#vou tratar todas as inters em flashback depois disso!!
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𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 𝐎𝐅 𝐇𝐎𝐑𝐑𝐎𝐑: ──── YASEMIN's point of view ;
Há uma luz na escuridão que surgirá das sombras. // @silencehq
tw: trauma religioso, violência, tortura física e psicológica, sangue.
Estava sentada na maca da enfermaria. Conseguia ouvir a voz de um filho de Apolo comentando com outro o estado de choque da garota, mas era Dove quem cuidava de seus ferimentos. Yasemin encarava o chão de maneira catatônica. As imagens em sua mente ficaram muito claras do ocorrido na noite. O ombro doía e apesar de negar os cuidados, eles a colocaram para dentro quando a encontraram carregando Joseph na madrugada e estava ali desde então. O olhar lentamente desviou para a maca onde o filho de Poseidon estava. Desmaiado e num possível coma induzido por ela, Yasemin sentiu os olhos marejados outra vez. Apenas desejou que ele acordasse logo. Nem conseguia imaginar que tipo de sequelas ele ficaria quando despertasse. Com uma fungada profunda, engoliu o choro e olhou o ombro enfaixado pelo corte provocado pela lâmina de Joe. Tinha outros ferimentos, esses mais leves, todos provocados pela luta com Barker e Dove insistiu em cuidar deles também. Incapaz de contar o que aconteceu mesmo com tantas perguntas, suspirou pesado. Nem ousaria revelar o que aconteceu justamente para a semideusa, não depois da conversa que tiveram dias antes. Era uma surpresa logo ela estar cuidando de seus machucados. Ainda era cedo, havia poucos semideuses de pé e sabia que quando o acampamento acordasse, a fofoca se espalharia rapidamente. O sangue já seco na camisa impregnava seu olfato sensível, a deixando levemente irritada com o excesso de zelo vindo de Dove cuidando de seus ferimentos. O olhar vago encontrou a figura de Devora na enfermaria, se perguntando o motivo da amiga também estar ali, mas desacordada era difícil e Yas não estava afim de papo. O corpo cansado se colocou no chão, as pernas vacilaram por um momento. De seu bolso retirou o colar de pérolas recuperado de Joseph, encarou por um segundo sem fazer ideia do que aquilo significava para ser jogado na fenda e ignorando completamente o chamado da filha de Apolo e sua súplica por cuidados, Yasemin caminhou até a cama onde Joseph estava, colocando o objeto ao lado de sua mão. Só então saiu da enfermaria dando uma última olhada no semideus.
Precisava contar todo o ocorrido a Quíron, mas antes precisava fazer outra parada. Caminhando pelo acampamento, evitou passar perto da Casa Grande e bem longe da fenda. Seu destino era outro. Se lembrou de algo que leu uma vez de um livro mortal. Freud dizia que o que é reprimido, tende a retornar sempre. Os contos de horror geralmente se apegam à oposição do bem contra o mal. Dentro da tradição religiosa cristã, historicamente representada a oposição ganha nomes num conflito binário: deus contra o demônio. É bem verdade que o ceticismo ou a crença pessoal das pessoas implica diretamente na experiência de se viver.
Yasemin recordou-se do orfanato, o som das orações ecoando pelos corredores, o cheiro de incenso perfumando o ar, as freiras as ajudando em sua adaptação à perda de sua mãe. Ela era uma garota tão doce, tão inocente, mas o medo era uma constante em sua vida. Os padres diziam que o medo era bom, que ele a protegeria dos demônios que espreitavam nas sombras. O horror de Yasemin nasceu da dúvida da existência daquilo que se acreditava. Há relatividades para o fato, todas fortalecidas pelo ideal cristão da culpa. Vigiar e/ou punir. A sensação de um profundo pesadelo é natural por emular níveis de loucura. Ali, ela aprendera sobre o medo. Aprendeu que era algo que devia ser temido e respeitado, algo que devia ser mantido sob controle. Aprendeu que o medo era uma arma, e que deveria ser usado com sabedoria.
Yasemin viveu e ainda é uma vítima do medo. Num mundo onde deuses e monstros existem, a religiosidade ainda se faz presente na vida de Yasemin quando se apropria de sua visão para traçar o horror em sua vida. Toda a tortura, os julgamentos, a associações ao ser filha do diabo apenas por não querer seguir na doutrina imposta no orfanato. As sessões de tortura, de choque, de apanhar nunca acabaram. Se lembrava de um fato específico. De como ficou presa uma semana em seu quarto, sem se alimentar e obrigada a rezar sem parar. Como uma criança conseguiu sobreviver ao tratamento imposto para punir pecadores.
A moralidade severa tornou Yasemin dura consigo mesma, tornando a vida uma série de gestos e penitências que buscam pedir o perdão. Yasemin usava pulseiras de espinhos como uma punição e lembrete de que não deveria exagerar com seus poderes para ferir outras pessoas. Quando se entende que o demônio dito por os padres e freiras dos quais conviveu eram apenas um arquétipo da libertação de uma mente dominada e subjugada, foi capaz de entender o porque ela aceitou ser o que todos no orfanato diziam que Solak era. Yasemin se sente repleta de êxtase e alegria quando usa plenamente seus poderes, ganha um tom demoníaco graças a atmosfera de como era usado, mas representa para si representa a libertação da sociedade que recriminou seu ser. Mas Yasemin também aprenderá sobre a culpa no orfanato. Sobre como ela poderia se instalar, se enraizar, até mesmo se tornar um reflexo de quem ela era. Ela se lembrou dos padres, de como eles a olhavam com desconfiança, como eles a puniam por suas dúvidas e questionamentos.
Naquele dia Yasemin estava do lado de seus antigos torturadores. Ela buscava uma liberação para a dor que carregava, uma dor que não vinha apenas das marcas físicas da luta com Joseph, mas da carga emocional, da angústia que consumia sua alma. Só queria encontrar um lugar onde pudesse se entregar à sua dor, onde pudesse expiar suas faltas e encontrar uma forma de penitência pelo que causou. A ruiva era uma filha de Deimos, deus do pânico, e ela se recusava a ser controlada por ele. Em seu peito, o coração batia forte, como se estivesse tentando romper as correntes da angústia que a aprisionavam.
Yas levou as mãos ao rosto, sentindo os espinhos da pulseira que ela mesma havia encomendado se cravarem em sua pele. Os pulsos já estavam acostumados, mas o rosto não. Eles eram uma lembrança constante de sua punição autoimposta, um lembrete de que ela não era digna de perdão. A punição da igreja era uma cicatriz em sua alma, uma lembrança constante de sua culpa. Ela se flagelava, se punia, tentando expiar os pecados que ela nem sabia se tinha cometido. Quando ela pisou na arena de treinamento, lentamente ligou todos os aparelhos, iniciando uma simulação com todos os monstros que poderia enfrentar de uma vez só. O machado tomou forma em sua mão e em seguida adentrou na simulação, mesmo cansada da noite. Brigar era tudo o que conhecia e sua mente implorava por sossego após invadir a mente de Joseph e causar tanto horror em alguém inocente.
[ . . . ]
Caiu de joelhos na arena. O suor escorria, suas roupas encharcadas e o peito subia e descia rapidamente. Yasemin passou cerca de uma hora sozinha ali. Felizmente cedo demais para alguém chegar, e quando a exaustão finalmente bateu, ela encerrou toda a simulação. Agora tinha adquirido muito mais ferimentos, mesmo que numa simulação, e estava bom para si. A dor era boa. Era seu lembrete. Quando deixou a arena, estava realmente cansada, mas seu destino ainda não era a Casa Grande. Talvez estivesse enrolando, talvez não quisesse enfrentar o que quer que fosse encontrar lá. Mal sabia que o pior julgamento estava vindo dela mesma.
Completamente desatenta e alheia ao mundo ao redor, ignorando qualquer semideus perguntando se estava tudo bem, seus passos lhe levaram diretamente para o curso d’água próximo do punho de Zeus. O riacho Zéfiro levava diretamente para a cachoeira, e Yasemin não queria aparecer lá tão cedo, por isso parou, analisou e se sentou à margem das pedras. O contato com a água rapidamente inundou seus sapatos e calça, sentindo a benção de Poseidon agindo em seus ferimentos e pouco a pouco cada um deles desaparecendo. A turca se perguntou, será que Poseidon estava bravo com ela por ter agredido seu filho e ainda induzido ele a passar por um terror extremo? Na madrugada, durante sua luta com Joseph, pediu por ajuda a ele, para seu pai Deimos e pelo céus… Até para Afrodite. Preferiu não pensar muito nessa última deusa e quando sentiu que seus ferimentos estavam completamente curados, Yasemin se levantou. Soltou outro suspiro pesado, as mãos estavam trêmulas e talvez a adrenalina talvez estivesse baixando agora, por isso, agora deveria ir para seu destino. Antes, uma última e rápida parada.
Quando chegou em seu chalé, recebeu alguns olhares preocupados. Keith foi o primeiro a lhe receber e curioso para descobrir o que havia acontecido. Aquela hora, parte do acampamento já estava desperta e certamente a notícia chegou ao ouvido de seus irmãos. Ignorando todos, rapidamente buscou trocar de roupas, saindo de lá para correr até a Casa Grande. Ignorou toda e qualquer pessoa no caminho que sequer notou a agitação e os burburinhos por todo canto até chegar de frente ao local, vendo que o Sr. D. estava de volta como se nada tivesse acontecido naquele tempo todo. Quíron estava próximo como se já aguardasse sua presença, e Yasemin subiu as escadas da varanda lentamente, de cabeça baixa. ❝ ― Acredito que precisamos conversar. ❞ ― Yasemin se manifestou, recebendo o aval para adentrarem na casa grande. Pensou que a conversa seria apenas entre ambos, mas com a volta do diretor, bem, lá estava ela sendo chamada de Jasmin novamente. Isso significava que os Deuses encerraram o silêncio? O mundo lá fora era seguro?
A filha de Deimos contou tudo o que aconteceu naquela noite. Desde que foi por um acaso que seguiu Joseph, que viu a barreira se abrindo naturalmente para o semideus e em como a situação parecia alguma espécie de sacrifício. Em outro momento, talvez omitisse informações, mas também contou sobre como as vozes pareciam afetar Joseph de maneira diferente, embora também tenha sido difícil para si ignorar algumas vozes pedindo para pular. Enquanto contava, Yasemin se lembrou do relato de Andrina e seus pesadelos com a fenda, ou em Aslihan dizendo ter ouvido vozes e em como agiu esquisito, mas preferiu não contar nada. Talvez não fosse nada, mas o grau de esquisitice estivesse aumentando gradualmente entre os semideuses. Era realmente uma tensão, ou tinha algo além acontecendo? Todo o relato sobre a situação com Joseph foi recebido com anotações de Quíron. ❝ ― Tem mais uma coisa... ❞ ― Revelou. ❝ ― Eu tenho seguido Petrus… ❞ ― Deu uma pausa, esperando alguma repreensão, mas Dionisio pareceu interessado enquanto as anotações do centauro prosseguiram. ❝ ― Achei ele estranho desde o começo, e pensei que poderia obter algumas informações enquanto o seguia. Não foram muitas coisas, mas… ❞ ― Puxou seu caderno de anotações, esticando para Quíron e todas as informações e teorias que escreveu sobre Petrus estavam ali. ❝ ― Pegasus não gostam dele, e ele não gosta de água. Aparentemente tem medo. Hm… Eu meio que joguei ele na água pra descobrir isso. ❞ ― As mãos se esfregando uma na outra demonstravam seu nervosismo, encarando ambos. Sr. D pareceu satisfeito enquanto Quíron manteve a postura séria. ❝ ― Ele luta bem na arena para alguém que acabou de chegar, mas tá sempre frio perto dele. Não o frio de qualquer filho de Hades, é mais como alguém observando, na espreita. É muito incômodo. ❞ ― Foi sincera, piscando algumas vezes e engolindo o seco.
❝ ― Eu vi fumaça verde no sótão… O que está acontecendo? E porque o senhor só voltou agora? ❞ ― Acabou revelando a outra descoberta também, bombardeando o diretor de perguntas. O tom mais alto tomou conta pela indignação e irritação de dias, mas foi Quíron que tomou a frente e desconversou. ❝ ― Yasemin, não estou feliz com sua postura de perseguir outro campista, mas agradeço muito todas as informações trazidas. Quanto a fumaça... Rachel está se recuperando, apenas isso. ❞ ― A turca soltou um suspiro prontamente interrompido por Sr. D. ❝ ― Jasmin, ao contrário de Quíron, devo dizer que ganhou pontos comigo. E se possível continue perseguindo o Petrix, sim. ❞ ― A postura dele parecia estar indignado do centauro não concordar com a atitude de Yas, o que fez ela conter um riso interno, mordiscando o inferior. Ainda assim, seus olhos estavam cheios de tristeza. Quíron deve ter notado porque sua voz intercedeu novamente. ❝ ― Você fez bem em ajudar Joseph. Entendo sua dificuldade com seus poderes, mas salvou uma vida hoje, Yasemin. Isso demonstra toda sua evolução desde que chegou ao acampamento. ❞ ― Ela voltou a engolir a seco, acenando positivamente e abaixou a cabeça. Se lembrou da briga com Veronica e o desentendimento com Candace na biblioteca, e mais alguns embates aqui ou ali durante as semanas. Não parecia uma evolução. ❝ ― Por isso quero te recomendar uma coisa. ❞ ― Se assustou, erguendo a cabeça novamente para ouvir o centauro. ❝ ― Apesar de certa irresponsabilidade brigando com os colegas, seu senso coletivo e de preservar o acampamento, cuidar dos menores e toda a ajuda tem sido notada. E como sugestão, gostaria que você assumisse como conselheira do chalé de Deimos. Se assim você desejar. ❞ ― A informação deve ter gerado uma expressão de choque em Yasemin, totalmente ignorada por Dionísio que se ergueu de sua cadeira com um estalar dos palmos se chocando. ❝ ― Maravilha! Jasmin, conselheira de Fobos! Agora some, anda! ❞ ― A Coca Diet em mãos e sendo enxotada sem absorver bem a informação, saindo de lá rapidamente após um último olhar que recebeu de incentivo de Quíron. Saindo talvez mais atordoada do que antes de entrar na Casa Grande.
Agora sua mente estava um turbilhão com tantas informações e sem muitas respostas como pensou que teria. Yasemin sentia que estava a beira de um colapso, mas talvez fosse só o cansaço depois de uma madrugada e manhã intensa. Talvez, só talvez, dormir um pouco fosse a solução de seus problemas.
#❛ — 𝐚 𝐤𝐢𝐧𝐝 𝐨𝐟 𝐩𝐚𝐧𝐢𝐜 ⠀ ;; development⠀ ⛧.#ficou enorme dkjfkds acabei tirando o user de todos os semideuses citados em respeito aos tw e pq tem mt gente#vou tratar todas as inters em flashback depois disso!!#pov:petrus
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