Jornalista e estudante de Ciências Políticas, colunista do Jornal Estado de Minas, cronista e poetiza
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Sobre Minas, dos apaixonados e inconfidentes
“Através de grossas portas, avistam-se luzes acesas, — e há indagações minuciosas dentro das casas de fronteira. O que estão fazendo, tão tarde? O que escrevem, conversam, pensam? Mostram livros proibidos? Lêem notícias nas Gazetas?." Estes versos foram escritos por Cecília Meireles em seu famoso “Romanceiro da Inconfidência” (1953), que revisita, em poesia, a Minas Gerais do fim do século XVIII. Das palavras de Cecília, faço as minhas; rebeldes foram aqueles que ousaram pensar. Filhos deste estado que só soube explorar, matar e que não compartilha uma história bonita como tentaram nos contar. Que jorrou sangue, que explorou tanta gente e mais, que lutou, não porque existia uma opção, mas porque proibiram os filhos desta terra de sonhar. Desde que me tornei jornalista, entendi porque gostaria de entrar na área política. A verdade é que, como filha desta história, também contemplo a ancestralidade desta terra. Sei que do sangue vermelho que jorrou ininterruptamente, surgiu a revolução. Construída também por aqueles que eram explorados, humilhados e degradados. Porque Minas Gerais não foi só moldada pelos seus inconfidentes, mas também pelas mãos daqueles que nem ao menos eram daqui e guardavam escondidos debaixo das grandes casas, os verdadeiros revolucionários. Mãe dos traidores, dos políticos, dos pretos, dos excluídos, Minas é. Terra dos extraordinários, seres estadistas e mineiros desenfreados. Acredito, fielmente, que apesar das ideologias - que hoje consomem nossa nação - encontramos um ponto em comum: a estranha sensação de rebeldia, que de forma simples, é misturada em uma tentativa de ousar. O fato é que, nós mineiros, temos fome de sonhar. Ocupamos espaços. Incomodamos. Estamos, em Brasília, em Belo Horizonte e onde quer que tentassem falar que não chegaríamos nunca. Porque, sim, nascemos neste estado, completamos nossa existência. Somos daqui, de lá, de cá, e ainda precisamos mudar. Liberdade, antes que tardia. Sempre, Minas, das suas riquezas Gerais.
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