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Contos de Cadeira de Balanço
CAPÍTULO 2
Afonso, então, lembrou do seu celular, e que tinha que ligar para sua mãe. Assim que o aparelho estava em suas mãos, sua mãe ligara.
— Oi, mãe…
— Afonso, meu filho. Liguei só para avisar que vou passar o dia fora. Vou sair com o Edson, vamos aproveitar seu dia de folga indo ao parque temático que inaugurou semana passada, na cidade de ao lado. Dormiremos por lá.
Edson foi um dos cinco namorados da mãe do Afonso – Dissera antes que não gostava muito do sujeito, mas sabia que, no fundo, era por ciúmes de sua mãe, o cara era legal – Nem muito alto, nem muito gordo, tinha uma vida estável – Talvez nem tanto, iludia três mulheres ao mesmo tempo, a mãe do Afonso era uma delas.
— Tá bom, mãe. Aproveita! - desligou.
Ao voltar para o quarto de Carlos, Bruno o perguntou, meio desnorteado:
— Ei Afonso, eu e os rapazes estávamos conversando, e Carlos propôs que a gente fosse na casa de um conhecido dele, o Fabrício – Só ouvi falar daquele cara duas vezes, naquele dia e, alguns anos depois, no noticiário em rede nacional anunciando sua morte dentro de um presídio. Briga dos chefões do tráfico, foi o que disseram.
Como não tinha o que fazer, Afonso concordou – Segunda pior decisão que Afonso tomara naquele dia.
Todos no carro, motor ligado. A viagem durou menos que o esperado. Carlos, quando bebia, gostava de dirigir mais rápido que o de costume. Afonso nunca estivera naquele bairro antes. Estranhou. Subiram uma série de ladeiras, até chegar na casa do Fabrício.
O som tocava alto, muito alto. Música que Afonso, no auge do início de sua idade adulta, achava desprezível. Não estava nem um pouco confortável naquele lugar. Notou que Bruno também estava um pouco desconfortável – Tinha certeza que também era por causa da música, os dois tinham o mesmo gosto musical. Na verdade, o mesmo gosto para tudo.
Subiram. Encontraram Fabrício rodeado por uns cinco caras. Afonso não gostava daquela cena. Lá dentro, o som estava insuportável para os ouvidos – E para o cérebro. Todos tinham que gritar para serem ouvidos. O lugar cheirava mal. Uma mistura de mato queimado, com fim de festa carnavalesca. Paredes sujas, o chão mais ainda.
Ir embora dali, era só o que se passava na cabeça de Afonso. Para seu arrependimento, não foi o que aconteceu.
Carlos foi tomando a frente da situação, enquanto o resto do bando o seguia em direção a Fabrício. Não deu para ouvir oque foi falado. Todos se cumprimentaram – Afonso conseguia sentir o clima pesado ali, não sabia se era o álcool que corria em suas veias, ou se era algum tipo de sexto sentido. Então, Fabrício e seus comparsas fizeram um sinal para o restante do grupo, indicando para todos irem para o quarto que ficava no andar de baixo.
Chegando lá, o cheiro e a sujeira eram tão grandes que Afonso, entre sensações estranhas e leves perdas de memória, chegou a se perguntar: “O que estou fazendo neste esgoto?”. Fabrício entrou sozinho num quarto, que parecia ser uma espécie de depósito abandonado. Saiu de lá com um pacote de formato cúbico.
Antes que tudo começasse piorar, – Não estou dizendo que as coisas vão ficar boas a partir de agora – Bruno, subitamente, colocou uma de suas mãos em volta do braço de Afonso, que estava ao seu lado, e tentou falar alguma coisa. Afonso viu seu amigo caindo no chão desacordado. Todos olharam para aquela cena por alguns segundos, até que alguém – Afonso, claro – tentasse socorrer o rapaz alto e magro que já aparentava ficar mais pálido.
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Contos de Cadeira de Balanço
CAPÍTULO 1
Era um dia como qualquer outro, o jovem Afonso estava indo no caminho da barbearia na sua rua. Andava distraído, com fones de ouvido, com as mãos no bolso do seu casaco azul listrado, olhando para o chão, ouvindo suas músicas alternativas, e como qualquer outra pessoa na sua idade, se achava um pouco superior por isso.
Talvez, se Afonso soubesse o que aquele dia estava guardando para ele, não teria saído de casa.
Ao tirar seu celular do bolso para trocar a música que tocava, Afonso deixou cair a chave da sua casa, não percebeu – pobre Afonso.
Cortou seu cabelo como de costume, e ao sair da barbearia, encontrou seu amigo de infância, Bruno, sempre o mais alto da turma, alguns pelos espalhados no rosto – aquilo o incomodava, queria ter sua barba completa – estava usando suas roupas velhas e surradas que tanto gostava, era recluso, poucos amigos, mas os poucos que tinha, eram leais. Bruno, então, chamou Afonso para ir na casa de um outro amigo, Carlos – não conhecia muito o sujeito, mas sempre ouvia seu nome nas rodinhas de conversa desde o ensino médio.
— Ei, Afonso, vamos na casa do Carlos, uns colegas da escola estão por lá, vamos fazer um campeonato de videogame.
Afonso queria ir, achava que precisava de um tempo pra se distrair de sua rotina – muitas vezes se perguntava oque estava fazendo da vida, o que faria no dia seguinte. Mas como ainda morava com seus pais, tinha que avisar à sua mãe que chegaria em casa um pouco mais tarde do que o combinado. Pensou, “O bairro está meio perigoso esses dias, quando chegar na casa do Carlos, eu ligo para minha mãe”. Colocou seu plano em prática.
A caminhada até lá durava cerca de cinco minutos. No caminho alguns flertes com as garotas que passavam por eles, sempre comentando depois a nota que dariam para elas – Já era tradição entre Afonso e Bruno.
Ao chegarem na casa do Carlos, Bruno foi entrando na frente, já se sentia à vontade naquela casa, esteve ali inúmeras vezes. Afonso o seguiu. Encontraram Carlos no seu quarto, sentado numa cadeira que parecia ser bastante confortável, com mais dois amigos – Não recordo os nomes dos dois, mas eles pouco serão importantes nesta história – jogando em seu videogame de última geração, na sua TV de várias polegadas – Não sabia que a família de Carlos tinha aquele padrão de vida de gente rica de novela.
Carlos virou a cadeira, e quando viu o Bruno, se levantou e o abraçou – Aquilo causou um certo estranhamento em Afonso, era raro ver seu amigo abraçando outra pessoa, se não sua mãe.
— Bruno! - disse Carlos como se não tivesse visto Bruno há uns bons anos.
— Carlos! - respondeu Bruno com um entusiasmo que não lhe era comum.
O campeonato começou. Carlos, como já tinha jogado aquele jogo várias vezes, foi o campeão. Seus dois amigos ficaram logo em seguida. E por último Afonso e Bruno – Nunca foram bons em jogos, gostavam mesmo era de jogar baralho, dominó, e conversa fora.
Depois de um bom tempo conversando sobre as meninas que beijaram na escola, um dos amigos de Carlos sugeriu:
— Ei, galera! Vamos sair pra comprar umas bebidas, os pais do Carlos só chegam de viagem semana que vem.
Todos concordaram com a ideia – Já Afonso e Bruno…eles estavam lá.
Carlos pegou a chave do carro de sua mãe, e os levou para a mercearia do bairro, a mercearia do Denis – Era bom aquele lugar, costumava comprar as bebidas das pequenas reuniões que aconteciam nos tempos de escola, hoje o filho do Denis, o qual também não lembro o nome, é dono do lugar.
Foi quando Afonso lembrou que ainda não tinha avisado à sua mãe que estava com alguns amigos. Colocou a mão no bolso para pegar seu celular, mas o aparelho não estava lá.
“Devo ter deixado na casa do Carlos”, pensou.
Bebidas compradas, todos voltam à casa de Carlos. Depois de alguns goles de uma vodca com um nome que parecia ser russo, todos estavam mais soltos. Conversaram sobre religião, política, sociedade, sobre o que é a vida. Pareciam saber muito de tudo – Não sabiam nada.
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