#tá grande desse jeito só pelo contexto
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onde: residência (temporária) haddock-hofferson.
quando: na manhã seguinte ao caos.
com quem: @paidedragao.
astrid não conseguia mais contar nos dedos das duas mãos quanto tempo conhecia soluço. não saberia identificar na história dos dois quando se apaixonou, quando o viu como seu porto seguro ou quando ele se tornou tudo o que a guerreira precisava. porém haviam datas que guardava na memória, como o dia do casamento dos dois e aquele fatídico dia depois da destruição de pride lands. após o matrimônio, a possibilidade de ter filhos era explorada com calma; astrid era uma guerreira, ainda tinha um exército para liderar e soluço ainda tinha um mundo pra explorar. porém o início das tentativas aconteceu de forma muito natural e, quando perceberam, um mês depois, estavam rindo do fato, nus no chão do quarto que dividiam.
aviso de gatilho: a escrita restante explora a possibilidade de gravidez e um aborto espontâneo.
a chegada dos perdidos foi uma surpresa para todos, mas mais ainda para o casal que precisou considerar a possibilidade de uma gestação em meio a toda aquela bagunça e incerteza. astrid ainda não tinha certeza se gestava, apenas contava os dias atrasados de sua menstruação e se perguntava como contaria para soluço que, agora que decidiram parar de tentar, ela poderia já estar grávida. a festividade de boas vindas aos perdidos se sucedeu, assim como o final inesquecível do baile em que se questionou se toda a sua ilha havia sido destruída também. como se já não bastasse, pesadelos inquietos fizeram parte da noite de astrid e a mulher acordou assustada, precisando tomar cuidado ao se levantar porque não queria acabar acordando o marido também. necessitava de um banho, de um café reforçado, de respostas; e foi criando uma lista mental que se despiu, permanecendo imóvel por alguns segundos ao encarar o líquido avermelhado que não deveria estar ali. engoliu a seco e, em silêncio, adentrou o espaço do chuveiro. de alguma forma, esperava que a água levasse a tristeza que havia sido instaurada no coração. não sabia se o sangue significava uma menstruação que até então só estava atrasada ou se a possibilidade de uma gravidez havia sido encerrada precocemente por causa de todo o estresse na noite anterior. conforme pensava e se culpava, os olhos enchiam de lágrimas. ao rolarem pelo rosto, se misturavam com a corrente e ali astrid percebeu que não teria qualquer controle do choro, que não teria como amenizar a dor ou fingir que já não pensava em nomes de bebês. cobrindo a boca com uma das mãos para pelo menos abafar os sons sofridos, sequer percebeu que não estava mais sozinha.
#˛ ⠀ ⠀ ⋆ ⠀ ⠀ 𝐡𝐨𝐟𝐟𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧'𝐬 𝐩𝐫𝐢𝐝𝐞 ⠀ ⠀ 、 ⠀ ⠀ thread.#˛ ⠀ ⠀ ⋆ ⠀ ⠀ 𝐡𝐨𝐟𝐟𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧'𝐬 𝐩𝐫𝐢𝐝𝐞 ⠀ ⠀ 、 ⠀ ⠀ development.#paidedragao.#tá grande desse jeito só pelo contexto#E EU TÔ TRISTE DEMAIS???????
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FILIPE RET (me enforca)
Avisos: Filipe ret (MEU MARRENTO) × leitora • adultério • breeding kink • breath play • dirty talk • desuso de preservativo • breath play • creampie • degradação • dumbfiction •
Filipe ret... me enforcaa, me arranhaa me botaa
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feita no ajuste do seu quadril, exclusivamente para você. A saia jeans curta com pregas a deixava tão apetitosa, o ajuste do bumbum quase o fazia escapar em cada passo e molejo que seus pés entorneados pelo salto simples faziam no chão de porcelanato da mansão que abrigava a festa.
Nem seu nariz empinado ou a maquiagem disfarçavam a vontade cruel que seu olho tinha de mirar no homem nem tanto distante de você. Mesmo cercado de pessoas sabia que ele te olhava, sentia queimar no corpo, os olhos presos no seu piercing de borboletas cravejados em diamantes que ele mesmo mandou fazer.
Era a princesa dele, e nem por isso deixava de ser a puta. Te dariam termos piores se ele fizesse o que mais desejava naquela noite; cercar os braços tatuados pela tua cintura cheio de possessão e marra, andar com você pela festa e te apresentar a todos como a mulher dele. Mas não poderia, e o motivo se apresenta a qualquer um que se dispor de olhar a mão esquerda com o grande anel dourado preso no anelar.
Você era o segredo dele. E ele era seu. Você devassa, poderia talvez tirar um tempo para sentir culpa se não fosse aquele rosto preso entre suas pernas chupando tão bem.
Até sente boba ao perder a noção das ações quando aquele sorriso safado no rosto seguido daquele gestinho sugestivo com a cabeça apontando para um corredor a direita onde ele foi e te esperou entrar no banheiro.
Naquele dia o bom senso pedia para ele segurar o desejo mas ver você daquele jeito chegava ser um pecado, não te marcar. Se embolaram tanto que perderam a noção do tempo, dos seus amigos te procurando, da esposa do homem (que te metia)se encontrava na festa ligando ouvindo a caixa postal no telefone em resposta. E o telefone dele no mudo jogado pelo chão ao lado do seu salto. Nem mesmo o relevo da aliança presa entre os dedos da mão que apertava seu pescoço te faziam lembrar o contexto da situação ou sentir um pouco de culpa.
Nunca ia sentir um tantinho de amargura "Filipe soca tudo vai" empina a bunda com esforço e sente uma das mãos segurando firme no quadril "me aperta com vontade" não tinha gozado e as pernas só tremelicavam.
"vai deixar eu sujar tudo né cadela? Não vai?"
Como sentir culpa desse jeito? Sentiria ausência da sensação até a morte enquanto foder com ele fosse tão gostoso, as lágrimas de tesão escorriam e aguava o teu rosto como a sua buceta faltava pingar pelas coxas.
E aí ele era caos no teu corpo, te preensando mais contra a pia do banheiro, prendendo os olhos no seu reflexo do espelho na frente. Sabendo que não aguentava tanto pau sem magoar o buraquinho e mesmo assim não conseguia parar de pedir por mais.
"vou deixar essa barriguinha toda estufada de porra e vou continuar te comendo assim todo dia princesa" perpetuou no seu ouvido antes de jogar tudo dentro de você, catar o telefone no chão e digitar alguma desculpa esfarrapada para a esposa.
"vou deixar minha esposa em casa, mas passo na sua hoje tá linda? É bom tú sair logo e me esperar l��, vou te tacar pica a noite toda."
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sabrina, só passando pra dar um toque pro anon que comentou na minha ask. sim, fui eu que falei do biquíni no inverno, e a frase exata foi "pra mim é pior que foto de biquíni na praia durante o inverno coreano". não esperava ter que explicar isso, mas parece que pra alguns não ficou claro.
1. eu nunca disse que é inverno na coreia do sul agora. usei isso como uma comparação com as fotos de idol no palco e momentos em que eles claramente estão na mídia, pra justificar o passeio de um personagem comum em uma comunidade.
2. falei disso porque, em 2021 ou 2022, na semana do natal, uma personagem postou foto na praia com o sol brilhando. em dezembro na coreia do sul, é inverno. geral sabe. a gafe foi tão grande que a galera reclamou na central da comunidade.
só queria deixar claro pra quem se ofendeu com algo de uma comunidade que nem existe mais. não adianta só saber geografia e ter um conhecimento básico da língua portuguesa. imersão também é entender mais do lugar onde a gente joga, por isso fiz a crítica. a não ser que a boneca estivesse na coréia do sul de um mundo invertido, não teria como ser verão com sol escaldante. foi específico porque era pra ser mesmo.opinião é legal, mas não adianta tentar lacrar na ask dos outros sem ler e entender o que tá escrito.
valeu pelo espaço, sabrina. stream em please, please, please.
Oi, Carpy! Pra contexto, é sobre essa ask.
Eu também tinha entendido desse jeito, mas é normal que textos acabem sendo interpretados de várias formas. Às vezes, o que a gente quer dizer não fica tão claro, né?
Obrigada por vir aqui esclarecer! Ah, e não esquece de dar um stream em "Please, Please, Please"!
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“ well, how do i look? ” (sebastian&catalina)
o convite de willa viera no início da semana, para um jantar em sua casa na sexta à noite. aquela seria a primeira vez em que a encontrava ao vivo e a cores desde o início do relacionamento com sebastian - uma realidade que a catalina de alguns meses atrás reviraria os olhos somente de ter sugerida - e, ainda que nunca houvessem conversado realmente uma com a outra, as histórias que ouviu do namorado nas vezes em que o nome da avó surgiu nos assuntos, a deixavam sentindo que praticamente a conhecia. já adorava a sua personalidade forte, divertida e envolvente. embora estivesse um pouco nervosa com sua opinião sobre ela, tentava manter uma postura o mais tranquila possível e não deixar aquela ideia subir pela sua cabeça. certamente já deveria ter feito muitas coisas mais difíceis em sua vida que conhecer a família de um namorado, contudo, com o histórico de ambos imaginava que era impossível não acabar se questionando que imagem teriam de si. não eram nem sequer amigos durante os anos em que ambos conviviam no contexto escolar e, consequentemente, em seus empregos no hospital da cidade, e não deveria ser mistério para ninguém que catalina não gostava nada de sebastian até meses antes.
sentada em sua cama, aguardava o namorado terminar de se arrumar para saírem. deu uma olhada para o relógio, confirmando que não somente estavam em tempo, mas ainda teriam mais quinze minutos de tempo para saírem do apartamento sem acabarem correndo o risco de se atrasar no percurso. não que o trânsito de bend estivesse sequer próximo da definição de agitado, é claro, somente queria garantir que as pessoas saindo para seus programas de sexta à noite não acabariam fazendo com que chegassem uns minutos depois do horário; detestava se atrasar, ainda mais em uma noite na qual gostaria que tudo não saísse do planejado em sua mente. com o questionamento de sebastian, ergueu os olhos em sua direção para ver como estava e, quase de imediato, abriu um sorriso. caramba, era inacreditável ter demorado todos aqueles anos para assimilar o quão atraente ele realmente era. como a catalina de dezessete anos poderia ter ignorado tão rapidamente aquilo só não era tão absurdo quanto a de trinta e poucos, com os dois trabalhando no mesmo lugar. “me assusta ainda ter que perguntar isso, deveria saber que está perfeito desse jeito.” suspirou, se levantando. “tem namorada por acaso?” arqueou as sobrancelhas, abrindo um sorrisinho divertido. andou até onde sebastian estava, parando em sua frente e envolvendo o seu pescoço com os braços. “é óbvio que você tá lindo. sorte a sua que vamos ver a sua vó, e não a minha mãe, ou estaríamos no maior risco de sermos obrigados a deixar ela tirar fotos nossas.” revirou os olhos, rindo baixinho - aquilo, também, era uma nota mental para conversarem em outro momento sobre sebastian conhecer a sua família. provavelmente acabaria a história tendo de pedir para june orientar a sua visão sobre como a família reyes era, como era muito mais próxima através do casamento de suas tias, porém, imaginava que tudo daria certo. somente pelo que havia contado, seus pais adoravam sebastian. “hoje a sua irmã também vai, né?” resolveu confirmar, lembrando de um comentário de sebastian sobre acacia levar o - agora novamente - namorado consigo naquela noite também. “tenho certeza de que ela ainda não é muito minha fã, então vai ter que me ajudar a conversar com ela. do que ela gosta, mesmo?” não culpava acacia por aquela impressão, considerando todo o histórico de catalina e sebastian, porém, não queria manter uma distância tão grande entre ambas agora que estavam juntos. sabia o quanto eram os dois próximos, e que seria importante para ele. “espero que a sua vó não me odeie. ou, pelo menos, se me achar muito chata, que fale mal de mim quando a gente já tiver saído, pra eu não ter que enfiar a minha cara em um buraco. me dá um cutucão embaixo da mesa se eu estiver me saindo muito mal?” o pedido era obviamente uma brincadeira, contudo, a preocupação era verídica. “quer saber, deixa pra lá.” suspirou, tentando deixar um pouco de lado aqueles pensamentos, antes que todo o seu nervosismo voltasse a toda. então, diminuiu ainda mais a distância entre os dois, encostando seus lábios nos alheios para um beijo rápido, enroscando os dígitos da mão direita nos fios de cabelo dele - um hábito do qual simplesmente não conseguia se livrar.
#in character: answers.#partner: winter.#character: catalina reyes.#⧽ ⠀ ⠀ ── ⠀ ⠀ for once you let go of your fears and your ghosts ⠀ ⠀ ﹕ ⠀ ⠀ catalina & sebastian.#terminei de escrever isso com sono então ignora qualquer absurdo KKKKKKK
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okay vamos lá pro surto
já aviso que tá grandinho k
eu vou começar falando de algo da minha mãe, na verdade. Assim que eu terminei o vídeo, minha mãe me botou pra esfregar o chão de uma área que a gente tem aqui em casa e tava bem encardida de terra. Aí ela olhou pra mim e disse "esfrega com toda a raiva que você tá sentindo pelo bts ter acabado."
Antes que xinguem minha mãe, ela disse isso no meme, não se preocupem (no mesmo instante eu olhei pra ela e disse "mas eles não acabaram" e ela respondeu "eu sei, mas é pra você ter uma motivação pra esfregar"), mas eu sinto que esse pensamento será algo muito presente na cabeça das pessoas, especialmente aquelas que não conhecem os meninos tão bem assim.
Vou ser sincera com vocês, de começo eu fiquei com medo. Pra quem não sabe, a adm aqui era muito fã do One Direction quando eu era mais nova, então a palavra "hiatus" é algo que me deixou meio traumatizada. Mas assim que eu pensei nisso, me veio uma coisa na cabeça, que é a diferença desses dois grupos em relação ao sentimento que eles tem um pelo outro.
Não vou falar muito do 1D aqui porque não acompanho eles há anos e mesmo quando eu era fã, não chegava nem perto do que sou pelos meninos. Mas de uma coisa eu tenho certeza: o BTS é uma família de verdade. Eu acho muito difícil os meninos se separarem no nível que eu vi o 1D se separar com o tempo. Por mais que eles sigam caminhos diferentes na carreira, eles ainda vão ser essa família, ainda vão se apoiar, ainda vão se amar, e ainda vão estar lá uns pelos outros, sempre. Sem contar que, pelo jeito que eles disseram tudo, eles realmente pretendem voltar um dia, só precisam de um tempo pra se encontrarem de novo.
Outra coisa que me acalmou, foi saber que eles estão felizes com isso. Claro, eles estão chateados assim como nós porque querendo ou não é uma mudança muito drástica, mas eles estão fazendo isso para irem atrás daquilo que vai fazer cada um mais feliz.
Tava bem na nossa cara assim que algo tão grande ia acontecer. O álbum trazer toda a história dos meninos e a trajetória, nos mostrou que eles estavam se preparando para se despedir dessas memórias e começar novas.
Eu só fiquei preocupada porque eu me lembro de quando eu vagava por aí pelo Twitter, sempre que alguém abria a boca pra dizer que algo assim ia acontecer, vinha outra pessoa já começar a brigar, e dizer que não ia rolar nada disso, e que não sei o que. So espero que essas pessoas entendam que mudanças nem sempre são algo ruim.
Pelo o que o Nam disse, os meninos sentiram que tinham se perdido nos último tempos. Ele deixou claro que Butter e PTD não foram músicas que os fez sentir eles mesmos, e o que eles mais querem agora é voltar a encontrar quem eram como artistas. Outra coisa que todos ressaltaram, é que eles são pessoas muito diferentes, mas sempre foram meio limitados a certos papéis que deveriam cumprir no grupo, e nunca conseguiram realmente botar em prática aquilo que queriam de verdade.
Os meninos vão entrar num momento lindo da vida deles. Vão atrás daquilo que vai os fazer feliz, descobrir no que mais são bons, e mostrar ao mundo um lado que a gente nunca teve oportunidade de ver.
Eu espero de coração que eles sejam felizes nessa nova etapa. Por mais que doa agora, sei que a gente vai amar os acompanhar em tudo. Eu já não vejo a hora de ver o que eles estão preparando, e já vou preparar pra vender meus órgãos e comprar álbum de todo mundo, me aguardem!
E ah! Sobre o blog! Nada muda aqui!! Os meninos ainda são os meninos! Claro, talvez comece a escrever contextos diferentes em alguns reacts, tirando um pouco o trabalho sempre com o grupo, mas ainda vão ter ilusões com eles como sempre, não se preocupem!
Foi isso, agora cabe a nós continuar apoiando e amando horrores todos os 7, e aguardando os surtos multiplicados a partir de agora k
Se leu até aqui, obrigada! Fica bem, e até mais💜
#e eu ja sofrendo ontem#tadinha#KSKSKSKSKSKSKSK#e se estao se perguntando#sim me matei de chorar assistindo o festa#mas tamo aí pra isso ne k
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Olha quem chegou!!! A Parte II do pedido sobre ‘eles não conseguirem engravidar’ tá on, papai! Para quem não está entendendo nada, escrevi uma “continuação” para esse imagine, porém preciso fazer algumas considerações antes:
• A segunda parte teve participação de duas leitoras maravilhosas por aqui: @umadirectioner e @mysunrose que simplesmente, em uma conversa que tivemos, comentaram detalhes de como a história seria sem eu SEQUER ter mencionado à elas o que havia pensado (bizzaro)
• E outra: a mesma bizarrice aconteceu com a @nightstars5, que recebeu um pedido semelhante ao meu, e a história, tanto do imagine passado quanto desse, se encaixaram muito bem e tivemos praticamente a mesma ideia quando escrevemos as falas e o contexto em geral. E mais uma vez eu não fazia ideia disso, até porque li o imagine dela depois de ter postado o primeiro aqui e escrito o segundo. Aliás, o pedido que a Night fez é esse aqui, e (de novo) está perfeito! Sério, leiam!
• Conclusão: telepatia realmente existe, viu? KSKSKSKSKSKSK
Enfim, depois dos esclarecimentos - nada muito relevante, admito kk - espero que gostem do enredo e do que a minha imaginação criou a partir do pedido passado. Fico esperando a opinião de vocês na ask :)
Boa leitura ❤️
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- Tenho uma surpresa para você! - o sorriso e animação de Harry ao conversar com o cachorro peludo, que adotaram cerca de dois anos atrás virou um hábito desde que o viu. O animalzinho de fato não era como um filho de verdade, e nem mesmo ocupava o lugar de uma criança na vida do casal. Contudo, não poderiam negar que a chegada do dog na vida deles foi a melhor decisão que haviam tomado até então!
Henry era exatamente igual a um bichinho de pelúcia, uma bolinha de pelo branca e pequenina, que dava vontade de agarrar assim que visse. A raça Bichon Frisé, desconhecida por eles até pesquisarem mais a fundo qual o tipo de cachorro ideal para deixar a casa com mais cara de lar, foi sem dúvida a melhor escolha dentre as tantas que tiveram. Bagunça foi uma coisa que não aconteceu após a adoção, mas amor e carinho tornou-se uma regra a partir do instante que o filhote chegou na casa.
O peludinho é um tanto quanto exigente quando o assunto é atenção e carícias. Elas devem ser feitas no pescoço e bem devagar, para que assim ele feche os olhinhos e curta a mordomia de um carinho gostoso por longos minutos. Ficar sozinho com certeza é o pior pesadelo para o bichano, que acompanha os donos em qualquer cômodo da casa, inclusive no banheiro. E como a intenção de cuidar de um cachorro era construir responsabilidades e enfim formar uma família, o dog foi criado com todos os cuidados e apreço infinito como se fosse uma criança. Afinal eles quiseram, e conseguiram, virar, pelo menos, pais de pets.
- Olha o que o papai comprou para você, cara! - ao balançar uma bolinha nova de borracha usando a mão direita, a afinação da voz, um costume básico quando se depara com uma coisa tão fofa a frente, aconteceu imediatamente. Era humanamente impossível falar de um jeito normal com um animalzinho daquele, então usar o tom fino havia se tornado mania. - Agora você pode brincar um monte com ela e esquecer o meu chinelo, não é? - indagou, como se Henry fosse responder. O rapaz abaixou para então passar as mãos entre os pelos macios e sedosos, acariciando o dog que amava aquele carinho do dono na parte de cima de seu corpinho. - Toma, amigão! Seja feliz! - Styles jogou a bolinha na direção da grama do quintal e viu o cachorro correr atrás do objeto feito louco, permanecendo por ali mesmo, mordendo o novo brinquedinho e esquecendo do mundo.
No segundo seguinte á ação, o moreno escutou o barulho típico do molho de chave e logo virou para a entrada, vendo a maçaneta girar descontroladamente e então finalmente abrir a porta, mostrando a figura linda e amável que ele esperava de braços abertos.
- Papai!! - de imediato, a garotinha de apenas quatro anos de idade correu em direção ao homem, o qual lançou um sorriso de orelha a orelha ao vê-la, abaixando um pouco o tronco para receber o abraço apertado e caloroso - seu preferido diga-se de passagem - com os bracinhos envolta do pescoço dele, com ela já no colo.
- Como você está linda, filha! - Harry havia reparado no penteado diferente do que normalmente usava e extremamente lindo feito no cabelo Black Power que a menina carregava. Os dois coques volumosos na cabecinha dela e as duas trancinhas feitas com mechas da parte da frente do cabelo deixou a criança, que já era linda, ainda mais perfeita.
- Eu fiz a unha também! - entusiasmada com a novidade, a pequena mostrou para o pai a mão, remexendo os dedinhos de forma charmosa. O riso bobo do moreno surgiu assim que viu a cena, e ao segurar a mãozinha dela, reconheceu aquele esmalte amarelo com carinhas felizes em cada dedo, e logo pegou a referência, sorrindo encantado.
- Engraçado.. Parece que eu já vi esse estilo em algum lugar.
- Copiei de você. - ela riu sapeca, com as mãos na boca. - Disse para a moça que queria pintar igualzinho a do meu papai.
- Ótima escolha, Nia! Eu amei!
- Cadê o Henry? Quero mostrar minha unha para ele! - disse toda animada quando o pai a pôs no chão.
- Ele tá lá no quintal, brincando com a bolinha nova que comprei para ele.
- Mas ele gosta do seu chinelo, papai.
- Bom, agora ele vai ter que gostar da bolinha porque eu não gosto de dividir. - com os braços cruzados, Harry imitou a filha ao dar ênfase no pronome, a qual gargalhou com a cena e saiu correndo, conversando com o cachorro com a mesma voz fininha que Styles fazia.
- Não fale essas coisas para ela que pode ser problema quando começar a escola ano que vem. - S/N comentou referindo-se ao fato de dividir, assim que deixou a bolsa no sofá para só depois se aproximar do marido e enfim lhe dar um selinho amoroso.
- Meu Deus.. Já estamos na fase da escola.. - a ficha de que Nia estava crescendo realmente ainda não havia caído. A percepção do tempo para o papais da vez era completamente diferente do tempo do calendário. A impressão que tinham era que foi ontem mesmo quando a notícia de que, após meses de espera, seriam os próximos pais a adotarem uma criança.
Nia, sem sombra de dúvidas, foi um presente abençoado quando Harry e S/N decidiram viajar para África depois das complicações que tiveram para engravidar. Mesmo com todas as baterias de exames, descartando a possibilidade de ser um casal estéril, e o acompanhamento correto com um obstetra todo mês, ainda não sabiam ao certo o motivo pelo qual não conseguiam gerar um bebê juntos. Por isso, a fim de espairecer, o casal deixou Henry com Anne por duas semanas e resolveu se aventurar pelo continente africano, mais precisamente no Quênia.
Lá, fizeram um safari incrível pela savana turística, perderam o fôlego com as paisagens lindas - principalmente do pôr do sol - conheceram uma aldeia de nativos, aprenderam e encantaram-se com a cultura do país e por fim, resolveram conhecer um lar adotivo após o convite feito pelo guia de turismo estadunidense, que ao simpatizar com o casal e escutar a história deles em um jantar no hotel, resolveu ajudá-los a realizar o sonho de terem filhos e assim dar uma família a uma menina muito especial para ele.
A pequena Nia era filha de dois amigos importantes para Dave, o guia, o qual morava no Quênia há quase oito anos. Os pais da menina foram os responsáveis por acolher o norte-americano que veio para África com uma mão na frente e outra atrás, realizando o desejo de morar no continente pelo qual era fascinado, no entanto sem ter se preparado para isso. Por mais que o casal não tivesse muito dinheiro, podia-se dizer que possuía um lindo e caridoso coração e decidiram ajudar Dave, contratando-o como entregador do pequeno quiosque que trabalhavam sozinhos, após irem contra a família e viverem o amor livre e verdadeiro, que antes era proibido.
Niara e Jalil eram jovens, não tinham mais que vinte e dois anos, tinham o sonho de estudar gastronomia e assim montar uma rede de restaurantes voltado para a comida africana mundo à fora. Porém, quando deram o primeiro passo para que o desejo fosse concretizado, os dois foram assassinados após cinco anos batalhando incansavelmente. A noite da morte aconteceu em uma sexta-feira chuvosa, no recém restaurante no centro da cidade quando resistiram ao assalto a mão armada assim que fechavam o estabelecimento, deixando Dave e uma filha de apenas quatro meses de vida no mundo.
Devastado e sem ter como sustentar a si mesmo e mais uma criança, o homem precisou incluir a pobre garotinha em um lar de adoção e prometera que acharia pais tão amáveis e carinhosos como eram Niara e Jalil para cuidarem dela.
E foi aí que Harry e S/N conheceram a futura filha, a qual tinha um ano e dois meses na época. Apaixonaram-se por ela assim que botaram os olhos na menina linda, de olhos castanhos que brilhavam ao sol, muito esperta e que amava o tio Dave, o qual visitava-a duas vezes por semana. O casal londrino ficou tão entusiasmo quando o guia disse que ajudaria como pudesse na questão jurídica e faria de tudo para que a filha de seus grandes amigos fossem aos braços de pessoas certas, já que sentiu um chamado dentro dele dizendo que aquele era o casal perfeito, após dias de conversa.
Demorou um ano e meio para que tivessem a aprovação do governo quanto a adoção e finalmente trouxeram Nia para casa, aos dois aninhos de idade. Dave aceitou acompanhá-los na viagem, até porque tornou-se amigos de S/N e Harry diante da boa vontade, sendo convidado a ser padrinho da garotinha. E hoje, eles criavam uma filha juntos, tendo a família que sempre sonharam e uma casa colorida com as cores do amor.
- Tem noção de que temos uma filha, S/A? E um cachorro? - questionou rindo, ao abraçar a mulher de lado e observar apaixonantemente os amores brincando no jardim.
- Parece que estamos sonhando, né?
- Um sonho maravilhoso. - dessa vez o sorriso veio quando olhou para ela, encostada com a cabeça no peito e os braços em volta do tronco dele. Porém Harry estranhou ao perceber a esposa pálida, ficando evidente o mal estar quando a mesma espremeu os olhos, sentindo uma leve tontura. - Ei, o que foi? Tá tudo bem?
- Não sei.. Acho que minha pressão baixou. - respondeu fraca e ele a sentou no sofá.
- Talvez seja o calor. - realmente fazia um verão quente e incomum em Londres. - Vou pegar uma água para você. - o tempo do moreno buscar um copo d`água foi suficiente para S/N piorar e correr até o banheiro, vomitando todo o almoço, algo que ela quase nunca fazia. - OK, vamos deixar a Nia na minha mãe e eu te levo para o hospital. - Styles surgiu na porta do cômodo, assustado. - Você vomitar não é nada normal.
- Amor..
- Não tem essa de amor, não, S/N. Eu sei que você é teimosa, odeia hospital mas eu vou te levar ao médico nem que seja a força. - a expressão séria, tendo as pontas dos dedos na cintura, além da voz decidida encheu o coração dela de um sentimento gratificantes. Um sorriso diminuto foi tudo o que ela pôde dar. - Você tá branca, mulher! - Harry exclamou, ainda mais apavorado enquanto a moça escutava o surto limpando a boca com água e bochechando o enxaguante bocal. Ao final da ação, um riso frouxo ficou bem aparente nos lábios dela. - Por que você tá rindo?
- Não acho que eu esteja doente.
- Como não?
- Deixa eu terminar! - S/N sabia que haveria uma enxurrada de palavras após a indagação dele, por isso resolveu ser mais rápida e atravessá-lo. - Minha menstruarão tá atrasada há dois dias.
- Ai meu Deus! - as pernas literalmente tremeram.
- Calma! Não vamos criar tanta expectativa. - avisou, fazendo sinal de pausa com as mãos após uma respirada profunda. - Já sofremos muito com isso e dois dias de atraso não é um tempo que possa confirmar uma gravidez.
- Mas sua menstruação nunca atrasa, porra!
- Eu sei. - concordou entre risadas. As várias idas nos consultórios da obstetrícia e todos as orientações que foram seguidas à risca para terem um bebê ensinou muita coisa ao moreno. - Tenho alguns testes aqui no armário do banheiro. Vou fazer e vamos ver no que dá. - Harry respirou fundo e assentiu totalmente nervoso por sentir, desta vez, que a hora era essa.
A angustia de ambos era gigantesca. S/N balançava a perna constantemente ao sentar-se na privada tampada, tentando manter a calma para não se desapontar caso o resultado fosse o mesmo de sempre. Do lado de fora, Styles andava de um lado para o outro, apreensivo e torcendo de segundo em segundo para que dessa vez um milagre acontecesse. Entretanto, quando a mulher abriu a porta com os olhos marejados e encostou-se no batente como sempre fazia quando a resposta aparecia, o moreno perdeu um pouco as esperanças mesmo que a sensação dentro dele fosse diferente.
- E aí? - perguntou aflito e com os olhos arregalados, extremamente impaciente. - Negativo ou positivo? - ela manteve-se muda e colocou as mãos na boca, provavelmente segurando o choro. - Fala, S/N! Pelo amor de Deus! - de forma engraçada e nada proposital, o moreno gesticulou com mãos e braços, mexendo-os para frente, inquieto com a situação. Mas a esposa sequer riu daquilo e foi direto ao encontro do marido, em um abraço forte e que liberou todo o choro preso dentro dela.
- Eu tô grávida! - a fala estava embargada. A voz tomada pelas lágrimas de emoção era tanta que S/N mal conseguia dizer uma única palavra sem ao menos parar de chorar. Apenas despejava a euforia e anos de frustração nos braços daquele que a amava incondicionalmente e sonhou tanto, junto com ela, de terem um bebê.
- Ai, Deus.. - ele fraquejou e a voz saiu falha. - Sério? - Harry afastou-se um pouco do abraço para ver a carinha de S/N, sem perceber que a dele estava pronta para chorar, mostrando um biquinho fofo que entregou sua vulnerabilidade. Quando a mulher assentiu, Styles agarrou o corpo dela em um abraço reconfortante e que exalava alívio. As gotas as quais saiam dos olhos eram de alegria e tranquilidade, por finalmente alcançarem o que tanto almejavam.
- Eu sabia! Eu sabia que esse dia ia chegar.. - ele balbuciou as palavras emocionado, ainda preso ao corpo da mulher.
- Nós vamos ser pais de novo! - S/N praticamente gritou assim que se separou de Harry e agora foi a vez dele colocar as mãos na boca, digerindo a informação. Ela olhava para ele tendo uma mistura de sentimentos dentro de si enquanto ria e chorava. Aos poucos os olhos de Harry foram diminuindo, e mesmo que não pudesse ver a boca por estar sendo tapada pelas mãos em sinal de surpresa, a esposa sabia que o famoso biquinho de choro formava-se mais uma vez. E quando o balde de sensações e sentimentos de fato caiu sobre ele, o moreno deixou as pernas levarem-no para o chão, ficando de joelhos ao sentir o corpo mole e esparramar o choro que o libertou, tendo as mãos escondendo o rosto e a cabeça levemente inclinada para baixo.
- Eu não acredito. - comovida com a notícia e a reação linda do amor de sua vida, ela também abaixou e juntou as cabeças quando abraçou o moreno, mesmo que a face molhada dele ainda estivesse escondida.
- Por que vocês estão chorando? - Nia perguntou um pouco assustada, com Henry ao lado também observando a cena que chamou a atenção dos serezinhos que brincavam no jardim. Os pais instantaneamente sorriram para ela e puxaram para um abraço gostoso e revigorante quando fecharam os olhos.
- Você vai ganhar um irmãozinho, filha!
- Jura? - os olhinhos dela brilharam e a alegria era nítida em sua voz. - Quando?
- Vai demorar um pouquinho. - respondeu Harry, enxugando os olhos cheios d’água com o final da palma da mão. - Mas vai ser maravilhoso! Isso eu posso te garantir.
- É muito legal saber disso, mas não entendi porque estão tristes.
- Não estamos tristes, meu amor. - o moreno rebateu risonho. - E que antes de você chegar, eu e e mamãe queríamos muito ter um bebê juntos. - Nia escutava Harry com atenção, principalmente quando colocou uma das trancinhas dela atrás da orelha. - Era o nosso sonho mas nunca dava certo, e por isso fomos ficando bem tristes. - novamente a emoção agarrou o casal, quando os olhares se encontraram e a lembrança dos momentos difíceis que passaram ao longo dos anos, diante de tantos resultados negativos e sem resposta. - Só que hoje, depois de bastante tempo tentando, a gente conseguiu realizar esse sonho. - disse com a voz trêmula e olhos brilhando pelas lágrimas que caiam devagar pelo rosto, assim como as de S/N, que chorava baixo por finalmente sentir em seu eu interior a sensação de realização em dobro. - E conquistamos tantos outros que nem imaginávamos ter, que foi você e o Henry junto com a gente. - a garotinha sorriu de forma meiga e trouxe os pais para perto em mais um abraço aconchegante e amoroso.
- Ouviu só, Henry? Eu vou ganhar uma irmãzinha!
- Ou irmãozinho. - S/N disse ao sorrir para filha e sentir o cachorrinho esfregando de leve a cabeça em sua barriga quando colocou-o em cima das pernas, como se ele soubesse que o novo membro da família estava ali.
- Não, vai ser uma irmãzinha. Eu tenho certeza!
- Como? - o pai questionou curioso após acalmar-se do choro e fungar depressa.
- Porque um dia eu sonhei que ganhei um presente grandão e dentro dele tinha um neném. E era uma menina. - após a pausa cômica entre uma fala e outra, os pais, boquiabertos, se entreolharam e riram com a confissão telepática da filha, que saiu correndo novamente pela casa, gritando feliz da vida que teria uma irmã, acompanhada do cachorrinho que latia animado, mostrando mais uma vez que a esperança é a última que morre, e ser pego de surpresa deixa tudo mais gostoso.
- Parece que a gente conseguiu! - mais calma e imensamente contente, S/N comentou, entendendo as mãos para o esposo, que esboçou um sorriso valiosíssimo e sincero ao entrelaçar os dedos nos dela, em uma atitude que além do amor, exalava companheirismo e união de duas partes que se doam para tudo dar certo.
- Sim.. A gente conseguiu!
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Se possível, deixe seu feedback na ask! Adoraria saber o que achou :)
xoxo
Ju
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Sobre Lázaro, vingadores sociais e espiritualidade.
Esperando o timing adequado para comentar sobre tal questão, acredito que agora, após o frenesi dos vingadores sociais ter acalmado, posso finalmente entrar no assunto. Adianto aqui que não sou do tipo que passo a mão na cabeça, bajulo ou defendo condutas de indivíduos transviados para a criminalidade. Adianto também que, em caso de legítima defesa minha ou dos meus, que estejam na condição de vítimas de delitos atentados contra sua vida, eu não hesitaria nem por um segundo sequer em fazer uso de um equipamento letal a fim de cessar a injusta agressão. Fora essa exceção, consigo sim enxergar que o criminoso é alguém como nós. Cheio de defeitos mas também possuidor de virtudes. Certa vez no evangelho ouvi uma frase que agora faço questão de carregar e me indagar sempre: será que existe mesmo alguém tão pobre que não tenha nada a oferecer e, alguém tão rico que não tenha nada para receber?
De uns meses para cá tenho exercitado mais a minha espiritualidade, tentando me ajustar, tentando melhorar minha existência, entendendo meus processos evolutivos para poder ser melhor para mim e consequentemente para os outros. Todo processo de mudança deve começar primeiro em nós, correto? Pois bem, por estar um pouco mais inserida nesse processo espiritualista e tentando desenvolver uma visão mais transcendental, o caso Lázaro e todos os comentários que ouvi e vi, seja no ambiente de trabalho, seja nas redes sociais, me assustaram um pouco e ao mesmo tempo me impulsionaram a escrever sobre. É assustador como o ser humano pode ser desinteressado pelo outro.
Me chama atenção a forma como a sociedade como um todo externa sua visão e sua revolta pelos indivíduos delinquentes, os tratando como inumanos ou coisas. E nesse diapasão esperam que eu, por estar policial, me posicione da mesma forma.
“Mas você tá defendendo? Não acha que tem que morrer?” “Quem poupa o lobo sacrifica a ovelha” “Você não mataria uma criatura dessa?”
E aí eu pergunto: E por que você mesmo não mata?
É aí que entram em cena os vingadores - quem é Thor perto desses abençoados? - e todo seu discursinho típico de eugenia social batido de “não mato porque não posso ter uma arma” ou “ se eu fosse policial não iria sobrar um desse para contar história”. Falam como se o indivíduo que tendeu para o lado criminoso fosse outro ser, criatura de outro planeta, outro DNA.
Mais uma vez, não estou aqui querendo colocar criminosos como coitados e nem passar a mão na cabeça de ninguém, mas será mesmo que esses vingadores sociais pensam dessa forma? (se pensam, temos um grande problema aqui. O que difere você de um psicopata?) Será mesmo que os vingadores são possuidores de vontade de matar, extirpar, esquartejar, trucidar, torturar alguém que cometeu um ou vários crimes? Ou será que apenas externam um sentimento de repulsa e um desabafo acalorado por causa de uma ação que macula a vida em sociedade e nos impede de viver harmoniosamente e por saber que, naquele momento, não existe a menor possibilidade de estar ali e ter que decidir entre a vida e a morte de uma pessoa. Sim, uma pessoa. Sinceramente, tento crer que as falas estejam mais permeadas nesses sentimentos do que crer que sejam de uma dissociação absoluta e não comiserada para com o equivocado agir alheio.
Entrando um pouco na religiosidade e espiritualidade, como eu disse, nunca fui muito de exercitar isso em mim, mas venho tentando de uns meses para cá. Sempre tive minhas crenças, sempre tive minha fé na existência de algo maior, mas não do jeito convencional imposto por alguns templos religiosos. Nunca acreditei em um Deus vingativo e intransigente, Deus este que talvez tenha sido necessário para povos antigos e que talvez até hoje seja necessário para alguns que ainda acreditam na educação através do medo, que acreditam que o castigo funciona efetivamente como um sistema de troca... “se não fizer isso, Deus castiga”. Quero passar aqui uma visão de Deus/Deuses mais amorosos, justos e tolerantes. Por qual motivo seriamos colocados aqui nesse plano espiritual separados em grupos? Os que são bons em sua totalidade VS os que são totalmente ruins (os demônios encarnados).
O que é ser uma pessoa boa, do bem? E será que exercemos de fato essa bondade? será que nos policiamos quando notamos o menor deslize sequer? O que é ser uma pessoa ruim? As pessoas ruins já nascem assim? São entidades infernais encarnadas? São pessoas que foram predestinadas a vir com essa chaga moral?
Ou será que fomos colocados aqui todos juntos, na mesma sociedade falida, na mesma vivência para nos tolerarmos, ajudarmos, procurarmos entender o outro e suas questões, procurarmos entender o motivo de ocorrer tais crimes, o motivo pelo qual um delinquente age de tal maneira e por fim resolvermos essa dificílima equação social e jurídica? Ou, como na visão espírita, será que não fomos colocados aqui todos juntos para nos reencontrarmos com pessoas de vidas passadas para juntos resolvermos pendências, acertar pontos, aprender sobre perdão e finalmente evoluir?
Sobre Lázaro, observando sua linha do tempo, o cara foi preso pela primeira vez em 2007 por duplo homicídio, mas fugiu. Em 2009 foi preso novamente, dessa vez por estupro, roubo e porte ilegal de arma. Fora emitido um lado psicológico apontando sobre suas condutas agressivas e impulsivas. O que foi feito? Nada. Dois anos após progredir para o regime semiaberto fugiu novamente. 2018 voltou a ser preso por estupro, roubo e porte ilegal de arma. ADIVINHA!? Fugiu novamente. E continuou com sua sequência de crimes por suas próprias motivações até ter toda atenção do país e só aí foi feito algo cinematográfico, uma caçada digna de filme hollywoodiano. Após todo o descaso e erro cometido pelo Estado. Me pergunto quantos Lázaros não existem anonimamente no Brasil e me pergunto também qual foi o erro que deu o pontapé inicial na saga Lázaro. Quem é o verdadeiro culpado pelo primeiro erro? Lázaro, psicopata atestado há 12 anos atrás. DOZE ANOS! ou a culpa é do Estado pela falta de interesse em agir logo no início, pela falta de interesse em buscar maneiras alternativas de lidar com criminosos dissidentes? Se Lázaro é o lobo que foi poupado por 12 anos a culpa com certeza não é da natureza do lobo, mas sim do pastor que não protegeu suas ovelhas.
Enfim, não acredito que tudo tenha que ser resolvido com violência, punições abusivas e morte. Acredito que muita coisa pode ser resolvida com um acolhimento, uma conversa externando palavras de conforto e tranquilidade, tentando entender o outro, tentando entender os motivos pelos quais ele foi levado a fazer o que fez. Tentando uma ressocialização de presidiários que fosse eficaz, ao invés dessa falsa resolução. Até porque, podemos até ser egoístas e olhar para os presidiários como inimigos, como nós contra eles, mas deveríamos lutar por uma ressocialização eficaz porque quando eles saem de lá, voltam a conviver com a gente e quem sofre as consequências somos nós. Nesse caminhar de apuração de crimes, onde a vida do inquisidor é, tão ou mais triste e vazia do que a do indigitado, muitas vezes, pelo contexto de nascimento e criação, nem nós, os “seres do bem”, escaparíamos às tentações da dilapidação do bem jurídico alheio.
Sendo assim, acredito que talvez seja melhor tratarmos os espíritos errantes de igual para igual. Desejando que seja aplicada a medida justa, desejando que seja feita uma ressocialização de verdade, desejando que esse ser se cure, entenda seus processos e evolua. E não os tratando como inumanos e não merecedores de dignidade humana básica. Afinal, é uma vida... não deixa de ser. E imagino eu, que estes seres já se encontram em um “inferno particular”. Imagino também que quando estão presos, nas condições totalmente precárias que se encontram os nossos presídios, estes já vivenciam como é a região umbralina, purgando e buscando rendição por suas falhas e omissões até a difícil missão de finalmente libertar-se do ciclo de desamor que o levou a criminalidade. Ou só seguem sendo espíritos vagantes dentro de um corpo-matéria aqui nesse plano.
Penso assim porque hoje eu estou aqui como uma pessoa de bem, mas eu não posso dizer o que vai acontecer mais lá na frente. E se as condições de vida se inverterem? Eu não iria gostar nem um pouco de ser tratada como lixo da sociedade. Nem iria gostar nem um pouco de ver um dos meus sendo tratado dessa forma. E não penso assim por medo do que possa acontecer comigo, mas por compaixão e por saber me colocar no lugar do outro.
É isto.
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Welcome to New York, de novo
Não. Este não é um blog sobre viagem e muito menos sobre Nova York. Mas este escritor amador é sim um amante desta cidade. E como a vida me proporcionou que fosse para lá algumas vezes, estava disposto a encarnar a Carrie Bradshaw. Lá estava eu mais uma vez explorando o inexplorado mais. Como o motivo da viagem era trabalho, estava como repórter gravando matérias pela cidade - você já sabe, né? Uma das matérias seria no gift shop de uma grande rede de televisão, a que eu eu trabalhava.
Quando cheguei na loja, situada no Rockfeller Center, fui logo procurar a pessoa que foi responsável pela autorização da filmagem. Eu conhecia até então apenas por email, desde que estava no Brasil negociando a gravação. Alguns minutos depois, a supervisora da loja disse que o meu contato - que aqui vou chamar de Sir X para preservar sua identidade - estava descendo do escritório, que ficava no trigésimo andar. Esperei pacientemente com mais duas pessoas que me acompanhavam, uma produtora e um cinegrafista. Já estava tudo pronto para gravar, microfone ligado, foco testado, fundo escolhido. Faltava apenas quem ia liberar a gravação para que, de fato, começássemos a gravar. Uma burocracia danada!
Depois de uns 45 minutos, finalmente, Sir X chegou. Eu já estava bufando, mas ao olhar para trás fui completamente surpreendido e por um instante parece que meus olhos fixaram na imagem dele, fazendo com que o barulho do corre-corre da loja ficasse em silêncio, até que ele estendesse a mão para me cumprimentar. Oi, você é o Timber? Me desculpe pelo atraso. Ali eu já tinha esquecido que já estava esperando fazia uma eternidade. A produtora e o cinegrafista (que era hétero!) também ficaram meio sem reação. Era um carisma misturado com um ar de sedutor que nos pegou completamente de surpresa. Depois de um papo de 10 minutos mais ou menos, chegamos a conclusão que ninguém melhor do que ele para ser entrevistado por mim e contar tudo o que tinha no pequeno parque de diversões que era aquele gift shop, principalmente para os amantes de séries americanas.
Sir X devia ter por volta de uns 40 anos, regulava com a minha altura, um pouco mais baixo só. Se eu tenho por volta dos 1,80, dele deve estar em 1,75. O cinegrafista brincou falando que ele parecia um xerife da década de 70 por causa do bigode, da camisa xadrez e do coletinho. Quando ele falou isso é óbvio que a minha referência foram os atores pornôs daquela época. Imaginei aquele homem com uma cueca branca tradicional, mala grande, bigode e chapéu. Esses pornôs vintage me excitam de uma maneira diferente. Mas por que estou falando isso? Sei lá, às vezes me choco com a forma que me exponho para vocês. Mas fato é que o Sir X me deixou desconcertado, a ponto dos editores do vídeo que estavam no Brasil me mandarem mensagens para me sacanear, falando que eu não tirava os olhos da boca daquele homem. Era bem o estereótipo do americano, mas um tesão.
Assim que a gravação acabou, ele nos levou para um tour dos estúdios de televisão e, quando se despediu, minha equipe falou uníssono para mim: ele não parava de investir em você! Eu estava com nenhuma autoestima, já que ela foi roubada no momento em que o Sir X chegou, refutei a informação veementemente. Seguimos para mais algumas externas e voltamos para o hotel. Mesmo tendo passado do horário do expediente, decidi que mandaria um email para agradecer a experiência e hospitalidade. Já eram 21h quando apertei send e quase 22h quando recebi apenas um "no problem", bem seco, como resposta. No final, um PS: você e sua equipe receberam os convites da festa da nova temporada de Mr. Robot? Coração acelerado e imediatamente respondi que não. Manda um email para a Sarah com o seu nome e da equipe, ela vai colocar vocês na lista. E esse é meu número, me avisa quando chegar.
A diária de gravação do dia seguinte acabou tarde e estávamos atrasados. Pegamos o metrô de downtown até midtown, passamos no hotel para deixar os equipamentos e tomar banho; e depois corremos para pegar um taxi que nos levasse até a zona portuária, que fica em Hell's Kicthen. Nunca tinha ido para aquela área e estava incrivelmente deserto, escuro e frio. Demoramos para achar o local porque a festa estava acontecendo num galpão abandonado. Quando finalmente localizamos, não queriam nos deixar entrar porque a recepcionista já tinha saído e a lista de convidados já tinha fechado. Era um evento super exclusivo e eu não ia desistir. Como um bom carioca, dei o papo no segurança e ele nos colocou pra dentro. Mandei uma mensagem para o Sir X: estamos aqui!
A doca tinha 3 andares e ele estava no terceiro. Era exclusivo... mas estava muito cheio. Cada andar que subia de escada eu tomava um shot. Quando finalmente nos encontramos, a música parou e levamos bronca de uma promoter por não estarmos sentados para exibição do primeiro episódio. Sir X mal falou comigo e disse que tinha que ficar com a equipe dele. Desceu enquanto nós sentamos forçadamente para ver a exibição. A produção da festa era uma coisa à parte, nunca vi coisa parecida. Em determinado momento rolou uma invasão hacker (tudo encenado, claro), com transmissão no telão e riots (de mentirinha) invadiram o lugar, começaram a pichar as paredes e colar cartazes. Era algum contexto da série, não fazia ideia qual era o plot, então só curti o momento. Eu estava amando tudo, mas Sir X não. Na hora da invasão ele me mandou mais uma mensagem: this shit is boring, nos encontre no Hardware Bar, duas quadras pra baixo. E lá fomos nós atrás dos nossos colegas de trabalho recém conhecidos.
Sir X já estava bêbado na festa, mas quando cheguei no bar estava ainda mais. Não posso dizer que estava sóbrio também, mas com memória suficiente para escrever esse texto contando o que rolou naquela noite. Tava rolando um show de drag quando chegamos no bar; foi a primeira vez que assisti um e não consigo descrever o quanto eu amei. Finalmente pude conhecer as outras 3 pessoas da equipe dele, dois homens e uma mulher. Estávamos em sete, todos bebendo e se divertindo. Sir X pagando rodadas de shots e contando piadas. Ele era o centro das atenções, isso era indiscutível, tinha um imã nele que atraía o olhar de todos.
Até que sentei no banco alto em frente ao balcão do bar e ele sentou no meio das minha pernas, recostando o pescoço para trás em cima do meu ombro. Faz uma massagem no meu ombro - me disse - estou muito cansado, preciso relaxar. Estávamos na frente de todos da equipe, mas a essa hora já estava mais do que claro que existia uma tensão sexual entre nós. Mas eu mesmo só acreditei quando ele me pediu a massagem. Ele era forte, senti ao tocar suas costas e pescoço - claro que não ia ficar só nos ombros. Até que ele sussurrou no meu ouvido "tá muito bom". Minha resposta sem pensar foi: desse jeito eu vou ficar duro. (Já estava, claro. Mas estava disfarçando). Essa é a intenção - respondeu sorrindo de uma forma tão safada e começou a se esfregar no meu pau, só para provocar. Depois que ele fez isso, me soltei e aproveitei o momento, a autoestima estava voltando aos poucos, assim como a confiança. Ele realmente estava interessado em mim! Fomos todos para a pista dançar. Estava muito cheia, o que ironicamente é desculpa perfeita para a gente se agarrar, no meio da galera, sem que ninguém visse. Passamos muito a mão no corpo um do outro, mas não dos beijamos. Ele ficava de costas e esfregava aquela bunda durinha em mim, descendo e levantando encostando no meu pau. Estava me deixando louco, até que ele foi pro banheiro.
Disfarcei por alguns minutos e fui atrás. Quando cheguei, ele estava me esperando na cabine, com as calças abertas e o pau pra fora, camisa levantada até o peito, batendo uma. Era sarado, depilado e muito, muito gostoso! Me puxou para a cabine e fechou a porta, abriu minha calça, botou meu pra fora e a baba escorreu na mão dele. Ele lambeu a mão e depois lambeu a minha boca. Gosta do sabor? Pegou no meu pau de novo e começou a bater uma pra mim. Puxou minha nuca e me deu um beijo com vontade, encostando aquele bigode na minha barba e, em seguida, saiu. Tínhamos que ser discretos e não demorar muito para não dar pinta para os outros da equipe e não correr o risco de ser expulsos pelo segurança.
Voltamos para a pista e minha equipe estava se despedindo. Já eram quase duas da manhã. Timber, você fica? Sim, podem ir, tô tranquilo. Eu queria mais, fiquei com os "meus novos amigos" dançando e bebendo. Fomos para o lado de fora fumar e entramos para mais uma rodada de shot. Depois de virar, do nada, Sir X sumiu por meia hora. Sarah, a funcionária dele, veio brincar comigo e disse que ele era assim, adorava seduzir, provocar e curtir a noite. Tô sabendo, respondi rindo, guardando nosso segredo. Quando finalmente re-apareceu, a surpresa: esse é o meu marido! Não esperava essa reviravolta. Ele simplesmente começou a agir como se nada tivesse acontecido entre nós. E eu levei tudo numa boa, até mesmo porque, só estava me divertindo e vamos combinar que, ainda que um colega de trabalho, ele era um desconhecido. Confesso que até achei engraçado e percebi como aquele homem era safado. De uma maneira imatura, eu estava contente por "conseguir pegar um homem daqueles".
Continuei bebendo até às quatro da manhã, até que a Sarah ficou preocupada e resolveu me colocar no uber de volta ao hotel, tão cuidadosa. Sábia, ela estava certíssima em andar eu ir dormir, mais um drink e teria dado um belo pt. Me despedi de todos e quando chegou a vez do Sir X, ele me puxou pela nuca mais uma vez e disse "text me tomorrow, just you, no team". Eu disse ok, fui para o meu hotel e dormi apenas uma hora e meia. Tinha acordar as 5h30 da manhã para um novo dia de gravação e nenhuma maquiagem era capaz de esconder a minha ressaca. Eu fiquei com voz de ontem em todas as matérias que gravei naquele dia. Chegou a noite e eu não mandei a mensagem para ele. Afinal, as muitas temporadas de Sex & The City me ensinaram alguma coisa sobre os homens de NY.
Quer saber mais uma coisa engraçada? Dois anos depois, voltei para NY, já mais familiar com a cidade e menos turista. O que não falta em Hell's Kitchen são bares e boates gays, já conheço vários, posso te indicar alguns. Fiz amigos nesses vai-e-vem, como uma drag queen bem famosa, ex participante do RuPaul's Drag Race. Dessa vez, estava hospedado super perto da Broadway - meu lugar favorito para estar! Fui ver o show dessa amiga e, tarde da noite, voltando para o hotel por volta das 3 da manhã a pé, parei numa Deli Store aleatória para matar o meu desejo de comer doce. Mesmo com o frio, estava enchendo a cesta com sorvete, cookies, Skittles e chocolate, quando escuto meu nome sendo chamado no fundo da loja: "Timber, nice to see you again"! Era o próprio Sir X me chamando. Nos cumprimentamos, conversamos qualquer small talk e falamos sobre como NY era um ovo. Ele me fez companhia na caminhada até a porta do hotel. Eu moro naquela janela ali - apontou para o prédio da frente -, deixa eu ir lá que o meu... cachorro está me esperando com fome - apontando para a lasanha que tinha comprado e riu. Eu também. Nos despedimos com o famoso "vamos marcar"e nunca marcamos. Como da primeira vez que estive por lá, vi que Nova York é de fato uma caixinha de surpresa. Eu guardo nessa caixinha algumas das melhores memórias da minha vida.
Não vejo a hora de voltar!
Até a próxima,
Timber
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SERÁ QUE PRECISA DESSE OPORTUNISMO? . Post que parece inocente, sem maldade. Tá LONGE disso! . Peguei da TNT, mas não foram só eles não! . Puxaram essa parte da coletiva e colocaram sem contexto nenhummmmm! . Quando você ler uma declaração que foi dada em vídeo, procure o vídeo. A expressão no rosto ou até um gesto pode mudar todo o rumo da frase . Coloquei o trecho da coletiva em vídeo para todos verem que o tom não foi de desprezo, e sim de respeito . Durante toda a coletiva, Abel Ferreira ressaltou a partida feita pelo Flamengo e elogiou os responsáveis . Não estou dando palpite ou ensinando alguém a fazer seu trabalho, mas será que precisava mesmo disso? . Essa sede por likes e repercussão é tão necessária assim? . Alimentar possíveis polêmicas é o melhor jeito de aproveitar grandes jogos? . Reclamamos incessantemente de dirigentes que vivem retrocedendo nosso futebol, mas será que são só eles? . E aqueles que possuem o microfone não mão? Não são responsáveis também? . Cada vez mais nos distanciamos de uma discussão rica e saudável sobre futebol. Ao invés de se preocupar com o jogo em si, as mesas estão mais preocupadas com arbitragem ou palavras ditas no calor do momento . Não vejo problema em tratar desses assuntos, mas não podem ser os principais . A mudança do nosso futebol começa pela maneira de pensar. O "influenciador" precisa instigar o "influenciado" a pensar, e não tentar pensar por ele . Fico muito feliz quando discordam (com respeito) de mim. Essa discordância gera argumentos, que geram soluções . Como querer um futebol moderno com pensamentos rasos? . Sai da casinha e pensa além! . Esquece polêmica, mira na evolução!!! https://www.instagram.com/p/CKVTrieApFx/?igshid=161zsgljoaxk2
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O jogador de Fiódor Dostoiévski
Esse livro foi meio "dificil" no começo, quando quero dizer difícil, eu digo confuso, por que o Dostoiévski joga um monte de nomes sem contexto logo nas primeiras páginas e se quem tiver lendo não prestar atenção pode se perder, uma dica é sempre anotar os nomes e quem são num caderno sempre que for ler Dostoiévski, mas como o livro é curtinho, as vezes nem precisa, pois não tem tantos personagens e até que esse não tem nomes tão difíceis, foi rápido até eu sacar quem era quem e qual era seu papel na narrativa.
Alexis Ivânovitch é um homem que gosta de jogar, mas no começo ele só jogava poucas vezes, pois ele trabalhava como preceptor dos filhos do general, ele também é apaixonado pela enteada do general, Paulina, ele se diz escravo dela, seu amigo Astley lhe diz que o general também está noivo de Mrs Blanche e ele tem uma dívida com Des Grieux, esses dois últimos só ficam do lado do general, pois ele tem uma tia velha, que eu chamo de vovó, que já tem seus 70 e poucos anos e que está pra morrer, vivem mandando telegramas perguntando quando a mulher vai bater as botas, esperando sair a herança.
Tudo começa quando Paulina pede pro Alexis jogar na roleta, ele odeia isso pois não gosta de jogar pros outros e se promete ir jogar de novo, só que dessa vez pra ele mesmo, ele acha que a sorte é diferente quando se joga pra si, ele acaba ficando supersticioso.
Alexis fala com a Paulina sobre ser escravo dela e sobre fazer tudo que ela pedir, fala umas coisas sinceramente assustadoras sobre matar ela, ela não leva a sério, tanto é que pede que ele vá insultar a Baronesa Wurmerhelm, então ele vai e faz isso, o marido dela não entende nada e vai lá falar com o general sobre isso, o general que não quer treta com esse barão, que por consequência tem uma treta com a noiva dele, decide demitir o Alexis, mas Alexis fica puto pelo general ter pedido desculpas por ele e diz que vai falar ele mesmo com o Barão, mas o general implora pra ele não fazer isso e até se humilha pra ele não falar nada com o Barão, o Alexis acaba se esquecendo desse assunto pois chega a melhor parte do livro.
A velha caduca, a tia do general aparece em pessoa falando que ela veio no lugar do telegrama, a mulher é desbocada, fala tudo que vem na mente, ela é muito engraçada com aquele jeito afiado de ser, me peguei várias vezes rindo e pensando "que velha fdp" e diz que viu todos os telegramas e que não vai deixar nada pro sobrinho, o general fica sem reação e começa a ver seus planos irem pro ralo, a vó pede pro Alexis a levar pra roleta que ela quer observar, chegando lá a vovó pede pra ele explicar tudo pra ela e encasqueta que quer jogar no zero, eles jogam várias vezes e perdem e perdem, mas chega uma hora que o zero sai várias vezes e eles saem de lá com uma grana preta, então a mulher pega gosto e volta lá de novo pra jogar, ela fica enlouquecida, se vicia legal no jogo e aposta quantias absurdas e perde tudo, a mulher sai derrotada de Roletemburg, mas não sem antes deixar todos a sua volta desestruturados, a noiva do general some do dia pra noite, ele próprio acaba enlouquecendo por ver tudo desmoronar. Paulina era apaixonada por Astley, mas também gostava de Alexis, quando vai na casa dele depois de receber sua carta, ele vai na roleta e a deixa esperando, na cabeça de Alexis, ele ia ajudar Paulina com a dívida do enteado dela, mas ela acha que ele está querendo comprar ela com dinheiro e joga o dinheiro na cara dele e vai até Astley, ela fica muito doente, como ele tinha ganhado uma pequena fortuna, ele se vê obrigada a ir pra Paris, agora aqui chega a parte da burrice do Alexis, qual era a necessidade de ir pra Paris com a interesseira da Blanche ex do general? A mulher torrou cada centavo dele e ele ficava igual idiota andando com ela, ele nem gostava dela, na verdade ele desprezava ela, burro, pois com aquele dinheiro teria voltado pra Rússia e vivido uma vida confortável, mas não, na cabeça dele ele ia deixar a Blanche gastar tudo e depois ia ganhar tudo de novo na roleta, no fim das contas, Blanche acabou sentindo alguma afeição por ele, lhe deu uma graninha pra ele voltar jogar (disse assim "só te dou isso pois sei que vais jogar tudo") e ela aceita se casar com o general quando ele vai a Paris (nesse momento o homem parece um vegetal, tá totalmente louco e dependente da Blanche, o que ela acha ótimo, pois quando a véia morrer ela vai herdar tudo)
Enfim Alexis joga na roleta, mas perde horrores, mas ele acha ainda que vai dar a volta por cima e ressurgir das cinzas como da outra vez que ganhou em Roletemburg, mas não ganha nada, ele fica tão pobre que é obrigado a trabalhar como lacaio pra se sustentar, mas ele joga até seus últimos centavos e está prestes a se tornar um mendigão, meu pai amado.
Muito, muito tempo depois, ele encontra seu amigo Astley na Alemanha, mas Alexis já está destruído pelo jogo, ele recebe notícias de Paulina, que ainda anda doente, Astley diz que Paulina ainda gosta de Alexis, mas ele já tá puto, pois vê o estado de degradação do amigo, lhe dá um dinheiro mas ele diz algo muito legal " se lhe dou pouco ou muito, para você é a mesma coisa, pois vai perder tudo mesmo" Mano, que foda!!! Mas como o vício do Alexis tá tão grande, ele até pensa em ir ver a Paulina, mas ele tá tão fixado naquela vez que ganhou uma grana em roletemburg que decide jogar, o livro acaba aqui, mas todos sabem que ele vai perder, ou não… quando eu terminei eu fiquei sem saber como reagir, e eu que esperava que a vovó deixasse alguma coisa pra ele no testamento, ou que ele deixasse de jogar pra sempre ou no mínimo ganhasse um bom dinheiro pra refazer a vida e assim nunca mais jogar, mas o Dostoiévski foi esperto em deixar esse final aberto, porque cada pessoa pode especular de uma forma, ele está quase virando um mendigo, como ele vai jogar, existem três possibilidades, a 1ra é ele perder absolutamente tudo ali na hora e sem chance de poder jogar de novo, a 2da é ele ganhar o suficiente pra poder jogar no dia seguinte e tentar a sorte de novo e a 3ra é ele ganhar muito dinheiro e só zeus sabe como ele vai gastar isso ou se vai se tornar um ciclo vicioso.
Confesso que quando terminei de ler fiquei um pouco frustrada por não ter aquele final feliz que a gente sempre espera que aconteça, mas bastou refletir um pouco sobre esse final pra eu gostar ainda mais desse livro e dos finais do Dostoiévski, esse homem me tira total da zona de conforto e eu gosto disso, é disso que se trata uma boa experiência literária.
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Ando com um pouco de raiva desde que levantei daquela cadeira. Mas não sei bem se essa seria a palavra. Talvez a palavra seria indignada, mas não com os outros, e sim comigo mesma.
Eu venho escutando muito a Bem-te-vi, e por isso me coço horrores e fico agoniada desse jeito que estou. Fico pensando até que ponto tenho de ouvir ela e entendê-la, e venho tentando remediar e ouvir o lado dela pra tentar ser mais tranquila.
Muita coisa eu me questiono mesmo se não deveria falar para as pessoas que ela considera, porque mãezona do jeito que ela é, não vai falar pra ninguém o que a incomoda. Quer dizer... Agora que eu tenho espaço eu fico tentando falar mesmo, mas a Bem-te-vi sempre me segura pra eu considerar o sentimento dos outros. E junto com isso, eu tenho uma tremenda vontade de fazer as coisas por mim e não levar em consideração o que os outros ficam fazendo por cima de mim e por cima dela.
Eu vejo muita sacanagem o tempo todo, sabe? Ela aceita muita coisa que eu já não daria o braço a torcer. E eu venho mostrando pra ela isso, mas tá difícil. Me sinto controlada e sufocada. É um absurdo. Porque eu só quero ser livre e fazer o que eu quiser sem me importar com o que os outros pensam. Obviamente que eu fico indignada com pressão, com gente em cima o tempo todo, me seguindo, querendo me fechar e por no contexto deles, me incomodo muito com isso, a ponto de me forçar a ficar quieta, porque se não eu já pegaria minhas tralhas e iria embora.
Eu sou aquela que manda quem é bundão se catar, chama o táxi, vai pra casa, toma um banho, pega um chá e vai dormir tranquila. Não foi a toa que tenha sido eu que dei a ideia de ter a própria morada. Só pra ficar tranquila sozinha. E apesar de eu ter essa postura, eu não posso ficar brava com os bundões - é uma estratégia nossa que deu certo - as vezes tenho que respirar fundo mesmo, ver o lado dos outros.
A maior questão é: até que ponto considerar eles? Eu que vou impor esses limites. Principalmente pra ela. Vamos ter que mapear isso juntas. Mas eu que vou estabelecer a questão de que até que ponto eu mantenho a relação da maneira com que os outros querem ou que eu queira. Essa "troca" não é justa desde quando a Aline era pequena. E a Bem-te-vi tem que entender que não é todo mundo que precisa estar tranquilo em volta dela. Que tem gente que tem mesmo de ficar longe e parar de abusa-lá desse jeito.
A Bem-te-vi é ótima, gentil, querida, amável, amiga, empolgada, mas eu sou firme, segura, desprendida, corajosa, verdadeira, fiel e destemida. Precisamos andar juntas, pelo menos nesse primeiro momento, para ela não ser abusada e eu não afastar todo mundo. Sou assim, não só quero o meu bem e minha função está nisso.
Preciso te contar que tenho algo relacionado a "trauma", chamada confiança. Por tanto abuso que a Bem-te-vi vem a passar, eu criei um bloqueio grande e fiquei arisca em relação a quem contar. O limite era 8 ou 80, e hoje eu venho avaliando para flexibilizar e ir curando isso. É doloroso sim. Aceitar coisas que acho absurdo é estranho, e me impor é mais estranho ainda. É bem delicado. Quase uma balança de vários lados.
E enfim, estou aqui. Sou assim. Só quero o bem e as vontades da Aline realizadas e estabelecidas. Essa é a minha prioridade. E vou estar aqui agora impondo este objetivo. Agradeço se vier com auxílio de todas. E não quero ser egoísta, muito pelo contrário. Creio que preciso cuidar mim, porque só sou eu que poderei fazer isso de maneira concisa e completa.
O foco é criar bases sólidas, estabelecer o meu contexto, as minhas vontades, fazer os bundões verem como é minha organização e meus quereres e viver tranquila com isso.
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[REACTION] BTS, QUANDO ELES NEGAM GOSTAREM DE VOCÊ*
*Leiam o pedido
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Contexto:
O horário de almoço tinha acabado de começar quando você entrou na Big Hit naquela tarde, com uma máscara preta sobre a boca e óculos de sol sobre os olhos, você fez seu caminho até a sala de prática onde sabia que todos os meninos ainda estavam reunidos, com as roupas pingando de suor e os cabelos grudados na testa, essa era a hora que eles paravam pra respirar e engolir quilos de comida.
Eles sempre te chamavam pra passar o almoço com eles, e felizmente, já que seus horários quase sempre batiam, você ia felizmente comer junto com todos eles, sendo recebida na maioria das vezes por um mesa já cheia de comida que você não esperava ver e reclamações de como você tinha demorado e eles estavam morrendo de fome.
Aquele era mais um dia daqueles, onde você caminhava até o elevador e apertava o botão, enquanto esperava seu andar chegar, você tirava todas as coisas que cobriam seu rosto e te deixavam quase irreconhecível para evitar rumores incômodos que não levariam nenhum de vocês a lugar algum.
A porta da sala de prática estava entreaberta quando você chegou, e já preparada pra fazer uma entrada triunfal digna de Oscar, você segurou a maçaneta e abriu a boca, mas o que atingiu seus ouvidos te fez parar no meio da primeira sílaba, a boca entreaberta e os olhos arregalados pela surpresa, em suas bochechas um vermelho se estendia, você só não sabia se era por vergonha ou raiva.
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Namjoon:
“Logo logo o amorzinho de Namjoon vai chegar aí, são só quatro segundos pra ele ficar todo vermelho!” Hoseok riu no meio da sala, esticando os braços para o alto pra se alongar e não deixar que a câimbra o atingisse mais tarde.
“Que? Claro que não, você tá vendo coisa onde não existe.” Namjoon respondeu balançando seus pauzinhos no ar, ele podia negar o quanto quisesse, mas as bochechas dele já estavam vermelhas e você nem tinha chegado.
“E eu estou vendo os corações no contato dela também.”
“Isso se chama amizade, vocês sabem que eu não ficaria com ela. Não desse jeito.” A sala ficou quieta pelo próximo segundo e quase cantando vitória, Namjoon não percebeu o ranger da porta e os seus passos apressados pra fora dali. Sentindo o coração bombear no peito, ele mal esperou alguém falar alguma coisa pra correr atrás de você.
“S/N, você entendeu errado. Eu não estava sendo sério.” Ele disse ofegante no limites de sua voz quando te alcançou e enlaçou seu pulso. Se virando pra ele, o vermelho em suas bochechas era claro.
“Você pareceu sério o bastante pra mim. Eu não sabia que eu era tão... Fora de curva assim.”
“Você não é, S/N! Eu só disse aquilo pra eles ficarem quietos. Você não é fora de curva, você é todas as estradas e todas as direções, e até o objetivo depois delas. Você é tudo.”
Seokjin:
“Você não ouse.” Jin apontou na direção de um Jungkook tentando roubar um dos frangos fritos na grande mesa sem que ninguém visse. “S/N não chegou ainda.”
“Nunca achei que fosse ver Jin esperando pra comer desse jeito. S/N realmente te mudou.”
“Eu só estou sendo educado, ela(e) não merece ser recebida(o) com uma mesa pela metade.”
“Que fofo ele, todo se importando com ela.”
“Somos só bons amigos e não vamos passar disso. Pare de sonhar.”
“Diz isso pra ela então.”
Se virando de um jeito até um tanto dramático, Jin pegou o momento onde você terminava de abrir a porta pra entrar na sala, os olhos parecendo espelhos de tão brilhantes na direção dele.
“S/N...” Ele se levantou, ignorando completamente os meninos atrás dele e caminhou a passos lentos em sua direção, com medo de que você fosse sair correndo. Em nenhum momento você desviou os olhos dos dele. “Nada disso é verdade. Você sabe disso.”
“Eu não sei de mais nada, Seokjin.”
“Eu nunca tratei outra pessoa como trato e eu nunca negaria fiar com você. Nunca.”
Yoongi:
Poucas coisas nessa vida podiam fazer Yoongi se levantar da cadeira que tinha demorado anos pra conseguir, e uma dessas poucas coisas era você e seu atraso.
“Eu acho que ela(e) morreu quando atravessava a rua, não é possível.” Ele disse mordendo os dedos em claro nervoso, você estava demorando demais pro gosto dele.
“Liga pra ela(e) então, ué.” Hoseok jogou-se na cadeira ao lado dele, e os olhos de Yoongi brilharam na direção dele.
“Essa cadeira é pra ela(e).” O tom de voz dele foi tão firme que fez todos ficarem quietos.
“Yoongi está preocupado e até estava guardando um lugar. Que fofo.” Namjoon sorriu com a boca fechada, as covinhas aparecendo em suas bochechas.”
“Pensando bem, pode pegar essa cadeira, ela vai chegar aqui toda acabada mesmo, melhor ela sentar do lado de vocês.”
“Muito obrigada.” O tom de sua voz tomou conta do lugar, fazendo com que todos olhassem pra você. “Eu não queria sentar perto de você mesmo, ótima escolha me mudar de lugar.”
O resto da refeição foi completa pelas vozes dos meninos e a sua, mas nunca você e Yoongi se cruzaram ou ao menos olharam um pro outro. Mais tarde naquele dia, o menino te levou pra jantar e não te deixou ficar longe dele nem por um segundos sequer.
Hoseok:
Era de praxe de todos ficarem no pé dele, sempre brincando com as coisas que fazia, os meninos quase nunca deixavam Hoseok em paz, e dessa vez as coisas estavam indo para um caminho meio errado.
“Grande casal vocês dois, imagine os filhos de vocês.” Yoongi começou, pegando um dos copos de isopor e o enchendo de refrigerante.
“Oi? O que deu em você de repente? Nós mal nos falamos e você está falando de filhos.”
“Você não fala com ela(e), porque a sua vergonha perto dela(e) é maior que o nariz do Jungkook.” O mais velho continuou e o mais novo soltou um ‘ei!’ do outro lado da mesa.
“Eu não falo com ela porque não quero, se eu quisesse, eu conseguiria com muito sucesso.” O som de algo caindo tomou a atenção de todos ali, e quase caindo em prantos, Hoseok te viu parada em frente a porta, o café que disse que traria pra ele jogado ao chão.
“Então não precisa mais falar comigo.” Preparada pra sair correndo dali, você sentiu os braços de Hoseok ao redor de seu pescoço, a respiração agitada dele em sua pele. “O que foi agora?”
“Eu quero falar com você, eu quero muito falar com você, eu estou morrendo de vergonha agora, mas eu não posso simplesmente te deixar ir. Por favor, não vá.”
Jimin:
Park Jimin estava envergonhado, e ele não age por si mesmo quando está envergonhado.
“Calma Jimin, ela(e) não vai demorar muito. Logos vocês estarão juntinhos.”
“E quem disse que eu queria ficar juntinho com ela?”
“Você mesmo quando dorme.” Jungkook respondeu, recebendo um tapa como resposta e o som de alguém engasgando.
“Isso é ridículo.”
“Eu não acho tão ridículo assim...” Colocando as mãos nos ombros do menino, você o observou pular e se virar rapidamente para onde você estava. “Por que isso é ridículo, Jimin?”
“Não, isso não é ridículo não! Eu só queria ir contra o Jungkook.” Querendo se enterrar, ele esperou que toda a tristeza deixasse seu rosto e você sorrisse pra ele de novo para que a culpa deixasse-o. “Sonhar com você é bom, acredite.
Taehyung:
“Você só está irritado, porque você perdeu no jogo.”
“Não estou irritado por causa disso. Ela(e) é mesmo irritante. Não importa o jogo.”
“Nem parece que passa o dia todo sorrindo pela casa quando troca mensagens com ela(e).”
“Eu só troco mensagens com ela, porque ela(e) é realmente irritante. Quanto mais rápido se responde, mais rápido a conversa acaba.” O tom de voz de Taehyung era quase inexistente, fazia tempo que os meninos o zoavam por gostar de você e não sabendo mais o que fazer, ele estava apelando para a negação.
“Bom saber.” Colocando as sacolas que tinha trazido em cima da mesa, você sorria na direção do menino, que parado em estado de choque, te observou ir embora a passos firmes. “Você tem coisas melhores pra fazer.”
O coração dele parecia não existir mais quando você deixou a sala ao som das risadas e das provocações dos meninos, quase que imediatamente, Taehyung pegou o celular e te ligou, ele não ia deixar aquilo ficar assim.
Não quando ele acordava pelo momento que você fosse falar com ele.
Jungkook:
Teimosia era o que definia Jeon Jeongguk, ele nunca ia admitir que gostava de você, mesmo se fosse mais claro que a luz do dia, e se você estivesse ouvindo.
“Admite logo, eu consigo ver a ansiedade nos seus olhos, você vai acabar sozinho.”
“E quem disse que é ruim acabar sozinho se eu nunca disse que queria ficar com ela(e). Ela nem faz meu tipo.”
“Estou rindo com você negando o que é óbvio.”
“Ela não faz meu tipo, e eu nunca ficaria com pessoas como ela(e). Eu tenho outros parâmetros.”
Apertando a maçaneta contra os dedos, você se deixou xingar ao perceber que tinha sido vista ali. Os olhares dos meninos pareciam alfinetes indo direto em sua direção. Mordendo os lábios, Jungkook passou as mãos pelos cabelos.
“Eu... Eu acho que vou embora, meninos.”
“S/N, não, podemos conversar? Por favor.”
“Eu não sabia que você era assim Jungkook, não sabia que se importava tanto com aparência.”
“Eu não me importo! Era só pra eles ficarem quietos... Eu juro.”
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Colorismo no Brasil - parte 2 (uma experiência pessoal)
minha experiência:
Minha mãe é branca e meu pai é negro (mestiço, filho de uma branca e também de um mestiço). Lembro da minha mãe falando "Nos EUA seu pai seria visto como negro" porque aqui no Brasil nem todos o vem assim por causa do tom da pele, o que não quer dizer que ele não tenha passado/passe por racismo. Minha mãe também conta que antes mesmo de eu e minhas irmãs nascermos já estavam falando dos nossos cabelos: "Você já parou pra pensar como será o cabelo de suas filhas se casar com ele?" ouvia minha mãe por causa do cabelo crespo do meu pai.
Durante os lugares por onde passei sempre fui lida como branca/morena, nunca passei pelo que os negros retintos passam, nem de perto o que a mulher negra passa em relação a oportunidades e afetos (busque ler sobre o conceito da solidão da mulher negra*). Das minhas irmãs, a minha pele é a mais morena, embora o cabelo seja um aspecto bem importante na leitura racial e minha irmã mais velha tenha o cabelo mais crespo, sua pele e cabelo são bem mais claros. Mas de modo geral, a pauta racial apesar de ter sido sempre muito importante e presente para nós, não tinha uma perspectiva pessoal, a não ser quando se trata de cabelo, o que acontece muito com quem não tem cabelo liso por não ser o padrão e também por se relacionar com algo que vem do negro, mas claro que não passamos pela mesma experiência de pessoas negras.
Recentemente em uma aula dentro de um curso que fazia, um professor falou que eu por exemplo era muito branca e chamou uma colega negra retinta de morena. Uma grande parte dos alunos era oriental. então pra ele eu era o exemplo da “muito branca”, só pra ilustrar a perspectiva dos outros de maneira geral, além da linguagem que não inclui a palavra negra ou preta, e sim “morena”.
Existe o colorismo, e pessoas negras de pele clara ou mesmo as que não são lidas como negras pela maioria, em geral tem mais privilégios e acessos, mas não estão cem por cento livres de discriminação, mesmo que não seja frequente. Vou relator algo que aconteceu comigo recentemente, mas achei importante mencionar a fala desse professor, para deixar claro, o quanto as visões são variadas quando se trata de colorismo.
Recentemente em um ambiente de trabalho, um homem branco me disse: "Fora do Brasil você não é branca". E eu disse: "Sim, é bem provável" e falei sobre meu pai, e que em termos genéticos, eu sou mestiça. Até aí tudo bem. Me lembro que comentei que não sou vista como negra de maneira geral no Brasil, mas que teve uma vez quando era criança (época em que eu tomava muito sol e minha pele era bem mais morena) um familiar disse “brincando”, que eu devia ser adotada e que eu era filha da empregada (não sei se a primeira ou segunda parte é a mais racista), e essa pessoa (para quem eu contava) riu disso, achou divertido mesmo, sem nem disfarçar. Esse acontecido tinha sido a única experiência racista que passei (ou me lembro) até então.
Essa pessoa que disse que eu não era branca, já tinha feito comentários que me embrulharam o estômago, como por exemplo achar engraçado aquela notícia em que tiraram a foto de um negro conversando com amigos brancos e alguém escreveu "Alguém esqueceu o negro aqui fora", e junto disse que claro que não acha certo, mas que ri porque é engraçado, mas não faria isso na frente dos outros e deu o exemplo de uma brincadeira do tipo que faz com um amigo em relação a negros, mas em off, nunca frente de ninguém. Eu ali era ninguém, e estava tendo que ouvir aquilo, e a pessoa achando que não é racista só porque foi em “off”.
Me lembro de dizer: "Até isso é um privilégio, poder fazer esses comentários e depois falar que é brincadeira. E a vida continua. Quem ouve desde sempre, só vai acumulando as repressões e tendo que lidar" e a pessoa respondeu "Eu tenho total noção dos meus privilégios". E tem mesmo, usava-os muito bem! Principalmente para submeter, manipular, abusar de seu poder, ou ficava fora de si quando o assunto mexia nas estruturas das facilidades e conveniências que seu privilégio permite. Certa vez reclamava de uma mulher que falava de machismo e que não podia fazê-lo em sua presença ilustre, porque era ofensivo. Eu já vi muitos homens em discussões sobre isso de boa ou até contrapondo, mas em geral quando é dessa forma, é porque carapuça serviu bem. Estou falando de uma pessoa bem machista, inclusive gostava de contar piadas bem baixo nível que mandavam num grupo de whatsapp, e eram lidas junto com risadas para mim. Não é que tinham outros homens ou mulheres lá e eu estava presente, era pra mim, e não de forma crítica, era achando engraçado mesmo. Até citarei uma: "Se alguém tem uma filha feia, tem que deixar ela presa em casa" e ria, eu só respirei fundo e fiquei quieta pra não dar trela para aquilo, o que eu pensava a respeito, ele já sabia. Essa foi lida em duas ocasiões, inclusive. Aliás, na outra foi diante de uma mulher também bem feminista...tão entendendo já né? Era uma provocação de ego doído, uma forma de mostrar quem ta o controle. As vezes nem tão consciente do que está por trás, mas a provocação, bem consciente. Depois é só dizer que é brincadeira, e vida que segue.
Quando ele relatou sua revolta com os comentário da moça que falava sobre machismo em sua presença, eu precisei dizer: "É assim que muitas mulheres se sentem quando homens ficam fazendo comentários degradantes sobre outras mulheres na presença delas". Vale lembrar que isso também é objetificar, porque é ignorar que ali existe uma pessoa com emoções, assim como rir de uma piada que degrada o negro e verbalizar isso, ainda mais para uma negra (considerando sua leitura sobre mim).
Se dizia apoiador das causas feministas e foi uma das pessoas que eu conheci que mais exerceu o machismo de forma tóxica e incisiva através de ações e comentários diários comigo e outras mulheres que relatavam situações beem parecidas, as vezes até frases histórias iguais (ficamos sabendo depois compartilhando os variados abusos que passamos) ou seja, era um padrão, um modus operandis, só era personalizado de acordo com cada uma. "Burrinha" e "louca" eram palavras bem frequentes no vocabulário, dois clássicos. Uma vez ao contar que uma pessoa foi assediada por que estava de short, disse que falou pra ela: "Viu, isso, usa o short assim". Mas se considerava feminista. 🧐
Eu tentava relevar e considerar outros aspectos, afinal, todos estamos aprendendo, mas essas microagressões eram muito conscientes e constantes, e iam se acumulando e adoecendo cada vez mais. Certa vez também disse: "Quem mora no Sul fica mal acostumado" se referindo à aparência feminina (outra frase racista, não custa lembrar que no Sul tem uma concentração de brancas e loiras), ou: "Um povo feio sendo filmado" na época da Copa, em algum assunto sobre gringos, russas e a percepção do gringo sobre a aparência do brasileiro. Aliás, acho que foi a pessoa que conheci que mais falava de aparência, principalmente da mulher, claro. Em outro momento disse que as mulheres se comparam muito (listando todas essas comparações com detalhes, porque eram visões dele), mas quem só fazia isso era ele.
Essa pessoa se referia com frequência aos negros que trabalhavam como seguranças perto do local, como "os negões". O racismo é assim, a raça e o que você associa com ela vem primeiro, antes do nome e das outras características da pessoa. Quando vemos alguém, automaticamente vem os preconceitos de acordo com o que estamos vendo e associamos, o que inclui a raça. Nenhum de nós está livre, a questão é o que fazemos com isso pra que isso deixe de ser uma barreira.
Uma vez essa pessoa estava conversando com um amigo meu sobre características de pessoas para aparecer em um vídeo, e se referiu a mim como "uma negona bonita". Meu amigo veio comentar comigo porque ele achou aquilo esquisito, já que ele sempre me viu como branca. E eu expliquei que ele me ler como negra não era esquisito, pelo contrário, mas que a questão ali era o termo usado, e o contexto.
Outra vez disse que as mulheres brancas não gostavam das negras por causa da bunda, que devia ser inveja. Reduziu o racismo a isso e estigmatizou as mulheres negras (que nem sempre são bundudas). Além do estigma machista: mulheres, aparência e inveja. Ainda que sim, exista um estímulo para que isso acontece, não é um necessariamente um padrão. E reduzir todo o racismo com esse comentário infeliz? No caso quem só falava da aparência das mulheres todos os dias, era ele mesmo.
O negro é sempre lembrado que é negro pelo branco que diz que não ver diferenças, mas que torna o negro através de seu olhar, o negro é o que o branco decide que ele é, ou permite que seja. Uma vez eu ouvi, do nada: "Você não é tão mais clara que a Rihanna", ou arrumava formas de dizer frases bem racistas dentro de um disfarce, fazia isso o tempo todo, um clássico da masculinidade que é usado de diversas formas e contextos. Sempre vale lembrar, tem até curso para isso. São formas de submeter, para estar no poder. Tive que ouvir essa pessoa dizendo como conquistou sua esposa, com essa tática, achando legal. Eu fiz questão de parar e ouvir, e só pensava: o cara tá aqui falando de negging como se fosse legal. Não sei se me sinto fascinada em poder observar essa masculinidade no seu pior, para poder entender e estudar melhor isso, ou se me sinto ofendida, porque é uma afronta à minha inteligência, achar que eu possa achar isso legal, atraente, ou algo assim. Na verdade era um abuso, porque num contexto de trabalho e hierarquia, pelo menos naquele momento, eu não podia me levantar e sair.
Alguns outros exemplos de outras coisas que tive que ouvir, sob esse disfarce:
"Fulana falou para eu mudar coisas no meu ambiente. É tipo eu chegar pra você e dizer: porque você não da um jeito no seu cabelo?" ou "Eu já namorei uma pessoa muito parecida com você, e meus amigos diziam que ela tinha cara de empregada, que absurdo né? "Um dia fulano começou a falar mal de gatos pra mim que tenho gatos, imagina eu começo a falar mal de cabelo crespo pra você?"
Certamente ele diria indignado que isso tudo foi aleatório, que minha percepção é distorcida, ou que estou vendo o lado negativo das coisas, como já ouvi (#gaslighting) em outras situações. Como a gente sabe que vai passar por isso, prefere nem ter dor de cabeças. Relações abusivas vão tirando a vitalidade e sanidade da pessoa aos poucos, e ela ainda é culpada por não ter se desvencilhado antes, ainda que tenha feito num curto período ou tenha conseguido sacar tudo. E mesmo que não tivesse, alguma culpa há de ter..
Certa vez a partir de uma discussão com outras mulheres sobre padrões de beleza, corpo e afins (claro, o assunto preferido da pessoa) ele vira pra mim e diz "E você? Deve ter sofrido muito por ser negra né?" e eu disse "Huum, na verdade não, nem posso dizer isso, e posso ofender outros negros assim...porque não passo pelo que passam" e a pessoa disse "Ah é, tem isso" o que remete as vezes em que disse que “ninguém gosta de gente que reclama muito” se referindo a negros que discutem o racismo. “É por essas e outras que o Bolsonaro ganhou.” Não, errado, Bolsonaro ganhou porque deu voz para pessoas que pensam assim. Quando ele disse essa frase, as pessoas olharam estranho e uma delas disse: “Mas ela é negra? A gente tem o mesmo tom de pele?”. Claro que negritude não tem a ver só com o tom de pele, mas isso não faz dele menos racista, ainda mais fazendo essa pergunta. Mais uma forma de submeter, e também, sem que seja totalmente consciente, ao dizer isso naquela situação e com outras pessoas perto, era uma forma de mostrar que ele tem uma negra, uma vez que tralhava para ele, e se um branco tem um negro, ainda mais um branco que se diz “antiracista”, ele precisa mostrar isso.
Se você convive com alguém negro, mulher ou gay e fica o tempo inteiro enfatizando isso, e (ou) fazendo comentários ofensivos em relação a gênero, raça e orientação sexual, você está sendo racista, machista, etc. Sabemos que tudo isso se relacionada com autoafirmação (de si e nesse caso também da masculinidade) e poder.
Uma vez eu ouvi a frase "Não sei se você já andou de avião, mas...". Em outra situação ao mencionar que uma amiga loira que morava próxima ao local que estávamos (num bairro mais nobre de São Paulo) trabalhou comigo em uma loja, mas também tinha outra formação, eu ouvi "Mas era pra pagar umas contas" ou "pra passar o tempo", não lembro exatamente, mas algo que quer dizer: Ela não dependia desse trabalho né?. Mas ela dependia sim, inclusive vendia lanches junto pra pagar as contas. Mas ela é branca, eu negra. E houve também a situação que ouvi que uma pessoa também desse bairro nobre de São Paulo não poderia ter uma função x porque não estava à sua altura, a função era a mesma que a minha naquele período.
Poderia parar por aqui, mas teve mais outras, como chamar um cabelo enrolado de vassoura (alô Faustão) e uma vez quando eu disse o sobrenome de um amigo, ele disse: "Um negão com sobrenome italiano?". Nessa mesma conversa saiu até a frase: "Via de regra todo nordestino é negão" (o que me lembra essa matéria aqui: https://theintercept.com/2019/03/26/maia-presidente-negro/ que menciona o fato de Maia se considerar pardo, e o deputado Luiz Flávio Gomes se dizer negro por nascer na Bahia.
Em um momento decidi que iria conversar sobre a forma equivocada que ele falava algumas coisas relacionadas a raça. Eu sabia que a possibilidade dele virar a situação dizendo que eu que estava sendo racista era grande. Lembro que alguns dias antes conversando com uma pessoa negar sobre isso ouvi: " Isso tudo é racismo. Mas ainda assim você não é negra e sabe disso" e na conversa com a pessoa eu ouvi: "Mas você não é (branca)" quando eu disse que não colocava que era negra em provas por exemplo, porque cresci sendo lida como branca, era a cor que falavam para eu colocar. Nesse momento entendi melhor a frase "Branca demais para ser negra e negra demais para ser branca" mesmo que isso tenha sido bem pontual e eu não sinta isso de modo geral, naquele momento fez sentido. Como disse uma colega e como bem se sabe: quando a pessoa precisa dizer isso, ela tá querendo dizer: Você não pertence a esse lugar, ou: você não é igual a mim, e o meu lugar é o aceito. Enfim, formas de submeter e exercer poder.
Ainda nessa conversa, quando eu disse que negros de pele clara tem mais privilégios, principalmente quando não são lidos como tal, e que eu não posso ficar falando de coisas que não fazem parte da minha experiência como se fizessem (o que seria um delírio) ouvi o que já esperava: "Mas porque esse assunto te incomoda?". A explicação estava bem clara, mas claro que viria algo do tipo. Também veio de brinde: Mas se te ofende eu paro. Afinal, tudo que mencionei é aleatório e inofensivo. Mas se te ofendeu, eu paro, claro. Enfim, gaslighting. Você que está vendo coisas onde não tem, ou leva tudo para o lado negativo, também ouvir ao mencionar algo que não foi legal de ser dito. É bem assustador como o cinismo é algo presente nesses caras. Conversando com outras mulheres que passaram apuros, desconfortos e mais de um tipo de abuso com esse cara, todas relatavam a mesma coisa: comunicação que envolve manipulação, cinismo, formas de parecer que você tá viajando e criando coisas, e ofensas ou alfinetadas sob o disfarce de comentários aleatórios ou elogios (passivo-agressividade, quando não só agressividade).
O racismo é assim, se o negro denuncia ele é raivoso ou vitimista ("ninguém gosta de gente que reclama demais"), ou o negro que é racista com ele mesmo (porque isso te incomoda?). Algo recorrente é a pessoa negra clara ouvir algum comentário racista e ao responder, ouvir: Mas você não chega a ser negra né? ou Nem é tão negra assim. Não há saída.
Nessa conversa em que eu dizia que eu não sou lida como negra, e que não é confortável pra mim frases como: Você sofreu muito por ser negra (porque isso é quase uma piada, imagina a vergonha alheia que seria eu sair falando isso? Seria massacarada, e com razão), ouvi a cereja do bolo: “Mas você tem que ver onde você nasceu né?” Porque eu sou da Zona Leste.
Os negros estão em sua maioria nas periferias das cidades (principalmente na zona leste, norte e sul em SP) por questões estruturais. Me lembro de uma vez que a Flavia Oliveira, uma jornalista carioca negra que não mora na periferia, contou que certa vez ao abrir a porta de seu apartamento, quem estava lá pediu para falar com a sua patroa. Os negros fora do lugar que foi designado à eles causa esse tipo de reação. Também lembrei de um vídeo em que a Stephanie Ribeiro disse que falaram pra ela: "Você é tão bem vestida, nem parece pobre". Uma pessoa não é negra porque não nasceu em bairro centralizado, os negros estão em minoria nos bairros centralizados por razões auto explicativas, e visões excludentes como dessa pessoa contribui para isso. Tem alguns textos na internet sobre negros que cresceram em bairros mais ricos, e ainda que não passem por algumas situações que outros negros ou brancos de baixa renda passem, não estão livres do racismo e estigmas de forma alguma. Se eu fossea mesma pessoa e tivesse nascido no mesmo lugar, mas bem branca, de olhos e cabelos bem claros e lisos, ele acharia inusitado. E o tanto de branco e loiro que tem pela ZL? Sempre estudei com mais brancos que negros ou mestiços negros, orientais ou mestiços orientais eram mais presentes que negros. Na ZL tem muitos orientais, principalmente japoneses, uma das maiores colônias fica em Itaquera, se não me engano. O fato de eu estudar mais com brancos que negros em escolas não públicas, só ilustra que existe uma segregação mesmo nessas regiões.
Lembro que uma vez eu perguntei se ele considerava a Bela Gil negra e ele disse que não (perguntei com intenção, porque já sabia a resposta), ele não considerava. "Tem que considerar onde nasceu né?" e não foi na ZL né.
(Trecho de entervista para revista TRIP)
Nem sempre atitudes racistas e machistas são inconscientes e fruto de ignorância/reprodução, é uma mistura, mas com frequência as pessoas sabem bem o que estão fazendo, existe sim a responsabilidade. Quando as mulheres falam de machismo ou negros de racismo não é porque a opinião de x ou y é muito importante, como costumam achar nesse lugar de quem está acostumado com o protagonismo, principalmente os homens brancos, é para denunciar o que não pode mais ser normalizado, sobretudo quando vem de quem se diz aliado, mas não quer se rever, e ainda tem atitudes como as que mencionei, que solidificam essas estruturas.
Passar por isso foi muito desgastante, não é de se surpreender que muitos negros se reprimem para não serem chamados de exagerados e raivosos, ou que adoeçam mentalmente mais que os brancos. Eu me vejo como mestiça, me intitular como negra seria uma opção política, mas como muitos, fico com receios em relação a isso, porque isso pode gerar rechaços tanto de negros quanto de brancos, como já aconteceu, e compreendo as razões disso totalmente. Uma vez falando sobre essa situação com uma pessoa negra, notei o incômodo, porque não há dúvidas do racismo, mas eu quase nunca passo por aquilo na minha vida de modo geral, então pra pessoa foi estranho porque ela passa por aquilo sempre.
Em geral quando falam de negros de pele clara ou mestiços, mencionam: Sharon Menezzes, Camila Pitanga, Thais Araújo. Mulheres com características como a minha que se auto intitulam, geram controvérsia.
"Agora que é moda ser preto, quem fica muito moreno com o sol e tem cabelo cacheado virou negro" ouvi esses dias. E isso é verdade. Existe oportunismos e falta de noção, mas é um assunto complexo. Claro que nem todo cabelo cacheado e crespo e pele bronzeável significa negritude. Mas também pode ser, depende da etnia dos pais, dos fenótipos e como essa pessoa é lida (o que inclui as perspectivas gerais, que formam a experiência de cada um).
Não desconsidero de forma alguma meus privilégios e tenho total noção de como sou lida em relação a raça. A minha experiência no Brasil é a de uma pessoa de pele clara, o que não exclui totalmente o racismo, mesmo que essa experiência tenha sido exceção (pelo menos até o momento). Por hora não posso dizer que entendo o que é ser negra demais para ser branca e branca demais para ser negra no Brasil da mesma forma que sentem mestiços com características negras mais acentuadas, mas com nessa situação ficou mais claro esse não lugar que mestiços relatam sentir quando estão em ambientes mais brancos e elitizados, ou em ambientes mais negros. Ou no caso de orientais, em países ou comunidades majoritariamente orientais.
* em relação a solidão da mulher negra:
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Shazam e o sucesso da DC na desconstrução de um universo
Shazam é um dos filmes de super-herói mais legais que assisti em muito tempo. Tem ótimo equilíbrio entre o humor e o drama, com piadas que realmente me fizeram rir e uns momentos que me fizeram suar pelos olhos.
Os personagens coadjuvantes são incríveis, isso sem falar no trio principal, tanto na caracterização quanto no elenco que os interpreta. O filme é bem fechadinho em si, algo que achei bem distinto dos outros filmes de super herói que assisti na última década, que fazem sempre questão de deixar claro que são "só mais um capitulo insignificante dentro do universo megalo e eterno de histórias em que se passam" (hipérbole). Muito bom ver um filme de super-herói com inicio meio e fim. Deixa aquelas promessinhas para sequência em sua pós créditos, mas só nela mesmo. Fiquei muito feliz com o filme mesmo, de longe o maior acerto da DC desde a época do Nolan. Por mais que tenha gostado de Mulher Maravilha e Aquaman, sempre tinha um "mas..." quando falava nesses filmes. Com Shazam realmente não tenho ressalvas. Acho que é um filme que qualquer um pode curtir. O longa abriu meus olhos pra essa iniciativa da DC de fazer filmes com personagens menos conhecidos. Claro que os leitores regulares de quadrinhos estão bem familiarizados com o personagem, me refiro ao público geral, que associa a DC ao Batman, Mulher Maravilha, Flash, Aquaman e ao Super Homem.
Após assistir, projetos como um filme da Zatanna, do Gladiador Dourado ou do Asa Noturna não me parecem tão absurdos. Assim como o elemento peculiar que é uma criança que se transforma num herói adulto conseguiu se desenvolver tão bem num filme que não se preocupa em seguir uma tonalidade própria e diferente dos demais filmes com quem partilha o universo, um longa estrelado por uma super heroína magica como a Zatanna, ou um atleta futurista como o Gladiador Dourado, podem dar certo se não se preocuparem demais em "fazer parte de um universo", ou seja, e servirem de tijolos para algo maior que eles.
Pela primeira vez em muito tempo, sigo animado com a direção da Warner-DC. Produção de novos filmes, distintos entre si e que surpreendam. Shazam e Aquaman tiveram sucesso a partir da “desconstrução de um universo cinematográfico“, ou seja, foram mais populares “cada um no seu canto“ do que sendo mais um produto de duas horas centrado em construir em poucos filmes o que Marvel Studios levou 10 anos e 22 filmes para fazê-lo (sim, estou falando de você Batman v Superman).
Quando lançaram Liga da Justiça, a única referência que conseguiram fazer a um universo compartilhado no filme, que não envolvia Batman v Superman, que basicamente serviu de prólogo para a Liga da Justiça, foi quando Bruce Wayne mencionou Steve Trevor, o contatinho de Mulher Maravilha que apareceu no longa da heroína. Literalmente foi a única referência, foi triste. O resto dos conceitos e personagens foram todos introduzidos as pressas no filme da Liga, que tinha o intuito de fazer o inverso daquilo que Vingadores fez.
Ao invés de Liga da Justiça servir como climax para um mega evento cinematográfico construído a partir de filmes de super-herói, como os quatro filmes do Vingadores se propuseram a fazer, o longa se propôs a dar o pontapé para o universo compartilhado da DC, ou seja, dar origem a ramos para que filmes solo de heróis que tiveram sua estreia na própria Liga, como Aquaman, Flash e Ciborgue, ocorressem. O problema é que quando um filme desses não da certo, tudo aquilo que se pretende fazer a partir dele, como nutrir todo um universo, também não dá certo.
Aquaman fez sucesso por se emancipar da Liga. O personagem marrentão, problemático e rebelde de Jason Momoa introduzido na Liga da Justiça é completamente diferente daquele que protagoniza Aquaman, bem mais emotivo, piegas e light. Se você preferir, dá até para fingir que a Liga não aconteceu ao assistir o filme do homem peixe, o longa só faz uma breve menção aos acontecimentos da invasão liderada pelo Lobo da Estepe, o restante é todo fechadinho em si.
Shazam até se envolve mais com o universo cinematográfico, mas de um jeito diferente. Há easter eggs e elementos da história bem evidentes se referem a filmes como Homem de Aço, Batman V Superman e Liga da Justiça. Entretanto, essas referências surgem com um propósito dentro da trama. Visto que o protagonista é um garoto que tenta aprender a ser herói, os integrantes da Liga da Justiça servem de modelo para ele. Assim como Aquaman, Shazam está ciente de que está dentro de um universo maior, mas não dá muito atenção para isso e foca em estabelecer seu próprio universo, sua própria mitologia, nas telonas. Se todos os filmes da DC focarem em seguir essa linha mais “individualista” por uns anos, acho que seria sucesso na certa, e aumentaria ainda mais as chances de um possível crossover ser bem sucedido futuramente.
Projetos como o filme do Coringa estrelado por Joaquin Phoenix, por exemplo, também é uma produção Warner-DC mas que se passará a parte desse universo compartilhado. Há rumores de que fará parte de um novo selo, “DC dark”, e que, assim como Aquaman e Shazam, será mais focado em ser um bom filme do que parte de um quebra cabeça. Derivados de Aquaman e Shazam centrados, respectivamente, nos Monstros da Trincheira e no Adão Negro também são planos do estúdio e mostram o intuito deste de apostar em variedades. Me lembra um pouco do que a Fox tem feito com os X-Men nos últimos anos, investindo em produções cinematográficas com estilos próprios, como Logan e Deadpool, e que nem por isso se passam em universos distintos. Visar em produção mais diversa é algo que dá muito certo e que pode servir de diferencial da DC em relação a Marvel.
Não me leve a mal, tenho grande admiração pelo universo cinematográfico da Marvel Studios, mas honestamente seguir essa linha “certinha”, “controladinha”, de produzir três filmes certinho para cada super-herói, é algo que acho bem cansativo. As produções se tornam previsível e muitas vezes só existem para “introduzir o herói X para que ele possa aparecer no filme Y” ou para estabelecer o contexto para um filme futuro. Por exemplo, Capitão America Guerra Civil é um filme que adoro, mas que serve de exemplo para uma as minhas maiores criticas. Primeiramente, sabia que Steve Rogers não morreria, como acontece na Guerra Civil dos quadrinhos, porque tinhamos um Vingadores Guerra Infinita confirmado desde antes do lançamento do terceiro Capitão America. Os roteiristas confirmaram que não mataram o personagem para que ele aparecesse nos dois Vingadores que estavam sendo planejados. No fim de Capitão America Guerra Civil, temos consequências marcantes?? Não, temos uma mini cisão nos Vingadores, que serve apenas para favorecer a trama de Guerra Infinita (já explico) e Tony Stark e Capitão America brigam, mais “pelo calor do momento” do que por algo realmente capaz de estragar a relação dos dois para sempre. No fim Steve Rogers ainda manda uma cartinha para Tony Stark, sugerindo que, em algum ponto, tudo vai voltar a fica der boas.
A Marvel Studios evita adotar “reais consequências” para os seus filmes a favor de um universo compartilhado. Por que deixar a situação entre o Capitão America e o Homem de Ferro realmente feia se eu vou precisar que os dois se reconciliem mais tarde para enfrentar o Thanos?? Por que fechar a trilogia do Capitão America adaptando uma história solo centrada no herói se posso simplesmente fazer um filme do Vingadores em menor escala para separar o grupo e assim facilitar a vitória de Thanos em Guerra Infinita?? Assim que a Marvel pensa seus filmes e, honestamente, está tudo bem. Tá dando certo, eles seguem fazendo muito dinheiro, e eu tô sempre lá nas pré-estreias me divertindo e boquiaberto. Mas saber que a DC-Warner não pretende seguir isso e sim apostar na distinção entre seus filmes, isso sim me anima para o futuro dos filmes de super herói.
- Marcelo Velloso
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Taejo's House
Olá tumblr. Quanto tempo. Tive um período difícil e escrever era desmotivante, na verdade tudo foi tá complicado que eu tive vontade de desistir. De 5 matérias passei em três. Uma eu me conformei com a reprovação, a outra eu penei muito pra aprender e mesmo assim não consegui chegar na média. Reprovei em Mecânica dos Sólidos. Conversei com a professora e decidi que era uma boa eu reprovar. Parece estranho, né. Em engenharia não tem essa de passar sem aprender. Se você faz isso, sua vida se transforma numa bola de neve. Tudo o que você aprende agora, precisará depois. Se eu passasse em Mecânica dos Sólidos agora, iria fazer Sólidos 2, que usa até o mesmo livro (Resistência dos Materiais) só que com questões avançadas. Reprovei em Ciência dos Materiais. Tentei dar duro e mesmo assim não consegui. Me sinto frustrada mas sinto que lamentar não irá me ajudar em nada. Farei a disciplina novamente, com o mesmo professor se for possível. Darei o meu melhor, tenho fé. Nessas férias eu estou com um cronograma de aprendizado. Tenho muito a aprender e coisas para me esforçar. Eu não tou parada, não posso também. As férias são da graduação, mas o técnico continua lá. Farei uma postagem sobre o "Awesome Masterplan" de férias :) Ando, também, assistindo meus doramas favoritos. Atualmente estou assistindo Moon Lovers. Antes eu assisti Cheese In The Trap, o qual eu gostei tanto que até a Webcomic ando lendo. Me viciei no estilo da Seol Hong que pintei meu cabelo de ruivo. Meu cabelo não é grande e nem está no mesmo tom, não quero ser uma Min Soo da vida. Graças a esse dorama eu resolvi voltar a usar All Star e me dedicar com mais fé às coisas que eu gosto. Esse dorama realmenre marcou minha vida. Ultimamente ando assistindo Moon Lovers (Scarlet Heart: Ryeo) no Drama Fever. Eu gostei desse dorama porque ele não é romântico convencional, a história não é estável e eu nunca sei o que vai acontever. Pelo carnaval, a versão do diretor está disponível gratuitamente e é ela que ando vendo. Ainda estou emocionada com o beijo do Wang So e da Hae Soo, meu senhor, que coisa mais fofinha. Ele dizendo que a ama e depois segurando ela daquele jeito fofo de quem não quer nunca mais soltar ♡. Estou sofrendo por antecipação pois o dorama tem 20 episódios e eu estou no 14. Há grupos bacanas de doramas no FaceBook e eu não me sinto só, graças a isso. As pessoas são bacanas e sempre indicam doramas bacanas para se ver. O meu primeiro foi Goblin, depois Cheese In The Trap (por causa da Go Eun, mesma protagonista de Goblin) e agora Moon Lovers. Eu tenho uma listinha de doramas pra assistir e o que mais eu gosto neles é que não são séries. Sério, odeio esse negócio de temporadas. O fim do dorama pode ser bom ou ruim, mas ele faz sentido. Não é uma encheção de linguiça e não tem picuinhas estilo novela da globo. Ah, não é uma linguação do cara*** também (tipo, fulano transa/beija com a sicrana mas é apaixonado pela beltrana, a beltrana faz algo errado e o fulano transa/beija com uma terceira pessoa). Asiáticos em seus dramas são mais recatados e tem mais uma coisa de amor no ar, o que considero delicado e fofo. Há também a questão cultural sobre vida e morte inserida no contexto. Outra coisa que eu gosto, também, é que não tem tanta dancinha mentirosa e gente voando no ar (aquelas danças da pessoa tá girando a 90 graus no ar e etc). Tipo, tem, mas não é como em muito filme japonês (isso talvez se dê porque assisto mais drama coreano). Minhas férias durarão algo em torno de três semanas. Espero aproveitá-las bem.
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12/11/18
Ainda me surpreendo em como tudo é tão estranho, em como ver você me deixa terrivelmente ansiosa, em como isso ainda me faz ter diversas sensações e como sinto que ainda tenho coisinhas aqui dentro por você. Como isso mudou, mas na sua essência não, digo, o sentimento.
Odeio sentir saudade, mas não consigo me desfazer das coisas que me lembram você, a ideia de não ter nem nos meus pensamentos me assombra e por causa disso, não me sinto no poder de tirar você daqui, mesmo que eu tenha um pouco desse poder ou muito até, afinal, é minha escolha, porém, eu as vezes também não quero que você se vá dessa parte, a única que ainda tenho comigo, as memórias e algumas coisinhas concretas.
Acredito que isso talvez seja ruim para mim, como já vem sendo nesses tempos, essa dificuldade de dar fim à isso. A parte mais dolorosa que vem em forma de auto sabotagem, que é o que acontece algumas vezes que lembro de ti. O problema não é procurar mais por notícias suas, mas sim não acabar descontando em lágrimas, como faria no passado. Essa carga que parece impossível me desfazer, porque eu mesma me reprimi de me expressar quanto a você ou pelo menos segurar o máximo que pudesse, sinto agora que já foi tempo suficiente para que certa parte de mim aceitasse que fosse assim: não me expressar por mais difícil que fosse. Agora não importa o quão doloroso esteja sendo, não importa quantas caras que fiz, eu tenha lido e repetido para exteriorizar essa dor em dias que não via mais porque guardar tudo isso, ficar com todo esse peso de que só te fiz/faço mal, mas já não importa muito o que eu faça. Eu não consigo mais colocar algo para fora tão facilmente como era para poder me sentir mais leve, que seja por um instante. É uma droga sentir que estou nessa sozinha por algo que eu mesma criei. Esse problema é só meu e infelizmente não posso te culpar as vezes pelo que sinto, porque poderia ser mais fácil.
É muito difícil encontrar alguém e não poder cumprimentar, não poder te dar parabéns pela segunda vez é estranho, mas é algo que eu tenha que conviver, mesmo contando. Me lembro de como foi tão bom receber uma ligação sua no meio do mato em um lugar que nem tem sinal, em um dia que não tava sendo bom para mim, mas pareceu melhor por essa ligação. Queria fazer o mesmo por você, contanto que fosse recebido de uma forma positiva. Te enviar uma próxima carta e que ainda fosse real a ideia de escrever até ficarmos bem, mas talvez seria só mais uma carta que você jogaria fora ou um presente até, quem sabe. A real é que nem sei mais como tudo funciona, que passo eu poderia dar e qual não, se você ainda mora no mesmo lugar, ouve as mesmas músicas, faz playlist e ainda fica mal com o mesmo estilo; coisas bobas que não sei de ti. Assim como a sua mudança, como você lida nos seus momentos de loucura e assim por diante. Me encanta o mistério, mas ao mesmo tempo é doloroso essa busca no vazio.
Sinto que ainda pode haver uma energia estranha do modo como me vê, isso me deixa mal, e mesmo que não haja, ainda não me entra na cabeça a ideia de ser simples e estar tudo bem com esse distanciamento, esse vácuo por tanto tempo, essa falta que ainda tá aqui e que por mais que não esteja aí também, acredito que não venho me importando mais tanto com isso, afinal, eu que ainda continuo aqui.
Meu grande problema sempre foi querer respostas para tudo, por mais que elas doam, que elas me machuquem tanto que me arrependa de as ter buscado. Ainda sim, essas respostas me ajudam um pouco a acabar aos poucos com uma esperança de um futuro que não vai existir, algo fantasioso que permanece em meus sonhos e que me puxa para esse abismo na realidade. Um futuro onde estamos bem uma com a outra, uma idealização de que um dia poderei te cumprimentar sem finjir que somos desconhecidas, que não te vi; um dia em que você não corra ou se esconda ao me ver no mesmo ambiente que você, porque eu não iria até você, pelo simples fato do medo que tenho em dar um passo errado e te assustar mais uma vez, não importando o quanto eu gostaria de ir. Ao mesmo tempo sinto medo de até onde isso pode ir. Parece trágico pensar no pior dentro de certas circunstâncias, mas me assusta não poder me despedir quando não puder falar mais com você, digo, nesse plano. Isso me deixa inquieta e ela é uma das quais mais me deixa mal, não poder me despedir enquanto a gente está aqui nessa espécie do que nomeiam de vida. Mas talvez seja ruim uma despedida também. É duro acreditar que em uma realidade paralela a gente está junto de novo ou que em outra nós somos amigas, gostaria de estar em outra que não essa aqui.
Sinto que coincidências demais querem dizer algo e talvez eu seja louca por isso, mas não me deixa passar despercebido que te encontrar algumas vezes em tão pouco tempo e ter tido a sensação, em algumas delas, que te veria, foi apenas a probabilidade certeira do acaso. Não sinto mais seu perfume, mas ainda há uma sensação estranha que estarei no mesmo lugar que você, por mais que eu nem saiba onde é que você anda, também nem nunca soube, mas pode ser que o único teste do universo é achar que são meras coincídências e que no fim eu que estou falhando nele.
Não sei qual a sua sensação ao me ver, mas gostaria muito que fosse de energias boas, porque é o melhor que tenho a te desejar, sempre. E por isso vejo que se o nosso distanciamento é o melhor, devo continuar até aceitar isso, enquanto sigo fingindo que não estou te vendo por ai e que não acabo prestando atenção em cada detalhe.
Gostaria que as vezes você não fosse um dos personagens principais no teatro da minha vida que observo meio de canto, mas ao mesmo tempo sim, porque nessa história todo dia eu inevitavelmente estou aqui te propondo um novo papel nas peças para que você não saia da cena e não sei até quando isso vai continuar. Minha mente diz que certas coisas podem não ser boas para mim, por mais que eu queira. Há uma disputa entre os dois caminhos que ainda não sei como resolver pelo medo de não haver bifurcação alguma, porque o que quero parece nebuloso, pois não decido nada do que pode acontecer, pelo fato de não ser protagonista da vida de outras pessoas para ditar algumas coisas, e que bom que não sou.
Essa confusão de decisões me deixa mais indecisa ainda do que acho que já pude ser, mais ainda quando meu inconsciente te deixa aqui, nos sonhos. Sonhos nítidos esses que me deixam feliz, mas quando desperto e percebo que não foram reais, fico desorientada no porquê de ainda estar aqui. Estou esperando fingindo que não espero, repetindo que vou deixar você de lado na minha mente e por um deslize, esbarro todo dia e lido com isso até o momento do dia acabar. São tantos, dos mais estranhos jeitos e contextos que você aparece neles que se te contasse, seria mais um motivo para ficar bem longe daqui.
Sinto que ao te ver fico pior por tempos indeterminados, tento fugir de tudo que me faça ir até esses pensamentos ao mesmo tempo que me pego escutando a música que mais me lembra você, é como doce na frente de criança e acabo voltando a me sabotar, lamentando o passado e com expectativa que eu conserte no futuro, um incerto, mas a questão é que o presente está aqui e me sinto parada, aguardando algo que pode nunca chegar. O estado humano mais passivo que pude ter contato, uma estagnação de quem não tá convivendo com as escolhas. Até então sentada no início de dois caminhos, sem decidir qual tomar, porque gostaria de ver o que acontece nos dois antes de definir.
Como de costume, nada que escrevo toma o rumo que queria ou ao menos faz sentido para alguém. Em momentos nem para mim. Algo que era para você, mas que acabou sendo para mim ou pelo menos não algo bom suficiente para você como planejei. Era para ser só mais uma mensagem de parabéns, a qual não posso te mandar, mas que fique aqui, quem sabe por engano tu esbarra em mim também.
Feliz aniversário, pela pessoa que quem quer que seja, você se tornou. Eu te admiro muito e por mais que seja difícil admitir isso, tu ainda está aqui, não dá para negar que está nos meus pensamentos e que continua por tempo indeterminado, afinal, o que a gente sabe da vida?.
Com amor e sem um fim, Raposa.
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