Sandman estava um tanto quanto suado quando finalmente chegou naquele X, as festas estavam bem excêntricas e estava com medo de descobrir o que podia acontecer naquela parte. Floresta, não que tivesse algum problema com árvores ou coisas parecidas, um de seus amigos trabalha com isso afinal, mas porque o tipo de entretenimento daquele lugar parecia ser cansativo demais. Chegou a bocejar quando finalmente pôde se sentar em algum lugar, suspirando e aceitando um chocolate quente com marshmallows para tentar recuperar as energias. Alguns bichinhos passavam por ali e um sorriso brincou em seus lábios, ao olhar para a pessoa que estava ao seu lado (se sentou ali sem perceber que já tinha alguém ali), os olhos se arregalaram rapidamente e riu, só que sem fazer barulho algum, mostrando os coelhos que passavam e fazendo um gesto apontando para ela. Desenhos e formas surgiam no ar com a sua areia mágica para dizer: Parece com você, é impossível não pensar em você quando vejo um.
Depois de uma pausa de 5 meses... estou de volta com uma enorme história de sucesso. MANIFESTEI A REVERSÃO DE UMA CARTA DE REJEIÇÃO, PARA FREQUENTAR A ESCOLA DOS MEUS SONHOS NUMA SEMANA!
Estou de volta e mais motivado do que nunca. Como devem saber, a minha última publicação foi há 5 meses, pois NÃO disse que estava a fazer uma pausa. Bem, eu tenho uma das minhas maiores histórias de sucesso até agora. Antes de sair do tumblr, eu estava super interessada no "vazio" e queria entrar. Bem, não. Lol, o Sammy Ingram tirou-me logo dessa situação. O que eu não compartilhei foi que eu não entrei na escola dos meus sonhos que eu queria ir há 3 anos. Era suposto eu e a minha irmã irmos finalmente para a mesma escola, andar no mesmo campus. Bem, digamos que as coisas não correram como planeado. Não entrei e, quando vi a minha carta de rejeição, o meu coração partiu-se num milhão de pedaços. Não me lembro durante quanto tempo chorei. Até que me lembrei de quem eu sou. Recompus-me e afirmei-me como um louco. Afirmei através de lágrimas, mágoa, vendo e ouvindo os meus amigos entrarem nas escolas dos seus sonhos. Eu estava deprimida. Chorei na escola, em casa, aleatoriamente ao longo do dia, estava uma confusão. O 3D foi-me apontado à cara e, apesar de ter visto ZERO MOVIMENTO. Eu tinha de praticar o que pregava, certo? Afirmei através das circunstâncias porque sabia que elas não eram permanentes. Sim, e embora estivesse triste, zangada, isso fez-me querer afirmar mais. Fiz 4 sessões de 10 minutos todos os dias, com uma sessão de 15 minutos. Para além de afirmar roboticamente ao longo do dia. Não suportava o facto de não ir para a mesma escola que a minha irmã, especialmente porque odiava a escola onde estava atualmente. Se não fosse aceite, teria de voltar para trás, o que me fazia querer persistir ainda mais. Eu merecia esta oportunidade.
É claro que, como o 3D é um espelho, não tem escolha para refletir as suas crenças dominantes. Um dia, quando ia a caminho de casa. A minha mãe disse ao acaso: "Tenho notícias excitantes para ti". Claro que perguntei com entusiasmo o que era. Claro que perguntei com entusiasmo do que se tratava. Ela disse-me que o reitor da escola em que eu queria entrar disse que eu ainda tinha hipóteses de entrar e o que tinha de fazer para entrar. Eu precisava de outra carta de recomendação. O QUÊ? Agora eu afirmava que a minha carta de recomendação era tão boa, e que o meu professor me tinha beijado o cu na carta de recomendação. Literalmente, esta era a minha afirmação. "Entrei na escola dos meus sonhos!" "O professor que escreveu a minha carta de recomendação beijou-me o cu, dizendo que sou um bom aluno!" Menos de uma semana depois chega a minha CARTA DE ACEITAÇÃO FINAL? Agora não sei porque é que não entrei da primeira vez, nem me interessa. O "COMO" NÃO É O NOSSO TRABALHO PARA NOS PREOCUPARMOS. TEMOS UM TRABALHO. AFIRMAR.
Aqui está a carta de aceitação, pois manifestei que a carta de rejeição se transformou numa carta de aceitação! Eu risquei, de facto, informação privada! Isto só mostra que deve ser consistente na sua nova suposição e manter-se fiel à nova história! A sua imaginação é o seu único limite.
Eu queimei corpos que se atreveram a me amar
Derramei a cor castanha líquida desses olhos
Inaugurei o meu Nero passional e com a língua
Risquei com força todos os incêndios possíveis
Emaranhado de você e eu
Existindo na memória
Tão finda, tão finita
Atrelada a vontade do esquecimento
Partir, sem olhar a quem. Sem ressentimentos
Se eu tivesse, quiçá, bebido desses olhos prateados
Sem dúvida, estaria sendo assombrado até hoje
Pelas palavras que sua garganta naufragaria
Me carrega nesses atalhos, fios de febre e luxúria
Como se me conhecesse de vidas passadas
Funda um país no espaço que nossos estômagos evitam
E assim, me proíba de visita-lo em ausências
Viva o horizonte que zuni teu nome
Viva a imprecisa força que nega
Meu sonho, meu descuido
Viva a distância que nos inflige
Insignificante condição, o arrependimento cresce
E eu que era uma casa, me transmuto em imobiliária
Hoje vendendo sonhos à casais de primeira viajem
E assim por diante, até tornar-me altar do teu existir
Me orbita um peso entre os ouvidos
Eu teço palavras, eu barganho pela noite
Histórias torcendo para que alguém me cale
Não com um beijo, mas com uma afronta
Há uma mistura que transcende o imaginário
Vai se arrastando e uivando em contato com o alívio
Expectorando flechas e danças entre fogueiras
Para construir robustamente a lascívia dos reflexos
De me expressar através das palavras, frases, metáforas e adjetivos distribuídos por aí. Mesmo que minha vida não seja uma boa história, ainda assim, escrevo, mesmo que seja uma confusão de palavras, que às vezes dá certo juntas, outras vezes, não. Escrevo, mesmo que seja uma mistura de emoções e dificilmente alguma coisa faz sentido. Já escrevi frases e as risquei, outros rabiscos apagados e algumas folhas rasuradas. Minha vida não é uma história bonita. A narrativa da vida real acabou comigo inúmeras vezes, ela simplesmente arrancou o ar dos meus pulmões ... Os capítulos são feios, estranhos e repletos de entrelinhas, se você é o tipo de leitor que não sabe sobre interpretação, sugiro que pare por aqui e nem abra a primeira página. Não faço o tipo de livro de auto ajuda regado à Augusto Cury, sou mais a literatura de Cornelia Funke e seu famoso Coração de Tinta. Gostando ou não, retrato minha realidade. Sendo em formas de texto ou poesia. Em prosa e poemas. Em um português sujo informal, ou até mesmo na norma culta da palavra. Gosto de escrever, não para que me leiam, mas porque me desfaço e me refaço. Me escrevo e reescrevo. O ponto final sou eu quem decido e eu não cheguei ao final, não ainda...
Olá, tenho coisas importantes para dizer sobre essa arte…
A pose foi 100% baseado num esboço que encontrei navegando na internet. O rosto não sai do padrão que estou acostumada a desenhar, então são meus traços totalmente, o cabelo e a roupa me baseei em outras artes da Estelar, que vou deixar aqui:
O objetivo desse desenho não foi criar nada. E sim testar novos pincéis e pintura, apenas.
Não foi cópia de esboço, foi ajuda para fazer a pose da maneira que eu queria. Tracei do meu modo, risquei a minha maneira. Ajustei como achava melhor pro meu desenho no momento. (Dito isso, não criei a pose)
E foi assim que estava o esboço no começo, feito por mim, e já com alguns ajustes de ângulos e contorno:
Dito isso, obrigada pela atenção 💜 e fique com o background que achei pra por no fundo e editar:
- Hoje no centro dois mendigos se ameaçaram, jogaram até capoeira um pro outro, por causa de meio corote. Lá na praça em frente à prefeitura. Formou uma roda em volta deles, quase todo mundo filmando pelo celular. Uns gritando do outro lado da rua, os frentistas do posto assobiando, vários rostos amontoados nas janelas do ônibus, os carros andando devagar. Foi foda.
Tentava achar meu fósforo, enquanto Fabrício me contava essa história. Devia ser dez e pouco da noite e seguíamos uma longa caminhada a pé. A gente tinha ido até a Zona Sul pra eu conhecer o filho dele e a mãe do menino. Compramos um conhaque na ida e voltamos tomando um vinho. Ele gostava de falar.
- Posso ser sincero, Cléber? É no baralho que eu visito meu inferno, é por lá que o demônio me testa. Pra você pode ser de outro jeito, mas pra mim é no baralho.
Íamos andando assim, lado a lado. Ouvia o que Fabrício dizia, mas na hora de pensar, pensava em outra coisa. Ele não se preocupava com isso. Bêbado menos ainda. Eu gostava da intensidade que ele contava as coisas, o olho brilhando, a alma revirando tudo o que sentiu na hora, o único problema era acompanhar tantas histórias. Na minha cabeça eu ainda tava na briga da praça, formando a cena comigo mesmo, o incômodo daquilo tudo gerando mais e mais pensamentos, e de repente, até a história do baralho já tinha ficado antiga. Ele entrou em outra história, só aí achei o fósforo. Risquei o palito e ascendi o cigarro. Sentia certo tipo de esclarecimento com relação aos meus problemas. Não que eu me sentisse bem, mas me sentia forte. Debruçado sobre o lado relevante da vida. Em outros momentos Fabrício seria um estorvo, mas ali era um bom camarada que simplesmente falava demais, assim como eu sempre falei de menos. Seus assuntos eram as impressões de uma existência confusa, como qualquer outra. E essa era a maneira dele.
- É ou não é, Cléber? O bom do amor é a loucura que dá na gente. Aquele conhaque que desce lindo antes de ver a mulher que a gente ama. – ele disse.
- Nem todo mundo ama uma mulher – respondi.
- Eu sei, não to dizendo isso. Porra, cê tá ligado! – e eu tava mesmo. – Mas pra gente que ama mulher, o bom não é a loucura que elas trazem? Pode ser homem com homem também, mulher com mulher. As pessoas gostam disso!
- Do desequilíbrio?
- Não, da bebida descer gostosa.
Fabrício deu um gole no vinho e sorriu, acho que por ter me surpreendido na resposta. Cada vez mais ele tentava fazer isso. Ascendeu um cigarro. Fez um silêncio comprido, fora do comum, então falou:
- Deu pra perceber que eu ainda gosto da Renata?
- Eu achei fácil de perceber e acho que ela também – rebati.
- Não é nem pelo meu moleque, mas se ainda tivesse como, eu ficaria junto dela.
- É assim mesmo, irmão. Mas aí, seu moleque tem cara de que vai ser são-paulino.
- Nem fodendo, cusão. O moleque é inteligente.
Demos risada. Matei o resto do vinho e ascendi outro cigarro. Decidimos rachar uma dose de conhaque no Bar da Tia. Fabrício entrou pra buscar o copo. Fiquei esperando na porta, fumando e pensando se ainda teria como eu e Samira dar certo.
No dia seguinte, acordei pior. Depois de ter chorado quase o dia todo ontem, meu rosto não estava nem um pouco legal. Ao meu lado, adormecida, senti uma sensação de dó por ter feito Lee Hankyeom ficar comigo a noite toda; porém, é bom saber que posso contar com minha melhor amiga. Levantei da cama com o mesmo incômodo de ontem, mas não tinha mais forças para chorar.
Saí do quarto lentamente, tentando não fazer barulho para não acordá-la. A casa estava silenciosa, exceto pelo som distante da obra que acontecia em alguma casa próxima à minha. Fui direto para a cozinha, decidido a preparar um café da manhã melhor que os anteriores, para pelo menos melhorar um pouco meu humor.
Quando tudo o que preparei já estava em cima da mesa, coloquei os pratos e me sentei. Eu poderia comer quantas torradas quisesse ou tomar várias xícaras de café; nada disso me faria deixar de sentir o vazio que tanto sentia. Eu não queria saber de pegar no meu celular. Talvez quisesse pensar um pouco e ficar fora das redes sociais, evitar ter que ver notícias ou até mesmo receber mensagens de Choi Soobin. Eu não estava chateado ou irritado com ele, mas queria deixar todos os meus sentimentos para quando eu o encontrasse e finalmente conseguisse dizer tudo o que sempre quis.
Ao terminar meu café da manhã, sentei-me no sofá e decidi começar uma nova série. Hankyeom caminhou em minha direção, se jogou no sofá e apoiou a cabeça em meu colo; eu sorri genuinamente, mesmo que estivesse triste.
— Bom dia. — Ela sorriu.
— Bom dia. Tudo bem? — Respondi, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Só um pouco cansada. — Hankyeom se levantou e deu um salto. — VOU COMER!
Olhei para ela confuso. Se ela estava cansada, por que pulou? Acho que cansada ela tem mais energia que eu depois de dormir por 8 horas seguidas, mas aquilo me deixava tranquilo. Mesmo sabendo que podia contar com ela, eu sentia um pouco de medo de incomodá-la com meus problemas, já que ela também sempre tem os dela. Ela pegou seu café da manhã e sentou-se no sofá para comer enquanto conversava comigo sobre assuntos que me distraíram de pensar em muitas coisas ruins. Nós também assistimos alguns filmes antes de enjoarmos de ficar sentados na frente de uma televisão, e eu a convidei para me ajudar a escrever algumas canções.
— Vai escrever uma música cheia de sentimento? — perguntou ela, aproximando seu rosto do meu caderno de anotações. — Com uma batida mais melancólica?
— Tá falando que eu tô triste? — franzi a sobrancelha.
— Sim. — Hankyeom sorriu.
— Não sei ainda. E se eu escrevesse uma música triste sobre o Soobin e depois me arrependesse? — encostei o lápis em meus lábios e suspirei.
— Achei que não quisesse falar sobre o Soobin. — Ela riu sem graça. — Fiquei esse tempo todo tentando evitar falar sobre ele.
— Não tem como evitar, mas nós marcamos de sair e vamos resolver isso pessoalmente. — Tentei sorrir.
À tarde, ainda sentado no meu estúdio, continuei a tentar compor uma música, mas minhas mãos hesitavam sobre o bloco de notas. Tudo o que eu conseguia pensar era em Soobin. Sua imagem invadia meus pensamentos e me fazia pensar em palavras que deixariam óbvio o quanto eu estava triste com ele. Peguei meu caderno de anotações, onde rabiscava letras e ideias. Escrevi algumas palavras, mas logo as risquei, insatisfeito. Minha mente estava um caos, mas eu sabia que precisava esquecer esses sentimentos de alguma forma. Fiquei feliz que Hankyeom já não estava mais comigo, assim não veria minha falha como compositor.
— Porra, Soobin. — larguei o lápis e tampei meu rosto.
Pensei nos sorrisos, nos olhares trocados, nas conversas que pareciam nunca ter fim. Peguei o lápis de novo, movendo-o rapidamente sobre o papel, e logo uma nova letra começava a tomar forma. Mesmo que eu estivesse triste com meu melhor amigo no momento, não queria escrever uma música que futuramente me daria más lembranças; mesmo que eu gostasse de pôr meus sentimentos em cada trecho de minhas canções. De repente, as palavras que comecei a escrever me fizeram sorrir e, por um momento, me esqueci completamente da tristeza — felizmente me lembrei de nossos melhores momentos e prometi a mim mesmo que não deixaria nenhuma briga estragar nossa amizade.
As notas que antes pareciam vazias agora estavam preenchidas com um sentido profundo, como se cada tecla pressionada estivesse contando uma parte da nossa história.
— Eunhoo, o Yeonjun! — Hankyeom abriu a porta.
— Yeonjun? — perguntei.
— Yeonjun! — o sorriso em seu rosto era completamente genuíno. — Ele está chamando por você, mas eu tô com vergonha de atender.
— Ele tá há quanto tempo chamando? — coloquei as mãos na mesa e me levantei da cadeira. — Vai se tornar uma adulta e ainda tem vergonha de fazer o mínimo?
— Se ele tivesse dito “Hankyeom” eu com certeza abriria! — murmurou a mais nova, andando junto comigo.
— Você é a minha melhor amiga e está morando comigo por enquanto, já deveria aprender a abrir a porta para quem me visita. — acelerei os passos em direção à porta.
— Tá bom. — ela revirou os olhos e suspirou.
— Já falei para você parar com essa mania de ficar revirando os olhos! — reclamei e abri a porta, sorrindo ao ver Yeonjun. — Jjun!
— Eunhoo, quanto tempo! — Yeonjun sorriu para mim; aquilo confortou meu coração.
— Nossa, sim. — desci os degraus e abri o portãozinho para ele. — Por que veio aqui?
— Por que eu não viria? — ele riu.
— Porque idols são ocupados.
— Nem todos! — Hankyeom gritou de longe.
— Por que você tá se metendo aqui? — olhei para ela e cruzei os braços. — Entra, Jjun.
— Oi, Yeomie. — Yeonjun acenou para ela, então foi para dentro de casa comigo.
Nos sentamos na sala, ofereci a ele um lanche e fiquei muito feliz quando o mais velho aceitou. Fiz um rápido lanche para nós três e ficamos conversando sobre muitas coisas até Hankyeom dizer que iria se arrumar para sua aula de ballet. Enquanto eu conversava com Yeonjun, lembrava de Soobin e me segurava para não tocar no nome do mesmo. Suspirei de alívio quando minha melhor amiga fez isso por mim.
— E o Soobin? — perguntou ela, com os braços cruzados, esperando dar a hora da aula.
— Soobin? Você não falou com ele ontem? — Yeonjun riu e sorriu para ela. — Ontem mesmo ele estava reclamando que você, do nada, fica falando que ele joga mal, mas quando ele te chama pra x1, você não quer.
— É que ele anda sumido. — arregalei os olhos para Hankyeom e joguei meu olhar para a porta. — Vocês devem estar treinando muito, né?
— Chegou a hora. — Hankyeom mandou um beijinho para nós dois e saiu correndo. — Não vou levar a chave!
— Ele anda sumido? Mas faz alguns dias que estamos meio que ficando em casa, sabe. — ele me disse enquanto olhava para seu celular, que acabara de receber algumas mensagens.
Senti meu rosto relaxar por completo, não pude sentir mais nada além de tristeza e insegurança. Binnie estava mentindo para mim durante quanto tempo? E por quê? Enquanto pensava nas palavras certas para usar com Yeonjun, tentei me lembrar se havia dito algo errado na última vez em que vi o mais novo e suspirei ao não ter nenhuma resposta em minha mente.
— Eunhoo? — Yeonjun cutucou meu ombro.
— Oi! — falei em um tom mais alto, voltando ao mundo real. — Viajei.
— Percebi. — ele se ajeitou no sofá e se aproximou um pouco mais de mim. — Vou falar com o Soobin sobre isso, você quer?
— Não precisa, isso não é nada demais. — respondi no mesmo instante.
— Tem certeza? É que ele anda meio estranho ultimamente e eu queria saber também se era algo entre vocês dois. — o mais velho deu um sorriso desajeitado para mim, e me perguntei se ele estava desconfortável.
— Tenho, tenho. — mostrei um sorriso desconcertado, não pude evitá-lo.
Conversamos um pouco mais antes de ele achar que já tinha chegado a hora de ir embora. Nos despedimos e pedi para que ele me avisasse quando chegasse em casa. A primeira coisa que fiz no momento em que ele deixou minha casa foi pegar meu celular e ver se havia chegado alguma mensagem de alguém — a mensagem de Soobin me fez sorrir tristemente e a de Hankyeom me deixou aliviado por saber que estava bem.
Apaguei as luzes da sala, peguei uma garrafa de água e fui para meu estúdio continuar a canção que não fui capaz de terminar. Continuei escrevendo até minha melhor amiga finalmente chegar da aula, e, ao terminar, olhei para a folha de papel à minha frente. A letra da música estava ali, todos os meus sinceros sentimentos sobre meu melhor amigo. Me recostei na cadeira, sentindo uma mistura de exaustão e alívio; um pouco triste pela letra, mas feliz por ter terminado em um único dia.
Quando eu tinha em torno de 2 anos, as únicas lembranças que tenho são das coisas que me contaram e alguns momentos com meu irmão mais velho. Minha mãe tem mais lembranças de como ele agia após meu nascimento, ela tinha que dar um peito para mim e outro para o meu irmão, pois ele tinha muito ciúmes de mim e queria fazer tudo o que eu fazia. Com o tempo essa situação mudou e na verdade eu que comecei a ter ciúmes dele, porque ele era mais velho e na minha cabeça ele recebia mais atenção por isso, para demonstrar esse sentimento, um dia eu risquei uma foto dele quando bebê, ele ficou tão bravo que cortou uma mecha do meu cabelo, hoje em dia damos risada dessa situação, mas me lembro de chorar muito por conta do meu cabelo. Também me lembro de que nessa idade comecei a gostar muito de Mucilon (uma marca de mingau) e não queria tomar nenhum outro (eu consumia tanto que ganhei um brinde do mercado pela quantidade de pacotes que minha mãe precisava comprar), meu pai não gostava muito, pois ele sempre quis nos introduzir a uma alimentação balanceada e saudável, porém minha mãe acabava com toda essa ideia nos dando várias comidas processadas (ela não fazia por mal, só queria ver a gente feliz). Na época, não tinha muitos amigos para poder brincar então era sempre eu e meu irmão pulando na cama, correndo atrás das galinhas no quintal, enlouquecendo nossos pais.
Olhei para Aurora, esperando que ela me respondesse alguma coisa. Seus claros olhos sonolentos fitavam o dia, com preguiça demais para fazer alguma objeção. Fomos até a mesa mais próxima, e eu apontei para o letreiro da lanchonete em que estávamos.
- Aqui era o nosso tradicional ponto de encontro, a lanchonete do Sr. Vegeta. Foi aqui onde ouvi pela primeira vez da UFPB Oculta. Lembro que naquela época o calor me incomodava, e também os barulhos irritantes das minhas companheiras de casa. Eu tinha chegado de Areia, que é uma cidade fria, e tive que me adaptar ao caos dessa capital. Aqui tem muita gente. A temperatura não me faz mais mal, mas as pessoas continuam sendo o mesmo problema.
Suspirei profundamente. Aurora aos poucos se mantinha atenta, enquanto nossos companheiros chegavam silenciosamente e nos cumprimentavam.
- Eu tinha duas amigas, Kátia e Letícia. Kátia era da Geografia, a Letícia da Química. Ambas eram aqui do litoral. - risquei uma linha imaginária na mesa para verificar se ela estava me acompanhando - Naquele semestre decidimos estudar juntas um livro maluco, O Mundo de Sofia, que era o único livro usado pelo nosso professor de Filosofia da Ciência, que era doido de pedra. - olhei para alto e para longe, tentando resgatar as lembranças antigas. - Você sabe, sou da Física, e aquele foi o semestre em que cursei Álgebra Linear e Geometria Analítica. Foi o semestre em que consagrei meu amor pela matemática.
Serviram nossa comida e comemos em silêncio. Depois saímos para que eu pudesse mostrar as entranhas do campus.
- Quando reparei a quantidade de animais que tinha por aqui, Caio, o irmão mais velho de Kátia, disse que os alunos jubilados se transformavam nos cães e gatos da UFPB - interrompi meu discurso por conta da gargalhada súbita da Aurora. - Eu sei, as pessoas falam todo tipo de coisas bizarras, não devemos implicar com isso. Esse povo não sabe de nada mesmo.
Paramos no corredor da Física e Sr. Flores nos cumprimentou.
- Mas ainda assim, foi o Caio quem primeiro me deu pistas da verdade. Ele filmava Sr. Flores alimentando os animais - eu e ela olhamos ele ao longe ir para o carro e pegar algo no porta-malas. Com certeza ele ia começar a alimentar os animais novamente. - Os vídeos eram bem claros, os animais pareciam sair do nada, só para se alimentarem. A gente não vê normalmente tantos assim por aqui, só quando ele "desperta os mundos" - Fiz um gesto no ar para que ela compreendesse as muitas aspas que colocava no termo.
Subimos o Bolo de Noiva, na hora em que uma frajola branca e cinza descia pelo corrimão em espiral. "Exibida" disse Aurora quando passamos, rindo baixinho para não chamar atenção dos transeuntes. Nos acomodamos numa das grandes mesas redondas e me pus a corrigir mentalmente as equações erradas que os estudantes esqueciam nos quadros.
- Eu me lembro que foi num dia de calor intenso que tive minha primeira epifania. Eu tinha lido o trecho em que o mundo desaba no Mundo de Sofia. Eu pouco me lembro das coisas desse livro, mas esse trecho me lembro bem. E também estava aflita tentando imaginar a quarta dimensão. A Letícia disse logo "você é maluca, mal sabemos expressar a terceira". E a Kátia: "é mesmo, você nunca ouviu falar de cartografia? Existem diversos tipos de mapa justamente porque toda representação 2d do 3d tem erros". Mas a Álgebra me fez me sentir frustrada por só compreender as n dimensões analiticamente. Eu tinha ido mais cedo pra casa porque estava com cólica menstrual e briguei em casa por causa do som da menina que alugava um dos quartos, a Michelle. Cheguei a chamar a polícia. A garota enlouqueceu, disse que se eu chamasse a polícia de novo iria invadir meu quarto e quebrar tudo. Vim para universidade e, ao invés de estudar, deitei numa das cadeiras da Praça da Alegria para dormir depois que tomei o buscofem. Ainda me lembro como se fosse ontem. Perséfone, uma gata toda preta, deitou na minha barriga, bem onde estava doendo, e dormi quase instantaneamente. - Os olhos da Aurora abriram-se subitamente de assombro - Sonhei com minha casa, em Areia, e a gata me levava até o teatro, onde muitos outros gatos estavam.
- Eu conheço alguns deles, mamãe?
- Não sei, minha filha, é provável que sim. - fiz um gesto rápido, avisando que ia prosseguir - E quando acordei não tinha mais dor, não tinha mais nada. Fui pra casa e encontrei dois gatinhos-bebês abandonados no portão. Entrei com eles e coloquei um pouco de água num pote para eles beberem no meu quarto, enquanto ia no Pet Shop mais perto comprar as coisas para eles. Quando voltei, a Michelle deu um outro escândalo, dizendo que não podia gatos ali, que o barulho ia ser infernal e tal.
- Que babaca - resmungou Aurora, os olhos muito concentrados no que eu falava.
- Ah, você nem imagina. D. Esther não objetou que os gatinhos ficassem ali. Mas no dia seguinte acordei com a tal da Michelle fechando a porta do meu quarto. Ainda sonolenta fui ver o que ela tinha aprontado, segui ela o mais rápido que pude, mesmo de pijama e descalça. A vi colocando uma sacola fechada no meio da pista. Eu vi rapidamente a sacola se mexendo, e sem pensar muito, corri para pegar a sacola. Por sorte não estava passando carros. Quando cheguei em casa e falei o que aconteceu, D. Esther brigou com ela, e pediu para que arrumasse outro lugar pra ficar.
Aurora deu um soquinho no ar de contentamento, entusiasmada com o desfecho benéfico para os gatinhos.
- Mas acho que isso foi uma espécie de teste, acho que aquela garota era doida mas não tanto assim. Acho que eles precisavam de um teste para saber se eu seria atenta e corajosa o suficiente.
- Eles quem, mamãe?
- A Sociedade Oculta, é claro. - dessa vez o assombro foi tanto que as pupilas claramente se dilataram - Naquela mesma noite sonhei novamente com Perséfone na minha casa em Areia. Ela mostrava uma porta embaixo da escada, uma porta que eu nunca tinha visto antes. Ela dava para uma biblioteca enorme, com escadas e estantes de livros para tudo quanto é lado. - fiz um gesto largo que a animou.
- As n dimensões, mamãe!
- Isso mesmo, meu amor. Lá, um gato velho e banco chamado Gandalf me mostrou Os olhos do Mau, que são os olhos do nosso ancestral egípcio, como as duas fendas da Mecânica Quântica. Então descobri como os animais da Sociedade Oculta passeiam bem por todas as dimensões do espaço-tempo.
- A Mecânica Quântica dos homens é aquela daquele homem ruim, mamãe?
- Sim, o Schrödinger. Mas nós demos uma lição nele para nunca mais ele brincar conosco. Uma pena que o experimento dele ainda é a base para o exemplo das pessoas. Eu até entendo. Ser humano é ser muito limitado. Imagina, filha, não ter noção das dimensões, do comportamento ondulatório, da topografia do espaço.
- Deve ser muito triste, mamãe.
- Nós somos os guardiões do conhecimentos desse mundo, por isso somos tantos. Temos que estar atentos para que o conhecimento não seja mal utilizado, e temos que dar a centelha de inspiração para quem busca o conhecimento com afinco e dedicação.
A gente tem que ser paciente.
Disse isso mostrando a barriguinha para eu dar o mais um banho de língua. Alguns estudantes passaram por nós, fazendo carinho em nossos pêlos.
- Aproveitem, jovens, enquanto disponibilizamos nosso conhecimento para vocês. - pensei com meus botões, enquanto os grupos de humanos se reuniam em volta das lousas - Vamos ver se vocês são dignos.
vi o mundo virar vento. quisera eu flutuar. risquei doze dias seguidos que o céu deságua. todo desespero vem em solavancos miúdos que não me desesperam mais. tomo os seis comprimidos que preciso engolir pela manhã. penso na leveza. sinto falta da leveza. ganhar corpo na vida custa um preço que ainda não decifrei. porque decifrar a vida é descobrir o que é que rege o tempo. e quanto a isso me sobem cem respostas por dia. o tempo é um marasmo insolúvel. um lago que desova no meio de uma caverna. e abre buraco pra virar céu. é assim que eu vejo o tempo. me pergunto como o tempo me vê. miúdo. com medo. aflito. feliz nos sábados. arrefecido por seis copos de cerveja. me sentindo só no meio do bloco de carnaval. o tempo deve me achar patético. fica difícil escapar desse ciclo. amar parece um refúgio no meio do caminho. mas amar tem me deixado amortecido. são pequenas pancadas no espaço que há entre nós. e agora eu falo com você. sobre nós. porque no fim das contas foi por isso que eu peguei meu caderno pra escrever. sobre o que ainda sobra de nós. e sobra muito. e sobra porque fomos tanto. mas tudo tem sido uma queda livre. um abismo com momentos de desligamento. se cerramos os olhos o susto da queda diminui. e isso dura o tempo exato até os olhos se abrirem de novo. eu queria que você não usasse seus olhos pra tentar me decifrar. porque eles tentam arrancar algo de mim. e tem dias que eu não sinto nada. e o nada é invisível. o mais próximo do nada é a minha apatia. meu olhar baixo batendo na tua porta e te dando um abraço menos longo. todo esse tempo eu evitei escrever sobre nós. porque sei que o peso dessa caneta as vezes significa desespero. e no fim, estamos em queda. e agora enquanto escrevo percebo que não sei se sobreviveremos. só espero, do fundo do meu estômago, que sim.
Pra lembrar de te esquecer
Janeiro 19, 2024
Planejei meu dia e deixei de fora da minha rotina tentar te procurar, risquei cada plano que eu tinha de te enviar mensagens, e-mails, directs, ou de falar de você no twttiter, enchi a cabeça com coisas pra resolver, me atarefei de coisas para fazer e até me pareceu uma boa ideia, porque a meta do dia era lembrar de te esquecer.
A verdade é que eu me esqueci das tarefas que criei para fazer, esqueci das coisas que eu tinha para resolver, esqueci de tudo, só não esqueci de você, então sai de casa vestida de saudades suas.
Te vi por todas as ruas: nas pessoas que vinham na minha direção, mesmo que não lembrassem em nada você. Nas músicas que tocava nos lugares.
Nos casais tomando açai, mesmo que eu nunca tivesse te chamado pra tomar açai (lembro que me falou isso uma vez)
No perfume da moça que passou por mim (lily,engraçado o mesmo que o seu) provavelmente atrasada pra alguma coisa mais interessante do que qualquer coisa que eu tenha feito nesses últimos meses sem você.
Te esquecer tem sido mais cansativo que te lembrar.
Te lembrar é um número infinito de momentos que compartilhamos, os quais eu posso repensar, remoer e remoer da forma que eu quiser, que eles simplesmente continuarão sendo a mesma coisa, sempre.
Te esquecer que é o problema. Porque te esquecer são todos os planos e encontros e assuntos e piadas e passeios e viagens e barzinhos e açai e sorvetes e cervejas que nunca mais nós vamos ter.
Te esquecer é pensar em tudo que a gente poderia ter sido e não foi. Em tudo que a gente poderia viver mas não vai.
Meu coração ta assim... partido, ferido, desde que você se foi. É tão ruim não ter você. Não ter o seu amor. Me sinto tão perdido. Eu sinto raiva da vida. Eu sinto decepção de não atingir nunca as minhas metas. Fiquei pensando... o que eu tenho pra agradecer? É difícil quando tudo da errado. É dificil demais agradecer apenas por respirar. Eu sinto sua falta. Eu sinto falta de conquistar coisas. De vencer. De riscar no meu caderno a lista de coisas que eu atingi. Na lista das minhas expectativas eu não risquei nada.
a pedra riscada ainda é a melhor. a que caiu, se esfolou, virou pó, até. se refez no fogo líquido da lava e se transformou em mais brasa. depois de fria, transformada, a pedra virou outra que não pedra. metamórfica, andou pelo mundo, as vezes no bolso de alguém, as vezes para segurar a porta, as vezes como pedra de isqueiro. quando muito, foi posta num altar. foi jogada no rio com pedidos, foi um tanto quanto inegociável o seu valor. quando risquei o fogo e ele aceso me engoliu pensei (agora pronto). mas de pronto não tinha nada, tive que abastecer o fogo com força de transformação. 3:40 da manhã, bahia. comecei a escrever esse texto antes de antes de ontem. o sentido se esvaneceu e sinto basicamente os mesmos sintomas de brasa ardente (espero que nem tudo que eu toque se desfaça em pó), talvez como a pedra que não queimou mas acendeu.
Lene vamos supor trabalhar apenas com hipóteses que sua amiga Kenny sem querer acabou beijando o Sirius e sem querer foram pra casa dela e sem querer acabou transando com ele o que vc diria pra ela?
PERAI, A KENNEDY FEZ O QUE COM AQUELE CABEÇA DE ALFACE?
Não, tenha dó, não é possível, não é possível! Eu não acredito que risquei a moto daquele otário e ela, a minha filha que tanto amo, deixou ele enfiar o queijo verde velho mofado dele dentro dela. Sério, vem aqui desmentir AGORA.