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“Algumas oportunidades não voltam só porque você se arrependeu.”
—
Clarice Lispector.
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Uma noite qualquer
Quando tentava coordenar os seus pés e braços para desfazer-se do abrigo e dos sapatos ao mesmo tempo escutou um ruído. Se calhar o ruído estava lá há muito tempo, mas ele era agora que chegara a casa. Entrou na cozinha para tentar localizar a origem do ruído e não precisou de ligar a luz, porque as luzes da rua iluminavam a mesa que se tossia e se mexia. Ligou a luz e viu que a pia estava a fazer-se cortes na sua pele metálica e que a torneira olhava para ela e chorava. Desligou a luz e foi para a sala. Deitou-se no sofá e não demorou em escutar o sofá a ameaçá-lo em voz baixa com romper-lhe as costas e parte da cabeça. Fechou os olhos e todo os outros ruídos do apartamento começaram o soar à vez. Era domingo e ao dia seguinte estava convencido de que a cozinha quereria tomar um duche, os seus sapatos não se teriam suicidado, mas (e ainda bem) nenhum botão da sua camisa tentaria fazer paraquedismo. Pensou no escritório incontinente na que trabalhava, no computador disléxico que lá o esperava, nas janelas que estariam em folga, na imperatividade diagnosticada do frio e na quantidade de pessoas que trabalha no mesmo edifício, mais funcionam com um fuso horário distinto do seu. Procurou o som do frigorífico, cadenciou a sua respiração a ele. Depois continuou a procurar até encontrar a história para dormir que os canos do apartamento contavam. E então adormeceu.
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dedadas
Sentado no bordo da cama, tinha os dedos em ângulo reto e as pernas retortas para só tocar o chão com os de dedos. Pensava em que não tinha a fazer e os pensamentos chegava a sua cabeça com a sombra do minotauro que se mostra em cada esquina do labirinto. O conselho que nunca pedira soava na sua cabeça com se for água a encher o labirinto: «Tens de olhar para diante, tens de deixar o passado atrás». Tens de deixar de procurar explicações – pensava ele. E retorcia os dedos dos seus pés. O ar entrava nos seus pulmões como se fora os últimos decímetros cúbicos de oxigeno que ficavam no ar. Boqueava. Tinha problemas como o minotauro e tinha problemas como a água a encher o labirinto e tinha o pior problema de todos e é que nada disso existia fora dele.
O céu cinzento não se movia nem para chover.
Lembrou as histórias pessoais de assassinos que matavam para resolver os seus problemas, para deixar atrás e resolver os seus traumas, para sair dos círculos viciosos nos que tinham caído, entrado ou nos que foram empurrados. Pensou que se calhar seria bom contar quantas pessoas estão no cárcere por ter feito algo para sair dos seus círculos viciosos. O telemóvel tocou de novo para dizer-lhe que já ia tarde para trabalhar. Levantou o seu corpo, tomou um duche e colocou a roupa, a fantasia de professor para não deixar que nem a água saíra nem o minotauro saíram da sua cabeça. Um outro dia sem querer ia seguir aquele conselho que sua mãe lhe dera para tentar não falar de toda a merda que lhes tinha passado, escusa que escutara de namoradas também. Imaginou-as a dar voltas encerradas no labirinto, deu a volta a chave e saiu.
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Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser.
Fernando Pessoa. (via distanciarei)
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é o tempo / salvaxe, / o espazo corrupto, / unha desafección permanente / a este estado de cousas, // o punto onde todo estoupa. Listen/purchase: Grecia by Das Kapital
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desdarwinismo
s. m. | Processo de seleção artificial que explica a sobrevivência dos mais fracos. É observável nos anos de eleições quando milhares de pessoas se juntam para votar no “menos mau”.
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O Sísifo contente
Sim, o Sísifo foi condenado a passar a eternidade a rolar uma pedra de mármore montanha arriba. Foi, sim. Mas, ele também não se preocupava muito com isso. Por uma parte, ele já tivera uma vida excitante: traição, assassinato, conspiração, sexo selvagem eram coisas que já tinha feito e aborrecido; já não estava com vontade de enfadar mais a Zeus e dizem que procurava uma vida tranquila. Ainda assim fingiu enojar-se com a condena. Mas foi assim que conheceu àquela rapariga que guardava rebanhos no cume, foi assim que tiveram filhos que pronto o começaram a ajudar com a pedra, foi assim que conheceu à sogra e foi assim que continuou a sua vida sem ter de enganar a morte de novo. Dizem que houve vezes quando os dias não eram bonitos, mas inclusive nesses ocasiões a sogra é que sempre tinha xanax e outras drogas para lhe dar e as coisas se passavam melhor. Também logo passou o tempo e já nem tinha de ir todos os dias à pedra; foi com muito trabalho, mas começou a ter sábados, domingos, feriados e mais umas otras três semanas livres ao ano. E ainda que havia dias em que sabia que não seria quem de levar a pedra até a cume, também sabia que o seguinte dia a pedra ia estar lá. Uma vez ouvi que se calhar o mais difícil para ele foi quando a sua filha lhe disse que não queria continuar no negócio das pedras, pois ela queria uma vida cheia de traições, assassinatos, conspirações e sexo selvagem; ele sofreu, mordeu-se os beiços, arranhou-se a fronte e lhe contestou «leva cuidado».
—Adrián Magro.
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escrevo
Eu escrevo porque gosto de algumas estórias, contos, narrações e às vezes gostava de que as estórias que visitam a minha cabeça puderam ir visitar às cabeças de outras pessoas e se calhar isso é algo bom.
—Adrián Magro.
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Lá me publicaram uma pequena tradução de William Carlos Williams.
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No primeiro de Fevereiro vai ser lançada o número 2 da revista Eclipse. Lá vai estar uma tradução minha de um poema de William Carlos Williams. Além disso haverá outras peças da literatura lusófona. Cá podem espreitar o video de apresentação.
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Outras duas apresentaçãos mais da Revista Eclipse. Lá, na revista, podem ler o meu conto intitulado: Ler.
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