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Nas entrelinhas do amor
Nas labaredas frágeis do existir, vou tilintando minha luxúria que desloca entre o ápice da paixão e o amor. Ela fixa os olhos nos meus e me convida para uma dança perigosa. Hesito. Ela se aproxima e ainda paralisado, não sei o que me falta para ir adiante. Quando vou num passo a frente, ela recua. Me acende nas ideias, o romantismo e as juras. Escorre dos lábios como cicatrizes penduradas de enfeite, um falar do amor que, apaixonado estou. Ela me ri timidamente. Avermelha a face e talvez vencedor, um brilho no olhar me surge. Cá estou. A distância alucina, recria e revive memórias. Bebo do mel da boca, sorvo a delícia do toque e o reverberar dos abraços, como cordas e acordes de uma melodia sonolenta. Amando, morro nos delírios que tua pele me faz sentir. Num tropeçar do destino, caio sem querer no teu ser. Quão lindo pode ser um ser que me era desconhecido? Ali, parado, na penumbra da porta, espio de longe o amor da minha vida. O cheiro do café, as rosas paradas na entrada da sala, tudo é para ela. Não couberam esforços para fazê-la minha, não restaram palavras para descrever meu interno e esse sentimento que explode, numa estrela silenciosa. Fiz eu, a cruzar as pernas enquanto beberico da dor da ausência, o amor se apraz da convivência. Vislumbrar a pele, saída do banho, as manias, o irritar das retinas quando algo não está certo. Apaixonado? Eu sou. Pelo teu jeito de ver o mundo lá fora e faz crescer o viver. Completamente apaixonado, pelo rompante que me abre, na tua voz e nos trejeitos que tem. Foi sorte. Quão forte? Nas medidas que o infinito nos traz. Menina, faz de mim teu lar e fica. Sou tão literal, nas vísceras da intensidade, me fez de abrigo das torturas do dia-a-dia. Não cabe linhas, amor. Faz tua voz, reaparecer nas gotículas das chuvas e traz teu cheiro pra perto. Apaixonado e te amando sigo os passos dessa dança que me deixa tonto, mas partilho, se quiser, a vida com a tua alma.
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Uma mordida e me lambe os lábios, Me observa enquanto lhe devoro sem nenhum pudor. Adentro no quarto, já que a indecência não finda. Paro por um instante na porta, enquanto vislumbro tua posição. Me agacho como quem vai iniciar com as mãos, mas minha boca lhe implora. Entre os lençóis, ela segura firme e as pernas perdem as forças. Entre sussurros abafados pelo travesseiro, seguro tuas pernas e ali ela entrega todo o seu poder. Numa dessas, o suor vem de encontro ao gelado do ar. Pulso num tesão completo e preciso devorar-lhe a pele, para satisfazer meus anseios. Numa outra cena, o vapor ainda nos escorre. Ela estava preparada para sair do banho, enquanto distraída deixava a brecha para que eu a prendesse. Me olhava de canto como quem questiona, mas nada diz. Minhas mãos, já passeavam pelo corpo até que encontraram seu pescoço. A língua lhe passeava pela nuca e a arrastei para dentro do box. Entre movimentos, a velocidade da selvageria me rompia dos instintos que ela despertava. Via ceder então, segurando-me no entrelaçar do braço. Um gemido lhe escapou, entre tantos outros. Pensei eu: como posso desejar-lhe tanto, incessantemente depois de algum tempo? O fogo me queimava as pernas e cego na minha própria luxúria, fazia dela meu lar de vontades. Me pulsa o amor, enquanto o som ecoa e tudo me cresce. Já sem ar, talvez pelo calor da água que me escorria, vem ela puxando-me novamente para a cama. E ah! Ali faço meu reinado e no dominar, continuo. Entre as pernas, me esquivo e vem ela novamente a tremer o corpo. Num beijo, me finda, o amor que não me cabe nas entranhas. Fixa os olhos e numa promessa infantil, me faz ficar.
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Noite de amor
Um feixe de luz a alfinetar o quarto enquanto a chuva escorre lá fora. Adormeci. Fui levado para o lugar onde éramos livres. Ela me sorria com olhos de malícia e o vestido que a conheci, lhe tapava a pele. Ainda sonolento, ela me pegou pelas mãos e foi me levando para a sala. Me olhou fixamente e enquanto me beijava, encostava seu corpo mais próximo ao meu. Neste momento, já ardendo em desejo, apertei-lhe a cintura. Percorria seu pescoço e afastei a alça que me atrapalhava. Lentamente, me desfiz do embaraço da veste. O beijo ávido de saudade, com suas mãos na minha nuca, caminhamos rumo à uma cena por mim conhecida. Tua pele desnuda arrepiava enquanto cuidadosamente lhe cobria a derme de beijos. Rapidamente, encontrava o caminho fascinante que me trazia fulgor. Tuas mãos agarravam-se onde lhe era possível. Era como que reviver a cena que outrora fomos protagonistas, mas ao invés de seguirmos para o sofá empurrou-me com os pés e me pediu com o rosto avermelhado e sorridente, para seguirmos para o quarto. E lá, fizemos do nosso cenário, nosso amor particular. Mãos agarradas, pares de pernas entreabertos, lábios mordiscando à paixão. Vez ou outra, seus longos cabelos eram jogados para trás e voltava o olhar sensual para mim. Entre juras de amor ao pé do ouvido, me assegurava de guardar aquele momento. Ela ainda mais imponente, mordia-me os lábios, a nuca e apertava-me as costas. Como carros desenfreados, preparados para momento colossal, colapsamos num desejo que nos escorria pelos poros e pelas pernas. Me abraçou como que suplicante num silêncio. Beijou-me a testa e prometeu-me ser breve. Levantou-se da cama, capturou a toalha e antes de ir porta a fora, fitou-me com os olhos encharcados. Acordei num sobressalto. Uma crise de abstinência a tirar-me o sono. Ah, mulher! Não demoro a findar o projeto vindouro, para seguir a diante com nossos planos disfarçados de sonhos. Não posso mais amar-te como no escuro dos dias que não passam. E cessa tudo, menos a vontade de rever os pares de olhos deliciosos.
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Mãedrinha
Depois que você partiu, nunca escrevi sobre você. Hoje, acordei e fui fazer um café. Senti o cheiro e por uma coincidência, alguém me ofereceu um pão quentinho com manteiga. Sentei na mesa e me emocionei. Eu sinto a sua falta todos os dias. Lembro-me como atentado que era, destruía todas as tuas plantas por causa do futebol. E, o futebol que lhe causava uma dor de cabeça... Você ligava o som às 7 da manhã e o café de todos os dias, estava sempre na mesa. Sempre que podia, mesmo com pouco estudo, me orientava. Sábia mulher que tinha como experiência a tua paz. Mãe, vó, minha melhor amiga. Quando à noite os pesadelos me atormentavam, sentava na cama e me abraçava como quem sabia ser colo. E colo foi. Quero escrever a simplicidade da primeira vez que andei de bicicleta e você e eu caímos juntos na calçada. Levantou indignada, mas sorridente por ter me visto dar os primeiros passos para a liberdade. Madrinha, sabia que hoje estou na faculdade? Lembra quando sonhávamos juntos por esse momento? Eu só queria que fosse você a pessoa que estivesse na primeira cadeira para me aplaudir. A única que acertou que um dia eu ia mostrar quem era de verdade. Queria te contar que hoje tenho barba, a voz grossa e todo mundo diz que pareço com o Douglas. Vê se pode... Sinto falta do seu cheiro, da tua risada alta, do seu jeitinho de dançar quando estava feliz. Me puxava pra perto e me beijava a face com tanto carinho que sentia o céu bem perto. Fazia questão da minha presença, nos churrascos, festas, datas importantes. Me ligava no meio da semana para dormir na sua casa depois de mais velho. Até hoje, cumpro o ritual de aparecer pelo menos no final do ano. Gostaria de te contar tantas novidades e te mostrar aquela pessoa que você disse que entraria na minha vida para me fazer feliz. Queria, voltar naqueles dias de frio quando você fazia arroz doce. Ou dos almoços de domingo. Sempre agradando com comida e depois de aprender com você, sou assim hoje também. De certo, você vive em mim. Obrigado por dividir uma parte da sua estrada comigo. Me dê a honra no futuro reencontrar-te por entre as vielas do espírito. Te amo mais que tudo nesse mundo.
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Carta para Deus - Parte I
Senhor, não sei rezar. Não sei criar escritas poéticas de cunho culto. Não tenho sequer moedas de ouro para adentrar no Reino dos Céus. Veja, olha para baixo, não tenho muito a oferecer. O que tenho são um amontoado sujeiras e bagunças a entupir-me os olhos. Minha vida, é um barquinho de papel a navegar o oceano turbulento das aflições. Não sei sequer se um dia entenderá as minhas batalhas internas. Peço, com toda humildade que de alguma forma, escute o que Lhe peço aos prantos. Ainda que eu tenha errado nesta estrada e tenha caído sem querer em armadilhas, sei que estava a me segurar. Dentro de mim, tenho a força para continuar trilhando os caminhos que me mostrastes. Há agora à minha frente duas opções. Sei que de longe escuta bilhares de gritos de dor., mas sente aqui e me deixe explicar o quão dolorido é a vida sob o mundo que nos cerca aqui em baixo. Faz cicatrizar tantas feridas que me impedem de caminhar. Essa dor, não é a Sua falta, não. Não sei qual o caminho certo a seguir. Não sei o que fazer e agora? De certo faltarão palavras, mas há algo que não me permite viver. São tantos os entraves e dissabores, que de alguma sorte, ainda permaneço sorrindo. Talvez seja um filho melindre. Talvez seja o filho rebelde que debate os Teus ensinamentos. Talvez mais um pecador que de alguma forma, destina ao inferno. Bem digo que só o que desejo é a calma que me é falha. Guia-me por qualquer que seja a estrada e me deixa ver o que não enxergo. Segura minhas mãos, pois meu maior presente, me deste. Dá a sabedoria de suportar perder, se preciso for. Mas se me for permitido vencer, guarda minha alma de tudo aquilo que me destrói. Ainda aos prantos, não deixe que me permita viver morrendo por dentro. Estou a desmanchar-me e nem sequer consigo me refazer. Não torna este momento glorioso, um grande pesadelo. Aos soluços, Lhe digo: "Seja para mim, o bálsamo que ninguém na Terra é capaz de ser". É só o que me resta.
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O ato sublime da renúncia
A noite se achega e com ela a mesma sensação. Filme repetido que entra por entre os vãos da porta. O escuro é confortável. Você me vendeu para se salvar. Jogou os meus sonhos no chão e pisoteou como quem não tem piedade. Um menino ferido de largo sorriso que se consome na ansiedade dos dias. Choro a dor da renúncia como quem perdeu e se perde de si. Sonhos grudados na parede. Diplomas. Na minha história, fui coadjuvante. Nem um pingo de esperança, nem um pingo de paz. Fagulhas alardam e tenebrosamente me permito. Um último vislumbre antes de me despedir dos meus sonhos mais íntimos. Te pedi feliz para que segurasse a minha mão como quando criança, mas se não me falha a memória, não era teu rosto que via quando caia. Covarde! Você me odiou com todas as forças e cumpriu o seu papel de algoz. Permiti que chegasse até mim, pois em minha óptica deturpada, não via perigo. Confiei em você as minhas fraquezas e apossada delas, brinca como comandante cruel. Me quebra entre suas pedras e sangrando, continua a me vender. Não me mostre a sua vergonha, nem tampouco o teu pecado. Do chão, te vejo no topo que eu mesmo me sacrifiquei para colocá-la. Restou-me cair em desgraça e deixar que meus sentimentos queimassem no ódio eterno. E o ódio me é súplica dos dias. Lança sobre mim a tua maldição e diz que mereço. Fraco, eles dizem. Sucumbido aos próprios deslizes, falhei miseravelmente. Às vezes. Você destila seu veneno por entre as minhas veias e me mata aos poucos. Sou forjado na mentira de não perceber quem sou. Uma história criada, sem entender por qual caminho seguir. O ato sublime de mais uma vez renunciar os meus anseios, pois não vejo meios de resolver. E sangro. Anjo caído e imperdoável. Meu desprezo reverbera minhas entranhas e aninhado na vingança, continuo a descer todos os degraus da vida. Impecavelmente maquiavélica, vai devagar enquanto me lança às correntes e me afoga nas tuas desilusões. Não me abrace como traidora que é. Não me permita seu cheiro, não. Não seja o que nunca foi. E caindo. Renunciando. Aos estilhaços, tropeçando, continuo caindo.
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Sedento
Curvas e detalhes. A boca mordisca e entra num intenso gotejar de tentações. Como lobo faminto a observo de longe. Nas jogadas, ela diz que não. Eu finjo acreditar. Se deita de costas, como quem está exausta do viver. Abre os braços e cruza as pernas. Alguns panos atrapalham a minha visão. Um beijo na nuca e o sorriso de canto ressurge. "Não sei se quero, deita aí e descansa". Nem sequer escutei o restante. Outro beijo, outro sorriso. Permanece imóvel. De alguma forma, sorri, mas disfarça. Os panos, malditos panos. Uma mão escorrega e as curvas vão se acentuando. Lindos pincéis nas mãos, um toque leve: o arrepio. Levanto-me. Sua indignação transborda nuns dizeres que me cabe censurar. Questiono os panos. "Retire". Parece sempre uma nova descoberta tal o caminho que já conheço. Meu rosto transforma e o banquete à frente. A água na boca é de sede, mas controlo-me. Ela sorri perversamente e sua impaciência atrapalha meu deslumbre. A curva das pernas, o modelar da cintura que encaixa perfeitamente nas mãos. Ela vira de costas e ali, meu caro leitor, é onde há tanta beleza que me paralisa. Como degustador, vou de encontro à perfeição criada de forma pontual. O lábio quente e sua pele demonstra o que teus lábios negam. A mão passeia vagarosamente e não são mais curvas. É o desenho do envolto mais delicado. Medidas impecáveis como quem dosou fielmente para enlouquecer a quem tem olhos para admirar. Perfeita. Me demoro a avançar pois que tuas linhas, atrapalham tal desejo. Fixo o olhar e nas palavras... Oh Deus! Por muito pouco o tesão me explode, mas tão improvável delinear, basta-me que não poupe. Eis aqui na palma das minhas mãos, uma obra colossal. Perverso, travesso e completamente louco. A mão alcança os cabelos. Nosso espetáculo entre tantas linhas, cabe pausar. À vocês? Imaginar.
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Silêncio
“És tu poeta de estrada de terra que vem passando desejando e esbravejando a morte? És tu que engole as lágrimas e beberica o mel do orvalho? És? Não és! Pois és tu, aquele que grita no silêncio, parte teu peito e não escreve senão versos de amor. Maldito poeta! Que trouxes para desgraçar a raça que não sente? Trouxe teus amores, tuas dores e tua escrita. Maldita escrita que faz suspirar os apaixonados, enlouquecer os perdidos e destruir quer queira, quer não, aqueles que não interpretam com o coração. Pois roubas tú, as palavras bonitas e as distribui sem critério algum! Audácia! Pois toca quem há de ser tocado e nas tristezas, tem alívio das lamentações. E tú poeta? Que tem em troca? Nada senão amores fracassados em tua mala, maldições de sentimentos, tristezas mal curadas e o vexame. Amaste tanto que não soube amar. Agora amarga nas vielas, chora nos bares e destroça teu coração num corpo qualquer. Que trágico, porém belo. És tu poeta, tão triste carregando tuas malas por onde vai e buscas senão o que?” E retruco
"Amor, na fragilidade dos dias vamos nos dissipando. Não me consoles, eu imploro." Sentei-me à uma mesa de bar e cá estou a chorar desenfreadamente. Moço, cabe a mim um rompante. Deixei que minhas armaduras estivessem no chão e agora estou completamente nú. Acabei de aceitar que certas coisas nem sempre vingam no nosso existir. Nada mais amarga a alma que o ir sem saber por onde vai. Flagrei a mim mesmo num mar de desespero que os goles que sorvo, acalmem o frenético estar. Entreguei o que de mais precioso tinha e, ouvia aos risos, que era apenas para acalmar-me. Não me faça companhia esta noite, apague a luz da mesa e veja adentrar pela porta adiante, o motivo deste rio que inunda meu rosto. E eu, moço, que guardei os planos na gaveta, por que alguém pulou rapidamente quando tudo começou pulsar no verdadeiro. Eis aqui a minha maldição: amar demais e a intensidade de quem anseia tudo para ontem, pois que a vida é breve, não é? Homens, ouçam minhas palavras no meio do silêncio. Não confiem a alma e os teus dias às promessas que o gozo antecede. Acatem meu exemplo sórdido de perda e tristeza. Os quadros, marcas no rosto e o olhar vazio, é por que fui honesto. Quanto à minha intuição, perdão! Estava estático diante de um par de olhos e pulsei-me a viver, pois que morto estava. Deleitado e entregue, chorei. O ódio do amar e o partir de quem nos mais íntimos sonhos, mais se deseja. Não calei-me, arrumei as malas e fui. Para quem não volta mais. E choro, como quem derruba nos versos tua amargura e entristece a quem lê. Rompeu-se a felicidade das luzes brancas e o escuro me resta. Resta-me os cacos, mais uma vez, a juntar. E sangro-me. Nada de entregar o que se lhe possui. Me vou egoísta e resumidamente, doente. Carrego e subo as montanhas, para a paz nunca mais roubarem. Não me consoles, não. Sou como tantos que se perdem nas vielas do sentir. Não me consoles e me permita o silêncio.
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Senhora dos Prazeres
Braços-casa. Sentou-se no meu colo, como quem domina o que encontra. Ela beijava lentamente o canto dos lábios e sorvia o restante das palavras que me entalavam. As pernas envoltas, peitos desnudos, o corar do rosto. Os olhos me comiam os sentidos dilatados de prazer. Ela, tão dona de si, naquele momento, entregava seu jogo sórdido. Silenciosamente, enquanto embebidos de necessária urgência, nos entorpecia o restante dos toques. Ainda na meia-luz, me sorria. "Te amo". Em sussurros, que mais pareciam gritos apaixonados, a desnudez era a capacidade dos corpos em suas falas mais íntimas. Era meu mundo entrando nos eixos. Nas trocas, estava eu, deitado sobre a pele que acalmava meus infantis anseios. Suas mãos agarravam meu rosto, enquanto passeava entre beijos e respirações profundas. Uma vasta necessidade. Furiosos e urgentes. Amantes da noite e da intensidade. No deslizar das mãos pelas costas, os dedos por hora, eram delicados, passeavam de volta para casa. O arrepiar da pele em contato com o desejo, ardia freneticamente antecipando a satisfação. Ela me segurava os cabelos e no cruzar dos olhos, lágrimas de saudade, uma risada e um beijo selando aquele compromisso, quase que proibido. Burlávamos leis que nem mesmo nós sabíamos que existia. Quase cármico. Dentre pequenas gotas de suor, os fios de cabelo que lhe pendiam no ombro, repousei o corpo cansado. Era ali o meu lugar. Enquanto dormia, chorava silenciosamente. Sabia eu, que aquela situação era não era para sempre. Ansiava pela parte em que meus sonhos pessoais se realizariam. Mesmo não tendo chego tão longe, quando alcançasse o topo da montanha, ela estaria comigo. Nas apostas dos sonhos, era mais um a sacrificar o amor temporariamente. Quase cármico.
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Eu te poesio
O cansaço me tomava, mas a ânsia de revê-la acelerava meus batimentos. Atravessava dias inteiros procurando versos, estrofes, pequenos rascunhos do que dizer, mas quando os olhos esverdeados toparam os meus, a fala não veio. Sentia a alma finalmente respirar, pois havia encontrado a minha paz. Ela em tom de súplica manhosa, esbravejava o banho demorado. Fiquei um instante na porta a admirar a visão que guardaria na memória de uma das insanidades que fazia por aquela mulher. À meia luz, a penumbra delineada, um rompante de delícias, saudades e a dor da espera, se dissipavam e contraiam-se em gozos e gemidos. A fúria que as mãos se procuravam, os lábios se devoravam e os corpos se colavam era de a conversa de dois corações desesperados, descompassados, cheios de desejo e paixão. Você ainda se lembra de mim? Os cabelos prendendo nas . Dentro daqueles olhos, uma fresta de necessidade. Enquanto as almas se entrelaçavam, sorvia o gosto daquele universo que eu tanto amava. Como oceano, ela deságuava tua malícia e prazeres. Naquela noite, as horas contadas, nos amamos como se a partida não fosse breve. Pernas entrelaçadas. O líquido nos escorria. As veias dilatadas. O choro inesperado, de quem tanto espera. Ah, quão injusto nos parece? Mas dentre tantas responsabilidades cotidianas, me escapo. Maluco? Por ela. Mulher, naquelas finitas horas, te escrevi o verso mais verdadeiro. Te poesio em todos os atos. Em doses de abstinência, não lhe prometo breve volta, mas lhe garanto que nas minhas noites de loucura, atravesso as longas distâncias para entregar-me ao seu calor. Te poesio, como quem eterniza os momentos intensos. Te poesio no meu ser, na minha fala, nas minhas falhas escritas como refúgio em que a Lua nos assola na solidão. E a poesio, por que... ela é a própria poesia. Te poesio, nos anseios, nas gargalhadas entrecortadas. E entre dizer que lhe amo, lhe digo: te poesio.
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Capricórnio x Peixes
Ela é profunda como os mares. Eu sou a terra lenta. Ela tem os olhos profundos, eu guardo os olhos vagos. Ela é doçura, eu sou meio amargo. Ela é serena, eu sou caos. Ela é silenciosa, eu sou a fala. Ela arde para dentro, eu sou fogo em eterna combustão. Ela traz nas mãos, o dom de tocar e fazer viver. Eu, transformo o que vejo à minha volta. Ela, é cheia de fases como a Lua. Eu sou monotonia e pragmatismo. Ela me surpreende, eu sou fácil de ler. Ela é tipo uma brisa, eu sou o furacão. Ela é racional, eu sou sensível. Ela se regenera com facilidade, eu não faço a mínima de quando conseguirei lidar com os monstros na minha mente. Ela é riso frouxo, eu sou cara fechada. Ela me toca, eu fecho os olhos. Eu abraço, ela acalma. Somos como dois mundos diferentes. Ela é manha, eu sou carinho. Ela corre, eu a busco de volta. Como duas energias que se conectam mesmo sem entender. Ela guarda nas frases a pequena fragilidade dos ciúmes, eu me pergunto o que será que ela viu em mim. Ela é de território, eu sou pássaro livre, mas que esconde dentro de si, um ciúme disfarçado de um olhar distante. Somos ninho quando lá fora é difícil demais para respirar. Deitado no teu colo, me percebo menino. Ela é mulher, cheia de manias, mas jura que não. Se entrega com ardor, e mesmo no alto das tuas súplicas, abre os olhos e me encara como quem me devora. Eu a reclamo nas noites, nos dias, nos intervalos, em qualquer hora do meu dia, como um louco apaixonado que não controla teus desejos. Ela é quem para, mas sou eu quem começo. Como planetas lentos, Saturno e Netuno, seguem na direção um do outro. Aceleram e param. Como quem ronda uma órbita tentando buscar a melhor rota de colisão. Ah, dois satélites que vez ou outra raspam na faísca, mas congelam na mesma proporção.
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Eu as chamo de sombras
Já são onze da noite. Fiz o mínimo de esforço para mover-me, mas o corpo está pesando uma tonelada. Pareço feito de chumbo e de alguma forma, sou mesmo. O corpo dói, a alma respira sofregamente. Ainda dilato, mas não suporto muito tempo. Lá fora, um silêncio, mas aqui dentro tudo grita. Vozes imperiosas, cheias de ódio que destilam a fraqueza que minha própria mente criou. Sou prisioneiro de mim mesmo. Vez ou outra arrisco um olhar pela Lua que desloca-se calmamente por entre o vão da janela. Nem a sorte me acompanha, muito menos o amor. Sou frio, como corpo que não existe. Ignoro a existência daqueles que me querem. Finjo sentir ódio, mas o vazio acompanha logo em seguida. Os pés, involuntários, sacolejam desnorteados. Fecho os olhos: ainda vislumbro a felicidade, longínqua como meus desejos. O peito aperta, acelera os batimentos e a cada batida, sinto um choro descontrolado vir à tona. Ele trava na garganta e pouco a pouco, o nó cresce. Um pedido de socorro me vêm aos lábios, mas nenhuma reação. Me observam agir naturalmente, mas mal sabem o que me cerca. Eu as chamo de sombras. Que roubam a paz, a felicidade e tudo que as cercam. Engolem o pouco de humanidade e sensibilidade que ainda me toleram. Vou perdê-la, mas isso agora não importa. É como se merecesse a solidão. Sozinho. Um traço de desespero me toma, porém continuo estagnado. "Não era pra tanto, fracote". De certo não era, mas não posso controlar. Acho estar me contorcendo e continuo paralisado. Tudo dói. Absolutamente tudo. Nada digo, nada entra e nada sai. Perdi de mim numa virada de esquina, e meu corpo padece. A cortina se fecha, mas minha mente trabalha contra. Nada digo. Eu as chamo de sombras.
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Rompante de amor
Sentado, refletia dias anteriores. Nunca pensaria que em determinado momento pararia depois de tantos voos. Foi ali, naquele olhar intenso e profundo que mergulhei no mais profundo oceano. Ela desaguou toda a tua paz e amor e me enlaçou como uma corrente de sentimentos. O gelo que adornava o peito pouco a pouco, era derretido pela franqueza do amor e a tristeza esvaia-se. Veio correndo trazer de volta a felicidade do existir. Sensível e firme, me pegou pelos dedos e fez teu calor acender dentro do estar. E estava. Sou tão teu que me desligo num segundo do meu ser. Certamente a romper as barreiras dos nossos próprios abismos. Os longos cabelos a espalhar-me o perfume inebriante, e confesso: te amo. Sem nenhuma contrariedade, deixo estar. Estou. E sou. A água que lhe toca, o sol que lhe ataca a face, o silêncio do existir dentro de si mesma: um espetáculo particular capaz de me tirar a ansiedade dos dias difíceis. Confessando estava com a Lua que se aqueles olhos esverdeados permanecessem, faria o impossível para vê-la feliz. Guardo dentro de mim os mais íntimos segredos que confessados nos versos lhe explico: te amo. Duas palavras que resumem o bem que me fez e a paz do querer. Além, explico que se me convidar para entrar, prometo tijolo por tijolo, reconstruir a tua paz. Queria, num momento a coragem para lhe dizer o que me prende o ar, pois sabe-se lá por que, não consigo expressar que o amor não me basta mais. O querer não me é urgente, mas necessário. Dentre tantas as bijuterias, o diamante mais raro está em minhas mãos. Rompo a barreira do medo e lhe pergunto o que já está dito: sou tão teu, que não quero ser de e para mais ninguém.
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Declaração de amor
Assim que os olhos dela pousaram nos meus, sentia os batimentos acelerarem. Pouco a pouco o frio na barriga, veio trazendo de presente o riso fácil e o olhar penetrante. "O que foi? Por quê você me olha tanto?". Gravava na memória o riso tímido, a cara feliz, a feição séria quando algo lhe roubava a atenção. Gravava as sobrancelhas arqueadas, num gesto de desaprovação e vez ou outra, uma risada engraçada que entorpecia os meus sentidos. As mãos suaves que num rompante acariciavam a minha pele, pareciam sensíveis aos meus apelos. Francamente? Como pude deixar que meu coração deslizasse para dentro daquela órbita tão misteriosa? Mal sabia que um beijo marcado de controvérsias, estaria estático e de joelhos para ela. Deixei que meu coração controlasse e como um café quentinho, me abraçou no teu mar. Das falas, trazia um 'te amo' disfarçado. A notava com malícia e certa inocência ao mesmo tempo. Venho agora confessar-lhe meus sentimentos mais íntimos: sou capaz do que for preciso, para vê-la no conforto de si mesma. Nas minhas promessas mais íntimas, sou teu. No toque das veias que dilatam ao sentir seu cheiro, sou teu. E desde que tropeçaste tranquilamente nos meus caminhos, sou teu. Pela milésima vez, sou tão teu que não me basta o mínimo. Lhe entrego ainda, depois de tempos, o melhor de mim. O pulsar dos teus olhos-galáxia, são a direção mais doce de seguir. O abraço-casa, o colo amigo. Quando disse que lutaria para que estivesse comigo, confesso que nem eu sabia do que seria capaz para alçar os voos mais altos ao seu lado. Você de certo, é a escolha mais linda que fiz e não me arrependo. As noites dançantes e calorosas, ainda te pertenço. E te pertenço como quem não precisa de lugar nenhum para seguir. Tão teu, que me basta teu sorriso-paz para deixar estar... completamente teu.
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Caindo
Um trago no café e um olhar vazio. A pequena parte da mim que ainda restava viva, pulsava latente como quem tenta explodir a si mesmo. Por fora me olhavam como uma fortaleza, resiliente. Exemplo. Era como que em cascata, chorar internamente. Via os pulsos amarrados na tristeza e o coração na dependência emocional. Tudo pairava no cinza e lá fora, o sol ainda ardia. Vez ou outra, sentia o calor, mas não bebericava das tuas nuances. Calmo, pacífico. Prestes a explodir. O grande problema de quem segura a raiva e o ódio, é que ele vem à tona. O preto das pupilas dilatadas a gritar palavras humilhantes, dava o tom escuro das minhas atitudes a seguir. Confrontei-a. Pela primeira vez, reagia como que em desespero de quem finalmente despertou para se proteger. "Sem mim, você não é ninguém". Eu não era. A divisão do meu eu, vinha em formas dualistas: repetia ciclos e o encerramento deles. Não sabia o que era o amor, não. Mas estranhamente, amava. Mas amava puramente, sem pedir nada em troca. Quantos ai que estão, bons ou ruins, não quiseram ouvir? Um grito silencioso, passivo e ardente. Rompi a barreira do silêncio e desmoronei. Os vidros no chão, as correntes arrebentadas. Virado para fora vislumbro a luz e as cores me convidam. Nada cinza, nada de Narcísa que continuava a esbravejar raivosa. E me gritava, mas não ouvia. "Liberdade...". Ainda rompendo a última corrente, o ar me falta... Mais um passo adiante: "Liberdade...". Choroso, encolhido, rastejando. O pulmão respira pela primeira vez, e nessa contração uma dor insuportável. Olho para trás e o espelho do perfeito, se quebra. Narcisa? Não existe mais. Nada de cinza.
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Depression
"É o mínimo". Exausto, diminuto. Uma corda no pescoço: ainda sou o garoto problema. Lhe trago as amarguras do passado e sempre a tropeço. Nunca excelente, sempre mediano. Reconhece a voz? A fala? Cinza. Ela é completamente cinza. Vem sorrateira, tranquila com os olhos e bocas meladas, cheias de promessas e doçuras. Facilmente se encantaria. Facilmente diria que estou a enlouquecer. Cinza. Rapidamente, se ameaçada, revolta e torna-se fel e navalha. Ataca ao menor sinal de confronto. Cinza. Olhares distorcidos sob a mesma óptica. Inimigos orbitando a mesma esfera. Desconfiado, observo de longe. Algemas nos braços: teu amor é só meu. Na tua imperiosidade, domina a quem se aproxima. Nada a dizer quando a cor lhe chega aos olhos, ela torna tudo cinza. Perfeito para os outros, para ela nunca será. Mínimo, pouco, atrasado. Sempre problemas. Uma criação estranha de quem não consegue se afastar, completamente cinza. Rendido na culpa, na dor, na submissão. Preso, observo. Admiro a inteligência e manipulação das memórias. Dificilmente diria que mente. Inseguro, mas observador. O relógio marca as horas. Em algum momento, a algema cairá. Sangro internamente, mas os olhos dela me observam. E contando os segundos, para sair da caverna onde meu olhar mira um lugar que não faz mais sentido. Existe sim, uma verdade fora as sombras que aparecem na parede, não é? Eu ouço as vozes risonhas e cantantes do lado de fora. Ouço o que eles dizem sobre o amor ser algo bom e não prisão. Hei de queimar os olhos com o que ele chamam de Sol, mas dizem ter cor, não será mais nada... completamente cinza.
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Depression
Desfiz o nó da gravata, mas o da garganta continuava a me incomodar. Abri a blusa e deixei o corpo relaxar no chão. Àquela altura, o choro já inundava meu rosto. As mãos na cabeça eram como apoio para o corpo não ceder. Tinha feito tudo que podia para mostrar quem eu era. Havia escalado montanhas, desbravado mundos e nada disso importava. "Um exemplo". Ela continuava a me falar como quem desdenha de cada conquista. As suas falas me atravessavam como quando era criança. E era assim que ainda me sentia: uma criança. Sentia o mundo abrir nos meus pés e a tristeza me assolou como quem esfrega um ferimento aberto. E chorei um mar de dores e desgostos. Procurando em vão algum motivo que me fizesse ficar, a dor de ir também me paralisava. "O que eu faço agora?". É triste quando perdemos a nós mesmos no caminho que trilhamos. Fracassado, mesmo vencendo. Nos lábios de quem não te valoriza, você é sempre o pior. A culpa te assola de forma profunda e milagrosa, perseguidora e sabotadora de sonhos, eu diria. Teus objetivos se confundem com a realidade e por momentos, nada é seu. De repente a ingratidão, se torna o único vínculo das palavras daquele vocabulário. E não, você não sabe para onde ir. Os pequenos gritos que você ousa soltar, lhe prendem o ar. Preso numa realidade paralela, onde todos de fora te veem, menos você. Como quem é atravessado por um tsunami, me afoguei num mundo que criaram para mim. Agora, a dor ainda é latente, e me fere. Mas alivia. Miro meu reflexo desolado onde há alguns instantes a felicidade me era presente. O dom que as pessoas tem sob as outras, é absurdo. O ar me custa, a paz me atormenta. Onde foi que me perdi? Onde foi que me deixei ali, naquele canto velho casa? Por um segundo, ainda penso em retornar, mas a partida é certa. Latente, dolorida e torturante. A cada passo, as correntes apertam e preso não permaneço. Nesse movimento de soltura, o ranger de dentes, os gritos e um choro infinito. Quem há? Nas mãos cinzas, a cor é mancha da família. Coragem! Quem há? Quem há...
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