Dedico esse blog a todas as almas perdidas por suas perversões e para minha mãe que vai me deserdar assim que descobrir o que eu escrevo
Don't wanna be here? Send us removal request.
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I just realized I forgot to post it here😭😭 Anws, it's never too much Hoshina. SO HAPPY BELATED BDAY TO HIM✨️✨️
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ME WHEN...!!!! 😩💦
I spent an hour on this please clap 🥹
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Se o Soshiro inventar de morrer por causa dessa luta, EU VOU ABANDONAR ESSE MUNDO DE TANTO CHORAR!
FINALLYYYYYYYYYY!!!!!!!!!!!!!!!
Carving the path of success comes my fav Vice Commander!!! AND HE COMES BEARING GIFTS!!!!!!
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XXI
Suas mãos bateram contra a mesa, ainda em choque por tudo o que ele descobriu com aqueles papeis. Agora, relembrando como Mayoi parecia tão péssima em demonstrar o que sentia e se envolver com os demais tudo pareceu de certa forma fazer sentido, mas não era certo!
Soshiro se sentiu novamente um péssimo Vice Capitão, incompetente por não notar traços de traumas de uma mulher que ele vivia vendo e vezes deixou se envolver acima de algo profissional, de não saber de suas mentiras. Mas algo faltava ali, se ela havia sido adotada por alguém ou não já que seu sobrenome continuou o mesmo daqueles arquivos iniciais.
Ele sabia bem como era ser quase invisível aos olhos de sua família, o primogênito sendo as esperanças de todos que carregavam o sobrenome Hoshina. Ele era um gênio de espadas em um mundo de armas, mas Mayoi só foi feita para repor o que o corpo de sua irmã não mais conseguia.
Um suspiro frustrado escapou de seus lábios como maldição, mãos puxando um pequeno papel amassado dentro de seu bolso — era algo deixado por Kikoru e que ele negou abrir até aquele segundo.
Uma fileira de números estava ali, não parecia ser da loira, não como foi entregue, não como ela o olhou antes de deixar entre seus dedos aquele papel. Mayoi... Era dela, uma forma dele saber como ela estava, de escutar novamente sua voz depois de uma semana sem um fio de esperanças de sua existência.
Quem diria, uma garota tão estranha poderia deixar lacunas em uma rotina depois de poucos meses presente. Ela sempre esteve lá, suas manias sendo captadas por Soshiro Hoshina enquanto ele aos poucos se entregava a figura platinada.
Caminhando até a sala de alta tecnologia, Soshiro viu entre as fileiras de computadores desligados uma figura feminina adormecida. Os passos se aproximando de Okonogi que havia deixado a tela em descanso enquanto analisava arquivos de Kafka Hibino para Mina Ashiro.
— É melhor ir dormir— Ele disse tocando seus ombros, a peça branca deslizando por sua silhueta mais exausta.
Okonogi logo abriu os olhos, ainda afogada no sono que a puxava com cansaço extremo de dias diretos trabalhando. Arrumando seus óculos, encarou a figura de seu Vice Capitão.
— Ainda acordado? — Questionou encarando o papel entre seus dedos— Precisa de algo?
— Não, vá apenas descansar— Um pequeno sorriso tranquilo deslizou por seus lábios, uma posição relaxada de forma forçada.
— Tem certeza? — Okonogi viu quando ele desfez do papel o jogando dentro do bolso de seu casaco— Você não veio aqui só para desligar as luzes, certo? O que foi, Vice Capitão?
— É possível puxar um número para saber a localização? — A mulher fez um som entendendo o que ele queria— Se é.
— É possível, mas Vice Capitão, tudo aqui é refletido na central— O recordou— Eles vão ter acesso. Quer que eu puxe mesmo assim?
— Pode deixar, era só uma curiosidade mesmo— Mais um sorriso falso, mãos ao alto enquanto ele se despedia— Vê se não dorme tarde, seria muito ruim alguém como você doente.
Seus lábios estavam úmidos, o suco vermelho deslizava em gotas fartas melando o chão enquanto seu corpo parcialmente transformado devorava os restos de um Yoju abatido por Mayoi. A criatura por sorte não havia levantado suspeitas e agora a figura felina se banqueteava com o único alimento que saciava de fato seus desejos internos.
Onde estava a linha que a separava de um Kaiju e um humano? Mayoi ainda tinha consciência, mas a fome vezes poderia gritar mais alto que sua alma abalada por destinos incertos. Fios platinados voltaram a crescer e flutuar enquanto ela tomava a forma humana, o sangue sendo limpo de seus lábios com seu indicador.
Olhando para o céu, nuvens fartas de chuva que viria e estrelas solitárias sendo persistentes demais contra o brilho da grande cidade. A lua não parecia querer aparecer naquela noite eterna e Mayoi se sentia como ela, se pudesse desapareceria no fundo de um grande vazio.
Mas sempre que seus olhos se fechavam ela podia sorrir com pequenas memórias de bons meses. Foi divertido demais enquanto durou e poderia durar mais... Ela poderia ter aquilo novamente? Certo? Poderia ser gananciosa em nome de algo maior uma vez?
Então ela chutou pequenas pedrinhas na rua, mãos dentro de seus bolsos enquanto olhos ouro vasculhavam seu interior profundo. Existia uma maneira de ser tão útil a organização que ela poderia voltar a eles? Nem que fosse como uma arma ou um objeto, uma conquista ou sei lá! Mayoi só queria novamente rir, poder beber chá tranquilamente sem sentir que vomitaria com aquilo em seu estômago, não pensar em cerveja como seu recurso mais importante para tudo ser suportável.
Era diferente na faculdade, era diferente anos atrás. Ela não teve figuras paternas verdadeiras, o orfanato era um caos e que os demônios devorassem os corpos de seus ex namorados! Ao menos sua tia foi gentil em lhe acolher, talvez tenha sido um certo fardo e erro, já que a podridão de linguajar veio dela, mas de certa forma... Foi melhor que estar sozinha.
Mas então ele veio em um dia que Mayoi desejou estar morta. Seus movimentos eram como um eterno marco em sua alma e seu sorriso pela primeira vez não lhe fez desejar fugir. Ele era calmo e brilhante em sua própria maneira, matou de forma tão rápida o Kaiju que estava a lhe devorar e garantiu que o inferno havia acabado.
Mayoi parou encarando os céus novamente, aquelas lembranças circulando seu cérebro antes dela rir, algo mais leve. Depois ela conheceu Kikoru e Kafka, correto? Claro que anos depois, mas eles eram de certa forma o mais próximo de amigos que ela poderia ter em séculos.
E Kikoru foi a primeira figura feminina que ela se envolveu como uma irmã, aquele jeito mais briguento e convencido enquanto se gabava de suas conquistas gigantes. Eram de fato gigantes, Mayoi se encantava em seu interior olhando para aquele pequeno ser jovial e ela poderia jurar que amaria a ver se tornar ainda mais forte...
Então seria isso, uma forma de pedir desculpas e redenção! Ela mataria o Kaiju número nove, jogaria sua cabeça no portão da terceira divisão e em sua forma humana, levantaria as mãos se rendendo a divisão.
Aceitaria qualquer castigo, qualquer pedido e qualquer destino. Por Kikoru que deveria ficar ainda mais incrível no futuro, por Kafka que era um homem tão bom e gentil, por Reno que sequer teve chance de o conhecer bem e por Soshiro... Ele era o único que decretaria seu fim, ela seria gananciosa o suficiente para apenas aceitar ordens vindas dele.
Se ele quisesse uma arma, seria a perfeita.
Um soldado, a mais fiel.
Um humano, seria a sua melhor e mais verdadeira versão.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XX
Após uma hora em que Mayoi desapareceu do esquadrão anti kaiju um relógio correu como tormento. A primeira coisa que ela fez foi sacar todo dinheiro que podia e como ela poderia ter um dia ficado feliz com a quantia de zeros na sua conta, mas lá estava ela, olhos mortos contando cada nota.
A segunda coisa feita foi ir para o distrito mais abandonado pela lei humana, tão cheio de pervertidos e bêbados, prostitutas e substâncias ilegais. Lá não havia espaço para denúncias e seu rosto era mais um entre mil, não foi difícil entre tantos motéis encontrar um que aceitasse alugar um quarto sem registrar seus documentos no sistema.
O quarto também não era ruim, mas o isolamento acústico era a pior coisa possível. Entre gemidos femininos e noites sem dormir, seus dias se tornaram apenas um borrão infinito.
Ela saia apenas para buscar mais comida, trocava de motel para não levantar suspeitas e bebia como uma viciada. As garrafas vibravam aos choques na sua sacola quando Mayoi sentiu seu celular vibrar e o puxando, pode notar ser o contato de Kikoru ali.
Ela atendeu fechando a porta, sua mente era um profundo vazio irregular, parecia um ano, mas eram três dias. Jogada na cama escutou e desenvolveu a conversa como pode, talvez ela tenha respondido coisas desconexas ou não, ela sequer sabia como soava.
Mas Mayoi pode lembrar de ter dado uma pequena risada com alguma piada feita por ela, Kikoru não riu e isso a fez se sentir ainda pior. Foi quando sua amiga questionou se ela não perguntaria de Soshiro, para ela a menção de seu nome poderia a jogar de um prédio, doía menos, era menos assustador.
Kikoru que parecia ansiosa do outro lado da linha a repreendeu e novamente tomou a frente da conversa, parecia que ela entendia o lado da platinada ou sentia de fato seus sentimentos, tinha empatia.
Mas Mayoi não conseguia responder, não o que seu peito ferido chorava para segurar, não quando seus dedos gotejaram pingos quentes de sangue de feridas que ela projetou a si mesma de tão firmes que apertou sua mão. Mas ela respondeu e no mesmo instante foi recebida com mais uma fala de sua amiga, mais uma informação como uma pista jogada para uma Mayoi exausta.
— Não... Eu acho que não... Eu posso te falar como ele está.
— Só me avise caso meus erros possam o colocar em risco— Decretou sem dar espaço para mais diálogos— E eu me entrego no mesmo segundo.
E os minutos pareceram horas, o mundo pareceu tão irregular ou ela que havia se perdido no que era dois anos atrás? Subindo as escadas até o terraço encarou os céus e os deuses, o que se escondia no vasto azul celestial e o que ria de seu destino.
Sua mão segurava a única lembrança que um dia ela lutou contra Kaijus e o arrumando em seu ouvido, ligou escutando as vozes que eram transmitidas por Kikoru. Novamente desobedecendo regras e se colocando em risco em nome de uma amizade de meses...
E aquela voz roubou seu fôlego, seus olhos nebulosos pareceram se encher uma segunda vez com cores vivas e quentes. Mayoi sentiu seu coração apertar, estava quente, estava finalmente mais sóbria que a dias jogada em sua mente turbulenta.
E ela quis chorar e gritar. Quis reivindicar o que sempre lhe foi tirado e ser pelo menos uma vez a prioridade de si mesma, ela queria ser gananciosa e ficar ao lado da voz que inundava seus ouvidos, queria poder ter sido mais forte e encarado de frente aquele rosto traído pela verdade de Mayoi.
Ela havia obedecido Soshiro, mas deveria ter ficado e assumido todos os seus pecados, deveria ter dito mais que um simples te amo, deveria ter feito mais que pequenos momentos ao seu lado e beijos superficiais diante do que ela sentia.
Ele a salvou uma vez, agora era a segunda quando sua voz a fez fugir de um destino incerto, mas ela não queria apenas depender de memórias para recordar de seu sorriso, não quando ela havia visto ele dia e mais dia. Soshiro foi a pessoa mais gentil com seus subordinados e isso a fez gostar ainda mais de estar ao seu lado.
— Terceira divisão! Vamos saudar!— E em sua voz ela deixou que cada machucado se respingasse em gritos e lágrimas, os céus se tornando um tom de seus poderes, sua forma Kaiju rindo do que lhe observava lá do céu.
E ela saudou em homenagem a Kafka.
Soshiro não poderia ter sido mais egoísta e ganancioso, seus pedidos haviam inundado Okonogi com novos afazeres, mas por sorte ela deixou o que ele pediu sobre sua mesa a exatos dois dias. Agora ele não mais a irritaria, não quando os cadetes e oficiais pareciam em luto infinito na terceira divisão.
O Vice Capitão podia pegar entre conversas paralelas e sussurros as opiniões dos membros, muitos diziam apenas estranhar o clima mais silencioso que havia retomado a divisão, outros a falta que aquelas figuras conhecidas causavam.
Kafka era mais íntimo com a maioria, conversava mais, ria mais e zombava mais, no entanto Mayoi também marcou muitos dos recrutas. Sua presença distante vezes se destacava com os berros e atos gentis, era como um gato assustado que amava vigiar e miar, trazia brinquedos e quando confrontado com carinhos, corria chiando, só para ao longe novamente miar e vigiar.
Mas os corredores não mais tinham seus gritos ofensivos, não tinham sons de tiros nas madrugadas e luzes acesas. As garrafas de chá estavam cheias e o pote de açúcar quase intacto, Soshiro também não era agraciado com piadas prontas de uma mulher que parecia prestes a explodir em vergonha, atrapalhada, mas vibrante.
E lá estava seu rosto focado em papeis com seu nome, com seu histórico e sua vida. A foto recolhida de um arquivo que denunciava como Mayoi era dois anos atrás lhe fez querer entender o que a fez ter olhos opacos já que ele poderia dizer que eles vibraram assim que se conheceram pela primeira vez.
Mas a verdade parecia o perturbar cada segundo mais. Na sua mão havia dois históricos médicos de diferentes pessoas, mas com tantas semelhanças que poderia o fazer crer que Mayoi tinha uma gêmea. Uma de cinco anos de diferença, mas Mayoi tinha compatibilidade exata a todos os exames.
Agora um questionamento o pegava, era os motivos de tantos exames, tantos compatíveis e tantos registros de doações em seu histórico. Hoshina suspirava a cada folha que informava uma parte de Mayoi ter sido usada em doação, um teste de medicamento, uma cirurgia.
— O que são essas coisas? — Ele questionava entre todas as vezes que precisava parar, seus dedos massageando suas têmporas tentando pensar e entender as descobertas.
Mas logo passou de papeis de exames médicos para um documento de óbito, não de Mayoi, mas de sua irmã mais velha. Soshiro leu tantos exames de doação para aquela figura feminina inexistente e agora lá estava o óbito, uma cópia de mais de dez anos atrás.
E era isso? Mayoi havia deixado de ter registros médicos? Não poderia ser apenas isso, certo?
Então ele folheou novamente tudo, organizou até achar mais uma pilha de documentos que o esgotamento mental deixou passar. Era uma papelada irritante, vários riscos e assinaturas, datas e mais datas de carimbos com todos os direitos assegurados por leis infinitas até que um nome e título vibrou a sua mente anexado no final dos documentos.
"Entrega Voluntária de Mayoi para o orfanato X"
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XIX
Kikoru encarava a tela de seu telefone quase como se pudesse enforcar o dono do contato que brilhava ali, selecionado. E ela respirava, profundamente aquele ar puro enquanto o horizonte eterno que somente o telhado poderia oferecer enquanto por fim entendia o motivo de Mayoi passar algum tempo de seu dia ali.
A porta se abriu e Kikoru desligou a tela de maneira brusca, seus olhos indo para a silhueta que se aproximava aos poucos. Com tantos curativos envoltos a seu tronco ela não podia deixar de admirar o quão forte Hoshina era para continuar a andar por ai nesse estado.
— Continue a ligação— Ele disse em uma ordem, seus passos diminuindo a distância— Eu sei que estava prestes a ligar para ela.
— Eu não... O senhor vai querer falar com ela?
— Não, apenas vou ficar aqui— E com seus olhos afiados encarando a loira, a viu apertar o botão de chamada.
O toque não demorou muito, sons de veículos ao fundo mostrando que ela deveria estar no centro de alguma cidade movimentada. Talvez Tóquio?
— Mayoi? — Kikoru hesitou, mas logo falou, sua voz gaguejando— Você consegue me ouvir?
— É... Eu consigo— A voz era tão morta, um tom arrastado enquanto o que parecia ser uma porta se abrindo e fechando se destacou, silêncio por fim— Como você está? Desculpa, eu sequer consegui ser uma amiga descente de verdade.
— NÃO DIGA ISSO! — Kikoru logo parou, sua garganta dando um nó— Estou bem, todos estamos. O Kafka vai ser levado para a primeira divisão... Eu vou ir junto... Vou tentar convencer meu pai a não executar ele.
— Isso é bom... — O tom continuava frio, era como conversar com alguém que a loira não conhecia— Espero que ele sobreviva.
— Onde você está? Ainda está em Tóquio?
— Eu tô em algum motel... É irritante escutar esse povo gemer o dia todo— Aquilo havia sido uma tentativa de piada? — Foi uma piada... Deveria rir.
— Eu vou rir na próxima vez que te ver— Tudo ficou em silêncio, Kikoru encarando Soshiro que se mantinha calmo, olhos visualizando o horizonte infinito, ou se remoendo dos destroços de tudo— Eu...
— É que horas?
— Quando o Kafka vai ser realocado? — Mayoi fez que sim com sua voz— Daqui uma hora... Por que? Não está pensando em fazer nada estúpido, certo?
— Eu vou apenas saudar meu amigo.
— Ah Mayoi... Por favor, não faça algo que possa te colocar em riscos.
A platinada não disse nada, um som de lata se abrindo junto do borbulhar de gás foi a única coisa passada pela linha. Kikoru torcia que fosse um refrigerante, mas todos sabiam que ela estava bebendo cerveja.
— Vou desligar.
— MAYOI! — A loira a cortou, a linha permanecendo conectada a dando chance de falar— Você sequer vai perguntar como ele está?
No mesmo instante Soshiro a encarou, seus olhos levemente espantados enquanto a pupila naquele roxo profundo se mantinha tão retraídas em o que poderia ser ansiedade que escapava de sua máscara. O homem abriu seus lábios, mas logo os fechou sem emitir sequer um som, apenas a escutaria.
— Para?
— Eu não sei! Talvez saber como ele está? Se recuperou da luta?
— E eu tenho direito de questionar depois do que eu fiz com ele? — A fala foi firme, fria, mas logo um pequeno soluço escapou de seus lábios— Eu o machuquei, não é? Ele deve me odiar.
— Não... Eu acho que não— Mayoi riu— Eu posso te falar como ele está.
— Só me avise caso meus erros possam o colocar em risco— Decretou sem dar espaço para mais diálogos— E eu me entrego no mesmo segundo.
O caminhão se fechou deixando que todos da terceira divisão perdessem a visão de Kafka e sua comandante Mina Ashiro. O motor ligou e aos poucos as rodas se moviam tomando distância do batalhão que continuava formado, olhos fixos enquanto suas mentes se recordavam de como foi o tempo com aquele homem ali.
Não era só Kafka, Mayoi desaparecida era anunciada como uma procurada a cada segundo nas telas de televisão, jornais e sites. Só podiam se recordar daqueles dois Kaijus humanoides que "se infiltraram na terceira divisão" se sentindo idiotas de sequer notarem o inimigo dormindo em suas camas e comendo seus alimentos.
Eles riam, brigavam, Mayoi falava palavrão e corava como uma humana normal. Uma humana apaixonada que não sabia esconder isso de Hoshina, mas ela soube muito bem esconder seu lado Kaiju.
— Terceira divisão! Vamos saudar! — Soshiro ordenou vendo todos se mover em ritmo único, seus olhos indo dos caminhões que seguiam viajem até o céu azul puro.
— Vice Capitão Hoshina, o que acha que está fazendo?
— Eu tô saudando minha superiora, Capitã Ashiro.
— Foi o que eu pensei, por que nós não podemos saudar um Kaiju— A voz daquele homem de fato não foi importante, não quando os céus tomaram um leve tom roxo ao fundo.
Os fones de Soshiro zumbiram, mas o alerta não foi entregue aos demais membros daquela divisão, ao contrário, a voz de Okonogi apenas lhe fez o que foi pedido.
— Vice Capitão, os sensores acabaram de captar uma onda de um Kaiju de 9,2... É o Kaiju Fantasma.
— Bom trabalho— Foi a única coisa sussurrada para seu fone, os olhos ainda vidrados pela pequena manifestação que se dissipava pelos céus sem causar tumulto.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XVIII
Antes que a boca de Kafka pudesse dizer algo a mulher um tapa vibrou em seus ouvidos, gotas de sangue escorreram pelos lábios fantasma enquanto seus olhos tomavam aquele tom areia.
— Eles são todos acima de nível seis— Mayoi falou encarando o mar de fogo adiante, suas mãos estalando enquanto vezes podia sentir seu lado Kaiju se contorcer— Kafka... Se alguma coisa acontecer.
— São Kaiju do tipo dragonete— Kafka parecia muito focado na cena que seus olhos presenciavam, parecia o inferno— Esses são complicados pra caramba!
Antes que ele corresse desorientado, Mayoi gritou:
— PENSE, KAFKA! Você é o melhor nisso— E seus pés pararam, ele parecia lembrar de algo— É... Você já sabe, né?
Enquanto o homem pegava seu fone, Mayoi desceu as escadas correndo até a sala de equipamentos, seus dedos puxando o traje e o vestindo com velocidade enquanto sabia que Kafka estaria alertando Hoshina sobre o que quer que havia se recordado. A tela vibrou seu um por cento de força, dedos puxando o carregador protótipo o deixando em fácil acesso.
Fone encaixado sincronizava as vozes das pessoas que usavam o canal para passar instruções, a mulher correu para fora vendo os estragos que a terceira divisão se resumia. Calçadas destroçadas, escombros, fogo e tiros que reluziam a todo canto enquanto dragonetes que lutavam de maneira orgulhosa e sozinha cooperava.
Correndo, tentou atirar como os demais, seus tiros indo a regiões menos densas de músculos e escamas, mas pouco fazia de estrago enquanto ela mais tinha de fugir e se esconder de suas baforadas explosivas. Ela respirava profundamente, sua mente zumbindo enquanto saliva parecia se acumular em seus lábios, a fome de sua parte Kaiju estava a muito tempo sendo ignorada.
Mayoi pode sentir quando um estrondo veio a algumas esquinas dali poderosa como a marca do Kaiju causador. Ela calculou ser com fortitude oito, mas não conseguiria se aproximar sem perder o controle de sua mente, ela precisava primeiro gastar energia e se alimentar antes de pensar em enfrentar algo mais forte em uma unidade de extermínio Kaiju.
— Por favor Deus, que a pessoa que está enfrentando essa coisa não seja ele— Ela implorou antes de seu fone funcionar, a voz de Kafka vibrando no canal de transmissão.
— Mirem nas costas, por favor! Eles são iguais aos Kaijus registrados em 2003. É fácil dar a volta enquanto eles voam, a pele da frente é dura— Mayoi estalou a língua com a orientação, seus dedos puxando o antigo carregador o mudando para o novo.
Seus passos foram mais rápidos, pulos a guiando para um andar superior onde poderia ter contato com partes como olhos e bicos. Podendo ver o time de Reno não muito longe, continuou a correr se aproximando ainda mais, os tiros da dupla formada sendo fracassados por uma estratégia tomada pelos dragonetes.
Uma nova baforada estava sendo preparada os obrigando a se esconder, mais uma voz vibrou em seu fone e dessa vez foi Kikoru que com sua velocidade superiora, chegou a tempo matando a criatura com sua nova arma.
Mayoi ainda não tinha visto aquela coisa em ação, só ficou sabendo por causa de uma conversa entre as duas, da mesma forma que suas balas só foram usadas naquele exato segundo: um kaiju voava em direção da loira, no entanto, com uma mira preparada e um leve soprar de ar, uma bala atravessou um de seus olhos o derrubando no chão.
Suas asas tinham traços das balas de gelo de Reno, entretanto o rosto daquela coisa começou a derreter antes que ele pudesse tentar algo novo. Carne podre vazando para o chão enquanto fumaça roxa voava ao céu noturno.
— Ah que pena, e eu pensando que iria brilhar, mas Reno fez quase tudo— Mayoi brincou finalmente se aproximando do grupo — Esse machado combina muito com você, Kikoru.
— Ah? O que está querendo dizer?
— É bruto como a dona— E rindo, mirou novamente em um ponto onde sons de dragonete vinha antes de atirar, a bala acertando o interior do bico do animal fazendo parte de seu rosto se corroer— Hum... É bom.
— Eu posso falar a mesma coisa de você— A loira disse com um sorriso convencido— Tão venenoso quanto essa sua boca podre.
— Belos elogios, mas eu preciso ir.
Antes que Mayoi pudesse falar mais alguma coisa tiros foram ouvidos enquanto uma carcaça Kaiju caia completamente congelada. Reno serviria para manter Kikoru a salva enquanto lutava de frente, seria bom o suficiente para ela não precisar se aproximar tanto tempo de humanos.
Correndo para um lado oposto, Mayoi continuou a atirar em todos aqueles que tinha visão de pontos fracos, suas balas fazendo estragos grotescos nas carcaças daquelas coisas. Ela sentiria dó se eles não fossem tão terrivelmente piores com a raça humana.
A terceira unidade ter virado o inferno a fez recordar de quando esteve a dois anos atrás no lugar de um civil, seu medo na época era de acabar com sua vida em um momento patético, sem alegrias e coisas a se orgulhas.
Relacionamentos vazios. Empregos vazios. Vida vazia.
Um novo tiro foi disparado, agora tão longe dos demais para que ela pudesse parar, se aproximar do corpo que fedia a enxofre puro enquanto ainda continuava a ser corroído pela forma venenosa que ela tinha em sua alma. Mayoi puxou sua máscara, lábios quase não humanos se abriam enquanto seus dedos puxavam com facilidade um pedaço de carne.
Se ela pudesse usar sua força Kaiju tudo seria mais fácil, mas entre os demais ela teria de confiar em seu um por cento liberado no traje para humanos. Ela aos olhos dos demais ou era inútil ou uma hora seria assustadora demais para continuar existindo, sua mente se lembrou disso quando o sangue dragonete escorreu pelo canto de seus lábios sendo limpo logo em seguida.
— É o suficiente? — Ela se questionou implorando, os estrondos de energia daquele Kaiju mais forte a fazendo estremecer em nervosismo. Mayoi sabia muito bem que a pessoa ausente no campo de batalha estava o enfrentando e isso lhe dava medo— Por favor... Precisa ser o suficiente.
Sua mão puxou mais um pouco de carne antes de escutar algo parar atrás dela, seu corpo sequer ligou enquanto a carne era lentamente mastigada para aliviar a fome. O dragonete vivo não muito longe parecia quase fotitude sete, ele seria um trabalho impossível para Mayoi na frente dos outros.
— Você tem inteligência? — Ela questionou antes de desviar de um ataque, seu corpo caindo não muito longe, as mãos tocando o solo como se ela fosse um felino— Eu perguntei se você tem inteligência. Não? Então eu vou apenas lutar com você na mão, Kaiju idiota.
Sua arma caiu, as balas eram economizadas e eles não iriam ser vistos. Correndo, Mayoi pulou no último segundo enquanto aquela criatura desferiu um golpe no chão, fios platinados voaram ao ar enquanto o estrondo fez o pequeno penteada improvisado se desfazer.
Seus olhos brilhavam como ouro, a lua tocava sua silhueta tendo seu brilho absorvido por parte de sua energia Kaiju condensada. Por sorte seria rápido demais para que os leitores a denunciasse e Mayoi conseguia ser bem sortuda, seu corpo caiu sobre o dragonete, seus dedos se afundando em suas escamas e músculos como se fossem gelatina.
Ela puxou em lados opostos vendo a carne ser rasgada ao seu toque, as duas mãos encharcadas pelo fluido vermelho que voou até seu rosto. A carcaça caiu no mesmo segundo, seu pescoço praticamente arrancado de maneira desumana enquanto ele era corroído pela fumaça que escapava dos dedos de Mayoi.
— Agora é o suficiente, não é desgraçado? — Sua voz foi fria, seus olhos encarando o céu enquanto o sangue que lhe pintava aos poucos era corroído se tornando fumaça vermelha— Eu posso finalmente ser útil a ele?
Mayoi saiu daquele lugar o mais rápido possível, os demais pontos pareciam tão cheios de criaturas que poderia a preocupar. Voltando ao foco de toda a luta, seria necessário limpar aquela região para que nenhum civil fosse morto.
Kafka não estava tão longe, ele havia salvado Akari de um ataque, mas estava prestes a sofrer outro. Mayoi parou, suas mãos segurando a arma com firmeza antes de mirar, seu tiro atingindo o olho do dragonete antes dele ser destroçado por um ataque de Kikoru.
Seus lábios se mexeram antes dela tocar no fone, uma transmissão direta para Mayoi que aos poucos se aproximava do grupo.
— Você prefere ajudar na linha da frente ou cuidar dos feridos?
— Você está sendo bem gentil me deixando escolher— A platinada zombou antes de finalmente se aproximar, seus dedos tocando no ombro de sua amiga com um pequeno sorriso escondido por sua máscara— Não me leve a mal, mas sou péssima lidando com gente ferida.
— Eu e o Reno vamos atrair a atenção dos Kaiju, consegue abater os que estão muito alto? — Mayoi fez que sim antes da dupla correr.
Seu posto foi definido atrás de alguns membros da equipe, Reno logo a frente enquanto ela poderia tomar um pouco de tempo para mirar nos alvos que Kikoru teria dificuldade de acertar. Os tiros vibravam em seus ouvidos, carne corroída e sua mente não conseguia deixar de sentir a presença mais forte lhe revirando o estômago com ansiedade.
Os dragonetes pareciam estar desaparecendo, isso era bom, no entanto um forte estrondo vindo de longe lhe fez parar no mesmo instante. Aquela força Kaiju de nível superior a oito agora esbanjava a fortitude exata de nove, sua mudança pode ser vista de longe, um corpo vermelho que eliminava vapor fervente para o céu.
Mayoi agiu de maneira automática, seus passos lhe guiaram a uma velocidade acima de seu traje, ela não se importava, não quando sua mente passou a reconhecer que era impossível Hoshina lutar contra aquilo.
Ela se encaminhava no portão onde vezes treinou, a passagem destruída enquanto sons fortes de golpe pareciam aos poucos se aproximar.
Se ele morrer, podemos devorar o que sobrar de sua carcaça.
— Desgraçado! — Mayoi gritou sentindo sua mente turva, ansiedade e medo, uma voz monstruosa e a ilusão de sua fala. Ela imaginou aquilo e pode sentir o chão se abrir— Só mais um pouco, só mais um pouco, só mais um pouco! SOSHIRO!
Sua voz gritou quando seus olhos viram Hoshina ser segurado com força pelo Kaiju vermelho, sua mão o esmagando aos poucos enquanto ele tentava escapar. Mayoi escutou risadas de sua mente e amaldiçoou os céus pela aquela coisa que estava em seu interior existir, ela existir.
— Não tenho escolha! — Kafka gritou na sua frente correndo até onde seu Vice capitão estava. Ambos começando a se transformar em Kaiju.
Um estrondo ocorreu fazendo partes daquela coisa voarem ao ar libertando Hoshina, a energia era reconhecível de longe e isso fez a platinada parar, seu corpo voltando a forma humana enquanto Mina Ashiro tomava a frente da luta com maestria.
Soshiro não deixou de participar da luta, seu corpo correndo enquanto golpes eram aplicados nos tendões da criatura vermelha a fazendo o encarar. Mayoi agiu antes que ele tentasse alguma coisa, sua mira indo direto ao olho atirando.
— OLHA PRA MIM, FILHO DA PUTA! — Ela gritou vendo o veneno dissipar enquanto sua pele regenerava— Quer me pegar, cuzão?
Outro tiro foi feito enquanto o foco de Hoshina era dissipado, o Kaiju não mais tinha como o ver, seus golpes eram agora mais seguros enquanto sua roupa estava superaquecida. Todas as vezes que o Kaiju olhava para baixo, um novo tiro era feito.
— EU MANDEI OLHAR PARA MIM!
Uma sombra loira passou por seu campo de visão e Mayoi mirou novamente nos olhos daquela estrutura vermelha deixando Kikoru longe de seu campo de visão, no entanto os golpes não eram poderosos o suficiente para lhe atingir.
— Droga! Não sou forte o bastante nem para arranhá-lo?
— Continue assim, Shinomiya! — Tanto Hoshina quanto Mayoi gritou, a platinada novamente atirando para que sua amiga não fosse golpeada— Eu abro a couraça e depois você ataca a ferida!
Os golpes foram certeiros, sangue espirrava a cada vez que a lâmina do Vice capitão riscava sua carne, Kikoru veio logo em seguida, o golpe com estrondo a arremessou para longe, sua tela lhe alertando de seus riscos.
— KIKORU! — Mayoi gritou vendo Reno ajudar a loira. Mayoi se aproximou vendo a tela que mostrava seu traje superaquecido— Está bem... Eu vou te proteger... Vê se não atrapalha.
— Vai se foder, Mayoi— Kikoru disse entre dentes fazendo a platinada rir.
Um novo tiro foi feito por Mina Ashiro, carne voando devido seu golpe poderoso que revelou seu núcleo. Alguns dragonetes vieram ao som daquele Kaiju vermelho, seus ataques sendo direcionados a Capitã, por sorte o restante das unidades se juntou o atingindo até que seu corpo caísse.
Aqueles sons pareciam aos poucos fazer Mayoi hiperventilar, seu lado Kaiju aos poucos a beira de seu controle enquanto ela continuava a gastar suas balas, dessa vez a troca de carregadores entre o comum e a bala protótipo sendo rápidos e precisos.
Mais uma vez ela mirou no olho do Kaiju vermelho, o centro brilhante por um tempo sendo devorado por fragmentos de veneno. Se ela pudesse o mataria com sua forma Kaiju, mas ela iria fazer seu máximo desta forma humana, seus tiros sendo uma ponte para pontos cegos onde Soshiro atacava.
A criatura abriu a boca, o corpo do Vice capitão perto o suficiente para ser quase devorado. Mayoi puxou o gatilho com um clique que anunciava estar sem balas, seu corpo vibrou no mesmo instante enquanto olhos arregalados fazia sua mente tombar.
Ela podia sentir seu Kaiju vindo enquanto o medo lhe atingia, olhos ouro brilhando enquanto carne vermelha voava ao som de um tiro de Mina Ashiro. Mayoi tremeu com a vitória, seu corpo em um eterno choque de adrenalina enquanto hiperventilava.
Seus olhos encaravam o chão tomando o tom areia, ela os sentia arderem com o medo que anunciava cair em forma de lágrimas. Seus dedos se feriram enquanto ela os cravava no chão.
— Foi por pouco... Tão pouco e... — Ele poderia ter morrido. Ela sussurrou ouvindo passos, botas parando em seu campo visual— Eu não tô no clima, Kafka. Fale algo e eu atiro no seu estômago.
— Nunca vi alguém tão triste depois de uma vitória— Soshiro falou a vendo o encarar no mesmo instante, seu rosto ainda vermelho por conter as lágrimas. Ele ofereceu uma mão a vendo agarrar no mesmo instante— Eu sabia que estava confiando bem o protótipo a você.
— Eu... — Um fungar ruidoso foi ouvido antes de Mayoi começar a rir, seus lábios se abrindo em alívio e alegria— Eu fico feliz por confiar em mim.
Mina Ashiro não demorou para chegar sendo saldada pelo trio que a encarou. Kikoru olhou Mayoi algumas vezes tentando segurar a risada por sua amiga estar corada como sempre.
— O Capitão e eu vamos cuidar dos Yoju— Soshiro insinuou logo sendo golpeado por Mina.
— Não, vá descansar.
— Você também, Capitã— A voz anunciou nos fones e Mayoi segurou uma leve risada, ainda preocupada com tudo o que aconteceu, mas aliviada.
— Pois é! Só falta um por cento para seu traje superaquecer.
— Você disparou vários tiros de alta potência. Deixe os Yoju com a gente.
Mayoi parou de escutar, uma sensação estranha inundando seus sentidos enquanto seu lado Kaiju parecia ainda tão desperto. Ela encarou o Kaiju vermelho o vendo se mexer, talvez se fosse até lá sem levantar suspeitas pudesse o matar com seu veneno, no entanto, antes que ela desse um passo todo seu corpo se energizou.
Os céus foram tomados por um núcleo aglomerado de Yoju, a energia condensada atingia Mayoi com um alerta claro de que ninguém poderia sobreviver aquilo. O estrago era maior que seu corpo poderia conter, não com uma estrutura feita a base de fumaça tóxica condensada ao máximo.
Seus olhos se arregalaram enquanto ela tremia com as bombas de energia que cruzavam seu corpo, aquela risada interior que se divertia com o fim de tudo ao seu redor. Sádico e pecaminoso.
— Humanos. Acho que empatamos— O Kaiju vermelho anunciou, sua voz podia ter sentimentos que eles não deveriam carregar. Mayoi apertou as mãos, ouvidos zumbindo enquanto ela hiperventilava.
Mas antes que algo pudesse ser sintetizado em seu cérebro Kafka passou correndo pelo grupo, a velocidade anormal para seu traje enquanto aos poucos ele se tornava um Kaiju. Reno gritou tentando o parar e Soshiro correu atrás, mas logo parou enquanto ele era golpeado pela realidade.
Sua forma Kaiju era escura, energia cruzava cada ligação entre seus músculos enquanto Okonogi sentenciava nos fones o nome daquele ser a frente de todos da terceira divisão. Kafka se preparou enquanto ele iria definitivamente se sentenciar, não existia mais volta, não para ele e não para ela.
Mayoi havia ficado para trás, mas seu corpo pareceu finalmente parar de tremer enquanto a realidade azeda batia em sua face. Seus passos começaram com um caminhar lento, dedos puxando sua máscara ainda intacta até que ela finalmente correu vendo Kafka ir aos céus.
— Soshiro! — Ela gritou o vendo virar, seus dedos pressionando a máscara contra seu rosto. Mayoi sorriu como nunca, algo tão cheio de sentimentos por ele quanto ela pode demonstrar durante todos aqueles dias o vendo— Eu te amo, Soshiro Hoshina.
Um grito anunciou que todos fossem ao chão, mas Mayoi e Soshiro não obedeceram, o rosto da garota aos poucos se desfazendo para finalmente ela se tornar um Kaiju. Seu corpo era o maior que ela já havia assumido, esguio e com longos membros se pondo acima de seu Vice Capitão o choque da bomba sobre a terra o derrubando no mesmo instante.
A fumaça havia contido ao máximo as ondas vindas do céu, ela sabia que debilitado como estava talvez fosse fatal. E ela teve certeza que ambos os corações pararam por um mísero segundo e o choque do descobrimento sendo maior que a bomba jogada ao espaço por Kafka.
Assim que a poeira se dissipou Mayoi caminhou aos poucos, se afastando sabendo que a presença do veneno havia quebrado a máscara de Soshiro. Ele poderia morrer por causa de seu corpo, seus membros foram calmamente marcados a cada passo, os ossos de felino eram firmes e rígidos dando tempo para que o Vice capitão pudesse tomar sua decisão.
Ele havia visto seu núcleo, Mayoi o revelou conscientemente e seria aquele homem a tomar a decisão de a matar ou não. Com calma a platinada ainda em forma Kaiju se aproximou de Kafka, não perto o suficiente para colocar ele ou ninguém em risco, sua simples presença era um fardo demais.
— Você vai se entregar? — Ela questionou, olhos ouro encarando a máscara do número oito que se desfazia.
— Eu estou velho demais— Ele anunciou vendo todos puxarem suas armas— Você vai?
— Desculpa, mas eu sinto que não sou eu que vou decidir minha morte se ficar— A voz riu de maneira doce, olhos ouro encarando uma última vez Soshiro que ainda tentava entender tudo aquilo, traição brilhando em seus olhos roxo.
Aquela face lhe martelou o coração, tristeza poderia ser definitivamente o único sentimento presente em ambos os corações. Mayoi fechou os olhos e aquela voz lhe alcançou uma segunda vez sua audição, a recordação do que ele havia dito a ela antes que todos pudesse por suas armas em sua direção.
— Mayoi, fuja daqui.
E com o pedido de Soshiro sendo uma eterna ordem, foi isso que ela fez.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XVII
Se jogando na cama ainda incrédula um grito só não foi tão audível por ter coberto sua boca com travesseiro e coberta, as camadas agora babadas enquanto Mayoi surtava como uma louca apaixonada. Ela sentiu a cama de cima se mexer enquanto fios loiros caiam pela beirada, Kikoru a olhando chapada em camadas de sono e saliva de seu sono.
— Mayoi? Aconteceu alguma coisa? — A voz era quase um ruído, por sorte Mayoi escutava muito bem.
Seus olhos não eram areia, eram ouro liquido e isso fez Kikoru descer do beliche se sentando ao lado de sua amiga. A mulher platinada se sentou ainda em surtos contidos, seu rosto tocando o ombro da mais nova de uma forma carinhosa que aos poucos as duas estavam se permitindo ter.
— Eu acho que estou me apaixonando.
— Mais? Mayoi, você deveria tentar... Não, isso é perigoso— Ela se silenciou, não eram todas as tropas que aceitavam relacionamentos— Sabe... Você as vezes pode se declarar sem ser óbvia e.
— Eu fui óbvia, Kikoru— Seu rosto saiu de seu estado parcialmente relaxado, mãos segurando o rosto da loira— Eu fui clara demais.
Ela corou pela declaração da amiga, olhos arregalados enquanto não sabia o que de fato poderia ter acontecido, mas sua mente fértil poderia fazer o trabalho de imaginar. Mayoi se jogou na cama, outro grito contido enquanto seus fios voavam a cada movimento extremamente escandaloso.
— Mayoi, desse jeito você vai acabar acordando todo mundo— Alertou e ela parou, rosto virado para a parede, postura curvada ocupando o mínimo de espaço.
— Acho que vou ser expulsa amanhã.
— Ou talvez não— Sua fala foi um consolo preocupado, Kikoru havia gostado da companhia perturbada da mais velha. Era trabalhoso e podia gerar dores de cabeça, mas era ao mesmo tempo quente e vivo.
— Espero que não...
Que alguém matasse Mayoi, seria menos sentimental e difícil que aquela manhã. Seu chá tinha gosto de medo e o açúcar quase não encheu suas veias, seu estomago vibrou de dor e ela podia jurar que iria se espreitar até a cozinha para roubar carne crua.
Mas os olhos de Soshiro pareciam tão fixos em suas costas, tão fixo em seus passos que ela tinha certeza que ele a odiava, que seus sentimentos mudaram e ele notou o quão inútil aquela mulher era. Mayoi sequer prendeu seu cabelo aquela manhã, os fios flutuando como espuma de mar ao redor de seu corpo, era para tentar se esconder entre eles, mas parecia o contrário.
Hoshina conversava com Mina Ashiro, sua voz poderia soar tranquila como o cotidiano e ele se orgulhava por saber disfarçar tão bem, mas seu rosto insistia em se virar para o grupo de Kafka, seus olhos se abrindo todas as vezes que gritos extremos eram vindos deles.
— Mayoi! Esqueceu o lacinho, foi? — Hibino Kafka ria da mais jovem a vendo corar, sua mão batendo contra a mesa— Ou tá tentando parecer mais fofa.
— Eu vou enfiar o fofa no seu cu! Desgraça de velho! Morra! — Ela levantou, seu corpo indo pra frente tentando agarrar o mais velho que fugia de seus dedos, ele tinha certeza que ela a mataria dessa vez— PARA DE FUGIR!
— Vamos lá pessoal, desse jeito vamos levar bronca— Reno dizia encarando os seus superiores, Mina fingindo não notar aquela confusão, era cedo demais para lidar com novatos na flor de suas energias— A Capitã tá olhando! O Vice Capitão também! Vamos lá! Por favor!
Mayoi parou, se sentou, puxou sua caneca e bebeu cada misero gole que ela poderia lhe oferecer, seus olhos fechados enquanto ela tentava controlar seu coração. Faltava tão pouco, mas alguém puxou algumas mechas a fazendo explodir de vez.
— KAFKA SEU VELHO! — Prestes a pular na mesa escutou alguns sons não muito longe, ela parou vendo a Capitã atrás dela.
— Dez voltas ao redor do quartel— Foi sua ordem, olhos levemente irritados por precisar tomar uma decisão e intervir. Mayoi pode ver a figura de Hoshina não muito longe, ele não parecia rir, mas não parecia irritado de falto... Era diferente, olhos vendo Kafka e depois ela— Os dois.
— Sim, Capitã— Tanto Kafka quanto Mayoi falaram ao mesmo tempo, mãos batendo continência.
A tarde não foi diferente, agora com seu cabelo preso e evitando qualquer lugar ocupada por Hoshina, Mayoi se enfiava nos ambientes apenas para atos de dois minutos e fugia dali para se esconder.
Por sorte Kikoru a visitou enquanto ela se escondia no terraço, parecia tão carente enquanto seu cérebro julgava suas ações tomadas em um momento quente. Ela não falou nada e Kikoru não precisou conversar também, olhos areia contavam as formas de nuvens para seu cérebro e vezes um grito escapava.
Não tinha muito o que dizer, ela também não sabia muito o que dizer, não tinha se relacionado com outras pessoas, sequer teve um namorado, ocupada demais tentando ser perfeita para seu pai, até um pouco orgulhosa demais para confiar a estranhos seu coração.
Mas agora isso significava que elas não teriam esse tópico para abordar, não se ela deixasse de tentar.
— O que você fez? — Péssima pergunta, Mayoi soltou um pequeno grito— Ok, o que ele te disse?
— Que havia sido óbvio— Óbvio? O que? Que ela o amava? Vago.
— Óbvio? Que você gosta dele?— Outro grito. Kikoru estava prestes a bater na amiga—Ok, vamos tentar outra coisa: onde vocês estavam?
— Estande de tiro.
— Estande de tiro? Mas o que... Como que se desenvolveu para você falar... Mas que porra.
— Me mata logo, vai ser menos patético.
— Ao menos a resposta dele foi positiva? — Ela questionou e não obteve respostas, então tentou lembrar de como Hoshina estava. Definitivamente era o mesmo Vice Capitão de sempre— Ele não parecia tão... Ele pareceu estar com ciúmes do Kafka.
— Quando? Kikoru, se isso é uma tentativa de me animar, esqueça.
— Não! Eu juro! Ele olhou pro Kafka quando ele pegou seu cabelo como quem diz: vou te fatiar— Ela bateu algumas vezes o dedo contra o lábio— É, definitivamente como quem vai o fatiar.
Mayoi riu, sem saber se acreditava na amiga ou não, mas deixou que seu rosto novamente se focasse nas nuvens de diferentes formas, seus olhos areia brilhando levemente quando algum sentimento mais intenso passava por sua mente.
A madrugada chegou e Mayoi se manteve escondida como um felino, a decisão de se esconder ainda mais ocorreu quando a porta durante o começo da noite foi aberta. Ela pensou que poderia ser alguém de seu grupo de amigos, mas algo em seu interior a alertou para se esconder, bendito era seu instinto pois a pessoa que abriu a porta se tratava de Hoshina.
Ele parecia tão alheio a sua volta, não notando a mulher escondida o encarando, olhos abertos encarava o horizonte com uma nebulosa escuridão de pensamentos, ele parecia mais cansado, pensativo e até um tanto irritado.
Se sentando, ficou encarando a vastidão de prédios de Tóquio em um mortal silêncio, se ele sabia de sua presença fingia muito bem, mas Mayoi não resolveu se revelar também. De longe era o suficiente, deveria ter sido sempre assim e ela pensava quando isso mudou, o motivo disso mudar.
Soshiro Hoshina não ficou muito tempo no terraço e na madrugada a porta foi aberta uma segunda vez, dessa sendo Kafka. Ele pareceu não notar a mulher já que seu lado Kaiju não lhe alertava tanto quanto o de Mayoi, insano e uma dor de cabeça em sua vida.
Ela saiu de seu esconderijo, seus passos leves como os de um espirito e se encostando onde Kafka estava o viu segurar um grito com o susto. Mayoi riu, não tão animado para o xingar.
— O que está tirando seu sono dessa vez? — Sua voz foi baixa, olhos areia encarando as estrelas infinitas naquele céu noturno.
— Eu estava pensando naquela conversa com o Hoshina... Dele eliminar o Kaiju número oito.
— Ah... Aquilo foi bem foda... Do jeito ruim, odeio ficar nervosa— Mayoi riu pela segunda vez se recordando de ter soluçado aquele momento todo— É... Eu também não consigo me esquecer de quando ele falou que vai me caçar.
— Medo de morrer? — Kafka pareceu zombar levando uma cotovelada no estômago como resposta.
— Não. Eu perdi esse medo a muito tempo— E com um suspiro, continuou— Eu tenho mais medo de não conseguir ser útil do que a morte em si. Ao menos se meu corpo virar uma arma numerada.
— Você é louca! — Dessa vez ela gargalhou, seu rosto ficando vermelho pela falta de ar— E ri igual uma.
Mayoi poderia chorar de tanto gargalhar, mas seu corpo novamente roncou a fazendo parar, lábios deixando um fio de ar escapar.
— Maldição, acho que vou precisar pedir— Sua voz congelou quando uma energia correu por seu corpo, seus olhos ficando ouro derretido enquanto encarava o céu. Sua postura mudou diante da chuva de fogo que descia da escuridão noturna, lábios agora pálidos como ossos enquanto suas presas se tornavam pontiagudas — Eu nem preciso ir buscar, meu alimento acabou de chegar.
Kafka não reconheceu aquele tom, aquela postura, mas não tinha tempo, não quando Kaijus desciam dos céus como uma chuva grossa e infernal destruindo todas as construções que tocavam.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XVI
Era duas horas da madrugada, corredores vazios e sombrios, Kafka havia abandonado seu posto na biblioteca não fazia mais que vinte minutos e sem sinais de Mayoi. Soshiro imaginou que os medicamentos haviam a apagado definitivamente e deveria ser ele o próximo a conseguir esse feito, porém ainda havia algumas salas para conferir se estavam devidamente fechadas.
Seu caminhar era lento, talvez até mesmo alheio ao mundo ao seu redor, automático, quando vibrações características invadiram seu corpo. Elas vinham da sala de treino de tiros que ele ignorou pelas luzes estarem apagadas, no entanto, novas vibrações de sequência deram a ele certeza de que alguém estava usando a sala àquela hora.
Poderia ser Mina, talvez fosse melhor que sua Capitã estivesse ali, mas ele sabia, Soshiro era bom em deduzir de maneira exata o que acontecia ao seu redor e abrindo a porta se deparou com pequenas faíscas criadas pela pólvora.
A pessoa só poderia ser louca a treinar naquelas condições, pequenos raios de luz que entrava pelas janelas superiores da sala, raios de energia quente liberado por cada tiro e nada mais. Soshiro tossiu algumas vezes, mas não houve sinal de que a pessoa notou sua presença e poderia ser arriscado acender as luzes e levar um tiro devido a surpresa.
Então ele esperou e esperou, tiros e grunhidos de frustração até que a arma praticamente foi arremessada contra o balcão do estande de tiros. Ele reconheceu pela voz — agora oficialmente certeza de quem era o louco a gastar seu sono no escuro de um estande de tiros— que disparava xingamentos e obscenidades.
Soshiro ponderou pela segunda vez ligar a luz, mas um pequeno ruído de choro o deixou estático, não saberia como lidar com aquele sentimento, já não era tão bom assim no cotidiano, seria ainda pior se a pessoa que estava o fazendo fosse alguém que fizesse Hoshina atravessar mil vezes a linha profissional.
Então ele esperou imaginando que outro ruído choroso denunciaria suas lágrimas, mas Mayoi voltou a xingar e seu tom era tão comumente irritado. Ele ligou a luz a vendo quase gritar, seus olhos areia possuía um rastro ouro enquanto suas íris retraiam diante da grande fonte de luz.
— Soshiro... — Sua voz foi automática e seu rosto se queimou em vergonha, levantando rapidamente do chão, fez um sinal de continência— Vice Capitão Hoshina! Como posso ajudar?
— Treinando novamente? — Seu suspiro foi algo com indignação— Não deveria estar dormindo? Seria melhor que ficar reclamando de dor novamente.
— Ah... Sobre isso... Quero dizer— Virando o rosto, tomou fôlego— Eu não fiz por querer, não... Na verdade eu estava lendo, mas se eu ficasse mais um segundo mergulhada com a cara em algum livro sinto que me mataria.
Ele segurou a risada, seus olhos observando um pequeno canto onde algumas folhas riscadas e marcadas de caneta e lápis se exibia, mas ele não iria rir, não quando ainda estava querendo a fazer desistir de sua decisão imatura.
— Vá dormir.
— Não, Senhor.
— Não?
— Não. Definitivamente não. Com toda certeza não— Mayoi começou e iria terminar— Eu preciso compensar ter dormido a tarde toda. Afinal, vocês confiaram um protótipo muito importante e.
— Pode parar— Soshiro disse entre suspiros— Vai me encher com novamente falas sobre não ser o suficiente? Se eu soubesse que não daria valor ao fato deu confiar nas suas capacidades sequer teria entregue o carregador para você.
Dar valor? Confiar? Mayoi explodiu pela segunda vez, seu rosto se alastrando em vermelho que pareceu descer até seu coração desesperado. Ela poderia morrer de infarto só com aquela fala.
— Sabe Mayoi, não somos incríveis em tudo— Soshiro finalmente sorriu, sua postura tipicamente desleixada e seus passos tão calmos que o guiou até a mulher platinada, mesmo que ela arregalasse seus olhos mostrando claros sinais de nervosismo— Por exemplo, eu sou o melhor quando falamos sobre espadas e a técnica Hoshina.
Sua voz dizia enquanto suas mãos puxavam a arma que até pouco era manuseada por Mayoi, sua postura tomando um ar sério enquanto ele mirava bem, dedos firmes e um atirar.
— Mas eu sou horrível com armas, viu? — O alvo havia sido errado, se ele fez de propósito ou não, aquilo fez Mayoi rir.
Ela ria como uma criança, lábios bem abertos enquanto seus olhos se fechavam sendo espremidos. Ele havia feito uma pose tão incrível e impecável, olhos abertos e focados como a encarou em sua forma Kaiju para errar de maneira insanamente impensável, aquilo foi incrivelmente agradável para Hoshina que ficou em silêncio apenas a vendo sorrir por alguns segundos, mas logo ela voltou a lhe encarar.
— Uma merda, não acha? Eu sempre escutei que era ruim demais para a força de defesa e a era das espadas já passou— A risada de Mayoi desapareceu, seu rosto tão neutro enquanto Soshiro lhe contava algo mais particular de sua vida antes do posto de Vice Capitão— Mas a Capitã Mina Ashiro confiou nas minhas habilidades. Agora sou Vice Capitão, simples!
O final da frase havia sido em um tom mais bobo, talvez para a fazer rir novamente, no entanto, Mayoi apenas virou levemente a cabeça enquanto seus olhos pareciam os mesmos da foto que ele achou em seus arquivos: focados, profundos... Mortos.
— Eu acho seu estilo de luta fascinante— Ela novamente salientou sua opinião, tão verdadeiramente séria— Eu acho que comecei a amar, na verdade, eu parei para prestar atenção na terceira divisão quando você me salvou.
Ela havia voltado a prestar atenção no mundo naquele dia. Ela podia lembrar como ele a encarou pela primeira vez, como ele sorriu de maneira tão genuína e sem qualquer sinal de superioridade. Pela primeira vez em anos ela era uma humana novamente.
— Você fazia o que antes de se candidatar para a terceira divisão?
— Eu estava para me formar na faculdade de relações públicas— Hoshina assoviou pela resposta e Mayoi pareceu finalmente voltar de sua mente, um pequeno sorriso enquanto seu rosto borbulhava — Mas era uma porra. Puta merda, eu queria morrer com aquelas aulas.
— E eu te salvei de uma faculdade chata? — Brincou, testando o terreno e foi bem recebido.
— Definitivamente. Deveria te agradecer em dobro?
— Ter você ao meu lado já é o suficiente— Foi tão automático que assim que deslizou de sua língua Soshiro quis a engolir, um pouco nervoso com o que estava dizendo.
Mas Mayoi riu novamente, vermelha como sempre ficava diante dele, mas parecia receptiva a conversa— Eu que fico feliz de estar ao seu lado— foi sua vez de dizer, olhos mirando qualquer lugar que não fosse seu Vice Capitão — Eu me orgulho de servir a terceira divisão e darei orgulho para o senhor... Pelo carregador, claro.
Hoshina sabia que não era só por aquele protótipo, ele já não era mais alguém que desconhecia os sentimentos de Mayoi. Desde que ela se abriu bêbada, desde que ela quis ser mais verdadeira, desde que ele encarou os arquivos.
Ela mudou e se foi no dia que ele a salvou, queria descobrir como foi sua vida antes, o que ela viu que a fez se tornar essa mulher. Tão sério e pensativo, a platinada a sua frente se manteve inquieta, seus olhos desviando, pois, ele não parava de a encarar de maneira fixa, era quase uma tortura para seu coração apaixonado.
— Sabe... Essa noite eu acabei conversando com algumas pessoas e... Obrigada pelos remédios— O silêncio era rídico demais para que ela deixasse continuar— Foi gentil da sua parte, Vice Capitão. Eu juro que vou retribuir.
— Vai é? — Seu tom foi uma brincadeira, levemente arrastado enquanto um pequeno sorriso de canto era deixado ali— Que tal me mostrar como você conseguiu acertar os alvos no escuro?
Se ela pudesse explodir seria a hora, os fios platinados flutuando ao seu redor enquanto ela se virou de maneira brusca para puxar a arma. Seus olhos se fecharam e ela puxou uma fileira de ar antes de mirar e puxar o gatilho, o som foi alto e vibrante por toda a região.
— Eu decorei onde está o alvo— Disse abrindo os olhos, anticlimático dando espaço para que ele pudesse rir— Eu não estava fazendo nada de incrível! Eu só decorei onde os alvos ficam posicionados, uma merda.
Soshiro riu, ela poderia ser tão idiota quanto Hibino Kafka em sua forma de falar, mas ele pareceu reconhecer a forma como ela parou e era semelhante à dele de manusear a arma.
— Pelo menos você acertou.
— Pelo menos você é bom com espadas, sou péssima até cozinhando.
— Não foi um bom comparativo, Senhorita Mayoi— Sua sobrancelha se arqueou levemente— É até um pouco rude.
— Sério? Hum... Eu vou ficar te devendo uma então.
— Você já não estar explodindo apenas para responder uma única pergunta é o suficiente— De fato ela não estava e tirando seu tom vermelho e as pausas para pensar, esteve respondendo bem a cada comentário — Você só fez isso quando estava bêbada.
Estava bêbada? Então de fato alguns poucos lapsos de memória falando com alguém que possuía o tom de voz de Hoshina não lhe era um surto de sua mente. Seus olhos pousaram em seus lábios, ela parecia ainda com aquela sensação fixa de que conhecia aquele toque.
— Eu devo ter falado muita... Besteira— Seus olhos desviaram e ela pode o escutar rir, algo como quem lembrou de alguma coisa— Eu acertei?
— Eu diria que fui eu quem fez uma besteira— Novamente sua língua o traiu, ela parecia o fazer sempre na frente daquela mulher. Mordendo o interior de sua bochecha deixou que Mayoi se recuperasse de mais um surto típico— Você só me falou que gostava de mim. Ação de bêbado.
— Todos os bêbados se declaram para você? — Aquilo foi tão injusto que a fez o encarar de maneira séria, mas ela continuou como um resmungo— Ah sim, talvez. Eu me declararia mil vezes se pudesse.
— O que você falou? — Ele queria que ela repetisse, parecia que não aconteceria, mas tentou— Mayoi Onryo.
— Eu me declararia mil vezes bêbada.
— E sóbria? — Seus passos começaram a invadir seu espaço pessoal— Quantas vezes seria?
— O suficiente para ser bem claro— Seu rosto se ergueu e por uma vez ela iria ignorar todos os alertas de seu corpo, seus lábios secos que se abriram para continuar— Uma vez, só uma vez e vai ser definitivamente claro.
— Sério? — Seu tom era baixo, calmo e a respiração tocava sua alma de uma forma assustadora. Mayoi anotou em sua mente que ela deveria voltar a se afastar dele, para não ser uma louca, para não agir como uma louca e não atrapalhar — Eu vou precisar falar novamente?
Que se foda a sua mente, ela que se foda no dia seguinte!
Sua mão agarrou a jaqueta de seu uniforme, a gola se amarrotando entre os dedos pálidos e firmes que seguravam como se aquilo fosse sua única chance de viver. Seus olhos roxos a encarava com profundidade, era fodido o que ele podia fazer com seu corpo, fodido como Mayoi parecia apenas um animal cheio de sentimentos primitivos e se resumia a apenas isso.
— Que se foda tudo— Um puxão foi o que precisava, não houve resistência nem nada a mais, só um único puxão.
O primeiro toque de seus lábios pareceu formigar seu corpo, eram borboletas que lhe faziam cócegas no estômago, mas o segundo lhe acompanhou com mãos bobas que a puxou pelas costas para aprofundar o beijo.
Mayoi pode sentir o ar sendo roubado enquanto Soshiro pediu passagem, seus lábios se abrindo entre pequenos sons de suspiro. Seus dedos eram fortes, os músculos de seus braços agora sendo explorados por mãos delicadas que deslizavam tão entregue aquele momento.
Fechando os olhos deixou que sua língua fosse guiada com calma, era um beijo bom e sem pressa, vezes malicia transbordava por seus dedos a fazendo se mexer em seu toque, suspiros em seu toque e se mais um pouco, só mais um pouco... Como seria os gemidos dela? Tão doces como seus suspiros? Pecaminosos?
— Soshiro— Ela finalmente conseguiu dizer se afastando um pouco— Eu acho que ficou claro...
— Ficou. Definitivamente ficou— Ele sorriu se tornando mais lúcido de tudo, seus olhos buscando alguma câmera na sala e foi tão bom descobrir que não— Deveria dormir.
— Eu... Também acho... Quer dizer... — A velha Mayoi voltou e isso fez Hoshina rir, seu corpo se afastando aos poucos dela— Ok... É... Foi bom... Quero dizer, eu não vou contar para ninguém e... Ok... Eu estou sentindo que posso morrer. É possível?
Sua risada foi ruidosa diante daquela visão, a forma mais enérgica dela poderia o tirar de qualquer mau humor que aquela ação impensada no futuro poderia gerar e isso de alguma forma era muito bom. Ou foi o que sua mente pensou.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XV
Mayoi acordou o mais puro desastre, seu corpo que sempre foi tão resistente e sequer sentia necessidades reais de dormir agora reclamavam ao menor movimento, menor toque. Choramingando enquanto vestia seu uniforme, Kikoru a encarava em silêncio se questionando o motivo de sua amiga estar assim.
— Você se esforçou muito ontem? Deveria maneirar no treinamento— A loira falou enquanto abria a porta de seu dormitório, Mayoi não muito atrás dela, passos lentos e arrastados.
— Algo assim... — Sua garganta estava seca, seu estômago retorcendo. Talvez seu lado Kaiju estivesse sacaneando a humana que hospedava, ele estava a muito tempo sem carne.
Caminhando até o refeitório encarou Kafka e Reno que conversavam sobre algo totalmente aleatório, o mais velho com uma cara de idiota convencional a sua personalidade. As mulheres foram até onde as bandejas de café da manhã estavam sendo servidas, porém como todos os demais dias, Mayoi apenas puxou uma caneca a transbordando em chá e açúcar.
— Deveria tentar pegar algo para comer— Kikoru sussurrou tocando seu ombro escutando um chorar de dor— Você está bem?
— Eu estou sim... Só... Cansada? — Ela forçou um sorriso, seus lábios se contorcendo enquanto sua garganta gritava.
A loira não se convenceu da resposta da amiga, mas estava convivendo tempo demais para saber que dela não teria melhores informações. Ambas caminharam até o grupo que ria tentando eliminar o sono restante.
— Bom dia... — Mayoi fingiu um bocejo enquanto seu corpo novamente reclamava. Bendito dia em que Hoshina havia a feito pagar tantas flexões, mas ela sabia que não era apenas por causa disso.
Era uma bomba relógio e Mayoi poderia explodir a qualquer segundo. Ou ela fugia para comer carne de mercado ou torcia para estar em uma luta contra algum Kaiju que iria virar seu lanche.
— Como foi a noite? — Reno questionou, olhos que conversavam em silêncio com Kikoru.
— Eu estou bem, mas a Mayoi deu mal jeito na coluna— A loira revelou fazendo a amiga explodir em um tom vermelho.
— MAS QUE CARALHO EU! AH! — Enquanto tentava brigar um choque a fez emitir um grito de dor, sua garganta e parte de seus ombros se contorcendo em dor abundante. Mayoi se remexeu em seu lugar enquanto tentava massagear a região— Estou bem.
— Eu falei, ela tá chorando por qualquer movimento.
Alguns comentários haviam sido altos demais o que a fez se manter em silêncio para não chamar atenção novamente das pessoas que se alimentavam. Seus dedos apertando a caneca em longas goladas torcendo que o líquido pudesse matar sua sede, mas em vão teve de se contentar com o arranhar que sua garganta deixava.
Ponderando buscar mais um copo de chá, Mayoi se revirou e tentou testar sua voz, os arranhares lhe incomodando tanto quanto sua fome e dor, era ridículo que estava reduzida a isso. Se sentindo patética, caminhou até onde as garrafas de chá ficavam jogando um fio longo daquele fumegante líquido o vendo se preencher.
Ela sequer colocou açúcar, goles rápidos e um contorcer de quem havia odiado o sabor daquilo — sem o sabor doce era quase insalubre. Mayoi encheu uma terceira vez, mas dessa vez o adoçou.
Se virando, caminhou dois passos antes de quase trombar em duas figuras que conversavam entre si tranquilamente. Sua voz estava tão ruim que não lhe deu vontade de xingar, algo que a salvou já que seus olhos pousaram na silhueta de Mina Ashiro e Soshiro Hoshina.
— Desculpa, estava tão focada que nem notei você— A capitã falou com um pequeno sorriso, Mayoi rapidamente jogou seus olhos afiados para seus pés antes de com cuidado se curvar, uma careta de dor sendo feita.
— Eu que peço desculpas, Capitã— Sua voz foi baixa, a reverência demorou um pouco mais devido a coragem que ela precisava ter apenas para se levantar, mas ficava ainda pior estar de frente a Hoshina depois de tudo o que falou.
Seus olhos encararam a figura masculina, olhos relaxados e lábios em uma linha que não revelava um pingo de sentimento. Tudo, memórias, cheiros, vozes vieram daquela noite como um tsunami a fazendo corar violentamente — Com licença.
E a passos rápidos saiu da frente dos dois sentindo um par de olhos persistentes a seguir, não iria tentar descobrir, seria melhor evitar saber quem a julgava e como a julgava. Se sentando, seu copo foi posto à frente enquanto seu rosto caia sobre a mesa e ela choramingou três vezes.
Kikoru só podia suspirar pelas atitudes daquela mulher, os fios platinados jogados escondendo sua face tão inundada em tons de sangue puro.
— Você é mais infantil que o Kafka.
— O que? Eu sequer fiz algo para ser citado.
— Mas é um fato, idiota.
A tarde foi regada a choramingos e xingamentos de dor no corpo, por sorte depois do quinto copo de chá seus lábios se tornaram quase humanos novamente. Não doía falar e isso abriu margem para ela xingar todas as vezes que seus músculos se contorciam em protesto.
Kafka estava como um idiota a tagarelar, o grupo caminhava tranquilamente sem nada para fazer naquele momento e foi quando tiveram a ideia de caminhar pelos corredores para aquecer o corpo de Mayoi aos poucos antes de tentarem treinar algo mais pesado.
— E aí? Parou de doer? — O questionamento do mais velho veio junto de uma mão empoleirada em seu ombro, os fios platinados flutuando enquanto a dor lhe correu como uma energia.
— CARALHO, KAFKA! AINDA TÁ DOENDO PRA PORRA! — E virando para um novo corredor, Mayoi deu de cara com uma nova pessoa que parecia ter a mesma ideia de caminhar aleatoriamente pelos corredores tão focado em papeis.
O grupo parou antes de se chocar, Kafka ainda tirando seus braços de cima de Mayoi enquanto Soshiro desviava o foco das linhas para os donos das vozes que berravam no corredor. Seus olhos sempre relaxados se abriram levemente vendo o toque casual entre os dois, Mayoi corando enquanto se questionava se ele havia a escutado reclamar.
— O que estão fazendo andando nos corredores? Melhor, o que é toda essa gritaria? — Hoshina finalmente falou, sua voz entre uma bronca e um tom mais brincalhão.
— Sabe o que é— Kafka Hibino começou a falar tomando a frente de todos, Kikoru pronta para pular a sua frente impedindo dele soltar alguma besteira— A Mayoi deu mal jeito na coluna e tá reclamando o dia todo de dor.
Hoshina parou, olhou para Mayoi que desviou seus olhos areia para um lugar aleatório, tão vermelha quanto sangue e implorando aos deuses que a matasse naquele instante. Ele pareceu indecifrável, seus olhos pousando na figura enquanto várias coisas passavam em sua mente e um pouco de preocupação inundava seu peito.
— Pegue o dia para descansar— Ele falou antes de continuar a caminhar, sua mão apertando os papeis que estava a tanto tempo lendo.
— Você está morto— Kikoru avisou Kafka, não era ela que o mataria, não, era a mulher ao seu lado que tremia e resmungava maldições a ele— Foi bom te conhecer.
Mayoi finalmente obedeceu às ordens de Hoshina e caminhou até o dormitório, seria melhor ela não forçar seu corpo até o limite e acabar lidando com seu lado Kaiju, ela tinha medo de algo pior acontecer devido a fome constante.
Suas mãos puxaram a coberta que estava devidamente estendida sobre sua cama e puxando o travesseiro sentiu quando algo deslizou da fronha caindo algumas vezes sobre a cama. Era uma caixa, pequena e de papelão, cheia de mil palavras e uma logo farmacêutica.
— Hum? — Seus olhos encararam por um segundo antes de o pegar, lendo descobriu ser remédio para dor, ela sequer havia se lembrado de passar na enfermaria, seu corpo não sendo mais humano para alguém lhe medicar devidamente— A Kikoru deixou aqui? Mas quando?
Curiosa, abriu a caixa a vendo estar completamente intacta, seus dedos destacaram dois compridos e com um pouco de esforço os engoliu sozinhos. Era amargo, seu estômago queria rejeitar como tudo que ela comia, sentia um cansaço apenas com aqueles dois medicamentos que foram instantaneamente queimados por sua bile.
— Merda de corpo— Ela gemeu se jogando em sua cama, seus olhos se fechando em obrigação enquanto implorava que assim que acordasse estivesse minimamente bem.
Os papeis eram infinitos, tantos arquivos de anos e anos que estavam registrados das missões ao qual participou. Para Hoshina parecia quase impossível encontrar aquilo, poderia descobrir que sequer estava registrado algo pessoal da mulher, mas o menor ponto de esperança o fez procurar.
Foi entre os documentos infinitos que o sono lhe incomodou, pegando um arquivo, começou a caminhar enquanto lia e tentava absorver o conteúdo, seus passos o mantendo acordado.
Entre algumas páginas gritos vieram dos corredores, ele ponderou ir até lá dar uma bronca nas pessoas que não estavam respeitando o ambiente, mas as vozes pareciam se aproximar dele no lugar.
— CARALHO, KAFKA! AINDA TÁ DOENDO PRA PORRA! — A voz ficou tão reconhecível, os palavrões e nome também. Virando o corredor suas orbes se depararam com uma ação casual daquele estranho grupo.
Seus passos pararam, sua mão deslizou e Hoshina sentiu uma pequena inquietação enquanto Mayoi era casualmente tocada por Kafka. A garota parecia tão ansiosa como se estivesse fazendo algo errado na conduta da divisão de eliminação Kaiju.
— O que estão fazendo andando nos corredores? Melhor, o que é toda essa gritaria?— Ele questionou ainda a encarando, olhos focados e afiados enquanto sua face não denunciava qualquer sentimento.
— Sabe o que é, a Mayoi deu mal jeito na coluna e tá reclamando o dia todo de dor.
Soshiro sentiu um pouco de culpa, havia sido cruel demais com o castigo e ele sabia que só havia feito aquilo por seus sentimentos terem tomado a frente nas suas decisões, não havia sido profissional de sua parte e Mayoi não o encarando só lhe fez julgar mais ainda suas atitudes.
— Pegue o dia para descansar— Ordenou, seus passos o tirando daquele lugar enquanto seus dedos apertavam os documentos.
Soshiro só parou quando não mais podia escutar nenhum som daquele grupo, quando não sentiu mais nenhum olhar sobre si e não parecia mais que seu peito estava se confundindo em sentimentos estranhos. Sua mão novamente se levantou e ele pulou algumas das páginas, eram tantas horas que esteve lendo arquivos que finalmente havia chego nas datas de dois anos atrás.
Hoshina parou um pouco de ler, ele não estava se concentrando adequadamente então passou rapidamente na enfermaria e pediu uma caixa de remédios para dor. Seus pés o levaram para o dormitório feminino e procurando pela cama de Mayoi, deixou a caixa entre a fronha de seu travesseiro para que ela achasse assim que fosse descansar.
Agora que sua mente não mais o martelava em culpa constante, ou ele tentava pensar assim, saiu do dormitório antes de ser pego indo para seu escritório. Se sentando em sua cadeira jogou a pasta de documentos e continuou novamente a leitura, dessa vez mais concentrado já que quanto mais recente mais havia chances de definitivamente a encontrar ali.
Entre as fotos e textos de diferentes ataques um se destacou um pouco, não parecia ela, mas lhe lembrava tanto...
Mayoi tinha olhos afiados e um rosto belo, mas naquela imagem ela parecia ser alguém sem qualquer rastro de vida. Olhos mortos e profundos, pele pálida e cabelos soltos que escondiam parte de seu rosto, algumas marcas de arranhões e poeira que se fixavam ao seu corpo depois do ataque Kaiju.
— Mayoi Onryo... — Ele leu algumas pequenas coisas ali, tão ausente de informação e um lembrete a mão avisando que a garota havia desaparecido do local antes que algum socorrista chegasse— O que diabos aconteceu com você?
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Aviso: Como o primeiro Bônus, esse é para maiores de 18 anos. Sinto que esse não ficou tão bom quanto o primeiro, mas espero que gostem. A escritora bebeu novamente, mas menos que dá ultima vez até por estar um tanto cansada do trabalho. Esse capítulo foi inspirado na imagem de uma fanart que eu achei no Twitter.
Capítulo Bônus II
Uma coisa que Mayoi só descobriu quando começou a de fato se envolver com Soshiro Hoshina era que ele podia ser uma grande vadia, insaciável e fodidamente insana em seus atos mais luxuriosos. Com um grande costume de a colocar em uma coleira curta e a fazer chegar ao orgasmo tantas vezes que perdia suas contas — se ela chegava a pensar em contar.
Mas tinha uma mania um tanto irritante que ele possuía e era as vezes que ele a mordia em locais visíveis. Seu relacionamento ainda era um segredo, precisavam manter o lado mais profissional, mas lá estava Mayoi tocando na marca vermelha e roxa de seus caninos sobre sua pele tão pálida.
Ela suspirou, mão esquerda ocupada segurando sua doce vingança. Ela faria algo, iria ensinar aquele seu amado Vice Capitão alguma decência mínima e seria ela a por, pela primeira vez, ele em uma coleira.
Sua camisola era nada mais que a blusa dele, curta o suficiente para deixar parte de sua calcinha a mostra enquanto andava calmamente até a cama dele. O homem estava jogado, não dormia, apenas mantinha seus olhos fechados como sempre o fazia, uma face calma e alheia as perversões que Mayoi estava fazendo.
Engatinhando até o local onde ele estava, Mayoi sentiu quando o afundar do colchão o fez se revirar na cama para a observar, olhos temporariamente amorosos contemplando a mulher que ele havia permitido conhecer cada parte de sua alma.
No entanto o sorriso de Mayoi não era típico, ele sabia muito bem quando aqueles lábios se pintavam de excitação e começando a se levantar, sentiu quando uma mão tocou sua bochecha.
— Eu quero tentar uma coisa, querido— Sua voz era doce como mel, mas tão venenosa que o fez a encarar já sentindo a malícia.
— Está com tesão? — Ele questionou deixando que o toque quente em seu rosto se movesse até seus lábios— Você quer que eu te chupe?
— Eu queria fazer uma coisa diferente— Ele apenas fez um som para que ela pudesse continuar— Que tal eu ficar no controle pelo menos dessa vez.
— Hum? No controle— Seus olhos foram até a mão ainda levemente escondida vendo a focinheira metálica— O que é isso?
— Eu comprei para você— Ela brincou entregando o objeto o vendo encarar aquela peça ainda de maneira incrédula e questionadora— Por favor, Soshiro.
— Eu tenho opção de dizer não — Sua fala foi a pura brincadeira, seus dedos tocando no metal antes de a levar para perto de seu rosto como fazia com a máscara do traje de execução Kaiju— Mas ao menos posso perguntar o motivo?
Mayoi não disse nada, apenas puxou levemente a gola da blusa mostrando a marca deixada por ele. Hoshina riu, de forma pervertida e brincalhona enquanto as cenas daquela hora passavam em sua mente.
— Oh, eu mereço dessa vez— O sorriso se intensificou vendo enquanto as mãos de Mayoi iam até a fivela arrumando a alça que prendia a coleira sobre ele. Porém ela logo se levantou e caminhou até um dos armários puxando a gaveta onde eles guardavam alguns dos produtos de suas noites intimas— O que foi?
— Eu estou apenas pegando isso aqui— Ela disse mostrando a corda o vendo arquear uma sobrancelha antes de acatar a um comando mudo dela. Mãos para trás enquanto ela as amarrava de maneira firme— Agora que você não pode me marcar...
Seus lábios traçaram beijos suaves em seu pescoço, um suspirar fino deixando a pele agora levemente úmida por sua saliva gelada. Era interessante ver o quanto Hoshina parecia deslocado naquela situação, era sempre ele a beijando, ela sendo marcada, ela gemendo como louca, ela, ela, ela.
Pelo canto dos olhos pode ver aqueles orbes tão profundas a observando, seus cílios compridos vezes tremendo enquanto ele piscava lentamente absorvendo toda aquela mudança. As mãos de Mayoi traçaram um caminho pelo abdômen esculpido pelos anos de treinamento puro e brutal, a reação natural ao toque dela o fazia se remexer levemente no lugar.
Foi a primeira vez que ele tentou desamarrar suas mãos para a tocar, o rosto de Mayoi tentadoramente perto demais para que ele não querer possuir, beijar. Mas seu rosto agora tinha aquela coisa, ele sequer podia traçar um caminho em seu pescoço ou a marcar novamente.
O primeiro suspiro mais pesado escapou de seus lábios quando Mayoi mordiscou a região da sua clavícula, dedos bobos brincando na pele próxima do cós de sua calça.
— Isso é uma puta sacanagem— Soshiro finalmente falou, um tom mais inquieto— Puta merda!
A segunda vez que ele tentou arrancar as cordas em seu pulso sentindo a pele reclamar um pouco. Mayoi parecia o tentar, ficando de quatro enquanto seus beijos desciam até onde seus dedos até então estavam brincando.
A posição era reveladora, sua bunda mais erguida enquanto a blusa descia revelando a calcinha. Hoshina estava sentindo sua intimidade sendo presa pelas roupas, a sensação mais irritante já que não estava no controle de tudo naquele momento.
Mayoi pode observar o volume, seu rosto tão perto enquanto deixava mais e mais chupões. Ele tentou a terceira vez e um som de raiva escapou de seus lábios fazendo aquela mulher rir contra sua pele.
— Eu vou te foder tanto quando eu tirar essa merda— Ameaçou, seus olhos não podendo deixar de a devorar.
Porém Mayoi recebeu suas ameaças com ainda mais malícia, seu rosto se apoiou sobre suas pernas tão perto de sua intimidade enquanto sua bunda empinava ainda mais. Ela afastou suas coxas e seus olhos areia puderam contemplar o quanto Hoshina amou aquilo.
— Você vai? — Choramingando tocou o volume, seus dedos deslizando sobre a base coberta— Esse vadio não tem jeito... Eu te coloco na coleira e continua latindo como um cachorro.
Soshiro gemeu sentindo quando os dedos apertaram seu pau ainda coberto, Mayoi se divertindo enquanto o tirava completamente do controle. Ele tentou mais uma vez arrancar as cordas, seus lábios separados baforando mais e mais ar enquanto uma vontade enorme de a morder era contida por aquela focinheira.
— Maldita, você não pode esperar— Ele dizia e dizia, mas seus olhos mostravam o quanto aquilo estava lhe agradando. Mayoi continuou, seus dedos puxando o cós da calça junto da cueca— Eu vou foder tanto essa buceta, te fazer gemer tanto que todos vão descobrir a vadia que você é na cama.
Soshiro continuava a dizer como se isso aliviasse um pouco suas frustrações de não estar a fazendo gemer, suas mãos tentando novamente escapar das amarras. Mas enquanto ele parecia tão ocupado a lembrando do que aconteceria assim que ele estivesse solto, Mayoi abocanhou seu pau o chupando enquanto um engolir de ar o silenciou.
Seus dedos seguraram a base enquanto seus lábios iam da glande até próxima de seus dedos, o chupar era lento, sua língua molhando toda a intimidade enquanto ele mantinha um gemido contido. Todas as vezes que subia, sua língua deslizava prazerosamente na glande se mantendo ali novamente retomar o boquete.
Ela não se apressava, sendo lento e vezes deixava que um gemido de satisfação vibrasse sua garganta enquanto pequenas gotas de pré gozo inundava seu paladar. Mayoi se afastou, um fio conectando sua boca ao pau de Hoshina e ela calmamente começou a bater uma punheta para ele.
Sua boca se mantinha perto, tão sedutoramente próxima enquanto seus dedos iam pra cima e para baixo em uma velocidade alucinante. Soshiro vezes gemia mais alto, a vontade de a agarrar pelos cabelos e foder sua boca o deixando louco, um calor formigando seu abdômen enquanto ele vezes tentava novamente se soltar.
Mayoi parecia anestesiada com a cena, os gemidos produzidos por seu amado enquanto ela mantinha a velocidade da punheta, seus dedos se esfregando e circulando a glande o vendo se remexer em seu lugar. Mas o perturbar fazia o mesmo em si, sua buceta tão encharcada como nunca e quando se movia, podia sentir o liquido escorrer por suas coxas anunciando o quanto ela queria que ele a fodesse.
Novamente seus lábios foram até seu pau, mas dessa vez apenas sua língua circulou e saboreou o pré gozo que escorria pela glande mostrando quão ameaçadoramente perto Hoshina estava de chegar ao ápice.
— Porra— Ele gemeu jogando sua cabeça para trás, sua boca seca demais enquanto gemidos escorriam como música por ela— Isso tá bom pra caralho.
Mayoi se afastou, sua cabeça girando de tamanha necessidade e ela sabia que não iria aguentar mais. Tirando calmamente sua calcinha subiu em seu colo, suas coxas bem afastadas enquanto seu núcleo babava de necessidade escorrendo por sua perna.
Mayoi usou a mão direita para abrir suas dobras mostrando de maneira obscena sua buceta sendo preenchida cada segundo mais enquanto ela enfiava. Gemidos escaparam de ambos os lábios, o pau aos poucos entrando enquanto a pálida deixava Hoshina ainda mais insanamente sedento.
Se ele pudesse seguraria os dois lados de sua cintura e a foderia com toda a força, mas seus pulsos apenas reclamavam enquanto ele tentava se soltar para tomar o controle. Mayoi sentou e no lugar de cavalgar, começou a beijar e mordiscar o pescoço dele.
— É bom, né? Quando alguém te deixa louco para gozar— Ela sussurrava se lembrando de todas as vezes em que era ela implorando entre gemidos que fosse fodida como uma vadia— Eu sempre fico maluca quando você me deixa na linha de um orgasmo, talvez meu vadio aprenda na própria pele como isso é insano.
Se movendo lentamente, sentia seu núcleo se esvaziando para logo ser preenchido, gemidos inundando seus ouvidos enquanto Soshiro dizia palavras sem sentido entre dentes. Mayoi o encarava, seus lábios com grandes dentes a mostra, ela cavalgava tão lentamente — tortuosamente lento — e contemplava os lábios de seu amado abertos respirando de maneira profunda.
Vezes Hoshina se mexia acelerando as estocadas e Mayoi permitia, mas sua mão em compensação agarrava os fios roxo como uma punição, a dor o fazendo gemer entre dentes.
Cada estocada fazia seu núcleo vibrar, ele acertava de maneira proposital seu ponto G mostrando que ainda tinha controle, mesmo que não pudesse a marcar como tanto amava o fazer. Acelerando os movimentos fez Mayoi soltar seu cabelo, suas mãos agora sobre a cama enquanto ela gemia alto devido a força que estava sendo fodida.
— Foda-se! Você é louco, Soshiro! — Seus gemidos eram manhosos e suas pernas se abriam automaticamente como se desejasse que ele a devorasse ainda mais. Os olhos avermelhados observavam seu rosto se contorcer de prazer enquanto seus planos pareciam aos poucos ruir, desejo e luxuria moviam sua voz a escapar em grandes gemidos ruidosos— Isso é bom!
Ele sabia que Mayoi estava chegando a seu ápice e continuou as estocadas, seu interior aos poucos se contraindo ao redor do seu pau, suas pernas se tornando bambas enquanto seu rosto agora precisava se manter próximo ao seu peito. Ela gemia docemente, uma mulher manhosa que havia tentado ensinar uma lição a Hoshina.
— Eu vou gozar— Anunciou e logo choramingou quando ele parou, seus olhos areia o encarando com pequenas lágrimas formadas.
— Tira— Pediu e ela logo acatou, suas mãos desamarrando as dele antes de o ver retirar a focinheira— Boa menina. Você gostou?
Mayoi fez que sim, suas lágrimas sendo enxugadas com carinho pelos dedos de Soshiro. Sua pele vermelha e seus lábios tão docemente abertos lhe dizendo o quanto ela estava no limite.
— Mas você é uma vadia faminta— Seus dedos apertaram sua cintura e uma forte estocada a fez vibrar, um grito escapando de seus avermelhados lábios— Deveria lembrar que sua buceta é louca pelo meu pau.
Soshiro continuou as estocadas, todas sendo tão brutas e fundas que a fazia jogar a cabeça para trás, lágrimas deslizando por seu rosto em um choro manhoso, pura excitação escapando de seus lábios enquanto ela continuava a repetir a mesma frase.
— Eu sou sua vadia. Soshiro. Eu sou sua vadia.
O movimentar continuava a mandar ela para as nuvens, seus planos não passaram de uma provocação que se refletia nele a fodendo sem piedade. Mayoi gritou quando seu núcleo se contorceu e ela começou a gozar, um pouco de líquido espirrando de sua intimidade melando a pele de Hoshina que não parou de se mover.
Seus lábios se abriram e de maneira faminta a mordeu, por pouco não criando um machucado naquela pele tão palidamente linda e doce. Mayoi gemia e tremia em suas mãos, mas as estocadas não paravam, mesmo ainda não tendo se recuperado de seu orgasmo.
Ele estava sentindo se aproximar, no entanto Mayoi era bem sensível quando estava sendo super estimulada. Um segundo orgasmo não demorou para vir, suas paredes o apertando dentro de si enquanto ela gritava novamente o sentindo tirar seu pau de dentro dela antes de se derramar sobre sua barriga pálida.
— Pronto, pronto— Soshiro disse a vendo ainda ofegar, seus dedos tocando novamente em suas lágrimas antes de seu corpo se aproximar deitando no dele— Você fica muito manhosa dessa forma. Tão fofo.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XIV
A primeira vez que uma figura tão pálida quanto um fantasma foi refletido nas telas da sala de controle tudo o que Hoshina Soshiro podia pensar era ser uma candidata qualquer, não se destacava nos exames físicos e poucas vezes interagia com os demais candidatos.
No entanto, assim que eles colocaram os trajes e escutas foram postas em suas vozes os refletindo para todos ouvirem, não apenas um velho chamado Kafka Hibino se destacou como comédia daquela avaliação como Mayoi Onryo se mostrou a pior pessoa em interações humanas.
Ambos eram de longe os candidatos menos promissores para passar, sequer tinham alcançado o um por cento de poder liberado, mas eram engraçados. Hoshina chegou a comentar com Okonogi sobre aquilo, claro, recebendo advertências e broncas para agir como o Vice Capitão que era.
Entretanto um pensamento se fixou em sua mente e era de que Mayoi não servia para a terceira divisão: fraca demais para seus tiros surtirem efeito, ruim demais para interagir e cooperar com os demais.
Ledo engano, sua mente foi varrida com água fria! Mayoi tinha seus defeitos, mas quando usou de uma estratégia até que cruel e carniceira para matar o Yoju, um pequeno sorriso se formou nos lábios do rapaz. Isso só se intensificou quando a mulher sacrificou seu desempenho para ajudar Reno e Kafka.
Não foi fácil fazer Kafka ser aceito — mesmo que em um cargo inferior— na terceira divisão, mas tanto o mais velho quanto a pálida conseguiram entrar, essa precisou de um voto de confiança também, sendo a última da lista de convocados.
A primeira vez que teve contato com a figura feminina ao vivo, Hoshina estava desempenhando o papel de Vice Capitão na cerimônia de entrada dos recrutas. Ela estava lá agindo de sua forma diferente, cabelos tão puros e vibrantes que pareciam como nuvens que flutuavam com vida em volta de seu corpo pequeno e delicado.
Seu voto de confiança garantiu boas risadas naquele dia, Kafka havia falado demais e Mayoi jogada a seus sentimentos o xingou na frente da Capitã gerando punição aos dois. Foi engraçado ver a mulher ameaçando o mais velho aos berros, mas quando ambos tiveram de pagar flexões, Hoshina pela primeira vez parou para realmente prestar atenção naquilo.
Outro encontro mais marcante com a mulher foi quando ele descobriu que seu lugar de fugas estava sendo ocupado por ela. Era noite, gelada e solitária como ele gostava de aproveitar, mas a figura estava lá, seu cabelo arrastado pela brisa como um véu atraindo o olhar mais atento de Soshiro.
Ele se lembrava de como seus lábios sempre tão prontos para dar uma resposta — afiado e preciso— o traiu se revelando para a mulher. Ela se virou como se encarasse um Kaiju, íris afiadas em um tom de areia do deserto, profundo e perigoso, mas assim que ela o notou, seu rosto tomou uma cor viva de vermelho.
Soshiro Hoshina riu mais uma vez por causa das ações de Mayoi. Ela era gentil, da sua forma, possuía uma ação mais estabanada e sempre dizia xingamentos diversos que poderiam gerar reações diversas de pânico nos que a rodeava. Se ele pudesse descrever Mayoi até aquele momento seria: um gato filhote tentando conquistar um lar com as pessoas que o alimentou.
E ele não se lembrava quando passou a notar mais a presença pálida, mas aos poucos notou estar decorando pequenas coisas, rindo de pequenas coisas e as vezes precisava se corrigir. Ele era o Vice capitão, ela precisava aprender a lidar melhor com seus companheiros e Soshiro já escutou algumas reclamações de Ashiro sobre o temperamento mais explosivo e regado a palavrões.
Preocupado como sempre, as semanas passaram rápido demais e muitos evoluíram enquanto Kafka e Mayoi ficaram para trás. Não foi por falta de treinamento e estudo, ele já flagrou dedicação demais vinda daquela dupla de pessoas.
Encarando do alto do muro o treinamento, pode se recordar e até ponderar o motivo de estar ajudando tanto os dois em particular. Soshiro deixou as chaves da biblioteca para Kafka e vezes quando notava as garrafas de chá vazias acabava ele mesmo as enchendo enquanto se sentia um idiota de Vice Capitão cuidadoso com os novatos. Até demais.
— Kafka! — Soshiro gritou tentando afastar a mente do que ele estava a pensar, não era hora para aquilo— Nesse ritmo você nunca vai virar oficial. Vai ser demitido em três meses. O mesmo se aplica a você, Mayoi, pode acabar sendo dispensada.
Ele pode sentir o pânico de Kafka e Mayoi de longe, mas as vezes precisava ser duro, não por maldade, mas era seu dever os treinar e torcer que voltassem vivos.
Ele deveria parar de ser assim, ele não deveria agir daquela forma e isso poderia futuramente ser interpretado de uma forma diferente, com malícia. Mas lá estava ele caminhando até a estande de tiro, os sons vibrantes ecoando pela sala enquanto suas mãos ocupadas com duas canecas de chá davam uma forma de abrir passagem.
Mayoi gastava mais uma madrugada jogada naquela sala, seu corpo parecia ter as maçãs dos rostos mais marcadas, talvez pelo sono ou cansaço, ele não saberia apontar ao certo. A mulher pareceu o notar sem muita demora, seu rosto mostrando surpresa e um certo ponto de ansiedade.
— Vice capitão— Ela forçou continência, seus olhos vezes vagando para a porta como se quisesse fugir.
— Fiquei curioso para saber quem estaria usando a sala agora— Soshiro sorriu ainda mais enquanto afastava uma das xícaras de perto de seu corpo, agora podendo ser pega por Mayoi enquanto sua língua continuava a trair sua mente— Aqui, três colheres de açúcar, mesmo que isso vá te matar um dia.
— Obrigada— Seu rosto corou de maneira violenta, os dedos passando pela base de porcelana antes de se afastar um pouco de Hoshina— Muito obrigada pela bebida...
E pela primeira vez aquela noite ele sentiu algo como um sentimento de julgamento já que na sua mente o que Mayoi dizia não fazia sentido. Ele questionava, parecia aumentar sua curiosidade no que movia a mulher a tentar mais e mais, no entanto, saber que era por uma dívida pareceu um tanto estranho.
Quem pediria a ela que colocasse sua vida em jogo por algo como dívida? A pessoa era uma lunática e Soshiro sentia que poderia até desprezar aquela pessoa.
— Não sei para quem você está devendo, mas se torne forte o suficiente para que não morra no processo.
Era um dos últimos treinos antes da missão, Mayoi corria pelo campo e seus tiros eram certeiros, mas precisavam de mais que uma bala para fazer grandes estragos nos alvos. Soshiro pediu para que ela fizesse com apenas uma bala, era um pedido vindo de Okonogi.
Mas como eles pensavam os resultados não eram nenhum pouco positivos. Levemente acima da força causada por uma bala de uma arma totalmente humana, isso pareceu afetar a mulher que olhava para o chão.
Soshiro não poderia demonstrar sentimentos, ele deveria apenas deixar o fluxo seguir mesmo que Mayoi estivesse triste e mesmo aos questionamentos de Kikoru sobre se ela estava bem. Porém a alma que caia nos pensamentos o encarou com a mesma frieza que um dia disse que iria servir a pessoa que ela devia.
— Senhor Vice Capitão Hoshina. Eu gostaria de tentar novamente!
E Hoshina permitiu, talvez relutando um pouco, mas foi mais um balde de água fria que a mulher jogou em seus pensamentos. Os alvos estavam agora armados para ela tentar e diferente de suas ações, Mayoi parecia um felino que tomava uma posição mais alta antes de atacar sua presa em um bote.
A bala pegou força devido a gravidade e de maneira surreal rasgou a lateral — de cima a baixo— do alvo ao meio. Seu pousar finalizou aquela ação predatória, o corpo quase como de um animal enquanto seu cabelo voava ao redor.
Pela primeira vez a ação fez o coração de Soshiro apertar, algo rápido e quase imperceptível até mesmo para ele que não era familiarizado aquele sentimento. Era como um botão que por um milissegundo foi pressionado.
— Muito obrigada por essa oportunidade, Vice Capitão.
A primeira missão foi algo que marcaria a vida de todos aqueles recrutas, alguns poderiam não voltar para a base da terceira divisão, talvez alguém abandonasse seu cargo agora que estava de frente aos monstros.
Sua voz orientava a todos como deveriam prosseguir, os olhos mais afiados encarando o Kaiju enquanto seus gritos de motivação inundavam a madrugada solitária fazendo o Vice Capitão sorrir, mas como sempre Mayoi foi a primeira a agir naquele grupo de recrutas, entre caçoar de suas caras e encorajar o grupo que ela fazia parte.
Mayoi Onryo correu até a beirada do prédio se jogando — Comam poeira, cuzões— Gritava enquanto seu corpo caia direto a escuridão do ilegível destino daquela missão.
E Hoshina segurava a risada vendo todos a encarar como uma lunática, ela as vezes parecia ser mesmo, mas aquilo os fez pular logo atrás sem medo do que poderia acontecer.
A bebedeira poderia tornar aquele lugar uma bagunça e a diversão de Soshiro, era bom ver os espíritos competitivos se aflorar, mas as horas pareciam girar como loucas e muitos teriam de ir para seus quartos com ajuda. Mayoi era uma dessas pessoas, mas a garota fantasma insistia em beber mais e mais, seu corpo gritando sinais de que ela não sabia se controlar no álcool.
Hoshina se levantou de seu lugar, era uma de suas funções garantir que todos estivessem bem no dia seguinte, a rotina de soldado não parava só por causa de uma ressaca. Sua mão impediu que ela bebesse mais um copo e como criança, Mayoi choramingou vermelha o vendo.
Seus olhos areia o devoravam como uma divindade, lábios tão docemente abertos em um sorriso carinhoso. Mayoi acatou as ordens de Soshiro como se elas fossem sagradas demais até para seu lado bêbado se recusar a ouvir,
— Se era tão fraca assim, não devia ter bebido.
— Eu... Precisava beber— Mayoi disse como se não fosse nada importante, eles caminhavam e aos poucos a luz do local era trocado pela escuridão do ambiente que os rodeava enquanto eles ficavam sozinhos— Assim eu iria conseguir te olhar direito.
— Hum? Do que você tá falando? — Hoshina travou incrédulo, mas ela não parecia a mesma garota inquieta que vivia fazendo alguma coisa sem querer, não, era como se ela estivesse calma até demais. Seu corpo era banhado pela lua, um toque doce enquanto seu cabelo novamente parecia flutuar de uma maneira mística.
— Eu não consigo ser clara quando estou falando com você... Não consigo deixar claro o quanto me fere todas as vezes que você diz que minha dívida é besteira.
— Isso? Não deveria ser algo tão importante, Mayoi— Sua fala foi quase que uma tentativa de tomar uma ação mais pensada, sóbria. Mas os olhos daquela mulher agora o observavam, o devorava— Mayoi?
— Não é importante para você! Mas pra mim é o mundo! Eu estou em dívidas com você, Hoshina! — Revelando o que a tempos escondia, seus dedos agarraram nos ombros de seu superior— Você me salvou! É você que eu sigo! É você que eu vou entregar minha vida! Saiba disso, vice capitão!
— Então era isso — A revelação esfregada em sua face o fez crer que esteve cego esse tempo todo, mas ele precisava a tirar desse pensamento que a mataria — Você não me deve nada, Mayoi.
— Você me salvou um dia... Eu devo minha vida a você— Ela riu brincando com os fios platinados de seu cabelo, enrolando em seus dedos enquanto vezes encarava os lábios do mais velho— Eu gosto de você. Do seu estilo de luta. Da sua forma de liderar o batalhão e do quanto é cuidadoso, mesmo que em segredo... É uma pena que vou esquecer tudo o que estou falando para você amanhã.
— Vai esquecer? — Ela era cruel, Hoshina não conseguiria esquecer aquilo— É bem cruel dizer isso se vai esquecer. Como eu fico nessa história?
Mayoi riu novamente, a luz da lua moldurava sua forma como um anjo noturno. Um anjo que poderia fazer aquele homem sair da linha pelo menos uma vez... Pelo menos aquela vez, então ele a beijou.
E no mesmo instante sua mente o apunhalou, novamente aquele botão foi apertado, mas não devia. Ele havia cruzado uma linha que não deveria o fazer, jamais.
Por sorte Mayoi simplesmente se manteve tão quieta depois do beijo e caminhando até seu dormitório, a menina ria silenciosamente o observando pelo canto de seus olhos como uma adolescente que havia sido pedida em namoro pela sua grande paixão.
Ele só lembra de ter deixado uma caneca de chá para que ela pudesse tratar da sua ressaca e tentou treinar aquela madrugada toda. No começo foi quase impossível, mas ele tinha ressentimentos guardados demais por dois Kaijus estranhos que fugiram de sua mão o que logo o envolveu em uma batalha só.
Okonogi havia conseguido criar as balas que Hoshina pediu para ela, ainda estava em desenvolvimento, mas ele conhecia a pessoa certa a quem entregar aquele carregador único e primário de talvez milhões que viriam no futuro.
Mas ele jamais imaginou que aquela peça iria acarretar em mais fardos nas costas de Mayoi, diferente dos treinos de tiro, agora ela gastou suas horas na biblioteca ao lado de Kafka e continuou mesmo quando este passou pela porta.
— Boa noite, Vice Capitão — Ele disse notando Soshiro parado observando o interior da biblioteca. Seus dedos pedindo para que Kafka ficasse em silêncio e não revelasse sua presença.
Ele ainda se julgava por ter a beijado, mas ela parecia não recordar daquela noite, ou fingia muito bem.
Hoshina se pegou novamente levando algo para ela, naquele caso eram seus documentos, a maioria mais antigo, sobre os Kaijus. Talvez fosse uma arma preciosa nas mãos de uma pessoa como Mayoi, talvez aliviasse seus medos ou talvez apenas a tirasse dessa ideia de ser totalmente perfeita.
Mas ela não demorou para ir ao seu escritório carregando consigo duas canecas para o que seria uma longa noite de conversas reveladoras e que ele não parecia aceitar muito bem. Soshiro achava engraçado como ela tremia enquanto tentava ser o mais séria possível, ela havia ultrapassado uma linha e lido informações ainda não reveladas para mais ninguém, porém ele também havia ultrapassado um limite.
Eles estariam quites?
Hoshina Soshiro não podia deixar de a olhar sendo tão direta, suas mãos batiam nas folhas com uma decisão e ousadia que não lhe era típica. Ele a repreendeu, mas ela parecia aceitar qualquer castigo desde que sua voz fosse devidamente ouvida.
E ele sabia de seus sentimentos, mesmo que ela não se recordasse de os ter revelado. Ela deveria ser afastada, talvez ele mandasse para outra unidade... Não, definitivamente não.
— Eu quero cem flexões— Ele finalmente disse vendo o rosto vermelho de Mayoi— E se torne boa o suficiente para que eu não precise fazer isso.
Decretou antes de precisar reunir forças para sair de seu escritório a deixando ali, ou parecia ter deixado. Seu tronco encostou na parede, pensativo, suspiros pesados escapando de seus lábios enquanto seu coração batia diferente novamente.
Ele havia ponderado a mandar para outra unidade, essa ideia foi uma irritação momentânea e agora ele se remoía do motivo que aquele pensamento foi tão duramente castigado por seus sentimentos. Ele era um Vice Capitão e precisava agir como tal.
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Demónio Gato Fantasma
Casal: Hoshina Soshiro x Leitor Fem.
Aviso: Conteúdo +18, protagonista com vocabulário de baixo calão.
Capítulo XIII
Se ela iria ser a melhor, precisava saber o máximo possível. Seus passos estavam decididos, iria deixar por alguns dias os treinos de tiro para se focar nos estudos com alguém que ela sabia entender de Kaijus como ninguém.
Kafka estava na biblioteca, uma pequena luz de uma luminária e mais nada. Seus olhos focados e cansados de tanto ler sem sequer notar a figura feminina que se aproximava e, tocando seu ombro lhe tirou um berro de pavor.
— Caralho, velho— Mayoi falou quando o coração de Kafka não mais ameaçava sair por sua boca, ele puxava ar enquanto a mulher revirava o olhar— Eu preciso de uma ajuda sua.
— Minha? O que é dessa vez?
— Me ensine sobre anatomia Kaiju, quero todos os detalhes e raças que você se lembra— Sua mão bateu na mesa, ela puxou uma cadeira e se sentou— Anda logo, me ensine.
— Não é bem assim— Kafka suspirou tentando não ameaçar a mulher de alguma forma, ela era pior que Kikoru nos golpes— Eu preciso saber até onde você sabe.
— Pode começar do zero, eu só entendo sobre o meu e algumas coisas básicas de anatomia, no geral, claro.
— Certo, pegue alguns livros que estão nessa prateleira— Apontando para o andar superior pensando que estaria se vingando, viu quando Mayoi andou calmamente até a estante e com um salto que ele tinha certeza de usar sua força Kaiju, puxou o primeiro livro— O outro também.
— Esses livros vão ser o suficiente? — Ela parecia ainda não confiar muito, mas se ele garantisse que de algo tiraria de folhas velhas, Mayoi os pegaria e devoraria— Estão tão velhos que eu sinto vontade de espirrar.
— Eles são o básico que podemos achar aqui, precisamos construir uma base antes de avançar— Estava decidido, agora com uma nova fileira de livros sobre a mesa, Kafka puxou o primeiro— Certo, vamos começar com nomenclaturas e avançamos para o básico de anatomia.
— Uhum, uhum— Mayoi balançava a cabeça todas as vezes que Kafka parava para a olhar, seus orbes tomando um tom diferente da areia natural, era como se um raio de ouro liquido mergulhasse em suas íris.
Vezes o mais velho podia sentir um clima diferente pairando ao redor de Mayoi, era como se seu lado mais concentrado pudesse dar brechas as manifestações físicas de seu Kaiju e nesses momentos ele intervia. Primeiro eram seus olhos focados que se dilatavam como predadores apenas para captar na escuridão os detalhes dos livros, depois poeira tóxica que deixava seus dedos, estes perdendo a forma humana de carne.
Já era tão tarde da noite e Mayoi parecia ser a única não abatida pelo cansaço, o mais velho se recordando de uma conversa em que ela revelava não ter sono. Kafka bocejou se espreguiçando enquanto a platinada parecia terminar de fazer as últimas anotações daquele segundo livro.
Ela lia bem rápido, diferente dele, parecia mais acostumada ao lado Kaiju ou mais disciplinada a estudos. Como era sua vida antes de querer virar uma exterminadora? Kafka vezes questionou durante aquela noite.
— É melhor pararmos por aqui, acho que não vai absorver mais nada dos livros hoje— Mayoi o encarou como quem o julgava.
— Você é um velho patético, estamos começando ainda.
— Você é louca, Mayoi— Era um fato, ele gostava de jogar na cara dela esse fato. Kafka se levantou e andou até a porta da biblioteca— Vá dormir antes que morra por inanição.
— Eu me alimento bem, velho estúpido do caralho— Esbravejou sem se focar no que ele fazia fora das paredes da biblioteca— Que se foda essa merda, eu vou precisar avançar mais e rápido.
Mayoi ficou por mais trinta minutos naquele estado, a fome era um sinal mais recorrente e doloroso para seu corpo. Esticando seus músculos, deslizou suas costas pela cadeira antes de se afastar procurando um pouco de chá para aquietar esse desejo primitivo.
Seus fios platinados estavam presos em um coque, mãos ocupadas com uma caneca fumegante de chá com sua quantia certa de açúcar, ela estava pronta para mais um round de estudos.
Ao sentar na cadeira se deparou com páginas infinitas de documentos jogados sobre onde deveria estar seu caderno. Poderia ter sido Kafka? Ou algum estúpido que sequer notou a existência de alguém estudando antes de despejar restos de arquivos.
Abandonando sua caneca, folheou algumas páginas notando serem arquivos mais recentes — puramente rabiscados por uma letra que tinha beleza, mesmo tão corrida pela falta de tempo de seu dono— e páginas puxadas por marcas de vários usos diários.
Mayoi poderia ficar sem saber quem havia deixado aquilo ali, ou poderia questionar Kafka na manhã seguinte, mas não poderia deixar esse grande tesouro vazar de seus dedos. Ela parou, jogou dois goles de chá para dentro de seu estômago e devorou o que foram conteúdos tão ricos que poderiam conquistar o mais criterioso dos pesquisadores.
As anotações daquela pessoa também eram boas, ele parecia buscar destaque a técnicas e pontos fracos em grandes Kaijus. Era como ter alguém ao seu lado, tinha um ar de alguém que conversava consigo mesmo, não apenas uma decoração e repetição sem fim de conteúdo.
Mayoi parou quando entre os arquivos algo havia deixado passar, era uma mensagem no que começaria as informações sobre o Yoju com órgãos sexuais:
"Delego ao Vice Capitão da terceira divisão, Soshiro Hoshina, os arquivos coletados durante a missão do dia..."
Seus dedos travaram como se ela pudesse estar incrédula, será que ela podia ter acesso aquilo? Mas ele havia deixado ali, não? E se outra pessoa tivesse colocado sobre seu caderno aquilo? Ela poderia ter cometido algum erro?
Era preciso respirar para não surtar, suas mãos estavam ocupadas com canecas quentes e vaporosas, mas seu coração parecia frio de nervosismo. Ela tentaria ser natural, era sua chance.
Batendo na porta, escutou uma voz masculina conhecida que a convidava a entrar, curioso com quem poderia ser naquele momento. Mayoi puxou a porta e sem demoras deixou que fosse apenas os dois em um cômodo mal iluminado.
— Deveria estar dormindo essa hora— Hoshina falou tirando o foco da tela do computador, os olhos se abrindo levemente para encarar Mayoi que se aproximava deixando uma das canecas perto de seu toque.
— Eu deveria dizer o mesmo, Vice Capitão— Seus lábios deixaram um sorriso fugir, o vermelho adornando suas bochechas— É café, pelos arquivos...
— Foi útil? — Questionou com um ar brincalhão, ou o que ele conseguia fingir estar naquele momento— Eu vi que passou a noite toda estudando, deveria tomar cuidado com sua saúde, é importante.
— Para as missões? Eu vou tomar cuidado, não se preocupe— Seus olhos começaram a vasculhar os papeis jogados sobre aquela mesa.
— Não apenas por causa das missões— Hoshina a encarou de maneira mais séria— Por você também. Claro, assim não vai dar dor de cabeça para ninguém.
Mayoi soltou uma pequena risada, um tanto ansiosa e vergonhosa pelo comentário mais sério, mas conseguiu mergulhar naquele tom sempre tão brincalhão que Soshiro assumia.
— Como sabia que eu gosto de café?
— Eu vi em alguns comerciais— A resposta foi rápida, olhos virados para outro lado e logo abafando a voz com goles longos de seu chá— É algo que eu vi faz um tempo. Ficou na cabeça...
Como tudo o que era sobre ele.
Soshiro riu, mas dessa vez mais estridente em uma longa gargalhada se recordando de como aquela mulher conseguia aqueles feitos de maneira fácil. Kafka e Mayoi eram uma comédia para seus dias tediosos de Vice Capitão.
No entanto, o silencio se tornou mais inquieto quando olhos areia conseguiram puxar uma imagem de sua forma Kaiju sobre várias folhas de códigos e informações avançadas para sua mente. Mayoi se aproximou do papel enquanto abandonava sua caneca, seus olhos se arregalando enquanto ela tentava absorver os números e as questões em destaque.
"Falha na tentativa de clonagem do Kaiju Fantasma" Kaiju Fantasma? "Falha na medição exata" Falha? "Falha na réplica de moléculas". Mayoi via falhas e falhas jogadas em tantos tópicos que sua mente entrou em turbilhão só voltando quando uma mão masculina se pôs a ficar acima das folhas que ela lia rapidamente sem permissão.
— Isso não é algo que seja importante— Hoshina tentou não levar aquela ação como uma afronta, não quando ela parecia tão inquieta, devorada por sua mente— Mayoi Onryo.
— Você não planeja fazer nada de perigoso, certo Vice Capitão Hoshina? — Seus olhos o encararam de maneira séria, pelo menos uma vez desde que eles se viram, ou ele jurava ter a visto— Vice Capitão?
— Novamente: isso não te diz respeito, Mayoi Onryo— Agora era um tanto mais firme— Eu falei que vou conseguir mais e uma das saídas é matando o Kaiju.
— O número oito ou essa coisa? — Sua voz tinha nojo, nojo por seu próprio ser. Ela bateu um dedo contra a foto, lábios abertos tentando respirar— Você disse que é tóxico! Senhor, você falou que sua máscara quebrou com o contato e está me falando que vai tentar algo mais?
— Mayoi! — Sua voz se tornou mais firme, no entanto ele deixou de avançar quando ela continuou o encarando decidida.
— Me mande fazer quantas flexões desejar, mas eu não posso simplesmente deixar que algo assim aconteça— Suas mãos se agarravam de maneira firme a pele, ela podia sentir as unhas aos poucos rasgar o tecido de suas juntas— Vice Capitão Hoshina, por favor, eu sei que sou insuficiente e tenho falhas, mas tentar mudar elas não fazem com que a perda do senhor valha a pena.
Soshiro bufou, entre a pequena raiva de ter sido afrontado tão diretamente ou a vontade de rir devido a maneira que aquela menina tremia enquanto dizia. Mas ele simplesmente suspirou novamente, olhos levemente abertos tentando buscar alguma frase mais motivadora ou sábia.
— Eu quero cem flexões— Ele finalmente disse vendo o rosto vermelho de Mayoi— E se torne boa o suficiente para que eu não precise fazer isso.
— EU VOU! — E quando a mulher ameaçou se abaixar para pagar a ordem, Hoshina a parou com sua voz.
— Se aproxima— Ela o fez sem questionar o motivo, a mão direita abanando o ar enquanto aos poucos o rosto tão pálido chegava mais e mais perto. Um de seus dedos tocou as mechas soltas de seu puro cabelo platinado, os fios se enrolando entre os calos de treino com espado lhe trazendo uma sensação agradável. Soshiro emitiu um ruido, não era de desaprovação, mas dizia que a sensação era diferente do imaginado— Eu pensei que fosse como nuvem, mas é macio.
— Nuvem? — A voz gaguejava de tão vermelha e sem ar que estava sua dona.
— É, quando eu... Uma vez pareceu que ele flutuava como nuvens no ar— Quando aquilo havia acontecido? Mayoi não se recordava de um dia ter ficado próxima o suficiente do Vice Capitão para dar essa impressão, ou não se recordava de seu lado Kaiju se aflorar assim.
Porém, enquanto ele demorava em brincar com os fios da mecha jogada entre seus dedos, olhos areia se fixaram em seu rosto tentadoramente descendo até para seus lábios. Ele estava levemente entreaberto deixando que os caninos mais pontudos aparecessem, Mayoi corou sentindo que poderia recordar de ter tocado aquela pele.
Mas ela não lembrava de ter o feito, teria ficado maluca apenas com um simples beijo, na verdade, estava ficando maluca com o simples sonhar enquanto aquele homem brincava com seu cabelo.
— Certo, não vou deixar escapar impune— Ele finalmente falou sorrindo— Onde estávamos mesmo? Ah sim, cem flexões.
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