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Estou aprendendo a desfrutar cada momento do frio. Há umas duas semanas atrás (fim de julho de 2024), ocorreu um fenômeno chamado aquecimento estratosférico súbito, sobre a Antártida, que deslocou uma massa de ar polar que despencou as temperaturas em boa parte do hemisfério sul (e que "flutuava", como ondas, emanando do continente de gelo). É certo que estamos no inverno, mas os dias estavam muito quentes. E de repente, um frio abrupto, intenso, forte.
Estranho, mas eu aproveitei. Aproveitei como eu aproveitava meus dias durante o primeiro lockdown da pandemia em 2020 (quando nem sabíamos desse nome) - porque se eu pensasse demais em um possível colapso das cadeias de distribuição de alimentos (como tudo estava parado mesmo) ou de transportes, da doença ou tudo junto, eu surtava. Então eu acordava, aproveitava meu dia, passeava pelo mato sem ninguém por perto com minha cachorra, colhia flores e colocava na minha mesa todos os dias. E depois dessa onda de frio, percebi que estava do mesmo jeito: aquecimento estratosférico súbito sobre a Antártida, espalhando uma massa de frio sobre nosso continente fustigado pelo calor - eu sei que isso não é normal.
Lembro dos dias mais amenos da infância, do clima mais constante nas estações. No verão, quando aparecia manchas vermelhas na previsão na tv a gente sabia que ia esquentar, normal. Mas no último verão, já não tinha apenas manchas vermelhas, mas manchas escuras quase marrons, como sangue coagulado.
Vejo os recordes de meses mais quentes sendo quebrados um atrás do outro, e prefiro não procurar saber das teses que dizem que essa reação é exponencial e em cadeia, e só estamos ladeira abaixo.
Não consigo imaginar como a sociedade de acumulação e crescimento sem fim, que veio do sucesso histórico conquistador do homem branco europeu, conseguiu quebrar a delicada manta de beleza celestial que mantém a complexa e frágil vida nesse planeta absurdamente mágico. Estou soando alarmista e apocalíptico, né? Mas sei lá, esses gráficos de temperatura subindo violentamente no eixo Y não me parecem reversíveis. E pensar que o futuro é um grande roteiro cyberpunk/mad max é uma bosta. Só o que me dá uma ânsia de ação são os negacionistas, não os burros, os interessados...
Por isso eu evito pensar demais nisso tudo, e estou aprendendo a desfrutar religiosamente dos dias de frio.
-an excerpt from my upcoming book, Not Long for This World - The Twisted Poetry of a Climate Apocalypse - The Unimaginable Horrors of Our Approaching Collective Nightmare; The Total Collapse of Human Society
by Kevin Trent Boswell
soon to be released on Amazon
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You Don’t Have To Be An Artistic Genius To Make Your Life A Masterpiece.
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going for 14 years
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"Fund abortion not cops / Fuck the Churvh and the State"
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“A lot can happen in a year.”
— Unknown
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Europe, World War I Trench Art Catholic Shrines Constructed of Artillery Shells, c. 1910s.
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Listening to music in art class Photo by Francis Miller 1957
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