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O cheiro de Deus – Roberto Drummond
Um livro fantástico, em todos os sentidos..... Personagens que ninguém iria imaginar: uma moça que, ao chegar a frente fria da Argentina, dá uns espirros e vira negra! Um coronel que tem dois corações – um bom e um ruim, os filhos da matriarca (que é o fio da história, fica cega mas quer sentir o cheiro de Deus) tem nomes de whisky (Johnnie Walker, Red Label...), tem lobisomem, fantasma,
anã, tem uma cidade em permanente guerra entre os partidários da UDN e os do PSD tem carta perdida, tem cheiro de tudo!
“—Catula é um campo de batalha – sentenciava Tio Red Label-, onde o em e o Mal estão em guerra – e acrescentava, quando bebia mais Valdepeñas que devia -, Catula tem uma alma branca, refém do sentimento do pecado herdado dos portugueses, e uma alma negra, herdada da Mãe África, para a qual não existe pecado -e, na quarta garrafa de Valdepeñas, Tio Red Label erguia um brinde e gritava – Catula é a pátria brasileira.”
“Em pouco tempo, Vó Inácia tinha 17 suspeitas d cheiro de Deus, mas o cheiro do suor dos amantes seguia em primeiro lugar...”
“ – Se eu fosse viver de novo, irmão rifle, com o que aprendi como cega, eu ia agir como se todo dia fosse dia de festa. Eu ia decretar um feriado nacional só para mim e viver cada coisa sem o sentimento do pecado, sem o sentimento de culpa que está matando meu filho Red Label....
- Não é pecado ser feliz, irmão rifle. O que estraga tudo é este sentimento judaico-crisão de culpa. Culpa por estar alegre. Culpa por estar feliz. Culpa por amar. A alegria, a felicidade e o amor, irmão rifle, são invenções de Deus. Mas eu sempre agi como se fossem invenção do Diabo. É a maneira branca de ver a vida que fez isso comigo, irmão rifle.”
“- Os cegos é que deviam dirigir o muno, porque os que têm dois olhos não enxergam os lados da medalha.”
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Os mortos não dançam valsa – Roberto Drummond
Uma pequena fábula em que um homem quer levar sua amada, já morta, como a ela prometido, para dançar uma valsa no Rio de Janeiro mas saindo de Minas. Uma sátira bem construída em que as autoridades negam aos mortos qualquer direito e, portanto, querem prender a morta!
“O Tango disse que os excluídos e os sonhadores do mundo precisam se unir para fazer uma reforma agrária no latifúndio azul do céu.”
“Nos contratos de trabalho, devia estar escrito: quem trabalha tem direito a um salário digno, a seis manhãs de sol, a cinco noites de lua, sendo uma de lua cheia, três luas crescentes e uma lua minguante com uma valsa tocando em surdina. Os trabalhadores do mundo deviam reivindicar o céu, a lua, as estrelas e também o mar.”
“Morto não tem direito algum. E depois ela é uma morta subversiva.
- Subversiva? Essa história de subversivo já acabou.
- Acabou para os vivos. Para os mortos, não.
-E por que ela é uma subversiva?
- Porque está morta e quer conhecer o mar no Rio de Janeiro....”
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