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Rota 76
Os pés delas cansam entre as ruas quentes de uma cidade sem compromisso com a natureza; os céus estão nus, as praias estão soterradas. O pôr do sol dura segundos, a agonia dura uma eternidade. Um “entre as pessoas”, um fora de si. Como tais corpos podem superar esse quicksand eterno; como as agonias passadas podem auxiliar na rota do novo, na rota do velho. O corpo delas não é o mesmo, a mente também, mas a ��nsia é a mesma. Elas riem de desespero, elas choram suas verdades. Agonias, pressas, solidão e solitude, as rotas as sufocam, o 76 as acompanham.
Que rota precária é essa? A escaldante linha que traz as muitas cabeças e seus sonhos. A rota precária, que de tão extensa faz com que se torne fácil perder-se, ou pior, de tão grande que ela é, fica fácil perder a noção de seu trajeto ao ponto de supor uma indagação sobre sua própria existência: essa rota existe mesmo? Ela é possível? Clandestina, marginal, esquecida, aquecida, vagabundeante, uma rota vândala. Habitada por elas que subvertem a própria ortografia, vandalizam a palavra original e se imprimem como 'VanDannLas', uma mistura de quem já foi, com quem se é e com quem se almeja ser. Uma palavra-encontro, uma palavra-passeadora.
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