tyrannossaurus

[tyrannossaurus]

não sei, nem consigo decidir. Mas saudei minha mãe água.

[tyrannossaurus]

Falamos de pedestal. Basicamente de expectativas e idealizações. Das nossas vontades. E eu chego a conclusões através da nossa troca. Preciso dar um giro. 360 graus. Em mim. Ao meu redor.

[tyrannossaurus]

Te achei.

procurei essa música por bastante tempo.

Achei.

[tyrannossaurus]

Que me ajude a lembrar do que foi. E talvez do que será.

[tyrannossaurus]

O mar para saudar Iemanjá. Pedi proteção. Calor invadindo os poros, exalando aquilo que não sentia há bastante tempo. Quando estamos onde não vivemos, somos outros. Nos possibilitamos o momento. Penso penso penso. O tempo todo. Chego a cansar. O tocar é essencial pra alma. Uma mão nas costas, um toque amigo nos dedos. Carícia no âmago. Lembranças do que interpreto do que foi. Os lábios sensíveis. A angústia no peito.

[tyrannossaurus]

Vocês em três. Queria estar, abraçar. Doar. Dias.

[tyrannossaurus]

vômitos e encenações. Não tem como não cansar. E no mar da paciência eu já não consigo mais boiar.

[tyrannossaurus]

Das palavras salgadas que vieram nos meus pensamentos, tiro apenas o que dá pra usar de adubo e oriento a tentar se por em seu próprio lugar, mas também se ver no lugar do outro. Pessoas próximas se sentem, de alguma maneira, feridas, e é assim, o outro lado se faz de sonso. Pois bem, querido, já deu há muito tempo a sua hora de acordar. Desse disfarce constante de descolado. Não seja esse sangue suga. E aprenda a buscar sozinho suas fontes.

[tyrannossaurus]

A tinta da minha caneta acabou

e eu não escrevi mais

o que se enrola em meu peito

e aperta

se espalha pra todos os lados

eu deitei e dormi por poucos minutos

meu corpo me suporta

pedindo arrego

e eu carrego

todo um peso que se multiplica

exponencialmente

onde há espaço para aliviar?

[tyrannossaurus]

19:19 insinuava o relógio. A pensar que alguém poderia estar à pensar. A certeza realista me estapeia. Não. Sou eu mesma, que me ocupo em ser em ambientes onde me sinto, acima de tudo, só.

Quanta tristeza mora e cabe em mim.

[tyrannossaurus]

Ser transparente. Nem por escrito alcança o olhar de outres.

Ninguém

se

importa.

Não há.

Não haverá

Nenhum tipo

De esperança.

Não há

Necessidade

De voltar

Pro que não está

Lá.

[tyrannossaurus]

Eu tenho trilhas sonoras pra pessoas e situações. Essa vai tocar na minha cabeça num momento que eu não vejo a hora que chegue. Ansiedade do bem.

[tyrannossaurus]

Ouvi: to dando bastante importância pra isso, talvez mais do que deveria. Nesse dia ouvi outras coisas. Chorei, mas sem ser vista. Por sorte existiram coisas boas. Dentre elas, algumas foi você que me disse.

[tyrannossaurus]

Você mencionou algumas vezes que deveria escrever um livro sobre trabalhar nesse ramo, que é muito mais psicologia do que outra coisa. No momento e, na verdade, até hoje, me pergunto se isso seria uma constatação de que você se enxerga e é propositalmente manipulativa. Sei lá, essa imagem hipócrita me deixa mentalmente cansada. Sua folga me deixa fisicamente cansada. Me lembro de quantos passam por isso, do quanto esse "trabalhar horas a fio" é normalizado, é as vezes considerado ""honra"". Que preguiça que eu tenho de tudo isso. São todos seres humanos que levantam, cagam e dormem. Eu vou envelhecendo e me vendo menos paciente com o que não concordo, que bom. Não vejo a hora de eu conseguir expor o que penso sem o menor peso na cabeça. Esse é provavelmente o próximo passo. Que a verdade é essa: não devemos nos calar diante do que é incorreto. Ser indiferente não só te prejudica, como também deixa o caminho pros próximos ainda cheio de problemas. E a pergunta é: pra que? Pra que reproduzir as experiências ruins que você teve quando começando a trabalhar com quem está, agora, na posição que você esteve? Isso que chamam de avanço? Essa reprodução do sistema capitalista, pirâmide e o caralho. Indústria criativa. Mas mesmo assim regida por esse sistema, como todas as outras coisas. Nisso quase ninguém pensa. E ninguém fala do aproveitamento de mão de obra que malemá recebe pagamento por ajudar. Não to falando de coisa independente não, que esses ralam, mas muitas das vezes oferecem o que podem e, por vezes, ajudam mais do que os que tem o capital pra fazer algo mais substancial. Lembrei que antes de ontem uma das suas pupilas estava mais dilatada que a outra. Me perguntei se você usou algo no dia? Com toda a sua imagem "alternativa hippie" que veio me falar que essa doença pandêmica não passa de gripe (asco, quase vomitei na hora que ouvi). E eu pensando no meu tio, que ta lá, num caixão perto da minha avó e meus outros tios. Quis chorar. Pensei em como as pessoas que não foram afetadas com isso não conseguem enxergar uma realidade tão próxima, quase palpável. E é aí, aí que eu queria chacoalhar um monte de gente, perguntar se elas estão vivas mesmo. COMO vocês não vêem essa palhaçada toda? Como vocês não vêem o sofrimento do próximo, de quem ta ali, há dois metros de distância de você, ali, na calçada, no frio, pedindo pra ter o que comer. Eu to divagando, mas antes que você escreva um livro, eu escrevi de você e da revolta que você me causa. Não consigo te olhar nos olhos em alguns dias. E busco, de vez em quando, ignorar sua existência. Mas logo você se vai. Eu ficarei melhor.

[tyrannossaurus]

Propaganda de veneno

[tyrannossaurus]

Tomando café-lágrimas,

comendo o iogurte-lágrimas,

sinto o vento nas minhas costas, deixo a janela aberta

quanta melancolia pra um corpo só

(sozinha)

espaço-tempo

me acolho no escorrer quase incessante dos meus olhos

lembro quem me fez bem, quem me fez mal

o Yin Yang desequilibrado do realismo contemporâneo

tudo o que eu faço parece sem sentido, idiota

quem mais é idiota além de mim?