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MARILYN DIPTYCH - ANDY WARHOL
Díptico
Um díptico é qualquer objeto que tenha duas placas planas ligadas entre si através de uma dobradiça. Artefatos com esta forma foram muito populares no mundo antigo para preservar notas, medir o tempo e direção. Os dípticos são frequentemente usados como retábulos em igrejas cristãs, onde os painéis mostram cenas diferentes, mas relacionadas.
Nas igrejas primitivas o díptico era usado para inscrever os nomes de pessoas pelo qual oravam.
Nesse contexto, Andy Warhol usou desse termo para a criação de um das suas mais famosas obra, Marilyn diptych de 1962. o formato díptico, com dois painéis lado a lado, lembra ícones religiosos, acrescentando uma camada de ironia à exploração de Warhol sobre a adoração de celebridades e a cultura de massa. Cada imagem de Monroe em “Marilyn Diptych” foi criada usando a técnica de serigrafia, permitindo que Warhol produzisse em massa suas imagens icônicas e, ao mesmo tempo, comentasse sobre a mercantilização da celebridade. Apesar de sua composição aparentemente direta, “Marilyn Diptych” é uma meditação complexa sobre a natureza passageira da fama e o poder da mídia de massa de imortalizar e distorcer nossas percepções da realidade. Principalmente quando se fala de, Marilyn Monroe, Uma sex symbol criada pela sociedade; uma mulher que é tudo aquilo que a sociedade deseja que ela seja. Por se focar nas suas emblemáticas características, Warhol acaba por nos recordar que existe uma mulher real por trás da imagem.
Apenas duas semanas após a morte da atriz Marilyn Monroe, Warhol criou a obra 'Marilyn Diptych', dois quadros que devem ser observados juntos. Com o uso de tinta acrílica, serigrafia e uma foto publicitária de Marilyn — tirada para o filme Niagara, de 1953 —, Warhol dispôs na tela à esquerda 25 imagens em cores, que contrastam com as 25 imagens em preto e branco do lado direito — uma passagem da exuberância da vida para a morte sem cor. 'Marilyn Diptych' foi nomeada, em 2002, a terceira obra mais influente da arte moderna pelo jornal britânico The Guardian.
À primeira vista, a repetição da imagem de Monroe pode parecer superficial, mas após uma inspeção mais detalhada, torna-se aparente que Warhol está explorando temas mais profundos de fama, mortalidade e a natureza efêmera da celebridade.
A composição do "Díptico de Marilyn" é impressionante e simbólica. O lado esquerdo do díptico é vibrante e colorido, representando Monroe em toda a sua glória. Essas imagens representam o auge de sua fama, capturando o apelo e o magnetismo que fizeram dela um ícone cultural. Movendo-se para o lado direito do díptico, entretanto, as cores começam a desbotar e a imagem de Monroe fica distorcida. Este declínio gradual serve como um forte lembrete da natureza efémera da fama e da inevitabilidade da decadência.
Além disso, ao filtrar planos amplos de cor não modulada, o artista remove o sombreamento gradual que cria uma sensação de volume tridimensional e suspende a atriz em um vazio abstrato. Por meio dessas escolhas, Warhol transforma a planura literal da foto publicitária fina como papel em uma "planura" emocional, e a atriz em uma espécie de autômato. Dessa forma, a pintura sugere que "Marilyn Monroe", uma estrela fabricada com um nome inventado, é meramente um símbolo (sexual) unidimensional — talvez não o objeto mais apropriado de nossa devoção quase religiosa.
Esta imagem de Marilyn irá perdurar, talvez para sempre, um símbolo do incrível movimento Pop Art.
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PRINCIPAIS OBRAS E ARTISTAS
Mestres comparados: Eduardo Paolozzi e Roy Lichtenstein
Eduardo Paolozzi e Roy Lichtenstein são duas figuras proeminentes no movimento Pop Art, representando os contextos britânico e americano, respectivamente. Seus trabalhos incorporam abordagens distintas dentro do mesmo movimento artístico. Ambos os artistas se baseiam nas imagens da cultura popular e da mídia de massa, mas diferem significativamente na forma como abordam, neste caso, a representação da figura feminina.
O trabalho de Paolozzi, "I Was a Rich Man's Plaything" (1947), é uma colagem que utiliza recortes de revistas e anúncios americanos, montados em papelão. Considerada uma das primeiras peças de Pop Art, ela oferece uma antecipação crítica da cultura de massa, sobrepondo imagens que evocam consumismo, impulsos sexuais e poder. O sujeito feminino, retirado de uma revista de confissão, é reduzido a um objeto de desejo, retratado de forma estilizada e colocado em um contexto que critica implicitamente a mercantilização do corpo feminino. A presença da palavra "pop", explodindo de uma arma de brinquedo, simboliza tanto a explosão do consumismo do pós-guerra quanto a banalização da violência e da sexualidade na cultura da época.
Em contraste, a pintura de Roy Lichtenstein "Oh, Jeff...I Love You, Too...But..." (1964) pega um único quadro de uma história em quadrinhos romântica e o transforma em uma obra de arte. Aqui, o sujeito feminino é retratado em um momento de conflito emocional, renderizado através dos pontos característicos de Ben-Day e uma paleta de cores vibrantes e contrastantes. A mulher de Lichtenstein está presa em um drama sentimental, expresso através de uma estética estilizada que enfatiza a artificialidade de suas emoções. Ao contrário da colagem de Paolozzi, que critica a redução das mulheres a meros objetos, Lichtenstein explora os aspectos mais superficiais e melodramáticos das emoções femininas, como eram retratadas nos quadrinhos da época.
Mestres comparados: Richard Hamilton e Andy Warhol
Richard Hamilton e Andy Warhol são duas figuras proeminentes do movimento Pop Art e, embora venham de diferentes origens culturais e geográficas, suas obras compartilham temas centrais que permitem que um paralelo significativo seja traçado entre eles. Ambos os artistas, de fato, exploram o conceito de heroísmo por meio de seus temas, embora esses personagens sejam profundamente diferentes e enraizados em mundos igualmente distintos.
A obra de Hamilton, inspirada na figura do "cidadão" de James Joyce e baseada na imagem do ativista nacionalista irlandês Raymond Pius McCartney, retrata um herói que encarna a luta política e a resistência. Hamilton funde a figura de McCartney com a do lendário Finn MacCool, um guerreiro-caçador da mitologia irlandesa, evocando um heroísmo profundamente enraizado no sacrifício e na história nacional. Este "campeão" é apresentado em um contexto que lembra a fotografia do século XIX, dando à imagem uma sensação de gravidade e atemporalidade. O sujeito de Hamilton é, portanto, transformado em um símbolo de resistência e identidade: um homem que lutou por sua causa a ponto de empreender uma greve de fome, tornando-se um ícone da resistência irlandesa.
Do outro lado do oceano, Warhol retrata um tipo diferente de herói em "Orange Prince" (1984), uma de suas famosas serigrafias dedicadas à figura de Prince, o renomado cantor e músico americano. O campeão de Warhol é muito diferente: Prince é um ícone da cultura pop, um símbolo de criatividade, transgressão e estilo. Ao contrário do lutador retratado por Hamilton, Prince representa um heroísmo moderno caracterizado pela inovação musical, expressão pessoal e influência cultural global. Warhol, fascinado pela figura de Prince, o retrata com tons brilhantes e fluorescentes, típicos de sua estética, transformando o músico em um ícone quase religioso da cultura contemporânea.
Esses dois "campeões" representam, portanto, dois mundos diferentes: um está enraizado no passado e em lutas históricas, enquanto o outro é um produto da modernidade e da cultura de massa. Hamilton vê o heroísmo como um ato de resistência e lealdade a uma causa, enquanto Warhol o explora como um fenômeno de construção de imagem e poder da mídia.
Mestres comparados: Peter Blake e James Rosenquist
Para concluir nossa exploração das diversas expressões da Pop Art, recorremos a uma comparação final entre duas obras que, embora utilizem técnicas "semelhantes" na justaposição de múltiplas imagens, alcançam intenções e resultados muito diferentes.
De um lado, temos "The Fine Art Bit" (1959) de Peter Blake, uma obra-prima que mistura herança artística clássica com abstração moderna. Blake, conhecido por sua habilidade de fundir imagens tradicionais com elementos contemporâneos, usa uma série de reproduções de pinturas e esculturas clássicas dispostas como um friso no topo da tela. Abaixo dessas figuras, o artista insere largas faixas de cor, reminiscentes dos experimentos abstratos do final dos anos 1950 e início dos anos 1960. A obra não apenas celebra a história da arte, mas a reinterpreta em um contexto moderno, conectando o passado e o presente em uma síntese visual rica e complexa.
Do outro lado, encontramos "The Swimmer in the Econo-mist" (1998) de James Rosenquist, uma de suas obras monumentais que refletem a dinâmica política, econômica e tecnológica do século XX. Nesta composição, Rosenquist adota uma abordagem semelhante à publicidade, com imagens fragmentadas e sobrepostas que evocam uma sensação de movimento caótico e complexo. A obra-prima, encomendada após a queda do Muro de Berlim, explora o contraste entre a antiga Berlim Oriental e Ocidental, representando o desafio da reunificação alemã. O mestre americano emprega uma composição de imagens que evocam memórias dolorosas de guerra e fascismo, inspirando-se em "Guernica" de Picasso.
Portanto, enquanto Peter Blake usa a justaposição de temas como uma ponte entre a tradição e a modernidade, celebrando a continuidade da arte, James Rosenquist aproveita a justaposição para dar voz à fragmentação e à desordem do mundo contemporâneo.
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POP ART BRITÂNICO E AMERICANO
A Pop Art britânica e americana, embora compartilhem temas e técnicas comuns, diferem profundamente em sua abordagem e estética. Artistas britânicos como Hamilton e Blake eram frequentemente mais críticos e distantes em seu tratamento da cultura de massa, usando colagem e apropriação para criar comentários sociais sutis e complexos. Em contraste, os mestres americanos abraçaram a cultura do consumidor com um entusiasmo que transformou suas obras em ícones da modernidade.
De fato, enquanto a Pop Art Britânica permaneceu intimamente ligada à experiência cultural e social do Reino Unido, a versão americana do movimento alcançou um público global, graças ao poder de suas imagens e sua capacidade de transformar o ordinário em extraordinário. Warhol, Lichtenstein e Rosenquist se tornaram figuras-chave não apenas no mundo da arte, mas também na cultura de massa, devido à sua capacidade de capturar a essência da América do pós-guerra.
Neste ponto, podemos dizer que a Pop Art britânica e a americana representam dois lados da mesma moeda: de um lado, uma reflexão crítica e intelectual sobre o consumismo e, de outro, uma celebração vibrante e icônica da cultura mainstream.
POP ART BRITÂNICA: REFLEXÔES CRÍTICAS SOBRE O CONSUMISMO
A Pop Art Britânica foi caracterizada por uma abordagem intelectual e frequentemente crítica à cultura de massa. Os artistas do movimento analisaram e trabalharam imagens retiradas de publicidade, cinema de Hollywood, música e quadrinhos, usando esses elementos para criar uma linguagem visual nova e provocativa. Um exemplo icônico dessa tendência é a colagem de Richard Hamilton "O que torna as casas de hoje tão diferentes, tão atraentes?" (1956), que usou imagens recortadas de revistas americanas para refletir sobre modernidade e consumismo.
Além disso, é importante enfatizar que o Independent Group foi fundamental na definição da Pop Art Britânica, com Hamilton se tornando um de seus principais teóricos e praticantes. Sua definição de Pop Art como "popular, transitória, dispensável, de baixo custo, produzida em massa, jovem, espirituosa, sexy, enigmática, glamorosa e Big Business" capturou a essência de um movimento que buscava questionar e reinterpretar a cultura mainstream.
Outra figura importante foi Peter Blake, que, com seu estilo colorido e atenção aos detalhes, ajudou a tornar a Pop Art britânica um ícone, como visto em seu famoso trabalho para a capa do álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles.
POP ART AMERICANO: UMA CELEBRAÇÃO DA CULTURA DE MASSA
Nos Estados Unidos, a Pop Art se desenvolveu em paralelo, mas com uma ênfase diferente. Enquanto na Inglaterra o movimento manteve uma certa distância crítica da cultura mainstream, nos Estados Unidos, mestres como Andy Warhol, Roy Lichtenstein, James Rosenquist e Claes Oldenburg abraçaram completamente a estética do consumismo e da produção em larga escala.
Warhol, talvez o mais famoso expoente da Pop Art americana, utilizou técnicas de reprodução em massa como serigrafia para explorar e celebrar a repetição e a banalidade do consumismo. Seus trabalhos, como os retratos de Marilyn Monroe e as reproduções das Campbell's Soup Cans, destacaram a mercantilização da cultura e a fusão da arte e do comércio.
Roy Lichtenstein trouxe a linguagem dos quadrinhos para a tela, usando pontos Ben-Day para reproduzir, retrabalhar e elevar as linhas claras e cores vivas típicas desse meio. Seus trabalhos, como "Whaam!" (1963), brincavam com a linha tênue entre arte erudita e popular, desafiando convenções artísticas tradicionais.
Claes Oldenburg, por outro lado, transformou objetos cotidianos em esculturas monumentais, experimentando proporções e materiais para dar a itens banais uma nova dimensão artística.
Agora que absorvemos todo esse conhecimento e reconhecemos a existência de duas principais línguas pop, é hora de nos engajarmos em uma análise mais direta e convincente, comparando as obras dos mestres britânicos com as de seus equivalentes americanos.
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CARACTERÍSTICAS / IMPULSONIAMENTO
Existem várias características possíveis para definir uma obra como Pop Art. O uso de imagens da cultura popular contida em anúncios publicitários, histórias em quadrinhos, desenhos de revista, fotografias, latas de refrigerante, embalagens de alimentos, entre outros, eram as principais bases para as criações artísticas desse movimento. Outro ponto constante é a repetição de uma mesma imagem várias vezes em cores diferentes; essa característica buscava dar um tom irônico às mensagens transmitidas pelas obras.
Outras características marcantes são: mistura de pintura e objetos reais na composição da obra; uso da técnica silk-screen ou serigrafia, que consiste na impressão de texto ou figura em uma superfície com tinta vazada; obras com temas como sociedade de consumo, fama, sexualidade e industrialização; imagens de personalidades e pessoas de destaque nas obras; imagens extraídas de mídias e produtos populares (aproximação com a vida cotidiana); imagens de celebridades ou personagens fictícios em histórias; geralmente, utilização de cores muito fortes e brilhantes; reproduções em série do mesmo tema.
O que impulsionou o Pop Art?
a pop arte foi impulsionada por uma série de fatores, entre eles:
Crise da arte moderna: a busca por uma arte mais acessível e conectada com a realidade
Cultura de massa: A utilização de elementos da cultura popular como inspiração para as obras de arte.
Crítica social: A necessidade de questionar os valores e a sociedade de consumo.
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CONTEXTO
A Pop Art, ou arte popular em português, foi um movimento artístico criado na Inglaterra nos anos 1950. Durante a década de 1960, esse estilo artístico ganhou popularidade nos Estados Unidos. Essa tendência artística representou uma verdadeira revolução na maneira de se fazer arte, trazendo para as galerias elementos do cotidiano, da publicidade e da cultura de massa.
Após a Segunda Guerra, o expressionismo dominava o cenário artístico, promovendo uma divisão entre a arte elitista e a popular. A Pop Art, surgida na Inglaterra em meados dos anos 50, desafiou essa divisão. A primeira aplicação do termo “Pop Art” ocorreu durante discussões entre artistas que se autodenominavam o “Independent Group” (IG), que fazia parte do Instituto de Arte Contemporânea de Londres, iniciado por volta de 1952-53.
Ao utilizar elementos da cultura popular como publicidade e quadrinhos, os artistas da Pop Art, especialmente os norte-americanos dos anos 60, aproximaram a arte da vida cotidiana, criticando o consumismo e a sociedade de massa. Esses artistas queriam expressar seu otimismo em uma linguagem visual juvenil, respondendo a tantas dificuldades e privações do período de guerra. Naquela época, a aquisição de bens de consumo, a resposta a anúncios inteligentes e a construção de formas mais eficazes de comunicação de massa, como filmes, televisão, jornais e revistas, influenciaram diretamente os jovens nascidos durante a geração pós-Segunda Guerra Mundial.
Em resumo, a Pop Art foi um movimento artístico que trouxe a arte para mais perto das pessoas, utilizando elementos do cotidiano e da cultura de massa. Através de suas cores vibrantes, imagens icônicas e crítica social, a Pop Art deixou um legado duradouro na história da arte.
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