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cafe-e-escrita · 7 years ago
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                     C A P Í T U L O    Q U A T O R Z E 
“Encontro lar No perfume da tua nuca Na curva do teu ombro E no teu respirar Nas tuas pernas Nas mãos Teu cabelo E no cheiro do beijo Que faz tu grudar
Me prova, me enxerga, me sinta, me cheira E se deixa em mim” (Cor de Marte – Anavitória)
 ACORDEI com a claridade batendo em meu rosto. Esfreguei meus olhos e vi que as cortinas do meu quarto haviam sido abertas. Ao esticar meu braço pela cama, constatei que estava sozinha. Lembro-me muito bem da noite passada, de quando Gael dormiu aninhado a mim, e não consegui tirar a minha cara de decepção por ter acordado sozinha. Queria acordá-lo com beijos de bom dia.
Desci da cama e fiz a minha rotina de toda manhã. Tomei banho, escovei os dentes e desci para tomar café. Todos estavam à mesa fazendo a primeira refeição do dia, exceto Gael, e eu estranhei a sua ausência. Desde o dia em que mudei-me para esta fazenda, que ele nunca se ausentara em uma refeição. Será que ele mais uma vez estava me evitando? — Bom dia, Lu! – Catarina me cumprimentou assim que me juntei a família. — Bom dia. — Você saiu da festa ontem sem se despedir. Gael disse algo que te desagradou? — Porque você acha isso? — Júnior disse que estava dançando com você quando o meu irmão apareceu e pediu para dançar. E depois ele disse que vocês conversaram e você foi embora. — Gael te disse algo que você não gostou? – Ari me perguntou. — Não. Ele só queria dançar comigo, mas eu disse que já estava indo embora. Estava cansada. — Você cansada de dançar? Conta outra, Lu. — Estava cansada mentalmente, e precisava dormir. Não discutimos, não tínhamos motivos para isso. Olhei para a minha irmã com vontade de mandá-la calar a boca. Também nem sei por que Catarina teve que tocar nesse assunto logo quando está todo mundo reunido na mesa. Elas permaneceram em silêncio o restante da refeição, mas algo me dizia que Heitor e Sr Júlio sabiam de alguma coisa, principalmente o pai de Gael, porque toda vez que eu o  olhava, ele me dava um sorrisinho e balançava a cabeça, como se quisesse me dizer por telepatia que sabe o que aconteceu ontem a noite no meu quarto. Balancei a cabeça para apaziguar esse pensamento insano. Não tem como ele saber de nada, Gael é reservado demais para sair contando o que rolou entre nós na noite passada.
Após o café-da-manhã, fui com Catarina, Ariane e Luzia limpar a Igreja, já que não tínhamos mesmo o que fazer. Era feriado, por isso minha irmã não foi trabalhar. Enquanto caminhava em direção a capela, procurei Gael com o olhar, mas não o encontrei em nenhum lugar. Também não vi sinal de João, já que era raro as vezes que os dois não estavam juntos. Gastamos a manhã inteira arrumando a Igreja e quando voltamos já era hora do almoço. Almoçamos, porém Gael não estava mais uma vez a mesa. Passei metade da tarde conversando com meus amigos e a outra metade lendo. Decidi-lhes contar sobre o meu “rolo” com Gael. Camille ficou super feliz. Pela chamada de vídeo, vi que ela gritava feito uma louca e fazia dancinhas malucas. Tudo isso porque eu finalmente estava “namorando” alguém. — Só para deixar bem claro, não sei exatamente se estamos namorando, Camille. Foi só um beijo. — Foram três. César por outro lado não pareceu gostar muito da notícia. — César, não era você que dizia para eu arrumar alguém? — E eu ainda não mudei de opinião, Lu. Só que esse cara não parece te levar a sério. Ele te beija em um dia, e no outro faz de conta que não te conhece. É um maluco. Bem, disso eu não posso discordar. Já na parte da noite eu não sentia fome, por isso não fui jantar com a família. Após o jantar, decidi juntar-me a minha irmã, meu cunhado e Catarina na varanda. Eles conversavam sobre algo muito engraçado, pois suas gargalhadas eram audíveis do meu quarto. — Do que conversam? – perguntei curiosa sentando-me no batente da porta. — Heitor está contando sobre a sua infância. — Sério? Minha irmã assentiu. — Essa eu quero ouvir. — Uma vez, quando eu estudava, peguei Gael em uma briga com um valentão da escola. Eu corri para ajudá-lo, mas como vi que seria difícil ganhar a luta, já que mais dois valentões se juntou ao outro valentão, eu disse que ia buscar ajuda. Sabem o que eu fiz? Pulei o muro e fiquei vendo o meu irmão apanhar de um buraco que tinha na parede. — Ai que cruel. – falei. — Pelo menos Gael aprendeu a lutar depois desse dia. – ele deu de ombros. — AAAAAH, uma vez estávamos brincando, Lu e eu. E começou a chover, e esquecemos que papai disse que devíamos tirar a roupa do varal porque ia chover. Aí quando demos conta de que estávamos encrencadas corremos para tirar a roupa do varal. Só que eles já estavam ensopadas, e a Lu teve a idéia de passar a roupa para secar mais rápido. Ela ligou o ferro, mas estava toda molhada, e aí levou um choque, gente. A sorte é que eu fui mais esperta e desliguei o ferro. — Nossa! Você poderia estar morta a essa hora, Lu. — Pois é, o que criança não faz pra não apanhar né?
  Conversamos mais algumas bobeiras e quando vimos a hora, decidimos entrar. Não havia sinal de Gael em nenhum lugar da casa. O pequeno Joaquim estava sentado na sala com seu avô, que lhe contava uma história. Sentei-me no sofá, de frente a eles para escutar a história. Sr Júlio contava sobre Aladdin. Já no fim da história, Joaquim deitou-se no colo do senhor e bocejou. Este sorriu para o neto e fechou o livro, e só então notou a minha presença na sala. — Anna, minha querida, será que você poderia colocar Joaquim para dormir? Eu não posso subir a escada. — Claro. Quando chegamos ao corredor, o pequenino cutucou a minha perna e eu me curvei para falar com ele. — Quero dormir no quarto do papai hoje. — Mas seu pai não está. — É que eu to com medo. — Está bem. Abri a porta do quarto e entramos. Eu nunca havia estado ali. O quarto possuía o mesmo tamanho do meu e seus móveis eram de madeira escura. No chão, próximo a cama havia um tapete felpudo nas cores branca e cinza. Bem do lado da cama havia uma janela e do outro lado o guarda-roupa. Deitei Joaquim na cama e sentei ao seu lado. — Deita aqui. – ele bateu a mãozinha na cama, indicando o lugar para eu deitar. — Seu pai não vai gostar. Prefiro ficar aqui. — Deita. – ele bateu a mãozinha novamente e não consegui resistir. Assim que deitei, Joaquim se virou para o meu lado e me olhou por vários segundos. Passei as mãos por seu cabelo. Ele fechou os olhos e novamente os abriu. — Não consegue dormir? Ele balançou a cabeça. — Posso pegar na sua orelha? — Na minha orelha? – perguntei, achando o pedido um tanto estranho. Ele assentiu. — Pode. Desci meu corpo mais um pouco para que ele pudesse pegar em minha orelha. Seus dedinhos brincavam com ela, e juro que eu quase cochilei também. Quando vi, o garotinho já dormia, então soltei a sua mão com cuidado o enrolei com o edredom da cama. Assim que depositei um beijo em sua testa, a porta foi aberta e Gael entrou. Tão logo me viu seus olhos arregalaram. Senti minha pele queimar porque não queria que ele me visse em seu quarto. Atravessei a cama para sair, mas ele não deixou. — Seu pai me pediu para colocá-lo na cama. — comecei a explicar — Joaquim não queria dormir no seu quarto porque disse que estava com medo. Me pediu para dormir aqui e não tive como negar. — Está bem. Permiti-me olhá-lo melhor. Gael parecia cansado. Suor escorria por seu rosto e seu pescoço e percebi que suas mãos estavam mais grossas do que de costume, como se estivessem feridas. — Se me der licença, eu vou para meu quarto. Pensei que ele fosse me impedir de passar, mas Gael deu um passo para o lado, liberando a porta e eu sai. Fui para o meu quarto, troquei de roupa e deitei na cama. Não o vi o dia inteiro, e quando o vejo, ele nem sequer fala comigo direito. Peguei um livro para ler. Eu estava puta da vida. Mais uma vez Gael me agarra e finge que nada aconteceu, isso já estava virando um costume e eu não ia deixar barato. Aliás, só não vou agora mesmo tomar satisfações porque não quero acordar seu filho. Comecei lendo Academia de Vampiros, mas a história não estava me prendendo, então decidi ler Drácula, o que foi uma boa escolha, já que a história conseguiu me fazer esquecer um pouquinho a ira que eu estava sentindo. — O que você está lendo? Ouvi a voz rouca de Gael e virei a cabeça. Ele já estava de banho tomado e sua aparência estava um pouco melhor, exceto por sua expressão facial estar cansada. — Um livro. – respondi e fechei o livro bem no momento que ele se sentou na minha cama. — Está estressada? — Não era para estar? — Não. Não vejo motivo para isso. — Pois eu vejo. – me sentei. — Você dormiu aqui comigo, ou só ficou até o momento em que peguei no sono? — Eu dormi aqui. Deixei as cortinas abertas caso você achasse que fosse um sonho. — E porque saiu antes que eu acordasse? — Porque eu saio cedo todos os dias para trabalhar, Anna. – ele deu um longo suspiro. — Mas você toma café conosco. — Sim. — Mas hoje você não tomou. Por quê? — Porque às vezes surgem imprevistos e hoje foi um dia e tanto. — Então eu quero saber. — O quê? — Como foi o seu dia. — Anna, você está achando que eu não apareci esse tempo inteiro porque queria ficar longe de você? — Estou. Gael deu um longo suspiro e me puxou para mais perto de si. Contra a minha vontade eu fiquei em seus braços. — Como todos os dias, fui ver o gado com João. Colocamos os bichos para pastar e depois saímos para cuidar dos outros bichos. Quando achei que podia tomar o meu café, o Zé, que também trabalha aqui nos chamou com urgência porque uma de minhas éguas estava parindo. O parto foi complicado. Geralmente as éguas duram de cinco a quarenta e cinco minutos para colocar o cavalo no mundo, mas essa égua deu muito trabalho. Levou quase uma hora e meia. — Nossa! — E a égua acabou morrendo. — E o potro? — Ah, esse escapou! Mas tive que fazê-lo levantar e dar seus primeiros passos. Essa tarefa é difícil. Geralmente o potrinho tem ajuda da mãe, quando ela morre temos que fazer isso. E depois eu tive que arrumar leite pra ele. E aqui não tinha nenhuma égua com potrinho para eu pegar o leite dela. — E o que você fez? — Tive que ir na fazenda de um amigo. Por sorte ele tinha uma égua que havia parido um potro há algumas semanas. Ele bocejou. Pelo visto estava cansado e eu não queria mais saber do restante do seu dia. Só de ouvir falar do parto da égua, já constatei que seu dia foi puxado. Virei de supetão e sentei em seu colo, o que o fiz arregalar os olhos. — Mas o que... Calei a sua boca com um beijo. Era paranoia da minha parte achar que ele só me queria por um momento. Mesmo tendo um dia cheio, Gael ainda veio me ver. Se ao menos eu tivesse perguntado a alguém sobre ele, com certeza teria tido alguma resposta. Vou lembrar de, na próxima vez, acreditar em sua palavra. Seus braços se fecharam ao redor da minha cintura e eu agarrei o seu pescoço. Desta vez o beijo era lento e calmo, e eu não tinha pressa para acabar. Tudo o que ouvíamos era o som das nossas respirações que se misturavam no ambiente. Quando finalmente nos soltamos, Gael encostou a sua testa na minha, sua voz rouca preenchendo meu quarto. — Queria tanto dormir aqui hoje. — Você não vai ficar? — Eu não posso. Você me disse que Joaquim pediu para dormir no meu quarto porque estava com medo. — Mas ele está dormindo agora. — Eu sei. – ele alisou a minha bochecha. — Mas ele tem pesadelos, se eu não estiver por perto... — Shiiiu... Coloquei meu dedo em sua boca. Ao se explicar, sua voz saiu angustiada. Está na cara que Joaquim é tudo para ele, e eu não quero ser um obstáculo na vida dos dois. Por mais difícil que seja, eu entendo. — Me desculpe, prometo que dormirei com você amanhã. — Tudo bem. Não precisa se desculpar. Ele me beijou mais uma vez e saiu do meu quarto, fechando a porta devagar para não fazer barulho. Vesti o meu pijama de Harry Potter, me aninhei em minha cama e fui dormir com a certeza de que Gael e eu estamos bem.
Awwwn, esses dois <3333 eu não aguento!!!! O que acharam do capítulo de hoje, manas??? Espero que tenham gostado. Aguardo as asks, já estou curiosíssima, rsrs. Ah, estou planejando uma surpresa pra vcs <3333
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