#tudo que eu toco vira dor e choro
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Diário de Escrita Edição 1 - 7 Lembranças de Um Dia Sem Chuva.
Como passou essas últimas semanas? Se divertindo? Trabalhando? Reclamando muito no twitter? Independentemente do que tenha feito espero que esteja bem. Aa, eu tenho que te contar que passei a última semana correndo e sofrendo muito! E o pior é que a culpa desse sofrimento era minha. Aconteceu o seguinte: eu tinha duas semanas para escrever o capítulo, mas ao invés de utilizar esse tempo para trabalhar com calma eu resolvi deixar tudo para os últimos 6 dias. Aa, ainda sinto o peso dessa escolha.
Mas, né, coisas que acontecem. Agora vamos para o assunto principal!
O título do post é exatamente o que aconteceu durante o processo desse capítulo. Então vamos começar pelo começo. Quando planejei escrever essa estória o que eu tinha em mente era que ela se passasse inteiramente em um mesmo local, porém dando foco para vários personagens. Inicialmente eu não tinha certeza de como faria isso e o quão tedioso acabaria sendo. Então duas semanas atrás – quando eu estava prestes a me deitar na cama – uma ideia veio à mente: e se ao invés de trabalhar com várias cenas em um mesmo local eu trabalhasse com uma única cena que levasse ao local? Na hora eu pensei “perfeito! Vai ser incrível!” e resolvi ariscar passar as anotações daquela madrugada para o papel na manhã seguinte. É, a empolgação estava me ajudando muito até perceber que eu deveria focar em ângulos e perspectivas enquanto escreveria a mesma cena três vezes seguidas e (DETALHE!) eu nunca tinha feito algo assim na escrita antes. Mas se você acha que esse fato me fez desistir da ideia então você realmente não me conhece. Na primeira semana acabei escrevendo só no primeiro dia conseguindo terminar a introdução do capítulo e já estava feliz com aquelas quatro folhas. Na semana seguinte (e última!) eu fui obrigada a terminar o capítulo inteiro em 4 dias. Foi a�� que o sufoco começou. Terminei a primeira parte e quando fui reescrever na nova perspectiva percebi uma quantidade de falhas enormes nela então fiz marcações em todos os cantos para lembrar de arrumar quando fosse editar. Chegou na terceira perspectiva e encontrei mais furos espalhados entre a primeira e a segunda sem falar na enorme falta de informação nas mesma. Tive que ler e reler várias vezes e ainda terminar tudo dentro do prazo. Foi cansativo, mas no final deu tudo certo. Esse aqui é um dos diálogos para você ter noção de como foi trabalhado:
Perspectiva 1:
— Ah, é você menino. – Com a voz alta e aborrecida ela disse arrumando sua trança vermelha. A mulher de longas pernas finas estava parada na frente dele torcendo o nariz enquanto segurava uma cesta de palha que parecia pesada em uma das mãos. Ela devia ser 20 centímetros maior que ele e ter a pele tão branca quanto a do jovem. E aqueles olhos negros de íris cinzenta o encarava fazendo se sentir ainda menor e pior pela situação. — Levanta essa cabeça enquanto tiver andando! – Sem esperar respostas ela seguiu seu caminho sem olhar para trás. Deixado sozinho ele suspirou afastando a tensão de seu corpo. Era culpa dela também não estar prestando atenção e ter esbarrado nele, mas o que importava dizer isso agora? Só iria começar uma discussão desnecessária. Balançando a cabeça de um lado ao outro ele voltou a caminhar, dessa vez prestando atenção no caminho.
Perspectiva 2:
— Ah, é você menino. – Sua voz claramente aborrecida fez o outro se encolher como uma criança quando ouve um raio. Arrumando sua trança ela observou o rapaz virar o rosto. Seus lábios finos formavam um arco distorcido como se ele estivesse prendendo algo dentro de sua boca, seus olhos azuis como aquamarine fitavam o chão como um animal se sentindo culpado por um desastre e os dedos inquietos se agitavam nas mãos procurando por uma saída. A visão fez a mulher suspirar cansada. Não é como se ela odiasse o jovem, porém não conseguia evitar de se sentir incomodada pela presença dele. Antes dele forçadamente evoluir ela costumava ter problemas para lidar com a forma filhote do rapaz. Toda vez que ela tentava se aproximar de Sigmo, o caçador, o urso se colocava no meio atrapalhando a relação e por isso ela acabou criando essa raiva que podia ser comparada a uma inveja infantil. — Levanta essa cabeça enquanto tiver andando! Sem querer perder mais tempo falou alto o suficiente como um aviso passando pelo menor sem olhar para trás.
Depois disso tudo posso falar que estou incrivelmente feliz com esse capítulo. Quando comecei a escrever alguns anos atrás a única coisa que eu queria fazer era... escrever! Eu não pensava nos detalhes, nas moldagens que se dá pra fazer durante passagens e cenas ou no mundo inteiro que dá pra colocar o leitor! Eu não pensava em nada além de escrever... E, parando para pensar agora, acho que nem nos personagens eu pensava direito. Então ver esse capítulo me fez perceber detalhes na escrita e em mim que eu desconhecia.
Eu cresci :D
Na última entrada comentei que esse capítulo iria me dar dor de cabeça por ser muito sensível e adivinha? Eu estava errada. O que mais doeu foi meu peito. Eu juntei na mesma estória um trio e um quarteto de personagens que só me faz sofrer. Era obvio que não ia dar certo! Mas pelo menos assim só um capítulo fica pesado (Kaz, por favor, vamo evitar né). Teve uma cena que foi extremamente difícil pra mim. Não por ela ser triste, na verdade, foi por ser feliz. Vou dizer para você, existem vários meios de tornar algo doloroso, você pode ferir alguém diretamente, trazer algo doloroso de volta, relembrar uma perda, causar uma perda, colocar sentimentos à tona ou... fazer um personagem que não tem salvação ser feliz por um momento. Enquanto escrevia eu vi a cena na minha frente. Por poucos minutos eu era a personagem. Eu senti ela. Essa foi a primeira vez que escrever uma cena me fez querer parar. Me fez querer voltar tudo e mudar a vida dos quatro. “É tão injusto”, eu pensei “é tão errado ter que acordar do sonho direto para um pesadelo”. Eu quis chorar. E logo em seguida tive que trabalhar com meus três tigres tristes. No começo eu não tinha ideia do que fazer, mas quando chegou no final eu desejei nem ter começado. O ENDO É UM BOM MENINO E ELE NÃO QUER MACHUCAR O GALIS MAS ELE NÃO SABE O QUE FAZ! ALGUÉM SALVA ESSES TIGRES!
Aa, acho melhor parar por aqui antes de dar mais spoilers. Hoje o post foi longo então agradeço muito se você leu até aqui! E peço desculpas se esses últimos relatos mexeram com você de alguma forma. Eu te garanto que os comentários aqui não são nem 50% do que está escrito. Mas é... Esse capítulo mostra sentimentos e um pouco de que escolhas, encontros e desencontros podem mudar destinos e alavancar movimentos. Espero que tenham gostados e nós vemos em breve!
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Dica: se você tem um prazo para cumprir então faça com antecedência ou vai acabar se colocando em mais problemas.
⊹☆゚.*・。゚⊹ Sejam legais com vocês mesmos! ⊹☆゚.*・。゚⊹
#diario de escrita#diário#escrevendo#escrita#escrever#blog#post longo#dessa vez dei umas dicas uteis tambem#minha mao é abençoada pelo angst#tudo que eu toco vira dor e choro#dê amor para meus ocs quando eu fizer eles chorarem#dica de escrita
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Pt. II
Há alguns dias postei um texto falando sobre meus traumas e problemas com ansiedade e depressão.
Expus de uma forma macro (sim, aquilo foi macro!), pois querendo ou não foram aquelas coisas que originaram tudo oq eu passo hoje.
Mas é difícil dizer de quantas e quais formas isso me afeta e afeta meus relacionamentos com quem está ao meu redor.
Então vamos lá.
Eu choro, muito. E geralmente quando toco em algum assunto que mexe com algum sentimento é uma das formas que eu extravaso.
Eu engulo todos os sapos possíveis e fico remoendo isso na minha cabeça até que se torne normal a dor causada por isso.
E isso afeta tudo.
Isso faz com que eu tenha problema com controle, por exemplo: se as coisas não acontecem como eu planejei na minha cabeça maluca, eu surto. Isso inclui horarios, compromissos, etc.
É sério! Minha alma sai do corpo com a frustração que essa falta de controle me causa.
To tentando melhorar, mas é bem difícil, pois eu acabo gerando expectativas em torno das coisas que planejei e quando elas não acontecem, ai minha ansiedade fode a porra toda.
Ai eu acabo engolindo o sapo e vira aquela bola de neve gostosa...
Ter crescido num ambiente e com pessoas que sempre me colocavam pra baixo, me humilhavam e distorciam a realidade em favor delas, me fez e ainda faz com que ei ache que eu sempre esteja errada. Em tudo que faço e digo.
É muito difícil me abrir, eu tenho medo. Sempre fui rejeitada, sempre fui desastrada, sempre tudo deu errado... E o medo de que tudo isso aconteça novamente faz com que tudo isso se torne um ciclo vicioso, a ponto de me questionar diariamente quem sou eu e o quê eu ainda faço aqui, pois tem dias que eu realmente não sei.
E como eu não consigo achar respostas pra toda essa merda, eu fico nesse estado.
Meu pai já morreu e a família da minha mãe e nada é a mesma coisa, pois nunca tive suporte deles como família.
A única coisa que eu posso fazer é pedir desculpas a todos que me aguentam e tentam me ajudar de alguma forma, mesmo não entendendo como é passar pelo que eu passo.
Obrigada...
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Ele era o único, carregava consigo o desejo mais sincero, porém o menos respeitado, pois aqui os sentimentos são cantores amadores, pronto a serem julgados. Mantinha em sua inocência a sorte, a sorte de não entregar a alguém a sua carne, que hoje lhe valha e amanhã não.
Sentia sempre, um calor não entendido por ele, vinha tornando sua pele em brasa, sempre que o via, carregava consigo a dor de olhar e não tocar, de querer e não poder. Seu amado ocupava todo o ambiente, com seu cheiro amadeirado, inebriava a todos com o aroma de carvalho que brotava de sua pele, alto, olhava a todos de cima para baixo, sua pele uma dádiva do ébano, pisava firme como quem detinha o poder e dominação, ao menos era a sensação passada a todos, seu âmago era doce como algum quitute parisiense, todos o amavam, todos o consideravam muito, era o único, o único que me considerava.
Já eu ocupei todos os adjetivos associados a fauna, tanto marinha como terrena, porém esses adjetivos demonstravam a todos o que era carregado por mim, o fardo de não ser o que eles queriam que eu seja. Gordo, desengonçado, timidez ou medo de mais uma frustração? Carrego em mim, a angústia de não preencher os critérios de ser apreciado, sou aquela pintura contemporânea, lutando para que um dia tenha algum valor e relevância. Eu Pedro, ele Akan, para seus amigos Ake.
Era um dia como qualquer um, ele sentado à minha frente, eu sentindo seu cheiro, criando a excitação natural que sou obrigado a passar todos dias, quando ele me se vira e diz:
- Você é bom em história, certo?
O silêncio se tornou a única coisa que sabia fazer, permanecer em silêncio, até que meus hormônios abobalhados me fazem responder:
- Gosto bastante, por quê? Precisa de ajuda?
- Sim, preciso, não consigo entender certas coisas, minha mente é muito exata para isso.
- A minha é muito humana.
- Você pode ir até a minha casa hoje?
- Po po posso!
O dia se tornou algo conturbado hoje, ir até lá? Será que consigo me conter?
O dia passou devagar, sacana, brincando com meus sentidos, eis que o som do sinal faz todos saírem em disparada, corro ao banheiro como uma ideia de despista-lo, me sinto um gato gordo, que brinca, brinca e quando consegue, se desinteressa. Passou-se 20 minutos, saio do banheiro, não há mais ninguém aqui, passo rápido pela porta que dá acesso ao pátio, eis que ele sai de trás de uma coluna do prédio e me assusta:
- Estava te esperando, pensei que não iria até a minha casa hoje, por que demorou tanto?
Sem pensar, até porque não conseguiria naquele momento nada enfadonho:
- Estou com dor de barriga, desculpe, pensei que iria sujar minhas calças!
Ficou um silêncio, ele riu por educação e fomos andando, quando vemos o ônibus partindo sem nós. Ele liga para seu pai, que trabalha ao lado da Escola e pede para nos buscar.
Ao entrar no carro:
- Ei akan, por que você perdeu o ônibus?
- Porque o Pedro estava no banheiro, tive que esperar, não posso tirar mais uma nota negativa nessa matéria, ele “manja”.
-Então você é bom de história?
- Digamos que não sofro para entender.
-Meu filho é burro, já cansei de tentar ajudar, mas ele só pensa nos peitos das meninas!
A minha face avermelhou-se como uma maçã, não sabia o que responder, o silêncio dominou o ambiente, mesmo com a respiração de irritação de Akan.
Chegamos a sua casa vamos direto ao seu quarto, a casa está vazia, todos trabalhando, seu pai apenas nos deixou e retornou ao trabalho, ele faz algo óbvio:
- Vou ficar mais à vontade espero que você não se importe. Sobre o comentário do meu pai, releve, mesmo sendo homem, acho babacas esses caras que se gabam por terem transado, você já transou?
Ele faz sua fala e eu fico hipnotizado pelo seu corpo ficando desnudo. Fagulhas surgem de mim, me fazem suar.
- Relaxa, pais adoram demonstrar que seus filhos são viris, como eles pensam que eles são, porém nem sempre são. Já transei sim.
- Com quem? Desculpe a intromissão.
- Comigo mesmo! Dei uma gargalhada, novamente ele riu por educação.
- Venha cá, tire essa camiseta, não tem problema você ser gordo.
- Eu digo, não, não!
Mas ele é mais forte, fico sem camiseta, me sentindo um elefante circense, que sofreu por décadas, sendo que após a liberdade não sabe o que fazer, pois suas memórias, sua dor não o deixa espaço para lidar com a liberdade. Aos poucos me sinto confiante, me sinto mais confortável. Ele foi o primeiro menino que não fez gozação com meu corpo, foi o primeiro que não me expos ao ridículo. Me levanto e capricho na aula.
Sua família chega as 19h, ainda é 15h.
-O que iremos fazer?
Vamos ver um vídeo pornô?
- Nossa que original não? Mais uma tarde de dois adolescentes se masturbando? Sério? Parece um conto erótico de quinta categoria.
- Desculpe se não gosta. Não quis lhe ofender, o que sugere?
Ele se levanta, abaixa suas calças, pergunta se me importo, eu digo que não. Porém sinto acelerar tudo em meu corpo, sinto meus fluídos percorrem meu corpo mais depressa, tudo nele é perfeito.
- Que inferno!
- Ele diz o que foi?
Tomo um impulso, beijo ele, seguro em sua parte mais íntima, sento depressa em meu lugar, entro em pranto, estou desiquilibrado, não sei mais o que fazer, estraguei tudo, vou ter que mudar de escola, todos vão caçoar de mim!
- Desculpe, não quis fazer isso, desculpe, desculpe.
- Não faz mal, bem que você poderia terminar, não é mesmo?
Me sinto amarrado a minha vontade, ele em pé, eu me ajoelho no chão, toco sua intimidade, beijo-a, tento trazer para dentro de mim cada ml, cm, todo o sabor que o amor que eu escondi carrega, sinto-me bebendo da fonte mais prazerosa que existe. Ele chega a seu ápice, sinto seus sussurros de prazer, me levanto, beijo, mas me sinto dominado por esse desejo, ele me põe de costas, pega algo cremoso, abaixa minhas calças, sinto-me infundido pela dor do prazer, me sinto infundido, me sinto inundado por seu íntimo. Me organizo, levanto e digo que vou embora:
- Vou embora, isso não devia ter acontecido!
- Devia sim, não foi por acaso.
Ele se aproxima me beija e diz:
- Me senti um navio a desvendar os mares de sua carne, quero sempre navegar pelos seus prazeres!
- Você é muito mais do que imaginei, só achei meio exagerado, odeio romantismo do século XVIII.
Fui embora, tomado pelo prazer. Não sei se feliz, não sei se encantado, mas bem.
Noutro dia, ele não apareceu cedo, chegou atrasado, fui até ele na troca das aulas:
- Akan, como você está?
Silêncio, silêncio.
Ele vira sua face, um roxo, não entendo.
- O que aconteceu com você?
- Meu pai fez isso, fui condenado por ele a ser quem que ele quer que eu seja.
- Fale baixo, fale baixo!
- Nada me importa mais, minha família não me quer!
- Não tem nada ver, eu estou com você nisso, quer ir lá para casa?
- Sua mãe sabe?
- Sim, a contei tudo, ela disse para eu ter cuidado.
Passou-se o dia, ele foi normalizando seus sentimentos, agradece-me, porém a que? Ele que me trouxe o prazer, o prazer de dar prazer e senti-lo. A noite cai.
Estou sozinho, indo ao mercado a quatro quadras da minha casa, um farol alto me seque por alguns metros, é o pai de Akan! Ele abre o vidro do carro.
- Entra aqui! Entra!
Entro, estou com medo, o que ele fará comigo? Não sei, estou aflito, meu celular toca, que inferno! Ele pede meu celular, agora estou ferrado, não sei o que fazer, não sei o que fazer! O carro está trancado, o que fazer agora?
Ele chega em um lugar desértico, pede para que eu saia do carro e que o espere na frente, a luz acesa, alta do farol.
- O que você fez com meu comedor de buceta?
Um soco em minha face me faz cair, me faz tremer na base.
- Você fez meu filho um veado! Um veado, ele era cobiçado por todas, o que você fez com meu filho!
Observo um pedaço de ferro rígido ao lado, ele me soca novamente, caio o chão próximo ao pedaço de ferro, ele me chuta, sinto muita dor, pego a barra de ferro e tento infringi-la contra sua face, ele a segura com a mão.
- O que pensa que está fazendo veadinho?
Ele bate em minha face com o ferro, desmaio, não vejo mais nada. Após algumas horas sinto frio, sinto um mal cheiro, sinto que a luz invade onde estou. Ouço a voz da minha mãe, gritando socorro. Desmaio novamente, não sei exatamente o que aconteceu comigo.
Acordo novamente, em um ambiente hospitalar, minha mãe está ao meu lado, chorando, usando de suas preces.
- Graças a Deus ele está vivo!
- O que aconteceu mãe?
- Fui jogar o lixo, encontrei você dentro da caçamba de lixo do prédio, fiquei preocupada com seu sumiço, fui olhar lá fora se você iria aparecer, aproveitei e já desci o lixo, quando abro a caçamba você lá com o rosto assim, ensanguentado.
Ela cai no choro, cai desesperada, não consigo me lembrar exatamente o que aconteceu, sinto-me confuso, lembro-me do pai de Akan, do carro, mas não lembro de nada após:
- Amanhã posso ir à Escola de novo?
- Transferi você! Não quero você mais lá, estão chamando você e o Akan de veados, não quero você lá mais!
Entro em desespero, não sei mais o que fazer:
- E o Akan?
- O pai dele foi preso, ele bateu muito no menino, por amar alguém! Só por isso! Eles estão em Minas Gerais, não sei onde! Meu filho por que existe pessoas assim?
Os dias passam, eu faço terapia todos os dias, tenho em meu rosto a marca, me transformei em aberração, por me permitir amar, sentir o prazer, me sinto um lixo! Meu rosto está desfigurado, não tenho mais aqui quem me fez por pouco tempo feliz! Não sei mais o que fazer! Ainda hoje vou a nova Escola, vou tentar me recuperar.
Chegando na sala de aula, me sento no fundo, todos me olham com um olhar assustado, quando ouço um sussurro:
- Ele está parecendo a medusa, condenada por sentir seus instintos, agora o coitado irá sofrer para sempre.
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Eu to aqui chorando de soluçar, mas não é por motivos ruins, pelo contrário. É tanto amor, tanta vontade de viver mais e mais isso tudo, tanto sentimento que não cabe mais dentro de mim. Incrível, é indescritível. Esse sentimento me impossibilita de ter tamanha expressão cabível a ele.. Hoje, eu choro de felicidade, um choro que eu nunca tive, um choro libertador.. Ter um amor como o teu, te ter, e ter reciprocidade, meu bem, que artigo de luxo. Devo agradecer a quem? Teus pais? Deus? Os cosmos? Talvez as estrelas, ou até mesmo os extraterrestres!? Quem sabe né? Pois bem, não importa, tudo comparado ao nosso amor vira insignificante. Toda dor, todas as palavras mal-ditas, os perrengues, e as bads da vida, viram poeira quando te olho, te toco e te amo. Você veio pra ficar, e eu te garanto, que todo o meu amor é teu, será sempre teu, até meu último sopro de vida.
Luiza Souza.
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