uppereastsiders
❛ ⭑ 𝑿𝑶𝑿𝑶 .
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uppereastsiders · 4 years ago
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Saoirse era consciente de seu papel na sociedade em que vivia, ainda que não o apoiasse ou aceitasse — era uma não conformista, em segredo, é claro, porque isso bastaria para que fosse condenada à forca ou fogueira por traição. E, enquanto ser uma feiticeira já a deixava abaixo de toda uma incrível corja de inúteis (em sua opinião), ser mulher não ajudava muito, ainda que lhe fornecesse certas táticas que os homens não possuíam. De qualquer maneira, debatendo se realmente seria de alguma utilidade fazer com que o príncipe passasse a confiar em si, saiu de seus devaneios com um suspiro irritado. “O que, exatamente, você espera que eu faça, Wolfgang?” A voz saiu dura, conforme dava um passo para frente, erguendo o rosto num claro desafio — mesmo que fosse, se observado de perto, a parte fraca ali. Existiam mil e um motivos para que ela não desafiasse alguém como ele, mas, depois de noites e noites ao seu lado, se sentia mais corajosa, e confortável, do que deveria. “Fala como se eu tivesse alguma culpa, alguma obrigação. Como se eu tivesse que ter a solução.” Os dedos finos demais correram pela trança complicada que adornava seu cabelo, as feições agora contorcidas em puro desdém. Quando ele entenderia que não mandava nela? Pelo menos, não no jeito que pensava mandar. “Resolva as coisas sozinho, ou será que você não é capaz de o fazer?” Não pensando que suas palavras poderiam ter alguma consequência, parou ao lado dele, agora arrogante, ainda que o traço não a coubesse. “Ha, I should wear the armor and you the gown.”  @naosoudevoces​​
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑺𝑰𝑮𝑴𝑼𝑵𝑫:
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                                        que   deus   lhe   perdoasse   algum   dia   por   tamanha   transgressão;;   mas   descobre   por   si   próprio   que   é   possível   amar   alguém   em   tamanha   intensidade.   alguém   que   apesar   de   não   ter   lhe   sido   predestinada,   tampouco   escolhida   com   sangue   nobre   verossímil   ao   seu.   (   coisa   que,   honestamente,   sigmund   não   poderia   ligar   menos).   apenas  sabe   que   pretende   e   fará   todo   possível   para   ficar   com   ela. tem   consciência   das   possíveis   consequências   ;;   desde   o   amargor   &   reprovação   do   olhar   materno   para   consigo.    é   ingênuo   demais   acreditar   que   por   dalia   tudo   vale   à   pena?   inclusive   as   repressões   verbais   dos   patriarcas,   a   fúria   não   é   capaz   de   abrandar   todo   carinho   e   amor   genuíno   pela   amada.   estou   tão   feliz   de   te   ver.   ditou   em   meio   a   sussurros   banhados   em   teor   de   confidência,   o   recair   dos   dígitos   numa   leveza   singular   ao   rosto   da   mais   nova. encaixa   o   indicador   e   o   anelar   entre   o   queixo   delicado,   apartando   a   distância   entre   os   dois   num   roçar   suave   dos   lábios.  como   é   possível,   hm?   você   ficar   cada   vez   mais   esplêndida   cada   vez   que   te   vejo.   sorriu   sem   timidez   ou   temor   algum   em   seu   timbre,   a   quietude   da   biblioteca   é   o   próprio   recinto   de   segredos   &   o   lugar   mais   seguro   para   se   estar.   eu   quero   te   mostrar   uma   coisa.     observa   com   atenção   única   os   traços   do   rosto   dela;   aproveita   do   breve   fechar   dos   olhos   para   acalentar   com   a   costa   da   mão   o   rosto   dela.   numa   carícia   tão   delicada   quanto   o   selar   deixado   junto   a   testa.    prometo.   assegurou   quando   vislumbra   as   íris   bonitas   mais   uma   vez,   o   sorriso   bonito   permeia   os   lábios   do   rapaz   ao   encostar   a   testa   a   dela.   proximidade,   contato…   por   deus   !   precisa   tanto   estar   perto   dela.   não   vou   deixar   que   haja   distância   entre   nós.    entrelaçou   os   dígitos   da   mão   direita   com   cuidado,   o   conduzir   da   costa   da   mão   em   direção   a   boca   é   brando.   um   selar   é   deixado   ali   ao   sorrir   em   confidência,   sigmund   contempla   com   júbilo   o   caminho   que   pretende   seguir.   quero   lhe   mostrar   algo.                          
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O riso que escapa dos lábios da morena se assemelha ao de uma criança, alegria genuína e pura, da que se é incapaz de conter. “Sinto que meu coração está a ponto de explodir.” O devolve, tendo mais consciência dos seus sentidos do que nunca, tamanha a euforia causada por todo essa saudade que sentia, por todo esse amor que possui e que a possuí em igual intensidade. Se derrete as ações dele, e sente os lábios formigarem com a proximidade. Não importa quantas vezes lhe seja dito que não, Dalia é incapaz de acreditar que tamanho êxtase, felicidade e todas as incontáveis sensações que lhe são causadas seja algo proibido. E mesmo que sejam, pecado até, a mera presença alheia a faz crer que é forte o suficiente para aguentar qualquer que seja a punição. “Não diga mentiras, meu amor, é uma blasfêmia sem tamanhos.” Não é dada a aceitar seus elogios, ainda que fique tentada quando lhe são ditos em sua voz tão inebriante, que podem muito bem a fazer acreditar até mesmo que o inferno é um lugar melhor que o céu. “O quê?” Sua curiosidade é interrompida pelo afago, e as mãos se apertam em seus ombros. Dalia está tão apaixonada que mal consegue respirar, e ainda assim considera a melhor coisa que já foi capaz de sentir em toda sua vida. A promessa a faz sorrir, porque confia que ele a cumprirá, não importando o quê — sua metade é um homem honroso, e se orgulha de tal coisa. A respiração sai espaçada, exultante com suas palavras. “Acredito em ti.” E deixa que ele tome sua mão, o momento parecendo de uma intimidade sem igual. “Sigmund... me diga o quê!” Criatura curiosa e apressada, esperar não é o forte da menina, e o suspense do amado tanto a diverte quando a anseia. 
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑴𝑨𝑹𝑰𝑶:
Desespero? Desespero. Ah, o que uma garota com o nariz em pé, feito ela, sabia sobre desespero? Mario duvidava que ela já houvesse experimentado o sentimento do verdadeiro significado daquela palavra. O desespero por não ter o que comer, onde dormir, se abrigar do frio ou pela falta de dinheiro. Ah, ele duvidava! E, se ela o convencesse de que já havia vivido tais experiências, ele diria entender o motivo de estar pendurada daquela forma no navio. Mas, até lá, ela não passava de uma madame querendo chamar a atenção. ❝ —— Deixe-me adivinhar. ❞ O sorriso brincando no canto de seus lábios, e o tom sutilmente mais jocoso, denunciavam que vinha ironia por aí. ❝ —— Seu estilista se recusa a desenhar algum vestido, ou então o seu… come si chiama1? ❞ E apontou para os próprios lábios, tentando lembrar-se da palavra batom. ❝ —— rossetto2! Seu rossetto acabou? ❞ Aquilo deveria ser desesperador para garotas fúteis, como ele julgava que ela era. Não era como se houvesse conhecido uma mulher, da classe alheia, que fosse diferente. As que precisou lidar, sequer olhavam para sua cara, ou agradeciam quando ele cumpria algum favor. Agiam como se ele não existisse, ou se não fizesse nada além de sua obrigação. E não a conhecendo, Smith só podia esperar que ela fosse igual. ❝ —— Scusate3. ❞ Pediu, sentindo-se corar levemente. Tendia a falar na língua materna sempre que encontrava-se nervoso. Bem, na verdade, mesmo calmo, algumas palavras lhe escapavam em italiano. E percebeu que, mesmo seu pedido, havia saído desta forma. Suspirou. ❝ —— Digo, me desculpe! Mas, antes, eu disse apenas que sou italiano, madame. ❞ A fala viera mais pausada, como se precisasse se policiar para que nada escapasse, mais uma vez, em sua língua mãe. Ao ouvir a explicação, dera de ombros, estalando a língua contra o céu de sua boca. Fazia sentido, é claro, mas não deixava de ser uma grande besteira aos ouvidos de Mario. Concordou à menção a Toscana, voltando os olhos para o oceano. ❝ —— Tão longe, que nossos olhos ‘nem alcançam. Mas, signora4, é o lugar mais lindo que possa conhecer. ❞ Existia um tom nostálgico em seu tom de voz, e seu sorriso para o breu era carregado de saudade. Há quanto tempo estava longe de seu verdadeiro lar? Embora parecesse distraído, no entanto, ele prestava atenção na garota, aproveitando-se daquele instante em que sugeria estar vulnerável, para tentar se aproximar um pouco mais, com cuidado. O cotovelo foi apoiado na grade, e embora parecesse despojado ao medi-la dos pés à cabeça, ao ouvir seu questionamento, ele só pensava em como puxá-la para dentro. ❝ —— Não deve pesar nada além de um saco de farinha ❞ ou, em linguagem não proletariada, cinquenta quilos. Continuou:  ❝ —— e considerando isso, a altura em que estamos, a velocidade que seu corpo cairá, e a pressão da água… Sì, sicuramente5. Você morreria na queda. ❞ Estava certo em apelar para imposição de medo? Ele pensou que sim, ao fitá-la engolir à seco. Como havia julgado, Lily de Londres não desejava morrer, de fato; ela havia apenas cometido um ato impulsivo para chamar a atenção. Já sem o paletó e os sapatos, Mario se dignou apenas à tirar o suspensório, ignorando o questionamento alheio, para que se sentisse pronto. E arrependido. Dios, o vento estava frio para um randello6. Ainda assim, tentou manter a postura. ❝ —— Talvez esteja acostumada com homens lhe obedecendo em Londres, senhorita Abernathy. ❞ Começou, segurando-se na grade. E, então, jogou uma das pernas para fora, o que era possível apenas devido a sua altura. E equilibrou-se daquela forma.  ❝ —— Mas estamos no meio do oceano, e, além disso, eu não sigo suas ordens, Lily. ❞ Piscou para ela, descarado, e embora não fosse a situação ideal, ele cogitou que à depender do momento, não se incomodaria em a obedecer. Ignorando, contudo, o pensamento, ele lhe ofereceu a mão no ar. ❝ —— Última chance. ❞
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Não achando que ele fosse falar algo agradável — lê-se algo que a agradasse e afagasse seu ego — Lily ergueu o queixo, tentando parecer alguém impossível de se afetar. “Oh, Deus...” Revirou os olhos, pensando que seus problemas eram bem mais sérios que isso, e um deles tinha nome, sobrenome e ela ainda andava com seu anel para cima e para baixo. “Rose...?” Não conseguiu pronunciar exatamente a palavra dita, mais uma vez confusa, até que se tocou com o gesto que ele fazia. “Batom! E, não, Sr. Smith, meu batom não acabou.” A ruiva balançou a cabeça negativamente, mas não conseguiu ficar calada. “O senhor fala isso porque sou da primeira classe ou porque sou uma mulher?” Sua mãe não gostava quando ela falava assim, quando era questionadora demais, mas, bem, estava prestes a possivelmente morrer e a matriarca não estava por perto. Na sua cabeça, as coisas seriam um pouco diferentes dependendo de o porquê ele a julgar. “Você não parece italiano, se não estivesse dizendo todas aquelas palavras eu não acreditaria que o é.” Alguém tinha a dito que italianos eram todos muito bronzeados, morenos, e com narizes grandes demais e Mario não era nada disso, pelo menos não no que seu nervosismo e pouca luz no deck a permitiam enxergar. A cabeça foi tombada para o lado, achando bonitinho o jeito com que ele falava da onde vinha, e sentindo um aperto no coração por estar indo embora de Londres. “Eu acredito no que diz. Sua família ainda está lá?” Falou, agora suave, genuinamente interessada. Lily não tinha família, além da mãe, e gostava de ouvir sobre a dos outros, por alguns instantes se imaginando com as famílias numerosas de que lhe contavam, era o jeito com que sonhava acordada. “O quê? O senhor está me comparando a um saco de farinha?” Sua calma foi interrompida pelo comentário alheio, o cenho franzido. “Eu não entendo... ah, morreria mesmo?” Sentiu os olhos se encherem da lágrimas, agora ficando com medo de verdade, se arrependendo de ter feito essa loucura. “Sr. Smith, não!” Tentou o impedir, os olhos arregalados ao vê-lo na grade. Agora, queria que ele a tirasse dali, não que viesse junto. Deus, realmente não queria morrer. “Mario!” A voz da Abenarthy saiu aguda, até esquecendo os bons modos e também o chamando pelo nome. Não fosse seu desespero atual, não por si própria mas também por ele, teria rido do jeito que o nome dele desenrolava nos seus lábios, tinha certeza de que não o pronunciava da maneira certa. “E-eu...” Queria agarrar sua mão imediatamente, mas agora o frio e medo a fizeram travar e não sentia que fosse sequer possível levantar o braço. “Eu não quero pular.” Sussurrou, fechando os olhos e contando até dez, como costumava fazer quando era criança e precisava fazer algo que exigia coragem. Fitou os olhos azuis bonitos alheios, se preparando para confiar a vida a ele. “Sr. Smith, por favor, me segure.” Falou baixinho, a mão ficando incrivelmente trêmula conforme soltava dedo por dedo da grade e com muito custo a estendia para segurar a dele. 
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑾𝑶𝑳𝑭𝑮𝑨𝑵𝑮:
Estava exatamente há um passo de conseguir aquilo pelo qual passou a vida todo se preparando, e não poderia estar mais confuso. Seu maior objetivo sempre havia sido vencer a tríade, tomar a coroa, e então tornar Eysenlaan uma grande potência. Mas existiam coisas que ele se questionava, e a principal delas era Saoirse. No início, o destino de quem quer que fosse o escolhido para ajudá-lo, estava bem claro: a morte. E teria de cuidar disso pessoalmente, para evitar ainda mais pontas soltar — não era seu desejo, afinal, facilitar para que fosse ameaçado, futuramente. Contudo, por mais que gostasse da visão de suas mãos ao redor do pescoço da bruxa, ele não sabia se conseguiria cumprir com aquela parte do plano. Especialmente quando a via caminhar daquela forma até ele.
❝ —— O que está fazendo? ❞ A repreensão foi sussurrada antes de qualquer cumprimento, ao notar as mãos em sua camisa; aquela intimidade que tinham, mas que não deveriam fazer pública. Invés de tirar as mãos dela, contudo, rendido à seu contato, ele apenas exibiu um sorriso nervoso aos que os observavam, finalmente pousando os olhos nos azuis da bruxa. ❝ —— Não há nada com o que eu precise me preocupar, há? ❞ A pergunta alheia foi respondida com outra, porque Saoirse sabia tanto quanto ele que havia nascido pronto, e apenas algum contra tempo no plano dos dois mudaria aquilo. E os seus pensamentos contraditórios, é claro, mas ela não precisava saber daquela parte. Até porque, nem mesmo ele entendia o que sua hesitação significava. Ele se tornaria rei antes do anoitecer daquele dia, e então, poderia pensar um pouco mais antes da coroação. Talvez a Creighton pudesse mudar de ideia, jurar lealdade eterna, e então ele não teria de acabar com ela. Ele sabia que não era uma possibilidade, afinal, ela jamais aceitaria o posto de amante. Concordou quando ela mencionou a benção, e instintivamente, ao ter as mãos seguradas pelos finos dedos dela, seu olhar fora atraído. Sentiu-se sufocado, e de repente, amaldiçoou Saoirse por ter fechado o último botão de sua camisa. Sempre havia sido mais fácil culpá-la à entender o que sentia. ❝ —— Okay. ❞ Concordou, sem argumentar, ao receber a pedra, e como a loira havia instruído, a guardou no bolso. Ele podia não acreditar que ela tivesse algum poder sobre si, mas Saoirse acreditava, e isso era o suficiente. Pelos deuses, quando a opinião dela havia se tornado tão importante? Engoliu à seco, desviando o olhar e afrouxando o colarinho, antes de voltar a engatilhar os olhos nela. Tudo aquilo dava um ar de despedida que não agradava Wolfgang, que preferia acreditar que dava-se à seus traços mimados e egoístas à qualquer sentimento que pudesse nutrir pela bruxa. Ela era inferior, e ele era incapaz de sentir afeição por ela, certo? Voltou à engolir à seco, concordando com a feiticeira. ❝ —— A devolverei em meu quarto, para você. ❞ A provocação fora sussurrada ao pé do ouvido alheio ao que inclinou-se para ela, e se afastou antes que seu aroma doce e familiar o fizesse prender os dedos em sua cintura; ou beijar-lhe a pele sensível. Suas mãos e lábios formigavam com a mera ideia. Afastou-se um passo, sorrindo aos outros presentes no recinto. ❝ —— Espero vê-los gritando o meu nome esta noite. ❞
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“Não vão achar nada disso, além de que eu talvez seja sua meretriz. De qualquer maneira, sua reputação continua intacta.” Murmurou de volta, provando ser mais resignada do que imaginava, já que conseguiu afastar as mãos de sua camisa, sem que a alisasse ou, ao menos, segurasse por mais tempo. Sabia, sim, que tudo daria certo, mas não conseguia afastar o desconforto e muito menos se livrar do nó na garganta. Odiava que se sentia assim, mas não tinha como negar tudo o que sentia, quando era bem óbvio. “Obviamente, não.” A voz da bruxa era convincente o suficiente, e respirou fundo, tentando voltar a sua face apática. “Já lhe falei antes, eu não erro.” E era verdade, pelo menos, até aquele momento. “A esse ponto, você podia acreditar um pouco mais no que eu falo.” A voz continuava baixa, ainda que agora mais decidida. Queria fazer com que o quer que sentisse ou pensasse sentir desaparecesse, agora. Era agoniante, e toda a vontade involuntária e incontrolável de querer se aproximar, de querer que ele a ouvisse, a tocasse, que lhe oferece a reciprocidade para tudo isso. E, ao mesmo tempo que insuportável e tolo — Wolfgang jamais a veria como nada além de uma feiticeira, alguém inferior e que deveria lhe servir, não estar ao seu lado — era letal, sabia disso melhor do que ninguém. Se pegou pensando no que sua avó diria, se não tivesse sido levada a loucura precisamente por ter se... apaixonado por um rei. A dita palavra pesou o coração de Saoirse. Com tudo o que fez, tudo o que fazia e tudo que estava disposta a fazer, ficava cristalino que seria capaz da mesma traição, e aquilo fazia odiar a si mesma. Pela fé, havia se tornado uma traidora, uma burra, uma insana, tudo por causa dele. As mãos se afastaram das dele, e o observou atentamente guardar sua pedra, usando do momento para acalmar os pensamentos. “Estarei esperando, Vossa Majestade.” O olhou, cúmplice, os lábios se curvando num sorriso malicioso, ainda que não tivesse tanta certeza disso. Talvez o melhor a ser feito fosse ir embora, assim que ele adentrasse o labirinto, porém enquanto sua razão a empurrava em direção desse feito, sua parte irracional a dizia que não. Deu um passo para trás, sorrindo suavemente conforme os outros homens gritavam o nome dele. Ele realmente havia nascido para isso, pensou, e o merecia, quisesse ou não, então deixou que aproveitasse os clamores e desejos de boa sorte por longos minutos. Então, num gesto imperceptível de seus dedos, houve um estrondo do lado de fora, e a Creighton virou o rosto para os homens supostamente corajosos, arqueando as sobrancelhas e os fazendo irem ver o que havia acontecido. Por fim, o príncipe e a feiticeira se viram a sós, e ela cortou a distância entre eles rapidamente, erguendo o pescoço e o beijando. Tudo não passou de um ato mesquinho seu, que queria se despedir outra vez, propriamente. “Eu posso lhe admitir que o ajudar não foi tão ruim quanto eu esperava que fosse.” E era o mais perto de qualquer tipo de declaração que Saoirse chegaria. 
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑫𝑹𝑨𝑪𝑶:
Por mais polido que fosse, tendo sido criado sob rígidas regras de etiqueta, Draco ainda deixava a cordialidade de lado em algumas situações. Por isso, ao ser chamado de alteza pela loira, quando não estavam em um ambiente formal ou na companhia de muitas pessoas, ele elevou a mão à altura do peito como se pedisse que parasse, meneando levemente a cabeça conforme exibia um sorriso cálido à mais nova. ❝ —— Alteza? Não acho que precisemos de tanta cordialidade assim, senhorita Frolova. Já disse que pode me chamar apenas de Draco. ❞ Ele pediu, divertido, deixando uma piscadela para ela. Era inadequado o tom de flerte quando ambos estavam sozinhos, e a reputação da loira poderia ser prejudicada, mas era algo natural do Gonzalez, como a elegância parecia ser natural à Irina. ❝ —— Afinal, em algumas semanas, nos trataremos por esposa e marido. ❞ Ele completou, bem humorado.
Sabia que seu casamento com a Frolova era apenas um acordo comercial, como seu primeiro casamento havia sido. Mas algo ele havia aprendido após a primeira união: deveriam ser ao menos amigos. E, do que entendia de amizades, elas contavam com confiança. ❝ —— A senhorita é capaz de fazer algo de errado? ❞ Ele indagou como se a desafiasse, os olhos sendo levemente estreitados na direção da loira conforme se sentava na cadeira à frente dela. Não a conhecia muito bem, mas ele não havia ficado sabendo de nenhum escândalo em que estivesse envolvida. E, do que pesquisara, Irina mantinha um histórico impecável, e desde o início do noivado vinha estudando algumas matérias que ajudariam em seu currículo. As informações sobre a família dela ainda não haviam chego.
❝ —— Importante? Não, não. Na verdade, era por conta disso que iria atrás da senhorita. ❞ Ele sorriu, pegando o ofício e o oferecendo para ela. Não era bem uma verdade, mas talvez Irina pudesse ser melhor em palavras do que ele naquele momento — estava se sentindo mal por não estar na guerra. ❝ —— Vencemos uma batalha, e retomamos um território que há anos pertencia à rebeldes. Como general do exército, mesmo não tendo participado da batalha, meu pai pede que eu escreva um discurso. ❞ Explanou, acomodando-se melhor na cadeira de couro. ❝ —— Talvez possamos fazê-lo juntos? ❞
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Irina soltou um risinho, os dedos indo até os lábios conforme os pressionava juntos. “Então deve me tratar por Irina também, Draco.” Arqueou as sobrancelhas, achando estranho o tratar pelo primeiro nome, ainda que tivesse certeza de que se acostumaria a o fazer. “E, então, poderá me chamar de senhora Gonzalez.” Desviou o olhar, deixando com que suas palavras parecessem nada mais do puramente inocentes. A pergunta alheia a fez torcer os lábios, como se parasse e pensasse seriamente na pergunta. “Depende do que você considera errado.” Respondeu, pensando que, no fim das contas, nunca tinha feito nada de muito errado. Duvidava que as escapadas junto aos primos e todas essas outras coisas de adolescentes configurasse algo tão sério assim. “Estou brincando, sou completamente inofensiva.” E os olhos brilharam ao falar, indicando que aquilo não era tão verdade assim. Concordou com a cabeça, indicando que ele a explicasse o porquê da conversa, mordiscando o canto dos lábios num gesto de pura curiosidade. “Venceram? Isso são notícias incríveis, meus parabéns, v-, Draco.” Soltou um risinho com a confusão em como o chamar, mas por fim sorriu, não entendendo aonde ele queria chegar. Ah, o pedido a pegou de surpresa, a fazendo o olhar incrédula por alguns segundos. Isso era uma completa novidade para a Frolov, que ainda vivia de acordo com a rigorosa corte russa. “Quer que eu lhe ajude no discurso para suas tropas? Seu pai não irá achar ruim?” Queria ter certeza de que tinha lhe entendido direito e de que isso não causaria problemas. “Porém, seria um prazer, é claro.”
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑾𝑶𝑳𝑭𝑮𝑨𝑵𝑮:
Sua cabeça doía. Na verdade, parecia explodir, e ele sabia que apenas uma poção seria eficaz naquele caso. Portanto, precisava de uma bruxa. Agora, se Saoirse era a única bruxa em quem confiava, e por isso a procurava, era totalmente colateral. Antes de entrar, espiou por um instante o cômodo em que a bruxa estava, aceitando então sua indicação ao fechar a porta atrás de si. As mãos foram guardadas nos bolsos, e observava de olhos estreitos o cenário, que combinava muito com ela. Por mais que convivesse diariamente com a magia, pensava que nunca se acostumaria com cenas como aquela. Quando questionado, um riso nasalado lhe escapou, e ele meneou a cabeça levemente em negativa. Não era como se fosse dizer abertamente que havia perguntado sobre ela, ou, então, que houvesse aberto diversas portas até encontrá-la ali. Estava fora de cogitação. ❝ —— Eu tenho meus meios. ❞ Deu de ombros, parando ao lado dela, para que observasse o líquido esquisito que ela ministrava. ❝ —— Alteza? ❞ Ele repetiu, outro riso nasalado lhe escapando antes que amaciasse o queixo. Sabia que usava seu título para provocação, e se estivessem em público, contudo, a reação seria outra. O arquear da sobrancelha fora leve, observando-a pelo canto dos olhos. Tinha dúvidas de como conseguiam compartilhar uma sala daquele tamanho, com seus orgulhos. ❝ —— Cumpriu seu trabalho. ❞ Respondeu, para alfinetá-la. Além, é claro, de que estava longe de seu habitual elogiá-la, por mais que achasse o feito incrível. Saoirse não precisava, além disso, de ter seu ego amaciado. ❝ —— Se eu morrer, você morre também. Traição é a nossa lei suprema. ❞ Lembrou-a, sendo sua forma de concordar em ser seu experimento. Confiava na bruxa, mas isso não queria dizer que deixaria de a provocar.
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Saoirse até poderia continuar o questionando, mas também podia gastar suas energias em coisas melhores do que em algo que não tinha tanta importância. “Claro que sim.” Se deu por vencida, dando de ombros num gesto pouco educado ou próprio. “Prefere que eu lhe chame de outro jeito?” Contendo um sorriso provocativo, a loira virou o rosto para o encarar, ainda sem deixar de mexer a poção. “Pensei que tivesse deixado claro que deveríamos nos tratar com o máximo de formalidade. Foi bem... enfático, conforme me explicava.” Sabia, obviamente, que o homem quis dizer em público — não que fosse estúpida para fazer o contrário — mas devia ser um ponto positivo que se lembrava, levando em consideração que, na hora, seu espartilho estava rasgado no chão (voltar até seus aposentos sem foi uma incrível complicação) e suas mãos presas na cabeceira alheia. “Minha obrigação, é o que você gostaria de ter dito.” Lhe lançou um olhar gélido, franzindo levemente a testa. Às vezes se questionava como ainda não haviam tentado matar um ao outro; a conclusão era de que seus métodos de aliviar a frustração, bem, eram mais prazerosos do que uma suposta luta. “Se esquece de que não sou sua vassala.” Trabalho com você, completou, mentalmente, até porque, se trabalhasse para ele estaria agora num bordel. “Arder em chamas por causa de um príncipe ainda não está nos meus planos imediatos.” Parou de mexer o caldeirão, dando fim as chamas com um movimento da destra, e se virando totalmente para o loiro. “E, já que a forca também não me agradaria, talvez devêssemos escolher alguém alheio. A não ser, obviamente, que vossa alteza deseje se equiparar aos príncipes dos contos narrados pelas amas. Corajosos e nobres.” Falou, a língua estalando no fim da frase já que a falava por pura implicância. Preferia, risco de morte ou não, que outra pessoa atestasse o funcionamento da poção.
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑫𝑹𝑨𝑪𝑶:
E então estava acabada. A primeira das batalhas de Draco Gonzalez como um general havia finalmente chegado ao fim, e o resultado havia sido praticamente perfeito. O exército colombiano não havia sofrido nem mesmo uma baixa, e a maioria dos adversários derrotados estavam naquele momento rendidos ao senhor de Bogotá, marchando em direção ao castelo da família Gonzalez junto de seu exército. Ao menos era isso o que ele lia no ofício que havia sido entregue há alguns minutos em suas mãos. Achava vergonhoso comandar uma tropa de longe, mas não havia recebido autorização dos diretores de Hyacinthum, e nem mesmo de seu pai, para deixar Verdare e se juntar à linha de frente. 
Para não alimentar a frustração que sentia, contudo, deixou o ofício de lado, assim como a tarefa solicitada por ele: escrever um discurso; e passou para a segunda carta contida na bandeja de prata. Seu pai dizia estar negociando os últimos tópicos de seu noivado, que em breve se tornaria um casamento. Sabia que quase em todos os casos, uniões eram baseadas apenas em política, mas via frieza exagerada no tratar do mais velho. Ainda assim, sabia que era daquela forma que funcionava: Se uma casa precisasse de aliança em uma região para algum propósito qualquer, como obter suprimentos, apoio em guerras e até passagens seguras por suas propriedade, o casamento era proposto. As negociações poderiam durar meses, quiçá anos.
As cartas foram guardadas na primeira gaveta de sua escrivaninha ao ouvir o bater ruidoso do guarda em sua porta, a autorização para que entrasse sucedendo o movimento. Quando a presença da noiva fora anunciada, e a figura loura adentrou seu campo de visão, ele permitiu o sorriso, levantando-se da cadeira para que pudesse cumprimentá-la com um beijo no dorso da mão. ❝ —— Vossa Graça, estava indo procurá-la agora mesmo. ❞ Não era mentira, considerando que a menção às negociações o fizera pensar em Irina. Oferecendo uma cadeira para que se sentasse, ele dispensou o guarda, ainda que não fosse totalmente apropriado manter-se sozinho com ela, sem estarem devidamente casados. ❝ —— A quê devo a graça de sua visita, senhorita Frolov? ❞ Estava realmente curioso. ( @uppereastsiders​​ )
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&.
As aulas de espanhol eram divertidas, Irina pensou, conforme o tutor baixinho — escolhido a dedo pela corte colombiana — se retirava da antessala de seus aposentos. Seu domínio da língua tinha se tornado uma completa prioridade, desde que o noivado havia sido firmado, e agradecia pelo pai ter a feito ter tantas aulas de latim quando mais nova, já que, agora, em tempo recorde, estava bem perto de se tornar fluente. Mas não era só isso que havia sido acrescentado a sua rotina um tanto quanto ociosa; se casar com um príncipe, pelo visto, não era nada simples. Aulas de história, de geopolítica, literatura e, até mesmo, administração (coisa que a tinha chocado e agradado ao mesmo tempo, já que julgava ser algo inteiramente reservado aos homens) se tornaram uma coisa diária, a preparando para seu futuro papel na corte. 
E, ainda que seu status em meio aos corredores do Instituto tivesse aumentado consideravelmente, a pressão de volta em São Petersburgo não havia dado uma trégua. Recebia cartas e mais cartas do irmão, algumas em tom afável e outras em tons ameaçadores, de que não podia, de jeito algum, fazer nada errado e que deveria tentar antecipar o casamento — o conselho de família se reuniria em breve. Como se tivesse qualquer poder sobre isso. 
De toda maneira, a loira foi até os aposentos alheios, sendo rapidamente anunciada. Sorriu abertamente ao o avistar, lhe estendendo sua destra. Draco era um cavalheiro, e, ao contrário das primas e amigas, que ficavam apreensivas com seus noivos, Irina não estava nem um pouco preocupada. “Alteza.” Meneou com a cabeça, uma cortesia simples, os olhos brilhando com a fala. “Estava? Espero que por nada de errado.” E realmente esperava, porque se não aquilo iria se tornar uma grande confusão — para o seu lado, claro. Seguiu o guarda com olhar, conforme se sentava, e se voltou ao noivo com um sutil arquear de sobrancelhas. Não era próprio, mas não discutiria, na verdade, achava até melhor. “Ah, pois bem...” Devia ter pensado melhor no que falaria antes de chegar ali, e, inconscientemente, brincou com a enorme pedra que adornava seu anel de noivado, até ver sua mesa. Muito tempo atrás, mamãe havia lhe dito como homens só ligavam para papéis em seus escritórios e que isso para importante de se saber. “Oh, lhe interrompi no meio de algo importante?” A cabeça, com os fios loiros devidamente presos num penteado complicado, pendeu para o lado num gesto quase inocente. “Problemas, alteza?” Oras, a Frolov não tinha interesse nos problemas políticos dos reinos, e perguntava apenas na tentativa de se aproximar dele e tentar ganhar sua confiança. Queria que ele confiasse nela e, bem, acreditava que seria algo fácil, já que isso era uma de suas qualidades natas. 
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uppereastsiders · 4 years ago
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Saoirse trajava suas melhores roupas e joias, presentes de Wolfgang, claro, e, inexplicavelmente, se sentia muito nervosa. Sempre tinha se orgulhado de ter tanto controle de seus nervos, em todas as situações, mas suas mãos tremiam conforme esperava o loiro aparecer. Não esperava que a tríade dele fosse acontecer tão cedo — não havia lido isso nas linhas de suas mãos — e isso a deixava apreensiva. Tinha certeza de que o plano, traçado por tanto tempo, daria certo. Não existia chances de que os outros irmãos conseguissem a coroa, haviam se certificado disso (e a Creighton não errava). 
Quando o Von Eysenlaan finalmente apareceu perante ela e algumas outras selecionadas pessoas, a loira não se importou em dar um passo a frente e rapidamente se aproximar dele. Podiam falar o que quisessem, a chamar de todos os nomes ou ofensas cabíveis a uma feiticeira, não se importava. Pelo menos, não naquele momento. “Wolfgang.” Murmurou, as mãos indo até a camisa que ele usava e fechando um único botão aberto, uma ação feita somente para a distrair. “Se sente pronto?” Ergueu o pescoço para que pudesse o encarar, os olhos azuis carregando mais emoções que o normal — emoções que não diria em voz alta, de jeito algum. Realmente não deveria estar preocupada, era Wolfgang pela fé, ele se daria bem de qualquer jeito, mas não confiava nos irmãos dele. 
Suspirou, se estivessem sozinhos Saoirse teria o beijado, porque o momento soava como uma grande despedida e, de certa forma, era. Não importava o que, no fim ele seria rei e ela não aceitaria a posição de amante oficial do monarca. Era uma história antiga e que ela não queria repetir na família. Se odiou pelo turbilhão de sentimentos que a tomavam, mas não havia nada que pudesse fazer sobre. “Eu vou lhe dar a benção, também.” Tomou as mãos deles, as envolvendo com as suas, enquanto mantinha os olhos nos dele, e sibilava algo numa das línguas mortas. Não durou mais que alguns minutos e o soltou, ainda não quebrando o contato visual. “E, eu quero que leve isso com você. Não questione, só deixe no seu bolso, ou, não sei, em qualquer lugar que esteja próximo de si.” Gesticulou, o tom de voz ainda extremamente baixo. Os dedos relaram a pulseira-anel que sempre usava, e, num gesto simples, o rubi se soltou. O loiro provavelmente não acreditava que pedras ajudariam, mas Saoirse as tomava como uma verdade não questionável. “É uma fonte de coragem e força. Ajuda na batalha.” A feiticeira colocou a pedra em sua mão, com um suspiro. “Leve-a e a me traga de volta.” Era o seu jeito de dizer que acreditava que ele venceria e que, acima de tudo, precisava voltar. @naosoudevoces​​
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑴𝑨𝑹𝑰𝑶:
Com os olhos atônitos na garota, foi perceptível seu estremecer e ele pensou que, se ela estivesse do lado de dentro da grade, ele com certeza lhe ofereceria seu surrado paletó. Mas com ela para fora, era quase como auxiliá-la em cair. ❝ —— Bene, signora1, o fato de estar sospeso2 ai para começar. ❞ O tom usado era bem humorado, e ele lhe direcionou um sorriso, por mais imprópria que a situação parecesse para tal. A verdade é que Mario queria a fazer relaxar o suficiente para que ela se desarmasse e ele tentasse trazê-la para dentro. Depois, a entregaria para um dos marujos e, bene, não seria mais seu problema. De costas para a grade, ele soltou seu peso nos cotovelos que eram apoiados na estrutura de ferro, pendendo a cabeça para o lado dela. ❝ —— Si, sono italiano, ragazza.3 ❞ O ar convencido combinava com o sorriso que carregava nos lábios, e um passo mínimo para mais perto dela foi dado sem que desviasse os olhos dos azuis dela, como se pudesse, assim, esconder que se aproximava. ❝ —— De Londres? É assim que as pessoas se apresentam? Bene, vengo della Toscana.4 ❞ Completou com um leve dar de ombros. Ele nunca entenderia certos costumes das pessoas da alta sociedade, como dizer de onde eram. O que aquilo importava? Suspirou quando questionado, girando no próprio eixo para que agora ficasse de frente para a imensidão escura. Era assustador, mesmo de dentro da grade, e ele só conseguia pensar que ela era corajosa por estar do lado de fora; e também que deveria estar desesperada. O que o levava a pensar no que poderia causar dor em pessoas como ela. Mario tinha uma visão muito singular da sociedade, e para ele, pessoas com dinheiro estavam imunes de sofrimentos. A única coisa que lhes causaria dor, seria a perda de patrimônio. Poderia ser uma visão bem fútil, mas era o que realmente pensava. ❝ —— Eu acho, Lily ❞ Optou por chamá-la de forma informal, dando ênfase em seu nome. ❝ —— que considerando a altura, você morreria assim que atingisse a água. ❞ Completou, os braços apoiados na grade e a cabeça pendendo outra vez na direção dela, expressão pensativa impressa em seu semblante. ❝ —— Se sobrevivesse, a temperatura baixa faria com que morresse de hipotermia. ❞ Finalizou antes de afastar-se da grade, decidido a impedir que ela se jogasse. Desabotoou o paletó e deixou-o cair sobre seus pés, a retirada do suspensório antecedendo o arrancar de seus sapatos, que foram chutados dos pés com eles mesmo. ❝ —— Mas eu não posso deixar que pule, então, terei de pular em seguida se fizer isso. ❞
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Lily bufou, torcendo o nariz para ele, como se o dissesse que não havia graça nenhuma. Na verdade, talvez, ela até admitiria que, numa situação onde não era ela pendurada do lado de fora do navio, também tentaria resgatar algum de seu bom humor para tornar a situação mais leve. “Foi um momento de desespero.” Se dignou a responder, como se precisasse se justificar para não ser julgada — mas tinha certeza que já o estava sendo, de qualquer forma. Seu cenho franziu, e, mais uma vez, se não estivesse nessa situação ela teria achado incrível ele falando em outra língua, e, com certeza, o bombardearia de perguntas. “Eu não entendo o que o senhor diz.” Falou, curiosa para saber o que havia sido a fala e também irritada que francês, a outra língua que sabia, não lhe ajudava em o entender. “Pode ser que haja outra Lily Abernathy em Nova York, mas, tenho certeza de que sou a única de Londres.” A frase saiu com certo orgulho, e nem sabia dizer ao certo o porquê. Talvez fosse anos e anos de ensinamentos de sua mãe, que lhe tinha dito o quão importante seu sobrenome era, ou, simplesmente, porque gostava da cidade-natal. “Ha, isso eu entendi. Toscana. Isso me parece bem longe.” Tremeu, conforme outro vento batia. Já tinha visto um livro sobre aquela região da Itália e, se não morresse ainda nessa noite (que pensamento positivo!), se lembraria de o procurar outra vez para que pudesse lhe contar mais sobre o lugar — nunca tinha tido a oportunidade, ou permissão, para ir mais longe do que a Escócia. Estava aí, esse era precisamente o motivo de toda sua infelicidade e do porquê ter feito essa loucura. Lily odiava ser presa, odiava ter que pedir permissão até mesmo para se levantar de uma mesa e, no momento, o que seu futuro lhe prometia era exatamente isso. Uma vida de amarras e regras ainda mais restritivas — a vida de casada não lhe prometia nenhuma outra liberdade, na verdade, parecia tomar as poucas que já tinha. Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto, e não teve coragem de soltar uma das mãos para a enxugar, enquanto era tirada de seu quase estupor por ele falando. Arqueou uma das sobrancelhas, achando agradável ele a chamando apenas por seu nome, e nada mais. “Então eu morreria na queda?” Engoliu em seco, repetindo, agora sim passando a ficar com medo. Aonde tinha estado com a cabeça?  “A água está tão gelada assim?” Perguntou, olhando para baixo e não vendo nada além de uma terrível imensidão antes de voltar a o encarar e, por Deus, o ver começando a tirar o paletó e depois os sapatos. Parecia um bom momento para começar a rezar, não importasse para o quê. “O que o senhor pensa que está fazendo?” Exasperada, se não tivesse agora paralisada pelo medo e frio, tentaria dar um passo para o lado. “O quê?! Sr. Smith eu acho que quem está louco aqui, agora, é o senhor e não mais eu.” Com os olhos arregalados, a Abernathy não gostava do rumo que aquilo estava seguindo. Ele não teria coragem... torcia. Como viveria com sua consciência se ele também pulasse? Apesar que provavelmente não teria uma por tempo o suficiente para se sentir culpada. Talvez eles precisassem de ajuda, mas não parecia ter ninguém por perto que os fosse ouvir. “Sr. Smith eu lhe proíbo que chegue perto, ou faça qualquer coisa do tipo.” 
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑴𝑨𝑹𝑰𝑶:
Falanges enroscaram-se entre os próprios fios dourados para que ele coçasse a cabeça, enquanto observava a garota, exprimindo uma leve careta. O que uma ragazza1 como ela fazia ali? Ou, melhor, porque uma moça como ela se jogaria dali? Se fosse alguém como ele, bene2, Mario até entenderia. Não era como se pessoas em sua posição perdessem muito, de qualquer forma. Mas ela? Piscou orbes, voltando ao presente, ao ouvir a voz feminina. Tragou mais uma vez, a fumaça densa deixando seus lábios em espirais antes de voltar-se novamente para a loura. ❝ —— Perdono, signora3. Mas quem está a assustar alguém aqui és voi4. ❞ A repreensão não era real, contudo. Apenas uma desculpa para que ela prestasse mais atenção em si e menos em jogar-se dali. Mario definitivamente não queria estar envolvido num acidente daquele tipo, principalmente considerando que era bem provável que o suicídio fosse interpretado como assassinato, e ele pisasse na América preso! Um novo trago antecedeu o passo tímido que dera na direção alheia, afim de não a assustar ainda mais, mas, tentando se aproximar. Quando perguntou quem ele era, o italiano se inclinou um pouco mais na direção dela. Não aprovava o tom arrogante, no entanto, não era um bom momento para trocar farpas com a madame. ❝ —— Mario Smith, à seu dispor. ❞ Apresentou-se, usando de sorriso sacana antes de tragar novamente o cigarro, a butuca que sobrara sendo atirada à mar aberto. Aquela era a primeira vez, desde que aquela doida subira ali, que encarava a imensidão azul. E era assustador! Voltou orbes para o rosto feminino. ❝ —— A quem devo a honra? ❞ Desde quando falava palavras tão pomposas? Poderia ter perguntando, simplesmente: qual seu nome?
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Uma corrente de ar gelada fez a garota estremecer, tendo, provavelmente, largado o xale em que se enrolava mais cedo no salão de jantar. Olhou mais uma vez para baixo, agora começando a sentir medo. Por Deus, o que estava fazendo? “O que em mim lhe parece assustador?” Perguntou, franzindo o nariz para as palavras diferentes que ele falava, dando um passo mínimo para o lado conforme percebia que ele vinha para mais perto. “Está falando em italiano?” A curiosidade foi maior, enquanto se lembrava do único italiano que havia conhecido, alguns anos atrás, e pensava que eles não eram nem um pouco parecidos - na sua cabeça todos deveriam ser quase iguais. “Sr. Smith.” Sussurrou, usando de todas as suas forças para não tremer de frio e conseguir se segurar melhor na grade, mas ainda encontrando em si o tempo para o olhar de cima a baixo. O loiro era bem diferente de qualquer outro homem que havia conhecido; para início de conversa, ele não sabia quem ela era logo de cara, o que já era, bem, incrível. Sempre que percebiam quem Lily era, logo uma simpatia e cordialidade completamente falsa se iniciava, fosse por causa do respeito que o falecido pai impunha ou pelo noivo, mas era bem melhor ser tratada como uma pessoa normal. “Senhorita Lily Abernathy, de Londres.” Usou de sua introdução formal, a mesma que já tinha repetido inúmeras e inúmeras vezes antes. “Seja, sincero, por favor. O que você acha que aconteceria se eu pulasse, Sr. Smith?”
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑪𝑶𝑵𝑹𝑨𝑫:
@uppereastsiders​ + conrad & pandora.
Conrad Vanderbilt não é um homem rígido e raras são as situações que ele mantém uma expressão séria: tribunais, discussões com o pai e, agora, a ex-namorada. Desde que voltara para New York, após sua pequena viagem de autodescoberta, como a mãe denominou, estava sentindo-se esquisito; sabia que o relacionamento havia acabado com uma sensação inconclusiva. Não queria terminar com ela, mas, também, ela não havia lhe dado nenhuma opção. Para ele, fidelidade e confiança eram a base de qualquer tipo de relação e não poderia suportar a ideia de que Pandora havia deixado tudo isso para trás num ato impulsivo. Esse era o único motivo para que ele mantenha uma expressão completamente polida, quando não estavam fofocando juntos, na presença da ruiva. Em um lado afastado — e era estranho ter Pandora em qualquer lugar, que não fosse o centro das atenções — do salão de festas dos Carrington, em Hamptons, estava o antigo casal, analisando toda a festa com certa crítica. “We’ll always have Hamptons? E eu achando que isso não poderia ser mais uma piada.” Comentou, falando mais sozinho do que com ela, ao reler o cartão da festa de noivado de seu amigo e Diana.  Era totalmente contra a união, pois sabia que ele não a amava de verdade. Em sua cabeça, aquilo era claro. “Todo casal de Nova York tem Hamptons, é como ir no Starbucks. Não é romântico.” Rolou os olhos, guardando o cartão no bolso de seu paletó em síncrono. Agora, fitava a Mitizi-Hamilton. “Até foi aqui nosso primeiro beijo.” Comentou, por alto, arrependendo-se no milissegundo após ter exposto aquele pensamento. Merda, merda, merda. Desviou o olhar do rosto dela quase tão rápido quanto a fitou, encarando três convidados em especial. Catherine, Henrik e James. “Anyway. Viu que eles três vieram juntos? Catherine não quis deixar Henrik sozinho e sugeriu isso ao James. Eu sei que ele é meu irmão, mas…” Soltou um ar pesado, balançando a cabeça. Não terminou a frase, não precisava.
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Cordialidade não era algo fácil de se arrancar de Pandora, principalmente quando algo havia acontecido, mas, levando em consideração tudo, parecia quase uma obrigação que o fosse com Conrad. Sabia de cada erro que tinha feito, claro, mas decidia os ignorar e, simplesmente, fingir que os dois continuavam grandes colegas. Todo o sentimento que ainda existia ficava enterrando na sua parte mais destrutiva, a que fingia não existir, apesar de saber muito bem o estrago que conseguia fazer. De qualquer maneira, cordialidade ou não, estava na festa de Newton e Diana pois, por causa do Vanderbilt, obviamente, haviam se tornado amigos. Pareceu quase natural os dois ali, juntos, quase como antigamente. “Não seja rude.” O olhou de soslaio, dando mais um gole na taça de champagne que segurava. Realmente havia achado aquilo o cúmulo, uma palavra bonita para dizer que tinha odiado, e, pensando melhor, se fosse seu casamento aquilo seria de forma completamente diferente. Quase soltou uma risada, nunca tinha sido uma dessas garotas que planejavam o casamento dos sonhos desde que eram crianças e, a única vez que chegou perto disso, foi, bem, quando ela e Conrad estavam juntos. “Eu concordo, mas faz o gosto dos noivos, pelo visto.” Dessa vez soltou um risinho, debochada. “Newt faz o tipo manteiga derretida, ou melhor, mocinho de comédia romântica. Devíamos ter esperado algo diferente?” Arqueou uma sobrancelha, o tom soava maldoso, mas sempre era quando Pandora falava qualquer coisa. A fala seguinte dele, no entanto, a fez franzir o cenho, tentando entender se ele realmente havia dito o que tinha ouvido. Virou o resto da taça num gole só. “Sim, na White Party dos Beaumont.” Deu de ombros conforme falava. Fosse outro contexto, seria engraçado o ver lembrando aquilo, pois geralmente homens nunca lembravam. Um garçom passou perto dos dois e Pandora conseguiu outra taça, aproveitando da oportunidade para dar encerramento ao assunto. O triângulo amoroso era um ótimo tópico e quase agradeceu o Vanderbilt por o iniciar, a poupando do constrangimento que ficaria. “Um grande idiota? Quer dizer, você sabe que gosto do seu irmão, mas, essa situação já foi longe demais.” Levou o olhar até eles, balançando negativamente a cabeça ao ver Catherine no meio dos dois garotos. Quase a fazia sentir saudades do colegial. “Qual o problema com a Little Miss Perfect, afinal? Até onde eu saiba, os Van Helsing ainda possuem toda sua fortuna, ela não sairia perdendo nada.”
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑽𝑰𝑪𝑻𝑶𝑹𝑰𝑨:
𝒘𝒊𝒕𝒉 𝒏𝒊𝒌𝒐𝒍𝒂𝒋 ( @uppereastsiders​​, based on x ) :
Victoria Holstein era uma romântica incurável. Elsa já havia lhe dito que era uma qualidade tola para se ter, vez que um parlamente inteiro ( compostos em sua grande maioria por homens tão velhos ou mais que seu pai e extremamente arrogantes ) parecia acreditar ter algum direito de decisão em sua vida amorosa, mas ela nunca havia visto algum problema com isso. Ao menos não até escutar seu pai comentar com Félix ( céus, não era nem mesmo com ela própria!! ) sobre a intenção de Nikolaj de partir. Idiota. Era uma grandessíssima idiota! Por se apegar a uma paixão idiota por anos, na esperança que poderia se tornar algo mais. Por acreditar que o beijo que tinha roubado dele semanas atrás, nos jardins de sua mãe, tinha significado tanto para ele quando foi para ela. Por ter tido tanta certeza que os olhares que trocavam entre as multidões carregavam algum código secreto que nenhum deles tira coragem de dizer ainda ;; bem, ao menos tinha acertado nisso, pois aparentemente diziam: caia fora, me deixe em paz!  Não pretendia ir mais atrás dele, não agora que percebia que só havia se humilhado até então. Porém, o destino parecia ter um senso de humor doentio, colocando justamente o duque em seu caminho. O chão que lhe sustentava pareceu desaparecer quando seus olhos se encontraram e a princesa nunca se sentiu tão pequenina antes, mas se obrigou a erguer o queixo e se aproximar. Mais um erro.  ❛ Você realmente pretende ir embora? ❜  Ouviu a própria voz questionar, incapaz de segurar seu olhar. O céu nublado dos olhos dele faziam seu coração apertar ;; não naquela doce ânsia esperançosa de quando se ama, mas um aperto sufocante, doloroso e mais frio do que qualquer gelo que pudesse dobrar. E sem que pudesse se conter ou mesmo tivesse algum direito de fato, se viu perguntando:  ❛ Eu sou assim tão insignificante que você nem mesmo pensou em me contar pessoalmente? ❜
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&.
A mérito do Sonderburg, nunca havia acontecido nenhum escândalo, ou sequer fofoca, em seu nome, e se orgulhava disso. Se orgulhava de ser alguém completa e inteiramente racional, que media seus passos com cuidado e que servia a coroa sueca com toda sua lealdade. Tinha sido criado para isso, um dia suceder o pai como conselheiro do rei, e o faria com toda sua capacidade, principalmente pela longa amizade que compartilhava com Felix, o príncipe herdeiro. 
Era aí que começavam seus problemas. Sua proximidade com a família Holstein era imensa, se sentava com eles a mesa em todas as oportunidades dadas e se dava bem com todos os outros irmãos de Felix, até com Victoria. Entre os anos em que a conhecia, desde que era um bebê, sua presença era como um incômodo para os dois garotos mais velhos, e, ainda que Nikolaj por vezes se sentisse mal por sempre a barrarem em suas brincadeiras ou que quer que fosse, ela não passava da irmãzinha mais nova de seu melhor amigo. Até o dia de seu baile de debutante. O Rei Gustav tinha custado a aceitar que era esperado e, implicitamente, obrigado a apresentá-la para a sociedade, declarar que ela agora estava na idade para se casar, e, apesar de ter rido do ciúmes do monarca, imaginou que provavelmente sentiria o mesmo caso tivesse uma irmã (ou até mesmo uma filha, um dia). Sua perspectiva mudou naquele dia, pois, tendo a visto apenas algumas vezes ao ano já que ela ficava em constante trânsito entre Hyacinthum e Estocolmo, não imaginava como estava crescida. A Princesa Holstein tinha se tornado a mulher mais bonita da corte, e, bem, era impossível para Nikolaj não o reparar. 
As coisas aconteceram rapidamente, e o duque se viu tão envolvido que chegou a se assustar, nunca tinha ficado dessa maneira. E apesar do beijo, dos olhares e toques furtivos, sempre tentava se lembrar (e lembrar a ela também, por vezes) que nunca poderia ser. Victoria era filha de um rei e só se casaria para se tornar uma rainha. O pensamento às vezes doía, não ser suficiente doía, mas não havia muito o que podia fazer, e ainda que sentisse que ela lhe tomava todos seus pensamentos, o dia todo, tentou focar nos seus deveres, pois a Suécia caminhava lentamente para um péssimo destino. 
Os arranjos foram tomados com pressa, como o diplomata oficial do Reino, Nikolaj seria mandado para o front da guerra, tendo como missão analisar as conquistas e perdas e informar a situação de forma lógica para ambos Gustav e Felix. O amigo seria o próximo a ser mandado, sabia disso pois haviam discutido todo esse plano juntos, como sempre, e tudo o que podiam fazer era torcer para que o apoio das tropas norueguesas fossem o suficiente. 
Os preparativos para uma guerra iminente tomavam o palácio, ainda que a Rainha Kiara tivesse feito questão que os filhos mais novos fossem poupados de ouvirem ou verem qualquer coisa a respeito, e o loiro tentava chegar ao Salão de Guerra, os pensamentos nevoados depois de ter tido que dar notícia para a mãe. “Victoria, o quê...” Só voltou a si quando percebeu os fios loiros a sua frente, engolindo em seco e quase levando as mãos ao rosto dela, um gesto praticamente automático que lhe custou a interromper. A encarou e sentiu o próprio coração se partir, toda a mágoa e raiva que ela sentia, e que ele conseguia ler claramente em seus olhos, passando para ele e fazendo seus joelhos vacilarem. Não soube o que responder com a pergunta dela, dando um passo a frente e envolvendo seus braços com suas mãos, a puxando para a primeira sala de reuniões vazia que pode encontrar, não querendo que ninguém os visse e, possivelmente, arruinasse a reputação dela. “Não fale assim.” Suspirou, massageando as têmporas para tentar evitar a dor de cabeça que começa a sentir. “Eu não estou indo embora. Eu vou, quero dizer, eu espero voltar. Eu torço para que eu volte.” A voz era calma e firme, havia passado pelo treinamento militar como todos os outros homens da corte e, num momento como esse, promessas não eram a melhor coisa a se fazer. “Quem lhe disse que eu iria ser mandado para as fronteiras? Ninguém além dos conselheiros e ministros sabiam.” E, no total, isso dava no máximo umas doze pessoas. Mas não se impressionou com ela já o saber, apenas ficou apreensivo com quem mais já poderia estar com essa informação. Como havia dito, Nikolaj era um homem racional. “Vee...” Já não tinha mais a necessidade de tratamento formal com a família real, exceto pelo Rei, fazia muito tempo, e a expressão da Holstein o abalou de um jeito que não deveria acontecer. Sentiu medo de partir. Medo de a deixar para trás. “Eu iria lhe contar, é claro. Quando seu pai e irmão me permitissem.”
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑴𝑨𝑹𝑰𝑶:
A lua preenchia o céu naquela noite com todo seu esplendo, e Mario pensava que nunca, em toda a sua vida, havia visto uma lua tão bonita quanto aquela. Talvez fosse por conta da ausência de luzes, que acompanhavam as noites na cidade; ou pelo puro fascínio que tinha em relação a situação, como um todo. Depois de anos trabalhando, sem perspectiva alguma de guardar dinheiro — como haviam lhe prometido que poderia fazer — ele estava em um navio que diminuía as milhas de distância de sua terra natal. E era grato por aquilo. Desta forma, deitado em um dos bancos de madeira, dispostos na popa do navio, ele apenas contemplava as estrelas e os sons naturais que o cercavam.
Isso até o barulho de saltos chamar-lhe a atenção, e o Smith levantar-se à tempo de vislumbrar a garota correndo para a grade. Curiosidade aflorada não apenas pela caminhada da garota, mas também pelos trajes inusuais à terceira classe, ele seguiu-a. Diferente dela, contudo, não corria, e por isso, quando alcançou-a, já estava pendurada para fora. Se a assustasse, certamente ela cairia. E, bem, ele não queria ser o responsável por aquele acidente. Ainda que desejasse ficar para a história, ser atrelado à primeira morte ocorrida naquele navio não era bem sua forma ideal de alcançar a glória. Tateou o bolso das vestes e retirou um cigarro de lá, acendendo-o em seguida. Levou aos lábios e tragou. Ah, delicioso!! Passos curtos aproximava-o da loura, e foi um sutil pigarrear que dera para tentar chamar sua atenção. ❝ —— Está com tanto calor assim? ❞ Desconversou, achando que era a melhor forma de tirar aquela doida dali.
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Lily havia andando em muitos barcos, iates principalmente, e nunca tinha se sentindo tão ruim como se sentia à bordo do navio. A sensação de claustrofobia a tomava desde o minuto em que pisou na primeira classe, do lado da mãe e, infelizmente, do detestável noivo. Era verdade, não conhecia nada além daquilo que estava vivendo - os jantares, etiqueta seguida à risca, falsa simpatia e espartilhos apertados demais - mas não significava que gostava e, naquela noite em especial, estava se sentindo mais sufocada que nunca. E, veja bem, a Abernathy não era conhecida por ser responsável. Agindo no impulso, algo que se provaria comum até demais para ela, correu do salão de jantares até o deque do navio. Não aguentaria mais um dia sequer vivendo dessa maneira. 
Foi fácil começar a se pendurar na grade, ainda que os saltinhos elegantes fossem um grande empecilho, mas, logo Lily segurava o metal com força, olhando para as águas agitadas do oceano, completamente focada, até ouvir a voz masculina perto de si. “Meu deus! Nunca lhe falaram que assustar alguém que está pendurado é perigoso?” O tom arrogante foi involuntário, tão natural para si quanto respirar, e virou o rosto para encarar o intruso, que, possivelmente, estragava seus planos de se ver livre. Na verdade, realmente não acreditava que teria a coragem para pular, mas, quem sabe, isso não causaria alguma espécie de sentimento materno na Sra. Abernathy, que a levaria a ver que estava muito perto de causar a morte de sua única filha caso continuasse a forçando a todas essas coisas. “Quem é você?” Mesmo na situação em que estava, Lily conseguiu empinar o nariz, usando de sua melhor voz autoritária - definitivamente não se lembrava dele na primeira classe. 
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑴𝑨𝑹𝑮𝑨𝑬𝑹𝒀:
“Talvez eu tivesse sido apenas uma sorte de principiante para você…” Brincou, soltando um suspiro dramático no meio de um sorriso largo até demais. Fez uma nota mental de tentar não sorrir tanto na presença dele, para não parecer como uma fangirl, completamente perdida nos encantos alheios — embora essa fosse uma descrição correta. Soltou um risinho curto, colocando a mão no peito e assentindo, como se aquela fosse uma conversa séria, baseada em argumentos científicos comprovados. “Talvez eu precise mesmo! Vai saber se ninguém tropeça no meio quando eu estiver ocupada estudando…?” Pendeu a cabeça, como se a possibilidade fosse terrível; e, talvez, para um esportista menos cético aquilo fizesse total sentido, mas não para ela. Franziu o nariz, quase envergonhada com as lembranças, ao negar a pergunta. “Quem me dera eu tivesse ficado. Todas as vezes que falavam comigo sobre jogadas, eu não sabia o que dizer.” Lamentou, fazendo outra nota mental de estudar melhor beisebol. Talvez assistir aos treinos a fizessem entender mais, sem nenhum motivo por trás, é claro. “Ei, americano, calma aí.” Fingiu estar ofendida, sendo entregue por um sorrisinho insistente, e sem perceber o próprio sotaque inglês intensificando. “É fácil e mais divertido.” Ergueu uma sobrancelha, esperando uma reação dele. Não acreditava naquilo, porque, sem dúvidas, o esporte americano era bem mais interativo entre os jogadores. Ver aquela reação em Mason, no entanto, fez com que se sentisse um pouco mais à vontade, ao notar (ou, pelo menos, é o que dizia seu cérebro) que ele também não parecia tão relaxado assim. Sentiu vontade de rir, achando graça, quando ele quis se certificar que ela queria sair com ele — como se isso não estivesse explicitado em tudo nela. “Acho que um jantar é perfeito.” Confirmou, pendendo a cabeça, sem conseguir deixar o próprio romantismo de lado. 
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“Nah, I don’t think so.” Falou, gesticulando com a destra, e a achando completamente adorável entre seus suspiros e sorrisos. Mason Callaway, um grande galinha, tinha um crush, como se fosse sua irmãzinha mais nova, e nem ao menos estava se preocupando com isso. “Com certeza! Você não deixaria o nosso time perder né? Quem sabe você não vira até parte da atlética?” Brincou, se alongando e coçando a nuca, num gesto, com certeza, pouco sugestivo. Se pegou pensando no porquê de ela não ser líder de torcida, tinha quase certeza de que a maioria das sorority sisters dela faziam parte da equipe. “Ok, por curiosidade: por que você não faz parte das líderes de torcida?” O moreno tomou outro gole da cerveja, agora já sem gelo, enquanto esperava a resposta. “Poor Maggie.” Riu, se divertindo com a imagem dela completamente confusa. “Mas, se te deixa melhor, provavelmente seria como eu ficaria vendo futebol.” Admitiu, dando de ombros. Desde pequeno, Mason respirava baseball e nunca tinha ligado para nenhum outro esporte. Soltou outra risada, ao ser chamado de americano, estralando a língua e dando de ombros. “Mais divertido? Não, não, agora vou discordar e, se você não falar pare agora, eu vou passar duas horas inteiras falando, sem parar, sobre baseball.” Também ergueu uma sobrancelha, como se devolvesse o desafio, ainda que, com certeza, não fosse o cumprir. Quer dizer, ele podia mesmo passar duas horas, ou até mais, falando sobre seu esporte, mas não obviamente não faria isso com Margaery. O nervosismo estava quase o tomando, quando finalmente ela o respondeu, e o garoto sorriu abertamente. “Ótimo. Sexta é ok pra você?” Não conseguia fazer o sorriso sumir, e estava começando a pensar que ela, provavelmente, o achava um idiota. “Quer dizer, eu tenho treino até as sete, mas posso te pegar às oito.”
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑷𝑨𝑼𝑳𝑰𝑵𝑬:
Nada no comportamento dele estava conseguindo fazê-la retomar sua racionalidade, especialmente não quando ele ri e é sarcástico daquela maneira. Fluente em passiva-agressividade, Pauline não costuma apreciar quando ela era alvo de sarcasmo. Tentou lembrar-se de quantas vezes estiveram numa discussão daquele tipo, sentindo como se fossem parte de uma simulação e eles estivessem num loop infinito. Em momentos como aquele, entendia todos os sermões do pai sobre discussões infundadas e repetitivas, mas teimava em ouvi-lo. Colocou as mãos no peito, numa atuação barata de emoção, depois de ouvi-lo falar. “Você é um péssimo mentiroso.” Rolou os olhos, ainda mais irritada, pois se conheciam o suficiente para saber quando ele estava mentindo. Não acreditava que ele estava a traindo, no fundo, mas não conseguia deixar de acusá-lo, ainda que silenciosamente. “Que tipo de ajuda, hm? Para tirar aquela roupa de outlet barato dela no banheiro mais podre?” Ergueu as sobrancelhas, ainda mais irada, sem se importar se alguém a ouviria — tentava manter uma reputação de garota prodígio e ser ouvida falando coisas elitistas (e sexistas, até) arruinaria tudo. Soltou um risinho de escárnio, incrédula, ao ouvi-lo falar em seguida. “Então acho que temos mais isso em comum.” Deu de ombros, sem se importar, pois sabia que era verdade. Os joguinhos eram quase idênticos e por motivos muito parecidos. Se fosse em qualquer outra situação, com ele fazendo aquilo com qualquer outra pessoa, teria achado sexy o jeito que ele a puxou, mas apenas a fez fitá-lo com tédio no olhar, como se esperasse sua próxima ação. “Não, eu achei que, se fosse pra tentar amaciar seu ego, que usasse alguém com mais classe. Ou alguém que não fale mal de mim a qualquer um que queira ouvir.” Encolheu os ombros, sendo sincera. Já havia conseguido o que queria: fazer com que o namorado fosse atrás dela, mas não contava com ele a liberando de ir. Não tinha uma saída: se ficasse, daria a ele o gostinho de vencer a discussão e, se saísse, correria o risco de mais um término. “É isso que você quer? Quer que eu vá ficar com ele?”
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Apollo umedeceu os lábios, mordendo o interior da bochecha porque sabia que Pauline estava certa. Se tratando dela, era como se o seu dom de manipulação e mentiras sumisse, o impedindo de ser qualquer coisa além de completamente transparente. “É, com você, talvez.” Soltou, dando de ombros, ainda que ofendido com toda a insinuação. Não tinha a melhor das reputações, ou o melhor dos históricos, mas, apesar das inúmeras e diversas mancadas, podia dizer que nunca havia traído. Pelo menos algo que ninguém podia o cobrar sobre. “Se você faz tanta questão assim de saber, então sim! Era exatamente isso que ela queria que eu fizesse, mas, claramente, eu não fui atrás dela.” O loiro bufou, também erguendo o tom de voz, ficando estressado. Já não tinham brigado sobre isso antes? Tinha certeza que sim, em uma das outras milhões de brigas que já tinham tido. Não era como se gostasse disso, mas colocar seu ego e temperamento de lado... era uma tarefa impossível. “Com certeza.” Falou, amargurado demais por ter que admitir a si mesmo aquilo, pois isso significava aceitar que ele também tinha feito algo de errado. “E pra que eu iria atrás de alguém diferente? É mais legal pensar que todas me querem.” Conrad, chamava o pai assim às vezes, já tinha lhe dito que devia começar a pensar antes de abrir boca, mas só se lembrou disso quando terminou de falar, apertando levemente os pulsos da morena e a soltando, lhe dando as costas e indo para o lado oposto do quarto. “E, outra, o quê tem ela falar mal de você? Todo mundo fala sobre mim também, e eu não dou a mínima.” Eram situações bem diferentes, porque haviam motivos para ele ser mal falado, enquanto não havia nenhum se quer contra Paulie, mas Apollo decidiu ignorar. “É isso que você quer?” Devolveu, voltando a se virar para poder a encarar, agora o tom de voz se tornando mais sério. Obviamente, não era o que Apollo queria, mas, se ela falasse que sim, não poderia a impedir, mas poderia causar uma briga com o outro garoto depois. Se pudesse, trancaria a porta do quarto e não a deixaria sair, ao menos até pararem a briga e se resolverem. “But, yeah, it’s not what I fucking want.”
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑬𝑳𝑬𝑵𝑨:
Os olhos buscaram pelos céus azulados ao seu lado e ainda que a primeira reação fosse revirá-los em sua órbita assim que encontrou seu príncipe tão emocionado ( porque é claro que Johan acabaria se emocionando! ), porém não tentou conter a curva do canto de seus lábios. Elena poderia não ser uma bola de sentimentos, prontinha para explodir em purpurina prateada e alguma canção profunda por qualquer coisa minimamente emocionante, como certas pessoas, mas não havia nem como tentar negar o quanto era apaixonada por ele.  ❛ O beijo é até bonito, ❜  deu de ombros, sem se importar com o espanto de Holstein. O toque mais gelado derrapou por seu braço, espalhando leves arrepios e mesmo assim ela apenas o acompanhou com um risinho próprio.  ❛ Teu frio é diferente! ❜  dele eu gosto, completou apenas para si, revirando o olhar de novo.  ❛ O que eu não entendo é essa fixação das pessoas com beijo na chuva. Tudo bem que dá um aesthetic pra cena, okay, mas, sei lá, não é bem melhor beijar debaixo de uma marquise ou uma árvore, sem a água fria caindo na tua cara? ❜  outro riso escapou, agora ligeiramente mais alto com a reação dramática de Johan. Elena então se ajeitou no sofá  até estar virada para ele, as pernas puxadas de maneira largada e o filme, esquecido.  ❛ Er, não? ❜  respondeu óbvio de maneira pausada, mordiscando o próprio lábio a fim de conter outro riso.  ❛ Pode ser uma surpresa pra você, cariño, mas nem todo mundo tem como meta de vida recriar esses tipos de clichê. Sério, qual a graça de ficar de enrolação num frio daqueles, todo molhado, quando podiam muito bem se beijarem em algum lugar melhor e mais quente, quem sabe. É vontade de ficar doente, só pode. ❜
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O loiro franziu o cenho, se sentindo pessoalmente ofendido por ela não estar completa e inteiramente emocionada. Pelo menos Astrid (e ele) chorava que nem uma manteiga derretida quando assistiam junto, o que, sem dúvidas, era uma reação muito mais digna e adequada. “Até? É o beijo mais lindo do mundo, Lena! É a Allie e o Noah!” Exclamou, gesticulando agitado para a televisão. “Meu frio é frio.” Aquilo era óbvio, e não entendeu o que a namorada queria dizer com o comentário, enquanto pressionava os lábios juntos e balançava a cabeça, levemente confuso. “É romântico, as pessoas gostam de chuva, e deixa a cena muito mais bonita.” Agora parecia uma criancinha manhosa, tentando defender a sua versão dos fatos. O Holstein agora se sentava de braços cruzados, fazendo questão de procurar o controle para pausar o filme porque, sim, ele voltaria a ver o filme depois que colocasse algum senso, ou melhor dizendo, romantismo na cabeça de Elena. “Como assim não? Herregud!” Agora estava espantado. Não queria se expor como o grande galinha da família, mas, como Felix tinha uma reputação a zelar e Björn morreria virgem, o título caía sobre seus ombros e, é, já tinha beijado na chuva pelo menos umas duas vezes. “Eles se beijam assim porque é o desespero de se encontrarem de novo, de verem os amores da sua vida, eles não pensam no arredor, só neles!” Explicou com tanto fervor que se alguém o visse de longe diria que parecia ser um assunto muito importante. “Cadê o romantismo em você, Lena?!” Fez um biquinho, e, como se os deuses dos dramas e comédias românticas ouvissem as preces de Johan, se ouviu um trovão do lado de fora, o fazendo sorrir e arregalar os olhos como se Papai Noel tivesse chegado mais cedo. “Bem, senhorita Elena, você vai experienciar um clichê agora.” Johan se pôs de pé, e, sorrindo, estendeu a mão para que pudessem ir para fora, já tinha ideia do que faria para que essa chuva chegasse mais rápido.    
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uppereastsiders · 4 years ago
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𝑳𝑶𝑳𝑨:
𝒘𝒊𝒕𝒉 𝒅𝒂𝒏𝒊𝒆𝒍 ( @uppereastsiders​ ) :
Os ponteiros do relógio pareciam rir da cara de Lola em sua corrida. Ela já estava dando entrevistas em sequência há mais de cinco horas e, pelo olhar de sua assessora substituta e a forma como continuava trazendo repórteres atrás de repórteres, aquela press junket ainda iria durar muito tempo. O que era uma ótima notícia para seu novo filme, provavelmente, mas uma péssima para ela própria, que estava faminta e foi idiota o suficiente para esquecê-la e convidar Daniel para encontrá-la naquela tarde. Há duas horas atrás… droga, a essa altura ele já deveria ter ido embora ( isto é, se é que resolveu deixar de ignorá-la, como fazia há dias ). Fechou os olhos quando se viu sozinha na sala, tentando fazer os valer os segundos daquela breve solidão. Todos os quarenta e cinco que teve até escutar a porta se abrir mais uma vez e a voz de Magdalena guiando outro repórter para dentro. Teve mais cinco para se lembrar que amava seu trabalho e que ele era a sua liberdade mesmo que esta por vezes fosse limitada enquanto ajeitava a postura na poltrona e forçava um sorriso polido na face, pronta para mais uma. Para seu crédito, a única reação que teve ao ver justamente Daniel adentrando seu campo de visão, como um repórter foi um ligeiro soerguer das sobrancelhas. Esperou Nena se posicionar atrás de si, de volta para todos os horários que ainda precisava arrumar, para alargar um pouco o sorriso, agora mais verdadeiro ao perceber o que acontecia ali.  ❛  Você disse que é da Literature Digest, certo?  ❜  indagou, numa sutil provocação,  ❛  Acho que nunca ouvi falar de vocês antes. É uma revista nova?  ❜
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Desde o começo, toda aquela situação parecia excepcionalmente irreal, principalmente para Daniel, que não acreditava, nenhum pouco, que coisas do tipo podiam acontecer com alguém tão comum quanto ele. Caramba, quais eram as chances de ter esbarrado numa atriz de Hollywood e depois ainda ser convidado para a ver mais uma vez? Tudo muito irreal ainda. 
Chegou no hotel no horário marcado - pois, sim, a pontualidade britânica não era apenas um mito - para encontrar, ao menos, mais quinze pessoas também a esperando. Sendo justo, eram jornalistas, e, no pânico que sua ansiedade social lhe causou, acabou dizendo a primeira coisa que lhe veio na cabeça quando uma mulher, que devia ser a assistente dela, de aparência estressada o perguntou o que queria: era da Literature Digest, uma revista completamente inventada no tempo recorde de dez segundos. 
Foi com muita relutância, e vergonha, que se levantou e andou até uma outra sala do quarto de hotel (era um quarto bem grande) quando foi chamado, abrindo um sorriso ao ver Lola, mas esbarrando num aparador e quase derrubando um imenso buquê de rosas num vaso de cristal. “Sorry about that.” Falou, tímido, pensando em como as rosas que tinha trago enroladas num simples papel de seda pareciam nada comparado aos inúmeros buquês presentes ali. “Hum, sim.” O Lancaster concordou, com um meio sorriso nervoso, conforme via que a assessora dela continuava ali. “Não, quer dizer, isso, somos uma revista nova de... livros.” Enfiou os dedos no cabelo, o jogando para trás, o que era seu tique-nervoso. “E filmes, claro!” Exclamou, gesticulando rapidamente, vendo que devia mentir melhor. “Então... como foi gravar, o, hum, o seu filme?” Só então percebeu que nem ao menos sabia o nome do filme que ela iria estrelar. 
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