardá-lo só para ele.
Não importa. Eu desafio até mesmo deus para te sentir em mim e cumprir esse desejo. Foi por isso que dei voltas a semana inteira em pensamento, buscando qualquer coragem pra te procurar e dizer que não posso mais esperar. É uma afronta a distância e um despeito todas as amenidades que nos remedia. Meu querer é urgênte e não se explica.
Mas, o medo de ser rejeitada é maior que a coragem. Me reviro em mim mesma, lutando contra a voz que me diz que homens como ele não terminam com mulheres como você e ardores assim são só passageiros, não fincam as raízes que preciso. Se essa voz estiver mesmo certa, então tudo estará perdido e de você não poderei ter ao menos o sonho de concretizar todos os meus desejos mais sacanas.
Talvez eu te procure amanhã...
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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As 9 da manhã acordei, olhei as mensagens e não havia qualquer resposta.
Eu deveria ter adivinhado que aconteceria como da última vez, mas preferi me indispor com as minhas certezas.
Me levantei, fiz um café e tomei enquanto observava meus cachorros dormindo no sofá. Eles estavam protegidos pela certeza de jamais estariam sozinhos, eu sempre estaria ali para eles.
Fiz algumas coisas na casa, recolhi umas roupas, dobrei-as e guardei enquanto esperava. A resposta não chegou até as 15h30.
Me deitei no sofá, enrolada nas cobertas, comecei a ver um filme e logo adormeci. Acordei e já passava das 18 horas. Não precisava de qualquer mensagem, a resposta já estava posta.
Ele não veio como da última vez e dessa vez não se deu o trabalho de me explicar. Afinal, que explicação teria?
Diferente da última vez não insisti na ideia de sentir sua presença e me desfazer por sua ausência. Aceitei meu desígnio. É que não me importa o que eles digam e quantas vezes me desapontem, isso tem sido a regra na minha vida.
Surpresa seria, e aí me permitiria sentir qualquer emoção, se ele chegasse, se me desse flores ou me levasse pra jantar antes do sexo. Emoção seria se eu fosse objeto de carinho, atenção e cuidado. Engraçado é que ele mesmo disse que não era esse tipo de homem que trata a todas nós como instrumento de seus prazeres. O irônico é que ele fez exatamente como todos os homens desse tipo fazem.
Eu preciso escrever isso para me lembrar e talvez, você leitor, possa aproveitar essa minha mensagem: uma pessoa decente, independente do quanto morra de amores por você ou não, sempre te dará uma resposta clara, usando a linguagem que é nosso maior mérito evolutivo. Se ele não sabe usar as palavras para dizer o que sente, o que quer e o que espera, então ele não é um homem para você e para qualquer outra mulher. Fuja!
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
(Trecho do caderno onde registro a próprio punho meus pensamentos, alguns chamam de diário, eu chamo de salvação!).
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Esperei por você a noite toda
Na verdade, um pouco antes, preparei a casa, limpei tudo que pudesse manchar a pureza do nosso encontro, coloquei uma boa música para tocar e cantei enquanto limpava.
Depois, cuidei de mim, lavei os cabelos, deixei que água escorrece pelo meu corpo e levasse para o ralo as incertezas. Eram muitas, levou tempo enquanto deixava tudo inundar do lado de fora e aqui dentro.
Esperei por uma ligação, algum sinal que confirmasse a sua chegada. Nada aconteceu. Sequei o cabelo enquanto assistia as incertezas brotarem entre cada mecha. Será que nesse mundo ainda posso ser amada?
Mais um tempo se passou e nenhuma resposta. Me sentei no sofá e me enrolei nas cobertas, como uma tartaruga se esconde no casco ou um caramujo na concha. Mas, ainda não estava protegida, porque a dor que doía estava dentro de mim, carapaça nenhuma a esconderia.
Enquanto me debatia com nas incertezas, enrolada no cobertor, recebi sua resposta. Nada que já não fosse sabido àquela altura: você não chegaria. Voltei para o quarto, a cama arrumada, deitei-me, tentei deixar o seu espaço arrumado, como se ainda estivesse a sua espera, lá no fundo estava. Enquanto fantasiava a sua presença ao meu lado questionava-me: É possível não conseguirmos o amor que merecemos?
Nessa noite, todos os indícios me dizem que sim.
~As aventuras de Lala na cidade de Thor
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Não gosto de chorar na frente das pessoas
E as vezes não me permito chorar nem mesmo quando estou sozinha.
Meu choro é como a quebra de uma barragem: inesperado, trágico, dura apenas alguns minutos. E quando acaba, está tudo arrazado e exposto numa completa bagunça.
Eu não gosto de dedicar muito tempo às minhas lágrimas. Contudo, procuro sempre respeitá-las. Sigo a risca a ideia de que só se deve chorar se houver motivos. E ainda que existam muitas razões, deve-se escolher sobre quais dores chorar.
Nem todas elas merecem nossas lágrimas.
Não penso que o choro seja uma demonstração de fraqueza. Me parece mais que ele é algo sutil, precioso, que só se manifesta em ocasiões muito raras e não se deve expô-lo a qualquer pessoa.
Hoje mesmo, engoli as lágrimas, as deixei suspensas. Essa dor talvez as mereça mas não estou certa sobre o motivo.
Pode ser que as barragens estajam prestes a romper e me devastar, mas a água ainda se acumula nas bordas, pressionando as defesas.
Tenho algum tempo para me abrigar antes que seja levada.
~ As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Infelicidade
Não acontece quando deixo de sorrir, nem quando choro copiosamente.
Não acontece quando é tarde da noite e eu ainda não dormi ou quando acordo pela manhã e preciso ir para o trabalho contra minha vontade.
Não acontece quando tudo parece insuportável.
A infelicidade é um estado de inércia. Está na inflexão dos meus desejos, no desajuste da minha regulação emocional. A infelicidade é a inquietação do meu espírito que se vê reduzido às convenções do cotidiano, aos absurdos do sistema, ao ridículo das pessoas.
A infelicidade é quando eu caminho mas minha mente não acompanha meus músculos. É quando todo passo dado no hoje, se parece com o ontem, numa repetição angustiante dos mesmos dias.
E, certamente, sou infeliz quando estou sozinha e todo o silêncio me é imposto.
~ As aventuras de Lala na Cidade de Thor.
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Depois, me lembro que sou feita de inúmeros pedaços icorrigíveis que mesmo desajustados, de alguma maneira estranha, se encaixam perfeitamente em quem eu sou.
As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Aos vizinhos peço perdão pelo meu canto desafinado. É que dizem que quem canta seus males espanta e eu tenho tido muito o que espantar.
Meu canto melancólico e sem ritmo desnuda o grito que reside aqui, escondido. É só uma forma de deixar vazar o que nem eu compreendo. Queria ter escrito essas canções, queria saber cantá-las porque dessa forma poderia gritar minhas dores sem soar desesperada, sem causar alarde nos ouvintes. Afinal, é só poesia, uma forma de arte, ninguém se importaria em verificar a verdade da angústia, o profundo dos timbres afinados.
Mas, vizinhos eu só sei gritar. Espurgo meus males em notas que não sei decifrar, desafino sempre. Sei que deve ser horrível me ouvir, ainda que só o eco que ressoa pelas paredes dos muros. Não duvide, é pior a dor que grita aqui dentro em silêncio.
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Depois que voltei descobri que ainda havia espaço para amar apesar da dor. (Re) conheci as pessoas que me nutriram e ensinaram meus primeiros passos. Antes as via como deuses, seres mágicos sem defeitos. Agora os vejo de tanta carne osso e pecados como eu.
Redescobri o significado de perdoar e seguir em frente, atravessar o mar da angústia para alcançar liberdade e não fuga. E por refazer esse percurso, criando novos significados e laços mais fortes que antes, abri espaço para a saudade.
Estou certa de que preciso ser livre, mas meu ninho antes feito de espinhos transformou-se no mais aconchegante deles, não em razão de me acostumar com a dor e sim porque dor já não havia como antes.
O que eu sinto agora não é bem tristeza, nem felicidade, nem dor. Estou sentindo o vazio de uma página em branco que precisa ser escrita, mas ainda não tenho ideias e temo não ser capaz de tê-las. A minha ânsia por liberdade parece agora menor diante de todo o significado que reconstruí sobre meu antigo lar.
Por onde devo recomeçar agora?
Não conheço outro caminho que não seja escrevendo.
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Não existe um livro com esse título de tumblr?
Não sei se livro mas é o título de uma música do Raul Seixas: As aventuras de Raul na cidade de Thor.
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Preciso confessar, as vezes volto a ver suas páginas, procuro fotos novas em que ela aparece, vou às páginas dela e olho as fotos que ela tem com você. Não faço isso com frequência. Mas, ainda faço.
É uma curiosidade dolorosa, é como me autoinflijo dor, revirando esse passado. E ele está encerrado, eu sei. Não te quero nem mesmo de joelhos. Passo mais tempo notando as foto dela do que as suas porque, o que me intriga de verdade, é o que ela parece ter para conseguir ser amada dessa forma. Parece tão fácil pra ela, ser desejada, amada, sonhada. O que me falta que nela sobra?
Eu sabia que você voltaria para ela talvez antes de você mesmo cogitar isso. Eu sabia. O que eu não sei é o que fez com que mesmo diante de todos os defeitos e desajustes dela que, muitas vezes, você me confidenciou, ainda restou em você amor para voltar. Eu não sei.
E você disse algumas coisas sobre mim que me fez pensar que talvez eu pudesse ter qualquer coisa de parecido, que eu pudesse ser uma escolha melhor. Porém, quando você precisou de fato fazer tal escolha, eu não fui a escolhida. Eu ainda me pergunto o que faz com que ela e outras mulheres como ela sejam escolhidas.
Seja lá o que for, não parece ser algo que eu tenha.
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor.
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No restante dos dias a falta de alguém ao meu lado, me ajudando com a lista de compras ou dividindo a mesa de café da manhã não me incomoda.
Eu acordo no mesmo horário, me distraio com os cachorros e faço todo o necessário pra sobreviver, viajo em sonhos de uma vida melhor, me entrego o quanto possível ao meu trabalho e tento caminhar livre, com a cabeça erguida.
Nesse restante dos dias não sinto a falta do toque suave na minha pele, do olho no olho durante o sexo e nem mesmo sinto falta do sexo. Ter a mim basta de maneiras que jamais imaginei que bastaria. No restate dos dias é confortável minha pele solitária e o lado frio da cama.
Mas, nesses dias. Nos dias que todos ao meu redor festejam seus amores, ou que falam de suas amenidades afetivas, quando me sinto deslocada pela falta de assunto sobre relacionamentos, quando o barulho da minha cabeça cessa e o silêncio ecoa pela casa porque nem meu cachorro deseja latir. Nesses malditos dias eu quero gritar a dor de me sentir tão profundamente, assustadoramente, desesperadamente sozinha.
Nesses dias eu quero que alguém me ame a qualquer custo, que minha cama aqueça completamente mesmo que por aquela noite apenas. Eu apelo para a miséria de afeto e me engano com qualquer presença momentânea porque o que importa é me distrair da solidão que arranca de mim o sorriso.
Essa dor está aqui independente dos dias bons e sei que se não me esforçar para esquece-la será insustentável viver. Amor não se obriga, nem se domestica.
Amar é um ato de selvageria.
E a minha solidão é só minha.
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Vou começar a escrever os planos para o próximo ano, balanceando tudo o que foi este que passou.
É uma tarefa difícil porque exige mais do que só pensar numa lista de desejos. Exige pensar num propósito além de mim.
No ano que se vai eu tive muitas conquistas, a principal delas foi voltar a mim mesma depois de tanto tempo longe de mim. Tive que me reerguer e recomeçar a contar a minha história com um novo sentido. Ainda estou tateando este novo caminho, mas me sinto bem melhor nele do que naquele fosso escuro que me encontrava. É mais claro aqui e eu posso respirar com calma.
Para este ano que chega eu desejo (como um propósito) que a busca por mim mesma não cesse. Que eu consiga perseguir a mim mesma e à cura para minhas feridas mais profundas. Espero que o caminho que agora estou tateando se desdobre em uma longa jornada rumo à melhor versão de mim em todos os sentidos possíveis. E quero mesmo, do fundo do coração, não chegar ao fim do próximo ano sozinha como estive e me senti todo esse tempo.
Quero encontrar pessoas e reencontrá-las se for o caso. Quero as pessoas novas e as antigas, dividindo comigo a estrada. Quero um amor que divida comigo a vida da maneira que sonho e desejo ser amada. E n��o quero adiar esse desejo para mais um ano como é de costume. Quero encontrar esse sonho agora e pra isso estou disposta a me curar pelos próximos novos 365 dias. Não quero que um descuido me faça perdê-lo de vista quando o encontrar.
Eu escolhi passar o ano com a cor da paixão, o vermelho mais sangue que pude encontrar. O vermelho mais coração pulsante que existe. É para que esse amor realmente transborde. Se existe uma lição que 2023 me trouxe é de que uma vida inteira não vale se não se pode viver a experiência de amar plenamente. Porque no fim das contas é com o outro que mais aprendemos sobre nós mesmos.
Que amor não me falte
E que amor não falte a ninguém!
~As Aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Esse é o Natal mais triste até agora. É triste porque a minha magia de Natal (que nada tinha a ver com papai Noel e renas) tem sido desfeita ano após ano. Aquela família que eu sabia unida, é agora fragmentada pelas diferenças inconciliáveis e os tais conflitos geracionais.
Alguém fala sobre isso?
Sobre as famílias que estão longe do comercial de Margarina?
Estou observando meus tios conversarem e alguns agregados que já perderam seus entes queridos e foram acolhidos por meus avós. É bonito como o terreiro de Dona Benedita é cheio de amor pra todo mundo.
Ainda assim falta uma porção de netos, falta uma porção de bisnetos. Falta. E saber a razão dessa falta me dói. Um pouco porque para parte deles outras famílias surgiram, um pouco porque as diferenças nessa família aqui são difíceis de conciliar, um pouco porque as coisas simplesmente mudaram. Outras escolhas são feitas.
Mas, eu sinto falta de todo mundo junto como quando eu era criança. Era a minha magia do Natal. Agora meu natal parece mais vazio, mais real e por isso mais triste.
Nesses momentos eu desejo não saber do que sei. Conhecimento demais entristece.
Eu, por minha vez, decidi ficar. E quero escolher ficar pelos próximos anos porque minha família é aqui. Meu lugar é aqui mesmo com todas as diferenças que com muito custo eu tento conciliar. Para mim, amar nada tem a ver com uma tarefa fácil. Meu amor pela minha família é gigantesco mas amá-los todos os dias é difícil.
É difícil atravessar todas as mágoas, atravessar as divergencias, atravessar a raiva e escolher amar. É difícil ficar. Mas sei que seria infinitamente pior partir ou fugir como costumava fazer antes. Eu colhi um fruto amargo pelas vezes que fugi. Agora, consigo ver além das minhas dores e não é mais desconfortável.
Mesmo assim, falta. E talvez essa falta me acompanhe pelos próximos anos. Esse texto é pra dizer o que ninguém diz no Natal, é pra confortar os que assim como eu tem famílias fragmentadas pelo mal do século que é a falta de ouvidos para ouvir e compaixão pra acolher. É para aqueles que, assim como eu, perderam a Magia do Natal.
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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Admiro todas as mulheres que se permitem amar. Esse mundo é tão inseguro pra nós. Homens foram programados pra nos violar em todos os sentidos possíveis. Penso que é um grande salto se permitir baixar a guarda e viver sem medo e sem culpa.
Admiro as que gozam todos os prazeres da carne sem arrependimentos. Fazem de si o próprio prazer, transformam-se em seus orgasmos. Essas mulheres são livres.
Admiro todas elas.
Eu queria saber como se sentem, de que são feitas, se existe um molde e, se existir, um que me caiba pra que eu possa me fazer mulher tal qual todas elas.
De repente assim, eu me permita todos os prazeres e todo o amor que agora me é negado.
E, talvez, exista um mesmo molde pra que homens sejam mais que o motivo de nossas dores.
~As aventuras de Lala na Cidade de Thor
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