#turno: books and cleverness! there are more important things; friendship and bravery
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filslikezath · 5 years ago
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But why me? | POV
Lista de coisas que odiava: cegonhas; pratos frios; barulhos muito altos; pessoas estragando livros; excursões estudantis. Era uma lista que seguia com certa dimensão, mas o Flisbleu sabia se conter com alguns de seus tópicos. Por exemplo, não gostava de cegonhas, mas nunca pensaria em machucar um pobre animalzinho como aquele. Não era fã de pratos frios, porém comeria algo gelado em prol de alguém que quisesse agradar. Agora as excursões estudantis... Aquelas eram intragáveis. E, todos os semestres, invariavelmente, ele tinha de ficar responsável por elas. Era carma, ele tinha certeza. 
O professor resmungava e andava de um lado para o outro na grande sala redonda na qual se alojava durante aqueles dias. Dezenas de pequenos portais azulados do tamanho de uma bola de basquete reluziam pelas paredes da sala, dando a todo o ambiente uma atmosfera azul e enevoada, mística. Em cada um dos portais era possível ver um ponto da ilha, e a todo momento diversos alunos passavam pelo seu campo de visão. A função de Zathrian e outros professores com habilidades mágicas (a maioria com habilidade de voar) era ficar ali, olhando até que aquele pesadelo acabasse. Faltavam, ainda, dois dias. 
- E se algum cair no buraco do coelho e quebrar as costelas? E se o gato que fizeram for muito mau? E se os índios ou os piratas não gostarem deles e os rasgarem ao meio com espadas e fogo? - murmurava o professor, aumentando o tom de sua voz a cada sílaba até o ponto em que quase ganiu, arregalando os olhos em pavor. Sem perceber, mordeu a ponta de sua varinha. Ele seria capaz de consertar quase tudo aquilo, mas ainda era tão horrível de se pensar que qualquer um de seus alunos poderia voltar daquela viagem terrivelmente machucado por dentro ou por fora... Nem todos aqueles cogumelos eram confiáveis; a maioria não era. 
O Flisbleu tamborilou a varinha em sua mão aberta, brincando de batê-la em cada um dos nódulos de seus dedos distraidamente, afinal suas grandes íris azuis fitavam com atenção redobrada cada um dos portais a sua frente. Ele procurava por alguns alunos em especial, é claro. Sua pequena Alyssa estava sempre ao alcance de seus olhos, em segurança, e os discentes mais baderneiros reluziam como um ponto luminoso ao seu olhar atento. Apenas mais dois dias, ele pensou. E, afinal, até o momento nada de errado tinha ocorrido...
Como se tal pensamento desencadeasse uma ação, um dos portais reluziu em luz laranja, o que fez com que o coração de Zathrian congelasse no peito. Demorou menos de um segundo para que ele visse o que ocorreu e saísse correndo da sala, resmungando e praguejando como quase nunca fazia. Assim que encontrou a primeira janela, o homem projetou-se por ela, caindo no vazio. Seu corpo desceu minimamente antes de pegar impulso e virar uma bola de luz que, em instantes, cruzou o mapa da ilha. Enquanto retirava um aluno do mar, segurando-o com firmeza enquanto o mais novo tossia e resfolegava, quase inconsciente em seus braços, Zathrian, com os cabelos pregados na testa e a roupa pingando água salgada por todos os cantos, se lembrou mais uma vez de como odiava excursões escolares. 
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