Escritora e Fotógrafa por opção. Procrastinadora por vocação. Amante de livros e gatos na vida real. Esposa da Eva Green no meu palácio mental.
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[50/50] - Virginia Woolf
"Ao longo de sua vida, Virginia Woolf escreveu de forma extensiva e convincente sobre a falta de oportunidades profissionais e educacionais para as mulheres. Com base em ensaios críticos, artigos, páginas de diário, e na obra feminista muito conhecida “Um Teto Todo Seu”, “Women And Writing” escrita é um encontro fascinante de suas peças mais curtas sobre mulheres como escritoras e a evolução da tradição literária feminina.” ● Michele Barrett
[50/50] – Um livro que você não conseguiu encaixar em nenhuma outra categoria, mas queria ler de qualquer forma
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Women and Writing
Virginia entendia bem sobre o sentimento de exclusão causado pelo simples fato de ser mulher. Em sua família, só os seus irmãos tiveram acesso aos estudos, algo que durante anos Virginia remoeu dentro de si, mas que tentou de todas as formas compensar para si mesma. Leu de tudo, estudou ao máximo com os livros que lhe eram acessíveis e, quando alcançou o status de escritora, se voltou para aquelas que mais sofriam com uma sociedade tão patriarcal: as mulheres.
Embora sua militância no movimento feminista fosse voltada exclusivamente para o que ela escrevia em papel, criticas literárias e até palestras, ainda assim, sua importância no movimento repercute até hoje. Nessa obra, está resumida algumas entradas de jornais, resenhas que ela fazia de outros atores e alguns trechos importante de ‘Um Teto Todo Seu’.
A ideia do livro é reunir alguns trabalhos de Virginia acerca da importância das mulheres como autoras e como isso evoluiu durante os anos. Logo na introdução, temos uma socióloga que usou alguns trabalhos de Virginia para construir sua tese de doutorado. Michelle Barrett levanta os pontos que levaram Virginia a fazer sua pesquisa que incluíam as barreiras externas e internas e que, por anos, impediu que as mulheres avançassem no ramo da literatura.
Uma das coisas que Virginia notou e que ela cita bastante ao longo do livro era o chamado ‘tom feminino’. Ela se preocupava que seus escritos não fossem levados a sério se houvessem nele um ‘quê’ feminino. Outro ponto era que ela acreditava que as circunstâncias históricas e psicológicas afetavam diretamente a obra de um autor.
Já no campo dos fatores externos estavam a tão debatida negação aos estudos e o fato de que muitas editoras se negavam a publicar livros escrito por mulheres. Dessa forma, durante anos para essas mulheres escritoras era quase que impossível viver de sua arte.
Uma comparação que Virginia faz nesse livro, que está inclusa também em ‘Um Teto Todo Seu’, é o fato de que no tempo de Sapho havia uma liberdade para que as mulheres fossem atrás de cultura e educação. Por esse motivo, naquele tempo, a produção literária, que se perderia com o tempo devido a cultura oral de recitar os poemas e não de registrá-los, fora vastamente produzida por mulheres.
Virginia leu diversas autoras, de diferentes tempos e, assim como escrever seus romances, resenhar os livros que lia era uma paixão. Quando ela avaliava essas escritoras, suas analises eram diferentes para cada época. Dessa forma, suas resenhas eram mais sinceras, com bases mais históricas e de acordo com o que ela considerava servir de contribuição para a literatura da época em que essas escritoras estavam inseridas.
[50/50] – Um livro que você não conseguiu encaixar em nenhuma outra categoria, mas queria ler de qualquer forma
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[49/50] - Amanda Palmer
“A Arte de Pedir é um livro sobre o cultivo da confiança e da maior proximidade possível com o amor, a vulnerabilidade e a conexão. Uma proximidade incômoda. Perigosa. Bela. E a proximidade incômoda é exatamente onde precisamos ficar se quisermos transformar essa cultura de afastando e desconfiança fundamental.” ● Brené Brown
[49/50] – Um livro para presentear um desconhecido
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A Arte De Pedir
Existem coisas das quais eu acredito e sigo, mas que jamais as assumo para o mundo ou para mim mesma. Uma dessas coisas é que: eu sou uma artista. Todavia, cada vez que assumia isso, eu sentia como se tivesse mentindo para mim mesma.
Eu acreditava que para merecer esse título eu deveria ser ‘uma artista de verdade’. Desse modo, eu dividia, sem querer, o termo em dois movimentos. Um que dizia que você podia sim ser artista, produzir o que quer que fosse, mas você só de fato poderia ser um artista verdadeiro se alguém de fora validasse sua condição.
Amanda Palmer desmistificou tudo isso. Amanda me libertou de algo que eu nem sabia que estava me prendendo. Não vou dizer que me sinto 100% livre e que agora de fato me considero mais artista do que era há meses atrás. Acho que eu sinto mais a pressão, me sinto mais encurralada, me sinto mais angustiada por me identificar com algo que durante anos eu pensei que não merecia ser. Contudo, hoje eu sei o que de fato sou.
Talvez se identificar como artista seja mais difícil, porque de fato não existe um título, não existe um diploma, não existe um cachê certo que legitime sua condição no mundo das artes. É somente sua arte que te coloca nesse status. É somente a sua arte que te mantêm nesse status.
E quem disse que viver de arte é fácil? Quem disse que depender dela é fácil? Quem disse que sentar em uma cadeira e abrir uma página em branco e esperar que algo saia de sua cabeça e que as palavras que forem ali jogadas façam sentido é fácil? Ninguém disse que seria fácil. Todo mundo sabe que é muito mais que difícil e há dias que é impossível.
Há dias que a sua mente, seu corpo, suas ideias, suas vontades, seu prazo final, sua ansiedade, sua forma de ver o mundo, sua religião, seus pais, o tempo lá fora atrapalham tudo. Há dias que você se sente menos artista por não produzir nada. Há dias que você sente que se houvesse de fato uma polícia da fraude, você não apenas mereceria ser preso, como você deveria ir até lá se entregar, pois nesses dias você se sente tudo menos um artista.
Todavia, há dias que a arte te salva. Há dias que qualquer conexão faz sentido. Há dias em que tudo é conexão e que tudo é uma troca. Há dias que todos aqueles fatores que te atrapalhavam a escrever te ajudam a produzir sua obra de arte.
Todos os dias na vida de um artista parece o último. Assim como toda a obra produzida parece ser fadada ao fracasso ou fadada a grandeza. Tudo ou é intenso demais ou insensível demais. Acho que por isso que a arte por si só não é o suficiente.
Amanda me ensinou que a troca, as pessoas, as conexões, os olhares, o feedback do público não é apenas o motor da arte e do atrista. É a essência. Porque produzimos sim arte para nos mantermos vivos, mas precisamos compartilhá-la. Precisamos que alguém pare e nos veja, para que de fato tanto a arte quanto o artista permaneçam vivos.
Eu ainda tenho muita dificuldade de me sentir como uma artista. Cada página que escrevo, cada escrito que eu compartilho, cada situação fictícia que eu invento e as torno reais quando as escrevo parecem mentira, parecem irreais, parecem não ter sentido, mas só por um segundo, só enquanto há a insegurança, só quando eu me inclino diante da folha ou do computador. Pois, quando eu dou um passo para trás, quando eu releio, reedito, apago, reescrevo, eu percebo que todo o processo não apenas construiu minha arte, mas me construiu como atrista.
No mundo tudo é construção. Tudo foi construído ou modificado. No fundo, tudo é arte, todos somos artistas. Todos nós merecemos esse título. Talvez apenas precisamos apreciar todo o processo, pois o produto final nem sempre é capaz de contar toda a história, talvez nem sempre o processo final seja considerado arte, até que alguém dê um passo para trás e veja todo o cenário, veja o artista, veja o que o motivou a se assumir como tal.
Nos últimos meses, eu percorri o centro da minha cidade, atrás de um artista de rua. Eu já tinha lido o livro da Amanda há alguns meses e ainda estava me sentindo dentro dessa vibe de aceitação/negação/encantamento que o livro proporciona. Eu escrevi uma carta anonimamente para esse artista de rua. Um cangaceiro prateado que as vezes também era um anjo prateado.
Todavia, só consegui entregar o livro uma semana antes do natal. Ele estava cercado por muitas crianças e mulheres. Todo mundo tirava foto, deixavam moedas e ele tocava uma música e dançava. Eu relembrei tudo o que tinha lido não apenas no livro de Amanda, mas em todos os livros do desafio. Eu me lembrei de todas as formas diferentes de narrativa, todos os personagens fictícios, todos os cenários, todas as situações. Ali, na minha frente, todo pintado de prata estava um personagem também, assim como os inúmeros personagens que eu já cruzei nas páginas dos livros.
Entretanto, aquele homem era diferente. Ele era real e ele estava ali, se colocando diante de todas aquelas pessoas, sob aquele Sol de começo de Dezembro, criando uma conexão com todos a sua volta em troca não de dinheiro, mas de uma validação de sua arte, talvez.
Pergunto-me agora qual foi a sua motivação para escolher tal personagem, como ele se sente assim que chega ali e quando vai embora e qual é a parte que ele considera mais difícil em ser um artista. Não deixei um endereço de e-mail ou um nome. Apenas me aproximei dele, perguntei se eu poderia lhe dar um presente, recebi uma piscada e me abaixei para deixar em seus pés um livro do qual me mudou profundamente e eternamente.
Ele fez uma reverencia, a mesma que eu costumo fazer nas aulas de yoga. Lembrei-me do significado dessa reverencia para mim “o deus que habita em mim saúda o deus que há em você”. Naquele momento, porém, não havia nada de espiritual nos conectando, apenas a arte dele e de Amanda, ali sob seus pés. Entretanto, eu não consigo pensar em nada mais espiritual ou transcendental do que a conexão entre a arte e um artista.
[49/50] – Um livro para presentear um desconhecido
#amanda palmer#a arte de pedir#livros#books#desafioliterário#readwomen#leiamulheres#the art of asking
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[48/50] - Cecelia Ahern
“Quando alguma coisa acontece, desencadeia algo dentro de nós que nos conecta a uma situação, a outras pessoas, nos ilumina e nos une como as luzes de uma árvore de Natal, retorcidas e apontando em direções diferentes, mas, ainda assim, conectadas por um fio. Algumas se apagam, outras piscas, outras se acendem e brilham intensamente; mesmo assim, estamos todos no mesmo fio.” ● Cecelia Ahern
[48/50] – Um livro que se passa no Natal
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O Presente
Foi uma leitura agradável, mesmo sendo um daqueles livros que a mensagem por trás é tão explicita que você se sente estupida ou algo do tipo. “O Presente” é escrito de maneira simples, mas ainda assim com certa profundidade e desenvolvimento dos personagens de maneira a fazer com que o leitor crie uma conexão.
Na história, temos Lou, um jovem empresário (na verdade acho que ele é arquiteto) que não sabe o significado de pisar no freio e cuja a vida gira em torno do sucesso profissional. Ele acaba colocando tanta importância nas suas relações do trabalho, que esquece a família e esquece de si próprio.
Um dia, em frente ao seu prédio, ele faz amizade com Gabe, um morador de rua misterioso que o vai colocar em uma situação um tanto inusitada. Tudo na história oscila entre magia, fantasia, um pouco de nonsense (sério) e romance. No final, terminamos angustiados, pois torcemos para que haja um final feliz, mas acabamos apenas recebendo a lição moral do livro e vendo quais as consequências de uma vida tão apressada e voltada para nada além de um vazio existencial.
[48/50] – Um livro que se passa no Natal
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[47/50] - Angélica Freitas
“Angélica consegue criar. Já nos primeiros versos de qualquer poema seu, há uma atmosfera feliz e profanadora que nos convida a relativizar o gigantismo de certos sentimentos solenes que por muito tempo quiseram, e ainda hoje querem, se fazer passar pela poesia mais autêntica, pela mais sensível forma de se viver um estado poético.” ● Carlito Azevedo
[47/50] Um livro de poesias
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Um Útero é do Tamanho de um Punho
Para ser poeta basta ser sensível e conhecer seu objeto de estudo. Palavras difíceis fica para o dicionário, pois o que o leitor quer é sentir e se encontrar nas estrofes de um poema, não se perder procurando o significado de suas frases. Angélica fala de mulheres em seus poemas. Todos os tipos de mulheres, retratadas com um dos maiores recursos que ela possui: a empatia.
47 de 50: Um livro de poesias
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[46/50] - Elvira Vigna
“Quero descobrir, ficando uns dias longe de Roger mas ao mesmo tempo mais perto (na casa onde Arno Morou), em que pé estamos, nós dois. Eu: sentindo a cada dia mais vontade de redesenhar um cotidiano que se apresenta a cada dia mais medíocre. Nossa vida, construída com base no que chamamos de exercícios de liberdade (de parte a parte), revelando, e mais a cada dia, um outro tipo de exercício. O da indiferença e da indiferenciação. Preciso descobrir como, sem nunca termos sido próximos conseguimos nos separar.” ● Elvira Vigna
[46/50] - Um livro escolhido pelo título
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O Que Deu Para Fazer Em Máteria de História de Amor
Uma mulher tem um caso de amor com um homem. Não passa disso. Um caso de amor. E, muitos anos antes, a mãe desse mesmo homem teve um caso rápido com um amigo da família, o que resultou numa gravidez que acabou, de certa forma, com o seu casamento. O homem, então, é fruto de um caso e não há história de amor alguma em como ele foi concebido. Tudo não passa de uma transa casual em um banheiro durante uma partida de um jogo que acontecia sempre na casa desse amigo da família.
Nossa narradora personagem tem a missão de ir até a casa no Guarujá, onde os pais de seu amante, o Roger, viveram os últimos anos de sua vida. Seu trabalho consiste em separar todos os pertences, colocá-los em caixas e encontrar a última obra que o pai de Roger (que não é o pai verdadeiro) criou. Entretanto, sua verdadeira missão, a sua missão interna, é tentar entender a relação nos antigos moradores do apartamento e buscar qualquer vestígio de que ali aconteceu uma história de amor.
Ela pensa que, talvez, se conseguir juntar esse quebra-cabeça e criar um sentido para esse relacionamento que já morreu, talvez ela salve o seu com o Roger. Todavia, ela não encontra naquele apartamento nada que a conforte, apenas pistas que evidenciam que de fato ali nunca houvera amor. Muito pelo contrário, havia traição, distância, mentiras, vazio, solidão e, talvez, um assassinato.
É um livro extremamente bem construído. A trama vai e volta inúmeras vezes a fim de nos revelar tudo o que aconteceu naquele apartamento e no passado de nossa narradora. Não é uma história de amor, passa bem longe disso. É uma história que tenta resgatar qualquer pedaço que busque explicar as relações que ocorrem entre um casal e de como isso afeta todos a sua volta.
46 de 50:Um livro escolhido pelo título
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[45/50] - Hilda Hilst
“Escrever um livro é como pegar na enxada, e se você não tem uma excelente reserva de energia, você não consegue mais do que algumas páginas, isto é, mais do que dois ou três golpes de enxada. Por isso, nessa hora de escrever é preciso matar certas doçuras, é preciso matar também o desejo de contemplar, de alegrar-se com as próprias palavras, de alegrar o olhar.” ● Hilda Hilst
[45/50] - Um livro de ficção
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Fluxo-Floema
Nessa altura do desafio eu posso dizer que esse definitivamente foi o livro mais difícil de ser lido. Entretanto, foi para lista dos livros mais prazerosos de se ler. Nunca havia tido contato com Hilda Hilst, não fazia a menor ideia de como sua narrativa fluía, de modo que, escolhi começar com o seu primeiro livro em prosa. Não sei se fiz certo, sei que terminei sua obra com uma vontade de saber mais, de querer mais de algo que pareceu ter sido oferecido a mim por inteiro.
O livro é dividido em cinco textos, o mais impressionante e marcante deles, para mim, foi “O Unicórnio” onde o narrador-personagem se transforma nesse ser místico. É muito difícil falar dessa obra, eu acredito que para se aprofundar nessa resenha eu teria que saber muito mais sobre Hilda, algo que eu não sei.
Na introdução do livro é dito que ela escreveu durante anos peças de teatro, até se aventurar na ficção. Acho que essa característica do teatro dramático fica evidente na sua narrativa, seguindo o tão famoso fluxo de consciência, que no caso dessa obra, possuí um quê muito mais pessoal, ou talvez tenha sido impressão minha.
Não vou me forçar a escrever mais sobre minha leitura, vou dizer apenas que foi extremamente prazerosa e, em certas partes, foi bem divertida. A dificuldade foi de buscar um entendimento por trás. Eu sempre leio os livros querendo entender o que levou o autor a escrevê-lo, no caso de Hilda essa resposta que eu busquei não veio nem sequer em forma de teoria, evidenciando o quanto eu ainda preciso me aventurar nas obras literárias dessa incrível autora.
45 de 50: Um livro de ficção
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[44/50] - Beatrix Potter
“Eu só criei tantas histórias para satisfazer a mim mesma, pois jamais cresci.” ● Beatrix Potter
[44/50] - Um livro para lembrar da infância
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As Aventuras de Pedro Coelho
Eu não tive uma infância cercada por livros, também não tive uma infância cercada por adultos leitores, mas os poucos livros que eu tive acesso foram capazes de acender em mim uma pequena chama que, anos depois, viraria um incêndio. Histórias em Quadrinhos e aqueles pequenos livrinhos de contos de fadas foram meu primeiro contato com a literatura, nenhum deles me foram ofertados como uma forma de incentivo à leitura, mas sim como uma forma de me manter distraída.
O engraçado era que mesmo eu sendo uma criança extremamente agitada esses livros realmente funcionavam comigo e eu ficava distraída por horas a fio. Meu primeiro livro, um daqueles livros grandões com resumo de várias histórias da Disney foi realmente meu primeiro livro, que eu ganhei de presente da minha madrinha quando tinha 7 anos de idade e que o mantenho até hoje em um apego quase doentio. Talvez, lá no fundo, eu saiba que estou apenas esperando alguém especial para passá-lo adiante ou talvez eu o queira manter como uma forma de não esquecer onde tudo começou.
Eu não li Pedro Coelho quando era criança, apenas o assistia na TV Cultura, canal do qual eu costumo brincar que teve uma importância tremenda em minha formação como pessoa. Não é de todo modo uma afirmação falsa, tendo em vista que a maioria dos valores e exemplos de bons comportamento, eu acabei aprendendo e assimilando pelas coisas que eu assistia em filmes ou pela TV.
Meus pais sempre tiveram um pouco de decência em fiscalizar o que eu assistia, só lembro de uma vez que eu assisti algo que eu não deveria: um filme de terror na casa de uma prima. Eu vomitei assim que cheguei em casa e demorei mais alguns anos antes de sair da minha zona de conforto que se resumia em filmes da Disney, desenhos animados da TV Cultura e os VHS da Turma da Mônica.
Eu não consigo lembrar muito bem dos episódios de Pedro Coelho, mas lembro que era angustiante vê-lo tentar fugir do Sr. Severino. Lembro-me também de que no desenho havia essa mulher de verdade, que aparecia no início ou no fim do episódio e conversava com seu coelhinho. Ela era Beatrix Potter, a criadora do adorável e peralta Pedro Coelho. No desenho, ela narrava, desenhava e escrevia o conto e depois o enviava aos correios. Não sei quem recebia a carta...
Ler pela primeira vez Pedro Coelho foi apenas um exercício para constatar que a criança em mim não permanece adormecida. Os detalhes vívidos que eu tenho de certas épocas e as lembranças de muitas coisas boas, apenas ressaltam o quanto eu soube e, ainda sei, permanecer criança. Quando nos tornamos adultos, essa é uma qualidade que precisamos, em muitos dos casos, fazer renascer ou corremos o risco de tornar o mundo a nossa falta chato ou sem sentido.
Literatura infantil e contos são o tipo de leitura que eu prefiro. Embora eu recorra, muitas vezes, aos livros de adultos. Todavia, não posso negar o quão libertador é escolher um daqueles livros carregados de desenhos e personagens maravilhosos que conseguem cavam lá dentro da gente tirando então todo o excesso de energia ruim e nos tornando mais leves e prontos para ver, novamente, algo bom no mundo que nos cerca.
44 de 50: Um livro para lembrar da infância
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[41,42,43/50] - Suzanne Collins
“Necessito é do dente-de-leão na primavera. Do amarelo vívido que significa renascimento em vez de destruição. Da promessa de que a vida pode prosseguir, independentemente do quão insuportável foram as nossas perdas.” ● Katniss Everdeen
[41,42, 43 de 50] - Uma trilogia
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Jogos Vorazes
Um braço levantado, três dedos apontados para o alto e um silêncio que incomoda, que desafia e possui um poder maior do que qualquer discurso já feito. O símbolo dos rebeldes significa mais do que rebelião, é também um agradecimento, um sinal de admiração, significa um adeus para alguém amado. Esse sinal, frequentemente usado nos filmes e nos livros, consegue até hoje me embrulhar o estômago e trazer lágrimas aos meus olhos.
Eu não vou consegui colocar em palavras tudo o que eu senti com essa obra e o quanto ela me deixou devastada. Simples mesmo é só a forma que é escrita, na primeira pessoa, sob o ponto de vista da nossa heroína Katniss, de resto, tudo é complexo, tudo é dotado de uma carga emocional e temas e subtemas que vão além do que realmente está escrito.
Não é um romance de adolescente, não é uma história para adolescentes. É uma história sobre marcas de guerra, sobre as consequências de um governo tirano, de um povo alienado. Não foi uma história escrita para agradar ninguém, assim como os jogos não foram idealizados para, no final, haver um vencedor.
Assim como na história, nós os leitores abandonamos a trama carregando nada mais do que cicatrizes, na memória, no coração e, por que não dizer, no psicológico. Começamos a ler achando que seremos tragados por um mundo onde os tais Jogos Vorazes são mero entretenimento e viramos a última página sabendo que, apesar de sim haver gente que se divertia com tais jogos, há uma verdade muito mais sombria por trás.
Ao levantarmos os dedos em direção aos céus, junto com Katniss e seus rebeldes, concordamos com todas as vítimas dessa guerra silenciosa e escolhemos o fim desta. Entretanto, até mesmo a escolha para acabar com essa guerra, dá início a outra, apenas para provar que em guerras não há vencedores, nem perdedores, apenas vítimas que jamais voltarão a ser quem era antes.
Nas guerras sempre há mais do que a destruição de lugares, tudo se perde, a sanidade, a identidade, a segurança e a esperança de que um dia tudo poderá voltar a ser como antes. O cenário de Jogos Vorazes pode ser fictício, mas não se enganem, não é assim tão distante dos nossos olhos.
Hoje, nesse exato momento, há milhares de pessoas fugindo de seus lares, porque já não mais pertence a eles, ou se ainda pertencem, eles sabem que não por muito tempo. Paradoxalmente a isso, há milhares de outras pessoas que lucram nessa guerra, seja com a indústria bélica, seja com a mídia sensacionalista, seja explorando diretamente as vítimas de todo esse caos. Entretanto, no final das contas, todos saem perdendo, uns mais que os outros, mas no fim do dia caminhamos de mãos dadas rumo a uma destruição eminente.
Jogos Vorazes não me ensinou mais do que eu sabia, apenas expos os fatos na voz de uma personagem extremamente cativante. Não apenas Katniss, mas todos os personagens, sejam heróis ou vilões são extremamente bem desenvolvidos e mesmo que não saibamos todas as suas intenções, o desenvolvendo da trama nos faz afundar por completo nela e ficamos incapazes de escolher, por conta própria, abandonar o barco. A única forma de superar essa história é seguir em frente, sabendo que todas essas vidas, fictícias ou não, não foram tiradas em vão.
41, 42, 43 de 50: Uma trilogia
#EditoraRocco#Mockingjay#CatchingFire#TheHungerGames#aesperança#emchamas#jogosvorazes#suzannecollins#readwomen#desafioliterario#livros#leiamulheres#books#livro
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[40/50] - Toni Morrison
“Na tentativa de tornar a experiência do escravo íntima, eu esperava que a sensação de as coisas estarem ao mesmo tempo controladas e fora de controle fosse convincente de início a fim; que a ordem e a quietude da vida cotidiana fossem violentamente dilaceradas pelo caos dos mortos carentes; que o esforço hercúleo de esquecer fosse ameaçado pela lembrança desesperada para continuar viva. Para mostrar a escravatura como uma experiência pessoal, a língua não podia atrapalhar.” ● Toni Morrison
[40/50] - Um vencedor do Prêmio Nobel de Literatura
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Amada
Eu realmente não sei até que ponto o Prêmio Nobel de Literatura tem importância nos dias atuais, mas há exatos vinte e dois anos ele deu oportunidade para Toni Morrison fazer história como a primeira negra a recebe-lo. A obra premiada foi “Amada”, ganhadora também do prêmio Pulitzer. Entretanto, a importância dessa obra não se limita aos seus prêmios.
Toni Morrison é o pseudônimo de Chloe Anthony Wofford, nascida na pobreza, mas com um dom e um gosto enorme para a literatura e escrita, o que a levou a ser uma estudante aplicada e lhe deu a oportunidade de seguir seus estudos nos anos seguintes. Em suas obras, o protagonismo das mulheres (principalmente mulheres negras) é sua marca registrada e em “Amada”, um dos seus livros mais importantes, isso não seria diferente.
A trama do livro gira em torno de Sethe, uma ex-escrava, que foge da fazenda onde morava desde que nasceu e passa a morar com a sogra. A narrativa começa sem que haja uma introdução dos fatos, somos jogados no enredo, descobrimos então que muitos já morreram, que Sethe possuí uma menina e que os seus dois outros filhos fugiram e uma outra filha morreu ainda bebê.
Não sabemos, de início, os motivos da fuga dos garotos ou as circunstâncias da morte da menina, mas sabemos que foi algo que mudou a vida de todos e que sobrevive na casa onde todos moram, como um fantasma. Aliás, o fantasma do bebê de fato persiste na casa e a assombra diariamente como um lembrete de que não há como fugir do passado, de suas marcas e, principalmente, dos atos que são cometidos, mesmo em momentos de desespero.
Apesar desse ar sobrenatural, “Amada” não se trata de um conto de terror ou sobre os mortos. Essa história se estende para os temas pertinentes no ano em que ela é ambientada: 1873, ano em que o EUA lidava com uma escravidão que, apesar de ter sido abolida no papel, na prática ainda era vigente e extremamente cruel.
Os temas de “Amada” são pesados, o que torna a narrativa densa e difícil. A problemática da escravidão, por exemplo, é bem trabalhada e é impossível para o leitor não se sentir incomodado com o vocabulário, a descrição das torturas e as dores físicas e psicológicas sofrida pelos personagens.
Toni Morrison consegue divinamente explicitar o quanto a escravidão é capaz de distorcer a identidade do ser humano e o quanto as marcas vão além da que os olhos são capazes de enxergar. A devastação é física, emocional e espiritual e a recuperação, em muitos dos casos, jamais devolve por completo essa identidade roubada.
É uma obra extremamente simbólica, densa, costurada entre flashbacks e introspecções. Não é um livro fácil de ser lido, digerido, analisado de forma superficial, pois a última coisa que Toni faz é nos dar migalhas. Ela entrega tudo o que tem dentro de si e não é à toa que esse livro é considerado sua maior obra de arte.
Todo o talento que Toni tem para a escrita pode ser visto nas páginas desse livro, carregado de personagens poderosos, temas complexos e um poder assombroso de fazer até o leitor mais cético se dobrar diante da grandeza que “Amada” e todos os seus fantasmas são capazes de evocar.
40 de 50: Um vencedor do Prêmio Nobel de Literatura
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[39/50] - Jennifer Niven
“Nem sempre podemos enxergar o que os outros não querem que a gente veja. Principalmente quando se esforçam tanto para esconder.” ● Jennifer Niven
[39/50] - Um livro que aborda um tema que precisa ser mais debatido
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Por Lugares Incríveis
Eu realmente gostaria de escrever sem contar spoilers, mas dito isso e ressaltando o fato de que eu realmente não ligo em estragar esse livro, eu já aviso que não segurarei meus dedos. Primeiramente, vou voltar no tempo um pouco e dizer que eu escolhi esse livro pois o vi rodando pela galeria do Instagram e vi que muita gente estava lendo-o e aqueles que já haviam lido tinham gostado da leitura.
Eu sabia que era sobre adolescentes lidando com a depressão, sabia também que o assunto suicídio aparecia na obra e por se tratar de um livro para adolescentes eu supus que o tema seria narrado de forma leve. Estava ansiosa para ler um livro que falasse abertamente sobre a depressão, suicídio e doenças mentais, mas fui idiota o suficiente para crer que a autora não romantizaria tudo. Bem, ela romantizou e esse não foi o único problema da obra.
Um resumo rápido de como se inicia a trama: Finn está na torre do relógio porque quer cometer suicídio. Finn tem inúmeros problemas, sofre bullying, possui uma mãe relapsa, um pai que cometia inúmeros abusos físicos e psicológicos na mãe de Finn (sua ex-mulher) no próprio garoto, além de amigos que não são nada amigos e um conselheiro estudantil que ao invés de sacar todos os sinais que o garoto vai dando, simplesmente ameaça-o de desliga-lo da escola. No outro lado, na mesma torre do relógio, temos Violet, uma garota popular, que perdeu a irmã em um acidente de carro e está aprendendo a lidar com a dor do luto.
Os dois planejaram pular da torre do relógio. No mesmo dia. Na mesma hora e aí a trama se inicia. Nenhum dos dois pulam, não por falta de vontade, mas sim porque alguém vê Violet na torre, deixando-a em pânico e fazendo Finn salvá-la, impedindo-a de pular e deixando que toda a escola acreditasse que Violet o salvou, não o contrário.
Já está explicito que um romance se iniciará daí e então começa toda a problemática do livro. Primeiro, eu realmente não curto esses romancezinhos teens e estava crente que não seria esse o caminho que o livro levaria, bem, mas eu já estava a bordo e só me restava ser levada pela narrativa.
Não foi o fato do romance que me incomodou, eu sei me deixar levar por temas que não gosto e sei admitir quando o autor consegue fazer isso divinamente, mas não foi esse o caso. Finn é extremamente abusado em relação a Violet, ele força encontros, ele a força a entrar em um projeto com ele, cria um Facebook apenas para segui-la (!), a coloca insistentemente em situações das quais ela está extremamente desconfortável (como no caso de força-la a dirigir quando ela claramente mostra indícios de que não está pronta, já que isso a leva de volta para a morte da irmã).
Não me levem a mal, eu realmente gostei do Finn e eu tenho consciência de que tudo o que aconteceu na sua vida, seus constantes abusos e a falta de um diagnóstico preciso (sem falar o tratamento adequado) o colocaram em um limite e isso o fez se tornar um garoto problemático. Entretanto, como leitora e escritora eu tenho a necessidade de questionar esse tipo de atitude, já que a autora não está descrevendo uma personalidade existente e sim criando uma.
Por exemplo, eu nunca vi tanto estereótipo de adolescentes americanos em um livro só e diálogos um tanto deprimentes. Um exemplo disso está na cena que ocorre após a primeira transa de Finn e Violet. Segundo a própria Violet (o livro é narrado no ponto de vista dos dois, intercalando os capítulos) ela se sente meio “depravada” depois de ter feito sexo, como se fosse algo que ela deveria se sentir envergonhada ou algo do tipo...
Outro problema do livro é a forma que a doença mental e tendências suicidas são abordadas. Aliás, são abordadas de forma alguma. Eu entendo toda a hype da galera que leu esse livro, mas realmente acredito que essa é uma obra que precisa ser profundamente analisada e problematizada, pois se corre o risco de recomendar um livro extremamente problemático para pessoas que não estão prontas para ler algo tão plano como esse livro.
Voltando aos problemas mentais de Finn, como eu disse antes, ele jamais é diagnosticado e outra coisa: ele vive sumindo, por vários dias, e os amigos sabem, a irmã sabe e acha algo ‘normal’. Ou seja, Finn, durante toda a sua vida foi totalmente negligenciado por todos a sua volta...
Um ponto que me deixou extremamente incomodada, ainda falando de Finn, foi a forma quase que patética que ele sai citando Virginia Woolf e não apenas ela, inúmeros outros autores que se suicidaram, em uma tentativa explicita de romantizar o suicídio desses autores e os diminuir a um status de: ‘autores depressivos que se suicidaram de forma violenta’. Patético.
Quando Finn então encontra um grupo de apoio para pessoas com problemas iguais aos dele, eu fiquei com aquela sensação de que ‘ok, isso pode dar certo’, mas confesso a vocês: quando ele citou Virginia Woolf para Violet, no Facebook que ele criou apenas para segui-la (não suporto essa parte) eu já sabia que esse seria o fim do pobre garoto. Suicídio por afogamento. E foi. Bem, eu cheguei a pensar que ele poderia pelo menos tentar uma cura, mas um balde de água fria foi jogado na minha cara quando ele simplesmente viu os remédios antidepressivos como um demônio, algo fadado fracasso, sem sequer questionar que talvez eles fossem uma opção para um tratamento.
Não me entendam mal, eu sei que, talvez, a autora escreveu tudo de forma pensada/estudada, pode ter pesquisado sim e etc, mas para mim, Jennifer Niven falhou tanto com Finn como os outros personagens da trama. Entretanto, sabe qual é a parte mais problemática? Não é um livro sobre Finn. Nunca foi. O livro é sobre Violet e indo mais a fundo é um livro sobre a própria autora.
Ela diz no final que perdeu uma pessoa querida para o suicídio, então tudo se tornou claro para mim. Por Lugares Incríveis, foi uma obra que ela escreveu para ela mesma. Sobre um garoto depressivo, fadado ao fracasso, que não vê outra saída além do suicídio e sobre uma garota que também teve suas crises depressivas, mas que encontrou no pobre garoto que tirou a própria vida uma inspiração para recuperar seu rumo.
Jennifer jamais quis inspirar adolescentes que sofrem de transtornos mentais. Ela queria fazer as pazes com a sua própria consciência e deixar tudo para trás e se vê em Violet, uma futura escritora que finalmente conseguiu superar o luto da irmã. Em outras palavras, Jennifer Niven fez tudo o que eu não esperava encontrar em sua obra.
Não é um livro que eu recomendaria, principalmente para pessoas que estão passando por uma crise depressiva ou que tem pensamentos suicidas. Eu não creio que é o tipo de leitura que pode ativar algum mecanismo ou algo do tipo, mas é pelo simples fato de que talvez não seja o tipo de leitura que essa pessoa vá querer ler. Não é uma obra sobre a esperança de uma nova vida além da depressão, já que uma pessoa depressiva é tudo menos seus momentos mais sombrios, ela é alguém que consegue viver além disso.
Eu concordo com inúmeras resenhas que disseram que Jennifer conseguiu capturar todo o drama por trás dos pensamentos de alguém no estado de Finn, mas eu quero que vocês entendam que ela peca em todo o resto. Por exemplo, quase no final do livro, Finn passa a morar em seu armário e em uma cena Violet vai atrás dele e diz que ele precisa de ajuda e sugere que ele vá procurar tal tratamento. O garoto surta, o garoto foge e sua família age como se fosse algo que ele faz todo dia, normal, não vamos dar bola para isso.
Violet passa a receber inúmeros recados enigmáticos de Finn durante seu sumiço e em nenhum momento alguém decide procurá-lo, até que todos recebem uma carta de adeus e é isso. Finn está morto. Violet é quem encontra o local. Depois disso, somos levados pelos próximos capítulos, Finn não está mais entre nós, foi morto devido a toda negligência sofrida, devido ao bullying, aos pais irresponsáveis, ao coordenador da escola que achou melhor expulsar um garoto problemático do que assumir que ele tinha problemas e buscar soluções. Todos mataram Finn, antes de ele matar a si próprio.
A nossa heroína, aquela que precisa agora aprender a lidar com a ausência de Finn, desvenda as mensagens enigmáticas que a levam a uma aventura por todos os lugares incríveis que nenhum dos dois tiveram a chance de visitar quando Finn estava vivo. Outra parte problemática da narrativa. Usar o suicido e a morte violenta de Finn para inspirar a pobre Violet a encontrar um sentido na vida. Um sentido que foi negado a Finn.
No enterro do pobre garoto, lá estavam os valentões, que durante anos tornaram a vida do menino um inferno, prestando as últimas homenagens a Finn. Nesse ponto, Jennifer Niven poderia ter criado uma forma de ajudar aqueles sobreviventes: os leitores, aqueles que assim como Finn sofreram bullying, se sentem sem esperança e que precisam recomeçar, achar um sentido. Entretanto, novamente eu ressalto que o livro não é sobre Finn, mas sim sobre Violet e ela não se sente na obrigação de ajudar ninguém.
O que eu esperava do final, mesmo já sabendo que Finn estava fadado a ser engolido pelas águas de algum rio? Talvez alguma problematização. Talvez Violet pudesse escrever algo carregado de sentimento, alertando ao conselho estudantil sobre o quão maléfico é essa cultura do bullying e o quanto os professores, pais e até alunos precisam aprender a ver os sinais daqueles em sua volta.
Suicídio pode ser prevenido. Suicido precisa ser falado abertamente e de forma clara, precisamos informar aqueles que estão por aí, lutando para recuperar a sanidade, de que é possível se recuperar e voltar a viver. Suicídio é uma questão de saúde pública, principalmente no Brasil, onde há um número enorme de pessoas que tiram a própria vida diariamente e os números, na maioria dos casos, não são exatos, tendo em vista que algumas dessas pessoas fazem parecer que tudo não passou de um acidente.
Eu costumo dizer que a única cura para a depressão é viver e essa é a parte mais difícil, pois em um estado de crise de depressão profunda a última coisa que a pessoa pensa e é em viver. É por isso que precisamos de livros que falem sobre doenças mentais, sobre suicídio, sobre pessoas que vivem essa realidade e que lutam diariamente para se reerguerem, mas Por Lugares Incríveis não é um desses livros.
A única parte boa que eu consigo ver nessa leitura foi que a edição brasileira veio com números, sites e telefones para aqueles que precisam de ajuda. Pois há sim um mundo incrível fora dessa névoa e de toda a dor que, na maioria das vezes, parece insuportável.
39 de 50: Um livro que aborda um tema que precisa ser mais debatido
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[38/50] - P.L. Travers
“Sempre imaginei que Mary Poppins tenha surgido naquela época apenas para me distrair e que foi só quando uma amiga viu algumas de suas aventuras escritas e as julgou interessantes que ela decidiu permanecer tempo suficiente para que eu a pusesse em um livro. Nem por um momento acreditei que a tivesse inventado. Talvez ela tenha me inventado, e é por isso que acho tão difícil escrever notas autobiográficas!” ● P. L. Travers
[38/50] - Uma edição que você sempre quis ter
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Mary Poppins
Sabe aquele livro que você namora e namora e namora mais um pouco, mas nunca leva para a casa? Era essa minha relação com essa edição atual de Mary Poppins. Eu não podia vê-la nas livrarias que eu sentia na obrigação se segurá-la em minhas mãos para senti-la um pouco e fingir que ela me pertencia. Até que finalmente eu criei vergonha na cara e matei essa vontade que estava me matando.
Dessa vez não vou falar apenas da obra, mas também da sua adaptação para o cinema que assisti ano passado pela primeira vez na vida e me apaixonei. Para aqueles que nunca leram a obra e são apaixonados pela adaptação, eu já adianto que o livro te decepcionará e o contrário também é verdadeiro. Atrevo-me a dizer mais: eu realmente acho que não tem nenhuma relação uma obra com a outra.
Não sei se era a intenção dos estúdios Disney, mas eu sinceramente não tenho do que reclamar. A diferença entre os dois completa um ao outro, no meu ponto de vista, mas aposto que muitos reclamariam nesse aspecto. Para começar citarei a diferença mais gritante e que me incomodou demais: Mary Poppins é extremamente rabugenta no livro!
Na verdade, ela vai além disso, acredito que a intenção é que ela fosse extremamente intimidadora, beirando a chatice, mas ela é tão misteriosa que as crianças do livro se veem quase que enfeitiçadas por essa mulher. Mas convenhamos ela é bem implicante. Você pode amá-la e eu não pensarei menos de você, mas vamos concordar ela tinha mesmo a necessidade de ser tão implicante?
Acredito que essa era uma característica que P.L Travers escreveu intencionalmente e com a mesma intenção os roteiristas da obra cinematográfica foram lá e mudaram completamente. Eu realmente acredito que a minha estranheza se deu a esse fato e acredito que se eu não tivesse assistido ao filme eu teria adorado esse lado agridoce da babá do livro.
Outra diferença é que existem mais crianças na obra, nesse primeiro livro há um casal de gêmeos e no filme não tem, sinceramente não senti falta delas no filme, mas no livro elas têm uma participação muito fofa e significativa. Outra coisa é a aparência da babá, no filme ela é linda de morrer (tenho um crush forte em Julie Andrews. Quem nunca?).
Eu não li a continuação dos livros e não sei se acharei em português para comprar, então vou me limitar a minha análise ao primeiro livro. Uma coisa que também é muito diferente é a participação da mãe e a sua importância. No livro ela é bem negligente e no filme ela é meio que uma ativista que luta pelo direito do voto feminino o que explicaria a sua ausência. Acredito que essa mudança foi devido aos movimentos femininos da época e para adaptação ficou bem interessante. Eu gostaria de ver como P.L. teria ido com uma ideia dessas no livro.
Toda a magia por trás de Mary Poppins fica jogada no ar no filme, o telespectador apenas segue no fluxo, sem questionar, pois, se questionar não teremos respostas. No livro, temos a cena com os bebês e uma explicação tão mágica quando a Mary Poppins que diz que ela é como é, pois é “A Grande Exceção” (awn). Bert e Mary não tem esse romancezinho do filme não, é quase ofensivo isso aí. E nossa, para fechar esse post eu digo a vocês que “Supercalifragilisticexpialidoce” é uma invenção dos estúdios Disney.
38 de 50: Uma edição que você sempre quis ter
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[37/50] - Ursula K. Le Guin
“O futuro, em ficção, é uma metáfora. Uma metáfora do quê? Se eu pudesse responder sem metáforas, não teria escrito todas estas palavras, este romance; e Genly Ai nunca teria sentado à minha escrivaninha e usado toda a tinta da fita da minha máquina de escrever para informar a mim, e a você, um tanto solenemente, que a verdade é uma questão de imaginação.” ● Ursula K. Le Guin
[37/50] - Um livro de ficção científica
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A Mão Esquerda Da Escuridão
Há uma clara dominação masculina no universo da ficção cientifica. Nós vemos esse exemplo não apenas na quantidade de autores masculinos existentes, mas também na massiva divulgação destes. Dentro na narrativa dessas histórias essa dominação não é diferente. Mulheres são muitas vezes mal representadas ou não representadas de forma alguma. É por esse motivo que precisamos de escritoras femininas, precisamos de suas escritas, suas personagens, suas formas de ver o mundo da ficção científica para que assim possamos ser representadas.
O que mais me magoa é saber que Frankenstein, escrito por uma mulher (Mary Shelley) é considerado a primeira obra de ficção cientifica, por inúmeros motivos e concordo com todos eles. Entretanto, mal se fala, mal se divulga e muita gente ainda acredita que Frankenstein é o nome do monstro. Apesar de toda essa polêmica, mulheres sim estão escrevendo e não é difícil encontrar obras incríveis e bem premiadas, como é o caso de A Mão Esquerda Da Escuridão escrita por Ursula K. Le Guin.
A obra foi publicada em 1969 em uma década onde o movimento feminino estavam ressurgindo. A história gira em torno de Genly Ai, representante do Conselho Ecumênico, uma espécie de Nações Unidas das galáxias. Sua função é convencer o líder desse planeta chamado Gethen a se juntar ao Conselho. O planeta de Gethen é constantemente gélido e habitado por seres andrógenos que podem ser tanto homens quanto mulheres ou até mesmo nenhum dos dois, depende do ciclo da lua.
O enredo não gira entorno desse impasse de ter Genly e sua missão, mas sim de como ele reage a essa nova sociedade. Tudo gira em torno das relações humanas e como elas acontece e suas implicações, o resto é subordinado a isso. A pedra fundamento desse livro (acredito que qualquer leitor concordaria) não é toda tecnologia que a ficção permitiu que Ursula inventasse, mas sim a estrutura social de Gethen e de como de fato o planeta conseguiu alcançar a verdadeira igualdade de gênero.
Todos os diálogos são extremamente profundos, os pensamentos dos habitantes e os seus discursos são dotados de uma capacidade moral e uma reflexão quase que filosófica que te obriga a pausar o livro a fim de refletir. Eu estranhei o universo nas primeiras páginas, forcei a leitura e voltei quando me vi dentro da narrativa e não larguei o livro naquele dia até consumi-lo por completo.
37 de 50: Um livro de ficção científica
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[36/50] - Alexandra Lemasson
“Virginia é essencialmente contraditória, instável, impalpável. Acreditamos poder captá-la, tentamos defini-la mas logo ela escapa. Parece frágil, mas conduz sua existência com uma firmeza impressionante. Conseguindo, na literatura como na vida, fazer um pouco além daquilo que ela estabeleceu a cada dia. A grande força de Virginia Woolf é deixar que acreditem em sua vulnerabilidade, enquanto ela faz, em segredo, revoluções importantes.” ● Alexandra Lemasson
[36/50] - Uma biografia
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Virginia Woolf - Biografia
Se eu pudesse escolher apenas uma autora para ler todas as obras esse ano eu teria escolhido Virginia. Na verdade, cheguei a cogitar essa ideia, mas minha vontade de conhecer novas autoras me obrigou a dar chance a outras. Não me arrependo, mesmo porque eu pude coloca-la em inúmeras categorias e estou finalizando um desafio com a consciência limpa e o coração transbordando de Virginia.
Ela é apaixonante, como artista, mulher, ativista e entre outras funções que ela teve ao longo de sua vida. Antes de ler sua biografia eu a via como uma mulher deprimida e solitária e agora eu apenas vejo uma força extraordinária presa a um corpo frágil. Não que ela não tenha passado por momentos difíceis, ela passou, inúmeras vezes. Sua depressão a assombrou desde a morte da sua mãe, quando ela ainda uma criança, até o último ano de sua vida.
Entretanto, a vida dessa mulher não se resumiu a crises depressivas e internamentos em casa de repousos. Não vou dizer que ela tirava de sua depressão força para escrever, pois eu tenho plena consciência que era a doença que a impedia de prosseguir na maioria das vezes. Ela criava, além de toda sombra que a cercava, mas por entender tão bem essa sombra e suas consequências em sua vida, ela a usava em sua obra e talvez por isso ela alcançou a grandeza.
Nessa biografia, Alexandra desmitifica tudo o que achávamos saber de Virginia revelando as causas de suas crises, suas inspirações, como de fato eram seus relacionamentos com aqueles que as cercavam. Uma característica marcante dessa escritora, que Alexandra conseguiu resgatar tão bem, foi sua paixão e quase obsessão pela infância e pelos sentimentos que essa época trazia.
Foi na infância que Virginia viveu seus melhores anos, seus anos de paz, seus anos de felicidade e acima de tudo de liberdade. Todavia, também foi na infância que ela viveu inúmeros traumas, como os abusos sexuais que ela sofreu nas mãos do meio irmão, quando ela tinha cinco anos e que mudou completamente a sua forma de ver a si mesma e ao seu próprio corpo.
A relação de Virginia com a sua irmã mais velha também é explicada e mostrada em todas as suas faces. Havia amor, ciúmes, inveja e inspiração uma na outra. Enquanto a uma foi dado o dom das letras, a outra ficou com as cores e juntas elas conseguiram o que sua mãe jamais teve: a chance de usar seu dom a fim de libertar de um estado patriarcal.
Vanessa foi a força que Virginia precisou em muitas ocasiões, apesar de que Vanessa também chegou a ver a irmã como um fardo, esse fato não diminuiu a importância que uma tinha na vida da outra. Vanessa tinha tanta influência na vida da irmã, que o motivo pelo qual Virginia escrevia em pé, era para imitar a sua irmã pintora.
O gosto de Virginia pela leitura e pela escrita foi herdado do pai, homem do qual ela guardou muito rancor e apenas com os anos e com a sua arte, ela conseguiu se libertar das garras de seu ódio. Ela foi privada do privilégio que seus irmãos tiveram de ter uma educação e isso a amargurou por muito tempo, mas jamais a impediu de buscar na própria casa e na biblioteca de seu pai todo o material que precisava para crescer como pessoa e artista.
Ela era extremamente perfeccionista. Do tipo que escrevia e acha tudo incrível, para depois reler inúmeras vezes e odiar sua escrita com todas as forças. Podia ser insegurança ou talvez de fato ela se conhecesse melhor que ninguém. Escrever, apesar de ser sua profissão, também era uma verdadeira tortura. Ela só se acalmava quando enfim estivesse concluído e vivia momentos de verdadeiras crises antes de chegar ao sonhado fim de uma obra.
Para se acalmar de seus pensamentos e insegurança, ela lia, lia tudo o que podia a fim de sair de um bloqueio que ela mesmo se colocava. Assim, Virginia criou todas as suas obras, vivendo num constante desespero da escrita, com a satisfação da conclusão de um livro.
É impossível resumir tudo o que essa biografia traz, mas termino dizendo que para quem quer conhecer mais da autora esse livro é obrigatório. Existem outros, mas ainda não li, apesar de tê-los. Entretanto, acredito que a vida de Virginia e daqueles que a amavam estão bem colocados nesse livro e é impossível lê-lo sem se emocionar e se apaixonar (mais) por uma das romancistas mais importantes da literatura.
36 de 50: Uma biografia
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[35/50] - Martha Medeiros
“O amor é uma subversão, e seu vigor nunca será encontrado em amizades ou parentescos. Todas as palavras já foram usadas para defini-lo: magia, surpresa, visceralidade, entrega, completude, requinte, deslumbre, sorte, conforto, poesia, aposta, amasso, gozo. Amar prescinde de entendimento. Por isso não sei amar, porque sou viciada em entender.” ● Martha Medeiros
[35/50] - Um livro para terminar em um dia
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Fora De Mim
Meu desejo de ler Martha Medeiros junto com a limitação de ter que escolher um livro que se enquadrasse na categoria me levou a “Fora de Mim”. Um livro curto, rápido e fluido como um rio apressado, porém, mesmo que tivesse mais algumas centenas de páginas seria impossível larga-lo. É o tipo de leitura que prende, não solta e te persegue depois do fim.
O enredo é uma história que todo mundo ou já conhece ou já viveu. Um amor perdido, uma fossa, uma recuperação que parecia impossível. A personagem narradora jamais revela seu nome. Por que ela faria isso se todos nós já a conhecemos? Fica no ar sua identidade e durante a leitura nós a nomeamos inúmeras vezes, usando aquele nome de uma amiga, conhecida e até o nosso próprio.
O livro começa com uma comparação, talvez não tão exagerada, de um acidente de avião e de como o impacto de um término, mesmo que já anunciado, é catastrófico, devastador e seguido de um silêncio que desorna os sentidos e confunde os sentimentos restantes. O que vem depois é aquele sentimento de que algo se deslocou, saiu do lugar e que não vai voltar.
O grande amor não volta, o que foi perdido não volta, os sentimentos que uma vez foram fortes e verdadeiros parecem que não apenas não voltarão como também faz parecer que jamais existiram. Tudo foi uma farsa, pois a dor obscurece tudo. Depois do desespero da solidão, abandono, vazio vem a necessidade de se recuperara si mesma. Retornar a si e colocar novamente para dentro o que ficou de fora parece a parte mais difícil, quase que impossível, mas não existe outra forma de se recuperar de uma fossa e sair desse avião em chamas, sem se queimar um pouco e esperar que tudo se renove.
35 de 50: Um livro para terminar em um dia
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[34/50] - Cassandra Rios
“Cassandra falava às claras sobre o prazer feminino. Talvez por isso tenha sido uma das personalidades mais censuradas. Tratava-se de uma mulher escrevendo sobre tesão de mulher, numa sociedade cuja predominância religiosa afirmava que a mulher apenas se deitava com um homem para gerar filhos de Deus. Seus livros surpreendiam. Cassandra rivalizava com uma outra autora erótica e sua contemporânea, Adelaide Carraro, assim como Hemingway rivalizou com Scott Fitzgerald.” ● Marcelo Rubens Paiva
[34/50] - Um Autora Censurada no Passado
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As Traças
Não houve artista mais censurada que Cassandra Rios, que teve 36 de suas obras censuradas em um total de um pouco mais de quarenta. O motivo? Todos os seus livros tratavam abertamente da sexualidade das mulheres, além do conteúdo erótico e principalmente a homossexualidade feminina. Além disso, o cenário do Brasil era a ditadura militar, onde o conservadorismo imperava e não se via nas bancas ou livrarias livros que trouxessem esse tipo de conteúdo.
Voltando para o cenário contemporâneo, faço um exercício mental, tentando imaginar se Cassandra atualmente séria bem recebida entre os jovens, como foi no passado. Uma marca de 1 milhão de livros vendidos (!), mesmo com um tema carregado de tudo o que, até então, era estritamente proibido.
A importância de Cassandra e sua literatura está no fato de que ela abriu portas para aquela juventude se conhecer, conhecer o mundo em que estavam inseridos e, indo um pouco mais longe, se aceitarem. Hoje, temos um total de 9 milhões lésbicas e que, segundo Hanna Korich (diretora de um documentário sobre a escritora: “Cassandra Rios: a Safo de Perdizes”) não consumem tanta literatura.
Os motivos são incertos para ela, mas eu posso teorizar algumas coisas. Bem, talvez essas mulheres não se vejam representadas nos livros de temas lésbicos, ou talvez seja a falta de divulgação, que impede o mercado de crescer. Talvez de fato elas leias, na internet, talvez, blogs ou sites de histórias. Não sei ao certo, mas o que é importante afirmar é o quanto Cassandra teve impacto naquele tempo e no fato de que seus livros são poucos ou quase nada conhecidos.
Não sei se sua intenção ao escrever seus livros era de provocar ou se simplesmente sua mente funcionava dessa forma. O que vale ressaltar é que ela provocou e as censuras de seus livros são uma prova disso. Entretanto, hoje, com a ajuda da internet e os sebos a disposição de todos pode-se encontra-la com facilidade, mas poucos a conhecem.
Precisamos discutir Cassandra e seus temas. Precisamos incitar nas jovens de hoje a vontade de criar, escrever e publicar seus livros. Fazê-las serem lidas e não deixar que temas como esses se marginalizem e se censurem simplesmente pela falta de público.
34 de 50: Um Autora Censurada no Passado
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[33/50] - JoJo Moyes
“Sei que não é como você queria, mas posso fazer você feliz. Só sei dizer que você me transformou... numa pessoa que eu nem imaginava. Você me faz feliz, mesmo quando é horroroso. Prefiro estar com esse você que você deprecia do que com qualquer outra pessoa no mundo.” ● JoJo Moyes
[33/50] - Um Romance
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Como Eu Era Antes De Você
Vou logo assumir que eu só escolhi esse livro porque vi que Jenna Coleman estava lendo-o. Mergulhei às cegas na leitura, ignorei a sinopse e parti do pressuposto que seria um romance. Não foi. Foi tudo menos um romance. Não que não fale de amor, mas é que o livro não gira em torno de um casal caindo de amores um pelo outro, como se espera de um romance romântico.
Como Eu Era Antes De Você é sobre uma garota chamada Lou Clark, que mora em sua cidade natal desde que nasceu e que trabalhava em um café. Sem muitas expectativas de futuro, Lou tem sua vida profissional mudada da hora para a outra quando o seu patrão decide fechar as portas. Lou precisa então encontrar outro emprego e se inicia uma busca por algo novo, que a deixa frustrada e ao mesmo tempo a leva para o lar da família Traynor, onde o jovem William está confinado a viver em uma cadeira de rodas para sempre, devido a sua condição de tetraplégico.
Acontece que a última coisa que Lou sabe é cuidar de um enfermo, mas não é esse o motivo para que ela esteja ali. A mãe de Will a quer por outro motivo, que é revelado a longo da trama e se torna o eixo principal para o desenrolar da história. Will é um cara deprimido, mas não era assim no passado. Ele era um jovem executivo, ativo mentalmente e fisicamente. Ele gostava de esportes radicais e a última coisa que ele programaria para um final de semana, seria um programa monótono.
As coisas mudam depois de um atropelamento que o coloca de cama e limita seus movimentos para sempre. Deprimido e sem muita expectativa de melhora, Will se afundam em pensamentos negativos e Lou aparece como alguém que muda tudo ao seu redor. Parece até aí que é a história de um cara que vê sua vida tirada de si e um grande amor o faz recuperar o sentido da vida.
Não é.
Na verdade, quem ganha mais nessa amizade, que começa com certa repulsa e avança para uma amizade sincera cheia de intimidade para no futuro rolar uma paixão, é Lou. Que apesar de ser nova e de possuir todas as suas faculdades físicas e mentais, não possui grandes ambições. Lou é engraçada, possui pensamentos próprios, mas também aquela casca ao seu redor que a impede de se aventurar em novos ares. Também possui um passado sombrio que de certa forma moldou suas características e a tornou uma jovem insegura. Will, mesmo amarrado a uma cama ou a sua cadeira de rodas, desperta em Lou uma nova vontade de viver e de querer crescer na vida, mostrando que nada é tarde demais.
Will, por outro lado, apesar de possuir toda essa vivacidade ainda presa em sua mente, esconde um lado sombrio que o impede de imaginar sua vida preso para sempre a uma cadeira de rodas. Sua ideia é dar fim a essa vida limitada e se libertar de sua condição e de seu sofrimento. Lou está ali, contratada pela mãe do jovem, para fazê-lo mudar de ideia e mostra a ele que existe sim uma vida nova e que ela pode ser maravilhosa, mas quem acaba ganhando esse presente de receber uma nova perspectiva sobre tudo e todos é Lou que se mostrou um dos personagens mais apaixonantes que eu já li até agora.
33 de 50: Um Romance
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[32/50] - Susan Sellers
“Quando escrevo, eu o faço porque isso me dá a oportunidade de ir mais fundo em alguma coisa, uma oportunidade de entrar naquilo do qual, de outra forma, eu estaria excluída. Enquanto você, se é que a entendo corretamente, deve enfrentar o problema oposto. Você já está dentro, e seu desafio é encontrar um ponto da perspectiva para os que estão fora da sua obra.” ● Susan Sellers
[32/50] - Um livro baseado em pessoas ou fatos reais
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Vanessa & Virginia
Esse livro é um romance sobre a vida das irmãs Vanessa Bell e Virginia Woolf. Até então, quando eu li o livro, eu não saberia dizer onde era ficção e onde de fato começava a realidade. Acabei de concluir a leitura da biografia de Virginia e posso dizer que muita coisa nesse livro de fato aconteceu.
Entretanto, o livro não tem o objetivo de ser um livro biográfico e sim uma carta de amor a Virginia, escrita por sua irmã Vanessa. Há uma forma quase que poética na narrativa, tudo é melancólico e Vanessa trata a irmã como ‘você’, deixando explicito que a autora não tinha outra intenção além de abrir um diálogo entre as duas irmãs.
Chega a ser mórbido, triste, melancólico demais. Você lê com um nó no peito, o ar ao redor pesado. A história dessas duas irmãs é intensa demais, suas vidas foram tristes demais, contrastando com a parte artísticas que as duas exaltavam tão bem.
Para Virginia, restou todo o dom da palavra, que mesmo convivendo com a depressão que ofuscava o mundo ao seu redor, conseguiu tirar proveito da dor e canalizar com as mãos toda a turbulência de sua mente. Vanessa, a irmã mais velha, recebeu o dom da pintura e, assim como a sua irmã, também filtrou toda a dor e amargura da vida para as telas em branco.
O amor dessas duas é tão conturbado quando suas histórias de vida, mas também é mais forte e não acredito que existiria uma sem a outra. Pergunto-me como Vanessa seguiu sua vida sem sua ‘cabritinha’, apelido da qual Virginia ganhou por ser uma criança tão cheia de vida.
Todavia, não foi apenas Virginia que Vanessa perdeu, também perdeu seu filho, seu amante, inúmeros amigos que ela compartilhava com a irmã mais nova. Todas essas perdas apenas agravaram o estado depressivo de Virginia. Eu sabia desde o momento que escolhi o livro, que iria viver (ou reviver) uma história triste, sobre um amor fraternal, mas o livro não me reservou só tristeza...
Há uma beleza por trás da vida dessas duas, que é resumida em uma frase do livro, que ecoará na minha mente pelo resto da minha vida “O importante é não deixa de criar.” Nenhuma dessas duas irmãs deixaram de criar, jamais deixaram de ser elas mesmas, mesmo nas adversidades. Era isso o que as movia. Mesmo durante os anos de guerra, os mais difíceis para essas duas, ainda assim havia a arte, a escrita, os quadros e as cores.
Quando eu pensava em Virginia, eu via uma mulher forte tentando vencer seus fantasmas e sempre a imaginava solitária, lutando no labirinto da sua mente, para que pudesse escrever. Não a imagino mais sozinha agora. Eu vejo Vanessa ao seu lado, lhe dando toda a força necessária, criando as cores ao seu redor, movimento seu mundo e a tirando da inércia. Vanessa fazia o mundo de Virginia dançar, como ela mesma afirmou um dia, e se hoje as obras da escritora correm o mundo, foi porque um dia sua irmã lhe mostrou todas as cores que era possível descrever em palavras.
32 de 50: Um livro baseado em pessoas ou fatos reais
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