#regime fascista português
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Maria da Conceição Tavares
Morre, aos 94 anos, a economista Maria da Conceição Tavares. A economista trabalhou na elaboração do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e foi professora titular da Universidade Estadual de Campinas e professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Metrópoles – @Metropoles. 08 jun 2024 Maria da Conceição de Almeida Tavares BIOGRAFIA – Câmara dos Deputados Nasceu em Anadia,…
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O pastor Marcos Feliciano defendendo que os brasileiros devem trabalhar até a exaustão,os "Senhores do Engenho" estão a todo vapor para perpetuar a miséria,desigualdade e escravidão neste país arcaico. Vamos lembrar que a consciência de classe dele voou para a quinta dimensão do inferno neste momento,ou seja,não existe pois ele pelo jeito não tem consciência de classe igual a maioria das pessoas.
O dele já está garantido,o dízimo e o salário de deputado e às inúmeras regalias e mordomias que eles possuem oriunda do dinheiro público,lembrando que às classes vulneráveis trabalham em subempregos e ganham uma miséria de salário que é o suficiente apenas para sobreviver e o básico,algumas pessoas,por exemplo,não podem adoecer o remédio custa muito caro e o sistema de saúde do SUS é uma desgraça no português claro,assim como,todo o resto neste sistema governado e regido por psicopatas gananciosos.
Então ele faz uma comparação com os países de primeiro mundo e como todo brasileiro vira-lata não podia ter deixado de citar os Estados Unidos,a realidade dos Estados Unidos não é nada do que a mídia mostra eu tive parentes que passaram anos e anos vivendo lá e essa fantasia capitalista "linda" que os vira-latas pregam é uma ilusão e tem o fato de que a classe operária submetida a um regime escravo e péssimos salários NÃO TEM PODER DE COMPRA como nestes países que ele citou (países de primeiro mundo) são países de primeiro mundo porquê financiam guerras,matam pessoas,demonizam outros sistemas que prometem uma liberdade maior e exploram e roubam países com recursos naturais ricos,como por exemplo,o Brasil e como fizeram com a África e então somos como um "quintal" da gringa e escravos da gringa e isso é um projeto do sistema para que ELES fiquem cada vez mais rico e no poder,enquanto você e eu ficamos cada vez mais pobres e sem opções.
O que esperar da bancada evangélica? A bíblia defende escravidão,defende abusos,incesto e várias outras atrocidades com uma sociedade ignorante dessas onde a extrema direita consegue formar uma manada de fascistas com a religião não há muito o que esperar,espere pelo pior,aliás...É comum você ver eleitores de Bolsonaro defendendo a ditadura,você espera coerência e racionalidade em um discurso político e o que você ouve "Deus,pátria e família",o que esperar disso? Querem implantar a ditadura fascista deles a todo custo sobre todos e voltar a época da inquisição.
Os "Senhores dos Engenhos" trabalham muito mas não para o povo e sim para seu próprio benefício,trabalham para manter o povo escravo,miserável,cego e burro. Pois eles estão faturando muito com esse "sistema de pirâmide" e o pavor deles seria tudo isso sair do controle deles e perderem suas regalias e poder que possuem,poder esse usado apenas para causar danos injustos na sociedade em geral,todo esse sistema é fadado ao fracasso,aliás,é um fracasso nítido e real,está acontecendo desde dos primórdios.
Quando disseram que a escravidão acabou,apenas maquiaram a situação pois a escravidão,desordem e injustiça ainda é viva e nítida e o sistema que eles tanto defendem,o sistema capitalista é tão "bom" que há milhões de pessoas agora passando fome e outras inúmeras necessidades,bom para quem? Para eles,eles faturam.
Os porcos gordos de terno e gravata e funcionários desse sistema,servidores públicos de várias escalas contribuem diariamente para o atraso e a ruína deste país,a maioria deles são ligados a extrema direita e são conservadores,espere pelo pior.
#política#sociologia#filosofía#cristianismo#religião#escritores#pensamentos#palavras#escrever#feminismo
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Ana Deus interpreta “cola-cola song” de Alberto Pimenta | Porto 1937
Alberto Pimenta (1937) foi leitor português em Heidelberg (Alemanha).
Alberto Pimenta com Alexandre O’Neill, Eugénio de Andrade, Miguel Torga, Pedro Tamen, Vasco Graça Moura e outros, em 1977. https://poetria.pt Pimenta foi leitor português em Heidelberg (Alemanha). Foi contratado pelo governo português em 1960 e despedido em 1963 por se opor ao regime fascista português e às políticas colonialistas em África. No entanto, ele não voltou para Portugal naquela época…
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Comentário atrasado, mas perene como a erva daninha.
Sempre achei um mistério os fascistas não se terem constituído numa fação bem definida, por muito tímida e pequenina que fosse, logo no início da democracia. Por um lado percebo: as dificuldades legais (e de convívio) criadas condicionaram o seu aparecimento organizado, mas é no mínimo estranho que, de 24 para 25 de abril de 1974, de um dia para o outro, terem desaparecido milhões de salazaristas. Até porque, como me apercebo, o fascismo português tem muito de antropológico, é cultural, tem a ver com a insegurança, com valores tradicionais, com a igreja, enfim, com uma maneira conservadora de ser. Portanto, não me admira que um qualquer carismático, populista ou não, tenha conseguido pegar fogo a tanta palha seca. Dir-me-ão que a maioria esmagadora do Chega são jovens. São jovens e urbanos, mas larvam no mesmo caldo cultural. A legalização será a única forma de vacinar o país, visto que eles nascem e vivem e estabilizarão nos 15% durante duas ou três legislaturas. Recordando o balancé da história, o que se passa hoje entre a AD e o Chega, foi o que se passou entre o Partido Socialista e o Partido Comunista durante a consolidação do regime democrático. A AD saberá falar sozinha em nome de toda a direita até conseguir reduzir os fascistas aos residuais 3% dos comunistas? Numa fação pequenina e tímida, como disse no início do post? Não é fácil, as ervas daninhas arrancam-se pela raiz.
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António Salazar em Portugal (1933–1974)
O regime do Estado Novo, de António de Oliveira Salazar, pediu emprestadas muitas das ideias para o exército e governo ao regime fascista de Mussolini, que admirava e de quem tinha uma foto na secretária de trabalho, e adaptou-se ao exemplo português de iconografia paternalista para o autoritarismo. No entanto, Salazar distanciou-se do fascismo e do nazismo, que criticou como um "cesarismo pagão" que não reconhecia limites legais, religiosos ou morais.
Ao contrário de Mussolini ou Hitler, Salazar nunca teve a intenção de criar um Estado-partidário. Salazar era contra o conceito de partidos e em 1930 criou a União Nacional, um partido único, que afirmou como um "não-partido" , anunciando que a União Nacional seria a antítese de um partido político. O objetivo de Salazar era a despolitização da sociedade e não a mobilização da população.
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Tens mais info sobre a conferência neo nazi / quem raio está a organizar isso? Eu achava que era proibido qualquer tipo de organização fascista em pt e estou muito confusa (e ligeiramente aliviada por já não estar em lisboa)
desculpa estou a jantar vai ter que ser assim
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À luz da lei portuguesa, há opiniões que sejam proibidas expressar publicamente?
Não há opiniões interditas, no sentido de se proibirem opiniões diferentes de uma certa «verdade» acolhida e protegida pelo Estado. No entanto, a expressão de uma opinião pode ser ilícita, se ofender outros direitos ou interesses dignos de protecção.
No direito português, não existe aquilo a que costuma chamar‑se «delito de opinião». A importância atribuída à liberdade de expressão é tão elevada, que nem sequer é proibido criticar ou contestar outros valores ou princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa. Por exemplo: apesar de ela impor a organização republicana do Estado português, não é proibido defender publicamente a instauração de um regime monárquico; apesar de proibir a tortura, não é proibido que uma pessoa se manifeste favorável a essa prática; apesar de proibir a existência de associações racistas e fascistas, não é proibido que uma pessoa se assuma racista ou defenda a ideologia fascista.
Todavia, essas manifestações de opinião serão ilícitas se o modo por que são feitas ofender interesses também protegidos. Tal sucederá, por exemplo, com o crime de discriminação racial, religiosa ou sexual, que consiste, nomeadamente, em desenvolver actividades de propaganda que incitem ou encorajem a discriminação e em difamar ou injuriar uma pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, religião, sexo, orientação sexual ou identidade de género.
a noticia na renascença:
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Um total de 65 organizações antifascistas, 28 portuguesas e 37 estrangeiras, subscreveram um manifesto contra a "conferência nacionalista" prevista para o próximo sábado em Lisboa e lançaram uma petição pública eletrónica apelando à proibição da iniciativa.
Surgido através de um manifesto na rede social Facebook por parte da Frente Unitária Antifascista, o protesto conta com uma petição pública eletrónica "Contra a conferência Neonazi do dia 10 de Agosto em Lisboa", que tinha reunido até hoje ao fim da manhã 3.974 assinaturas.
Os subscritores estão a promover uma concentração, que designaram de "mobilização nacional antifastista", para sábado às 13h00, em Lisboa, no mesmo dia da "conferência nacionalista" organizada pelo grupo de extrema-direita `Nova Ordem Social´, dirigido pelo já condenado por vários crimes de índole racial Mário Machado.
"A realização, no próximo dia 10 de Agosto, em Lisboa, de uma reunião de organizações de extrema-direita da Europa, algumas assumidamente de ideologia fascista e neonazi, motivou a convocatória de uma manifestação de protesto para o mesmo dia e local por uma frente de organizações nacionais e internacionais", refere a petição.
Dirigida ao presidente da Assembleia da República, ao presidente do Tribunal Constitucional, ministra da Justiça, grupos parlamentares e direções partidárias, a petição apela para que tomem posição e impeçam a realização do encontro.
“É um grito de cidadania. O objetivo é fazer um alerta público face ao encontro de organizações declarada e abertamente racistas, cuja existência em si é uma afronta à Constituição da República Portuguesa", defendeu o dirigente do SOS Racismo, Mamadou Ba, em declarações à Lusa.
O dirigente do SOS Racismo, que se associou ao manifesto de protesto, sustentou que "as próprias autoridades têm de atuar" e considerou desejável “mão firme, pois algumas daquelas pessoas que vão cá vir advogam a violência racial", frisando que "o racismo é uma ideologia que mata e nenhuma ideologia que mata deve ser divulgada no espaço público”.
Pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), a dirigente Joana Sales declarou à Lusa que a sua associação subscreveu o manifesto porque “sempre luta por valores democráticos e uma manifestação neonazi não pugna por esses valores”.
“Não percebemos sequer como é que uma coisa destas é legal. Eu não sou jurista, mas o Estado não devia permitir isto, um evento de grupos que apelam diretamente à violência. Parece-me claramente inconstitucional. Estamos divulgar a iniciativa e vamos participar. A concentração está aberta a todos quantos queiram marcar presença pelos valores democráticos”, disse.
No texto da petição pública, os promotores “solicitam também que os partidos políticos tomem uma posição clara” e apelam ”à mobilização de todos os cidadãos, partidos, sindicatos, movimentos e organizações para que no dia 10 de Agosto de 2019 o povo português deixe uma mensagem clara aos neonazis europeus”.
Fonte policial adiantara já à Lusa que o Serviço de Informações de Segurança (SIS) está a acompanhar “muito de perto” a “conferência nacionalista” que vai contar com representantes de partidos e movimentos europeus, estando já confirmados sete oradores: Mário Machado, Josele Sanchez (Espanha), Adrianna Gasiorek (Polónia), Blagovest Asenov (Bulgária), Francesca Rizzi (Itália), Mattias Deyda (Alemanha ), Yvan Benedetti (França).
Os organizadores da conferência nacionalista só pretendem divulgar o local do seu evento, marcado para as 14h00, no próprio dia, pelas 09h00, segundo a página de internet do grupo de extrema-direita "Nova Ordem Social".
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2018 refere que a extrema-direita portuguesa continuou, no ano passado, “a revelar grande dinamismo na luta pela ‘reconquista’ da Europa, nomeadamente no que diz respeito ao combate à imigração ilegal, à islamização, ao multiculturalismo e ao marxismo cultural”.
Segundo o RASI, o setor identitário e neofascista destacou-se novamente em 2018 através da organização de conferências, ações de propaganda, celebrações de datas simbólicas, ações de protesto, eventos musicais e sessões de treino de artes marciais, num “perfeito alinhamento com o modo de atuação dos seus congéneres europeus, com quem manteve contactos frequentes”.
A tendência ‘skinhead’ neonazi esteve “menos ativa”, mas manteve as suas atividades tradicionais, como concertos e reuniões, além de associar pontualmente às iniciativas do movimento identitário e neofascista, indica o RASI, frisando que a extrema direita registou “uma intensa difusão de propaganda em ambiente virtual, com o objetivo de criar condições favoráveis ao sucesso eleitoral de forças políticas nacionalistas ou populistas em 2019”.
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☕ [RESENHA] O DIÁRIO DE ANNE FRANK
Título: O Diário de Anne Frank Autora: Anne Frank Série: - Editora: Grupo Editorial Record Gênero: Biografia Páginas: 416 Avaliação: ★★★★★ ❤ Compre: Amazon | Submarino | Saraiva | Livraria da Travessa Adicione na Estante: Skoob | Goodreads Resenhado por: Vitória Castelo Branco
☕ SINOPSE: O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro. Seu diário narra os sentimentos, os medos e as pequenas alegrias de uma menina judia que, como sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocauto. Lançado em 1947, O diário de Anne Frank tornou-se um dos livros mais lidos do mundo. O relato tocante e impressionante das atrocidades e dos horrores cometidos contra os judeus faz deste livro um precioso documento e uma das obras mais importantes do século XX.
"O Diário de Anne Frank" é um precioso dado histórico de uma das épocas mais sombrias da trajetória da humanidade, e um relato vivo do sofrimento do povo judeu durante a expansão da ideologia nazista na Europa das décadas de 30 e 40.
Para compreender melhor a conjuntura desse período, primeiramente é necessário se aprofundar nos problemas de uma devastada Alemanha pós-guerra. A inflação estratosférica, o desemprego desenfreado e as múltiplas falências aliados aos sentimentos de humilhação e insatisfação da população alemã, contribuíram para a propagação dos ideais fascistas naquela nação. Adolf Hitler então explorou esse cenário a seu favor e plantou nesse fértil terreno uma semente das suas sórdidas idealizações de uma Grande Alemanha, cujo projeto foi resumido em seu polêmico livro "Mein Kampf" (Minha Luta, em português), erguendo um estandarte de resgate da dignidade do seu povo em detrimento de outro.
❝Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e judaísmo”. — Trecho retirado de "Mein Kampf".❞
O Terceiro Reich, como também ficou conhecido o movimento nazista sob a liderança do Führer, se baseava na defesa da raça ariana e do antissemitismo. Começara então a perseguição aos semitas, aos comunistas e a outras minorias, sob a pretensão de que estes contaminavam a sociedade, como se fossem uma mazela, e que era necessário exterminá-los para manter a sonhada pureza.
A fim de escapar desse terrível pesadelo, a família Frank conseguiu fugir e refazer a sua vida na capital de Amsterdã. No entanto, o nazismo conseguira realizar a assustadora façanha de alcançar outros países europeus, como a Holanda, frustrando os seus esforços de preservação ao seu mais básico direito á vida. Consequentemente, a família Frank, com a ajuda de alguns anjos na figura de seres humanos, recorrera ao seu último recurso disponível: se refugiar, na companhia de outras quatro pessoas também judias, no anexo secreto da empresa em que Otto Frank, o pai da nossa jovem escritora, trabalhara nos últimos anos. Tudo isso enquanto estourava a segunda guerra mundial.
Foto: Reprodução/A Casa de Anne Frank
A princípio, foi implementado um regime de leis que se fundamentava na segregação cultural e étnica, como a absurda proibição imposta aos judeus de frequentar cinemas, parques, lojas e escolas não-judaicas, e até mesmo se tornara obrigatório o uso de uma estrela de Davi pregada em suas vestes para diferenciá-los dos demais. A situação que já não era das melhores, foi se tornando cada vez mais ameaçadora à medida em que foram surgindo os boatos de que as pessoas judias estavam desaparecendo por ordem do governo.
❝A gente não tem ideia de como mudou até que a mudança já tenha acontecido.” — Trecho retirado de “O Diário de Anne Frank.”❞
Anne Frank encontrou um refúgio em seu diário para suportar esses tempos de extrema aflição. Em suas páginas, a menina sonhadora narra todos os pormenores da sua vivência e convivência com os outros naquele espaço limitado, além de descrever os seus sentimentos mais íntimos. É possível mergulhar na profundidade dos seus pensamentos e reviver as suas angústias, medos e anseios. E através das suas palavras, o leitor consegue se projetar na vida da adolescente e sonhar juntamente com ela na esperança de um futuro melhor e de um mundo mais justo.
❝Tenho vontade de escrever e necessidade ainda maior de desabafar tudo o que está preso em meu peito. O papel tem mais paciência que as pessoas.❞
Foto: Reprodução/A Casa de Anne Frank
Ela é um retrato do aspirante jovem sonhador que tem um futuro todo a escrever e um universo inteiro a desvendar. Frank era uma jovem apaixonada pela leitura e escrita, e ansiava em se tornar uma grande jornalista e escritora. Isso tudo me leva a refletir que Anne era muito parecida comigo e os seus sonhos similares aos meus. E assim como você e eu, ela tinha todo o direito de simplesmente viver. O diário, que foi interrompido de forma abrupta, não significa só o fim dos seus devaneios, mas também de uma vida ceifada brutalmente porque um dia alguém decidiu que um povo não merecia ter os mais básicos direitos humanos.
Foto: Reprodução/A Casa de Anne Frank
❝É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração.❞
Infelizmente os moradores do Anexo Secreto foram descobertos de uma maneira misteriosa até os dias de hoje e enviados aos terríveis campos de concentração. Anne foi transferida com Margot, a sua irmã mais velha, para o de Bergen-Belsen, onde passaram seus últimos dias, e provavelmente morreram da epidemia de febre tifoide. Após a libertação dos judeus dos campos de concentração, Otto Frank, que fora o único sobrevivente daquele núcleo, decidira realizar os sonhos da sua filha e fazer o mundo conhecer a sua emocionante história.
“O Diário de Anne Frank” é um eterno lembrete de que não podemos deixar o Holocausto Judeu cair no esquecimento, assim como precisamos extrair uma lição valiosa desse pesaroso período da humanidade para evitar tragédias semelhantes. Anne deixou um grande legado e em sua homenagem foi fundada “ A Casa de Anne Frank”, uma espécie de museu biográfico, situado em Amsterdã, que protege a sua história ao longo das gerações.
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A partir da década de 20, uma geração de artistas com formação, alguns, no estrangeiro, importam as inovações tecnológicas e modernistas para Portugal, fundando uma vaga modernista que é encabeçada por arquitectos como Pardal Monteiro, Cristino da Silva, Cassiano Branco e Cottinelli Telmo, entre outros.
Três factores contribuíram para esta inovação da arquitectura: em primeiro lugar, o emprego do betão armado que, partindo de uma necessidade às concepções modernistas essencialmente de linha recta, se propagou como material preferencial nestas construções; em segundo lugar, esta geração é ela, em si, facto de importância, pois «troca o ecletismo da sua aprendizagem por uma concepção claramente modernista da arquitectura» (Caldas 1998); e por fim, a substituição da república pela ditadura em 1926.
A falta de divulgação não terá ajudado na transição que surgiu demasiado brusca para uma geração que capta lentamente as inovações de ambos Le Corbusier e Walter Gropius e a sua escola da Bauhaus. De facto, apenas três revistas circulam o país, cada qual a seu tempo: a Construção Moderna, Arquitectura Portuguesa e, por fim, Arquitectura.
Com efeito, a política de obras públicas levada a cabo por Duarte Pacheco[1], a partir da expropriação de lotes de terrenos e consequente venda a preços acessíveis, concedeu alguma liberdade criativa aos arquitectos e os seus empreendimentos modernistas, podendo ainda demarca-se a edificação do pólo universitário do Instituto superior técnico como ponto de partida destes empreendimentos: «A sucessiva depuração do resultado à medida que a obra avançava, foi ditada, entre outras, por razões económicas e o sentido dessa simplificação acompanhou a dignidade relativa dos edifícios, isto é, mantiveram-se alguns apontamentos decorativos no pavilhão central e atingiu-se ó máximo purismo, aliado ao aproveitamento da fachada livre e das janelas em largura, nos edifícios mais afastados, os das oficinas e das instalações desportivas» (Caldas 1998).
Também as tentativas de urbanização de Lisboa ganharam importância extrema na concepção da cidade que visará, na década seguinte, a cidade-cenográfica. O caso do prolongamento da Avenida de Cristino da Silva, substituído pela construção do Parque Eduardo VII, representa bem esta vontade de urbanizar Lisboa. Além disto, preocupava a Pacheco «a desorientada expansão da cidade [...] feita de traçados desligados de uma ideia de conjunto» (França 1974). Bairros e avenidas são reorganizadas e reconstruídas, impondo um novo princípio urbano bastante cenográfico, através da construção de lojas, cinemas e cafés.
O modernismo ganha assim impulso, mas o concurso que resulta na atribuição da construção do Liceu de Beja a Cristino da Silva causa alguma controvérsia, como já vem a causar um pouco com a edificação da Igreja de Fátima. O debate da problemática de adopção de uma identidade nacional arquitectónica é uma realidade sempre presente nesta década, mas reacende ao longo da década de ’30 e sobretudo na sua viragem para a década de ’40. Priveligia-se um estilo nacional ao modo de D. João V, neobarroco. A partir de então, esta nova arquitectura, cujas influências modernistas provinham dos avanços exteriores, foi tida como demasiado internacional. Era necessário uma arquitectura portuguesa que representasse o país, e com dignidade.
Na década de ’30, o conceito de «Estado Novo» penetra na arte; os princípios conservadores e nacionalistas do regime encontram os defeitos nesta arquitectura modernista, internacional, apelidada mesmo de comunista (Pereira 1998) e apontando falhas nomeadamente à falta de adaptação ao clima português.
A arquitectura sofre uma forte viragem nesta década, a partir e uma concepção nacionalista que, apesar do aparente desprezo pela arquitectura modernista internacional, deixa os seus elementos penetrarem nas edificações, dissimulados de uma fachada nacional. Empregam-se «molduras e pilastras em pedra, decalcadas da arquitectura senhorial do século XVII», dá-se destaque ao «andar nobre, com as suas sacadas de ferro forjado, embora na divisão interior e na função fosse igual a todos os restantes pisos, e torreões com telhados pontiagudos, iriam servir de modelo para os edifícios públicos e privados que passavam a ser construídos, para dar resposta à velha aspiração de uma arquitectura nacional» (Pereira 1998).
O ano de 1940 marca esta viragem decisiva com a apresentação da Exposição do Mundo Português bem como a Exposição da Moderna Arquitectura Alemã, de 1941. O estreitamento de relações com outros regimes fascistas propiciam a importação de modelos arquitectónicos da Itália de Mussolini e o forte despojamento e empregamento das formas clássicas da arquitectura monumental da Alemanhã nazi, o que levará Cristino da Silva a afirmar que esta se apresenta como arquitectura do futuro.
A partir desta data, os modelos anti-modernistas tornam-se obrigatórios às encomendas oficiais; os modernistas intimados ou constantemente rejeitados até que os seus projectos se encontrassem de acordo com os cânones do regime. O controlo da imprensa, a censura e a ausência de uma verdadeira cultura arquitectónica no país conduziu à aceitação destes cânones, forçosa ou voluntariamente.
Os edifícios como cidades universitárias, cafés, cinemas e «palácios de justiça» ostentam esta nova arquitectura, entendida como cenografia, onde se articulam os volumes de fachadas. «Trata-se de exprimir o poder do Estado e de incutir nos cidadãos os valores da autoridade e da ordem» (Pereira 1998), onde raramente havia lugar para um vocabulário historicista ou regionalista. Encobre, assim, a real influência internacional com vista ao culto do Estado.
[1] Ministro da Instrução em 1928 e Ministro das Obras Públicas em 1932, cargo que abandonará em ’36 por conflitos internos apenas para retormar em ’38, aí permanecendo até à sua morte em ’43.
França, José-Augusto. História da Arte do Século XX. Lisboa: Bertrand, 1974.
Pereira, Nuno Teotónio. “A Arquitectura do Regime: 1938-1948.” In Arquitectura do Século XX - Portugal, de AAVV. München: Prestel, 1998.
Caldas, João Vieira. “Cinco Entremeios Sobre o Ambíguo Modernismo.” In Arquitectura do Século XX - Portugal, de AAVV. München: Prestel, 1998.
#tomem lá a introdução a um ensaio que escrevi sobre arquitectura do regime particularmente o Cinema Império#(sim aquilo que é hoje a sede da IURD)#portugal
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Rob Wallace: Agronegócio “é a junção perfeita de circunstâncias” para surgimento de novas epidemias
Epidemiologista evolutivo norte-americano explica as relações entre desmatamento, agronegócio e o aparecimento de doenças e critica governos que “adotaram a negligência como política” na pandemia
rasil é caso “único” por ter “um presidente que vê o genocídio como parte do programa de governo" As florestas guardam “patógenos perigosos” e garantem que “eles não se espalhem para as comunidades ao redor” "É improvável que demore mais cem anos para que tenhamos uma nova pandemia realmente grave, como aconteceu a partir de 1918" Teve problemas para se vacinar? Falta oxigênio na sua cidade? Perdeu seu emprego? Nós queremos te ouvir. Clique aqui, conte sua história, e ajude a Pública a investigar os abusos e injustiças por trás dessa crise.Não é de hoje que o epidemiologista evolutivo Rob Wallace alerta para a relação entre o agronegócio e o surgimento de patógenos mortais aos seres humanos. No livro “Big Farms Make Big Flu”, de 2016 – lançado no ano passado em português como “Pandemia e Agronegócio” –, ao analisar surtos do vírus influenza em fazendas de porcos e aves, o norte-americano comparou o vírus a furacões e escreveu, em tom quase premonitório, que “um Katrina de influenza poderia estar engrossando seus braços na fila das epidemiologias”.
Três anos depois, a Covid-19 transformou em realidade as previsões de Wallace. Embora não tenha sido o influenza a varrer o mundo, ele explica que o aparecimento do coronavírus causador da doença, cuja origem possivelmente são morcegos, está intimamente relacionado ao atual modelo de produção de alimentos. “Na China e em outros lugares, a vida selvagem está sendo incluída no modelo industrial do agronegócio”, disse à Agência Pública.
Por isso, ele vislumbra novas epidemias num futuro não tão distante. “É improvável que demore mais cem anos para que tenhamos uma nova pandemia realmente grave, como aconteceu a partir de 1918 [com a gripe espanhola]. É muito provável que tenhamos a Covid-22, a Covid-23”, afirma. No fim do ano passado, em parceria com outros pesquisadores, Wallace lançou um novo livro, “Dead Epidemiologists: On the Origins of Covid-19”, abordando esse e outros aspectos da pandemia.
Ex-consultor da FAO-ONU e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o epidemiologista também critica os governos “neoliberais de direita” que adotaram “uma abordagem malthusiana” e apostaram na “imunidade de rebanho”, mas destaca que, ainda assim, o caso de Jair Bolsonaro é “único”: “A filosofia política genocida já ocorria muito antes do surgimento da Covid-19, portanto, de certa forma, não nos surpreendemos com ela. Mesmo assim é horrível, porque do que vale um governo que não consegue proteger sua população?”, questiona.
O norte-americano Rob Wallace é autor de “Pandemia e Agronegócio” e coautor de “Dead Epidemiologists: On the Origins of Covid-19”
O Brasil é visto neste momento como o epicentro da pandemia, com o número mais alto de mortes diárias no mundo. Além disso, novas cepas têm sido detectadas por aqui – primeiro a P1, em Manaus, e agora outra variante, que combina 18 mutações, identificada por pesquisadores em Belo Horizonte. Você acredita que o Brasil é uma ameaça para todo o planeta no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia?
O Brasil é apenas mais um dos países onde houve negligência, ela está em todos os lugares, em alguns mais do que em outros. Nos países onde a negligência foi adotada como política oficial, vimos surgir novas variantes: nos Estados Unidos, temos uma que apareceu na Califórnia; há o caso da Inglaterra, com a B117; a P1 no Brasil; além da cepa da África do Sul. Em sua maioria, esses são regimes neoliberais de direita. No início do surto, o pensamento nesses lugares era: “O que vamos fazer? Imunidade do rebanho. Vamos deixar o vírus se espalhar e aí todo mundo vai ficar protegido por ter sido exposto.” Essa é uma abordagem malthusiana, porque permite que milhões de mortos sejam deixados pelo caminho, e também um completo fiasco, já que a resposta imune das pessoas à exposição ao vírus é diferente da resposta gerada pela vacinação – a vacina provoca uma resposta muito mais forte. Por outro lado, há países politicamente bastante diferentes entre si – China, Islândia, Vietnã, Taiwan, Nova Zelândia, Austrália – que usaram a governança para seu fim básico: intervir para que uma grande pandemia não matasse seu próprio povo. É importante analisar a complexidade do contexto geral para perceber que, ainda assim, o Brasil é único, por ter como presidente um incompetente e fascista que vê o genocídio como parte de seu programa de governo. A filosofia política genocida já ocorria muito antes do surgimento da Covid-19, portanto, de certa forma, não nos surpreendemos com ela. Mesmo assim é horrível, por que do que vale um governo que não consegue proteger sua população? Nós tiramos o Trump da presidência aqui, mas mais de 70 milhões de eleitores votaram em um homem que matou meio milhão de norte-americanos. Trump e sua filosofia derivam da própria história colonial e genocida dos EUA, que perdura até hoje e se manifesta no assassinato de indígenas e na escravização de pessoas negras. Vemos a mesma política no Brasil, de muitas maneiras. Portanto, de certa forma, os EUA e o Brasil são espelhos um do outro.
Você vê com preocupação o potencial de surgimento de novas variantes no Brasil, por conta da alta circulação do vírus?
Nosso grupo de pesquisa batizou a variante B117, que surgiu no Reino Unido, de “cepa BoJo”, em homenagem ao primeiro-ministro Boris Johnson. Isso tem um aspecto de sátira política, mas queremos chamar atenção para o fato de que o aparecimento de doenças não tem a ver só com o vírus. Sim, é importante fazer análises moleculares e acompanhar as mutações, mas há uma razão bastante explícita pela qual as novas variantes surgiram em países negligentes: eles permitiram que o vírus circulasse. Em vez de imunidade de rebanho, tivemos a “multiplicidade de rebanho”, que é quando você permite que o vírus circule em meio às pessoas e faça experimentos com o sistema imunológico humano de forma a driblar a imunidade. Certamente isso aconteceu no Brasil, onde a P1 emergiu mesmo com alguns esforços de promover o lockdown. Esses patógenos normalmente evoluem em um local e se espalham para o resto do mundo, superando as outras variantes. Portanto, a resposta é sim, isso é perigoso.
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AGENCIA DE REPORTAGEM E JORNALISMO INVESTIGATIVO
São Paulo/SP – Segmento: Informação - Portal Membro desde 25/08/2017
Saiba mais: portalosaber.no.comunidades.net
PORTAL ELETRÔNICO O SABER
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Quase 15 mil pessoas aderiram, desde domingo, a uma petição pública virtual que exige a deportação do ativista antirracismo Mamadou Ba devido a comentários depreciativos sobre o falecido militar condecorado Marcelino da Mata.
"Serve a presente petição pública para que a Assembleia da República vote favoravelmente pela expulsão de Portugal de alguém que não se sente bem em Portugal nem com a nossa cultura e valores. Que esta expulsão sirva de exemplo", lê-se no texto, no sítio da Internet "peticaopublica.com", que conta com 14.774 assinaturas, pelas 8.20 horas.
Segundo a legislação em vigor, "qualquer petição subscrita por um mínimo de mil cidadãos é, obrigatoriamente, publicada no Diário da Assembleia da República e os peticionários são ouvidos em sede de comissão parlamentar e, caso haja mais de quatro mil cidadãos subscritores, a mesma tem de ser apreciada em reunião plenária da Assembleia da República.
Os peticionários reclamam que o ex-assessor parlamentar do BE e dirigente da associação SOSRacismo "proferiu declarações caluniosas no Twitter [rede social] contra o militar mais condecorado da História portuguesa, o tenente-coronel Marcelino da Mata, um dia depois do seu falecimento", aos 80 anos, vítima de covid-19.
Mamadou Ba criticou o facto de o CDS-PP ter apresentado no parlamento um voto de pesar pela morte "do sanguinário Marcelino da Mata". Segundo o ativista, o falecido fundador da tropa de elite "Comandos" terá declarado que nunca entregou "um turra (calão para combatente independentista africano) à PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado do regime fascista de Salazar), antes "cortava-lhes os tomates, enfiava-lhos na boca, e ficava ali a vê-los morrer".
"Queixam-se do uso displicente do qualificativo 'fascista' e refutam a filiação ideológica ao fascismo. Mas investem na homenagem a figuras sinistras como Cónego Melo, Kaúlza de Arriaga e Marcelino da Mata. Marcelino da Mata é um criminoso de guerra que não merece respeito nenhum", publicou ainda Mamadou Ba.
No domingo, o CDS-PP exigiu a "saída imediata" de Mamadou Ba do grupo de trabalho para a Prevenção e o Combate ao Racismo e à Discriminação, criado pelo Governo em janeiro, por ter insultado Marcelino da Mata.
"O CDS está enfurecido comigo por causa de um criminoso de guerra. É a sua luta pelo pelotão de regresso ao fascismo. O que vale é que já não podem invocar o 'homem branco'. Que falta de imaginação política!", respondeu Mamadou Ba, novamente na mesma rede social.
Entretanto, o partido da extrema-direita parlamentar Chega anunciou que iria fazer queixa de Mamadou Ba à Procuradoria-Geral da República por "ofender gravemente a memória de pessoa falecida", um crime previsto e punível com seis meses de prisão.
Marcelino da Mata, o mais condecorado militar do Exército português, falecido na passada quinta-feira, serviu em mais de duas mil operações na Guerra Colonial e, no pós-25 de Abril de 1974, foi detido e torturado por elementos da extrema-esquerda, exilando-se em seguida em Espanha até ao contra-golpe do 25 de Novembro de 1975 (que acabou com o Processo Revolucionário Em Curso).
Entretanto, o combatente português foi proibido de entrar em território da independente Guiné-Bissau, sua terra-natal.
O comando luso foi armado cavaleiro da "Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito", em 1969, após ter subido sucessivamente de patente, desde soldado a major.
Marcelino Mata reformou-se em 1980 e foi ainda promovido a tenente-coronel em 1994.
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Os heróis (da terceira idade)
Recentemente, coloquei na cabeça: queria um livro com protagonista velho (velho de verdade, diplomado, experiente no assunto).
Deixei meu marido com seus cabelos curtos em pé até colocar as mãos no "a máquina de fazer espanhois" de Valter Hugo Mãe - escritor português de 40 e poucos anos e que, corajoso, provocou-nos um vislumbre da etapa derradeira antes da morte.
Usarei o enredo como pretexto para conversarmos sobre Delirium. Antes, porém, é importante destacar alguns pontos fortes da narrativa:
Uma crítica sutil e acertada a respeito da infantilização do idoso (e da sua assexualidade presumida)
A morte - inexorável- e os tabus que a cercam
O regime fascista de Portugal ( Salazarismo - 1933 a 1974)
O envelhecimento, ou seja, o processo natural e inevitável, contínuo, que se inicia na fase adulta e persiste até o falecimento, torna-nos frágeis e dependentes. Por mais qualidade de vida e promoção da saúde que venhamos a ter, as capacidades orgânica (do corpo humano e seus órgãos) e funcional (andar, falar, pensar, lembrar) estarão sendo, gradualmente, retiradas de nós. O maior aprendizado será, na verdade, reaprender a precisar dos outros, a abrir mão de liberdades antes banais: impossível experimentar aventura maior!
Aí entra o Senhor Silva, 84 anos, protagonista e viúvo. Estará acompanhado da mais formosa gangue da terceira idade de um asilo fictício em Portugal (engana-se o leitor que imaginar jogos enfadonhos de cartas e conversas repetitivas, pois eles partem pra ação).
Destaco, do grupo, Esteves: homem centenário que, em determinado momento se verá experimentando sensações e acreditando em verdades absurdas.
"esteves, o que se passa consigo, homem. ele encostou a porta e veio junto a mim, sentou-se na beira da cama. estava cansado, quase chorando. não consigo dormir ali. o homem geme mais do que nunca e eu estou a ter visões. fico a achar que existem máquinas que nos tiram a metafísica, senhor silva" p151
Respeitando a liberdade poética de um senhor que alucina com máquinas que lhe tirem a metafísica, leiamos os fatos:
Delirium é uma alteração cognitiva grave definida por início agudo, curso flutuante, distúrbios de consciência, memória, orientação, pensamento, percepção e comportamento. É considerada emergência geriátrica.
Trocando em miúdos, nada mais é do que perder a noção aceita de realidade e ter os sentidos alterados (vemos, ouvimos, cheiramos o inexistente) . E esse quadro oscila, então podemos encontrar o idoso lúcido e, instantes depois, apresentando-se confuso: o nosso amigo esteves, inclusive, quando procura o senhor silva, está certo de que o que viu não existe.
A epidemiologia nos diz que a incidência de delirium na população idosa varia de 14% a 24% (dados de um artigo da USP Ribeirão Preto de 2010). Em se tratando de idosos em hospitais, é a segunda síndrome neuropsiquiátrica mais frequente (perde apenas para depressão).
Com dados tão expressivos, é importante a gente ter em mente os fatores de risco para o aparecimento do delirium: a idade (quanto mais idoso, maior a prevalência), gênero masculino, déficit visual (alô, catarata), demência, depressão, imobilidade, desidratação (também a desnutrição), alcoolismo, dentre outros. Pelo que já foi citado previamente, esteves tinha dois, incluindo o mais importante - a idade.
Gostaria de destacar, entretanto, o uso de fármacos como fator precipitante, ou seja, que desencadeia o quadro. Isso ocorre porque existe uma relação entre o número de medicamentos utilizados e a incidência do delirium, há uma maior chance de efeitos colaterais e interações medicamentosas.
Sabemos que a população mais envelhecida implica aumento das doenças crônicas e sem cura (hipertensão, diabetes, problemas no coração), portanto aumento da prescrição de remédios
O Brasil será a sexta maior população de idosos em 2020!
Nunca pare a medicação por conta própria ou oriente alguém a fazer o mesmo. Isso pode contribuir com o avanço acelerado de doenças graves e fatais (sem contar que alguns remédios são controlados, levam tempo para fazer efeito e, se retirados abruptamente, terão sintomas da interrupção).
Peça ao seu médico que otimize as medicações. Tire dúvidas.
Ok, ok. Mas o que podemos encontrar em um idoso num quadro de delirium? Déficit de atenção (dificuldade em focar e manter atenção), incluindo problemas em manter diálogos ou seguir comandos; desorganização do pensamento que é caracterizada por discurso incoerente, além de agitação ou lentificação do corpo, alucinações, delírios, agressividade, ansiedade e mudanças no padrão de sono.
Se o idoso apresentar mudança de comportamento usual , é fundamental a presença de familiares ou conhecidos por perto e a ligação para um serviço de emergência, uma vez que quadros graves como infecção pelo corpo todo (sepse) ou infarto do coração podem desencadear delirium. Também pode ser necessária sedação.
Samu: 192
Remover objetos perigosos próximos, fornecer suporte à orientação (relógios, fotos de entes queridos, calendários), manter o ambiente calmo, silencioso e adequadamente iluminado durante o dia podem ser a diferença durante o quadro de delirium.
Nunca medicar paciente por conta própria! O organismo do idoso, como sabemos, é diferente e exige doses individualizadas. Alguns remédios que temos em casa podem piorar o quadro. Não coloque a vida de alguém em risco.
É isso por hoje, então. Espero que possamos aprender muito, muito mais :) Espero poder ajudar de alguma forma.
Um grande até breve 😊
Dica de leitura: a máquina de fazer espanhois - Valter Hugo Mãe
Dica de filme: Up! Altas aventuras
Referências: Tratado de Clínica médica - Antonio Carlos Lopes; Medicina de Família e Comunidade; Compêndio de clínica psiquiátrica
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DESDE CEDO EU SEI O QUE É O FASCISMO
Contra a desonestidade intelectual (um sintoma fascista) que reina em nossos dias. Formar opinião requer responsabilidade.
Quando eu tinha 7 anos de idade, peguei para folhear algumas edições das revistas O Cruzeiro e Manchete que o meu pai guardava há alguns anos. Em uma destas revistas, eu me deparei com as aterradoras fotos das valas dos campos de concentração, ainda no fim Segunda Guerra Mundial. Estas fotos correram o munto naquela época, após duas décadas sendo tratadas com sigilo por norte-americanos e europeus. Perguntando do que se tratava, obviamente que gerava um desconforto entre os adultos no trato do tema. Mas todos eram unânimes em nomear o mal que respondia por isso, na figura de Adolf Hitler. Estas imagens jamais saíram da minha mente.
Aos 11 anos, minha dificuldade com os livros (sempre cercado por muitos deles), me levou a busca pelo entendimento das coisas e me informar por recurso audiovisual (filmes, programas de tv, reportagens, documentários, séries). Passei a gostar de filmes de guerra, e a minha forma de compreensão destes foi se transformando com o tempo. Inicialmente, queria ver como as guerras eram ganhas. Depois, por que as guerras aconteciam. Mais adiante, como os homens sobreviviam a guerra e por fim, por que os homens tem que lutar em guerras. Sabia e compreendia o contexto da ditadura militar brasileira, pois acompanhava diariamente pela tv e rádio (durante as transmissões dos jogos de futebol, Osmar Santos soltava frases de impacto) as manifestações pelas Diretas. Me lembro da tristeza da quebra da Emenda Dante de Oliveira no congresso, debaixo de gritos de "A luta continua!" e da esperança na eleição de Tancredo Neves.
Aos 14 anos eu sabia os principais motivos que levam a uma guerra, principalmente os regimes de excessão pautados em militarismo e armas como o nazismo alemão de Hitler, os fascismos italiano de Mussolini, espanhol de Franco e português de Salazar, além do totalitarismo soviético stalinista, do comunismo chinês de Mao Tse-Tung e as polemicas sobre a ditadura cubana de Castro. Já melhor habituado com a leitura, pela literatura eu adentrei na violência dos estados de excessão no controle absoluto dos corações e mentes e seus devastadores efeitos na civilização com "1984" de George Orwell. Pela música com os discos "The Wall" e "Animals" do Pink Floyd e "Live in The New York City" (show para pedir a libertação de ativistas), de John Lennon. Sacar que Star Wars, a minha mais querida série cinematográfica girava em torno disso (rebeldes querendo derrotar um império para instituir a república) e ver o arqueólogo Indiana Jones lutar contra os nazistas para evitar o domínio do mundo com uso as relíquias sagradas das civilizações antigas, foi incrível! Curioso que pessoas que conviveram e convivem comigo, com quem eu conversava horas sobre estes temas, esqueceram, deletaram ou substituíram todas as informações que elaboraram e detinham.
O interesse por estes temas e tantos outros me levou a estudar academicamente a história na vida adulta, indo um pouco mais a fundo nestes e outros contextos e entendendo na própria história familiar o reflexo de eventos historicos mundiais ligados ao tema.
Estudar e trabalhar nas áreas da educação, social, cultura e saúde, consolidam em meu entendimento algo que considero determinante: o fascismo esteve, está e estará sempre presente. Você lutará para derrotá-lo quando ele se estabeleceu ou lutará para que ele não prevaleça outra vez.
Para saber mais:
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Uma das inúmeras canções de luta e de oposição de José Afonso que, com belíssimos ritmos africanos, abraça a luta do MPLA pela independência de Angola. Sobejamente conhecido como defensor da independência das colónias, de mãos dadas com a esquerda contra o regime fascista e o imperialismo português, José Afonso foi autor de inúmeras canções manifestadamente de luta e de oposição.
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“A democracia pode morrer democraticamente”, adverte Boaventura de Sousa Santos
O Colóquio “Democracia e crise política 2014- 2018”, promovido pelo Centro de Estudos Sociais (CES) de Lisboa com a participação do Instituto Novos Paradigmas (INP) reuniu, nesta quinta-feira (25), Tarso Genro, Boaventura de Sousa Santos, Pilar del Río, Francisco Louçã e Leonardo Avritzer, entre outros intelectuais e pesquisadores, no Centro de Informação Urbana de Lisboa.
Boaventura de Sousa Santos deu início ao evento lembrando de personalidades perseguidas e em risco, mesmo em regimes democráticos, citando como exemplo o ex-presidente Lula, na sua opinião preso em um processo injusto e não fundamentado legalmente, o deputado federal Jean Wyllys, que anunciou a saída do Brasil ( e o abandono do novo mandato) por falta de garantias da sua integridade física e da plena atividade parlamentar e o ativista contra o racismo em Portugal Mamadou Ba. “Essas pessoas sofrem consequências na pele, no corpo, na famíilia e nas suas emoções”, ponderou.
Boaventura traçou um panorama sobre as questões que ameaçam o futuro da democracia e definem se a democracia tem futuro. O sociólogo português partiu da pergunta definida por ele como provocativa: a democracia é compatível com este capitalismo? Para Boaventura, a democracia e o capitalismo têm fundamentos opostos. “O capitalismo nunca atua só apenas como capitalismo, atua também como colonialismo. Os sistemas de dominação atuam coordenadamente, mas a resistência é fragmentada. O capitalismo, o colonialismo, o racismo e o patriarcado se articulam melhor que os movimentos que lutam contra a dominação”.
Segundo Boaventura, os problemas de compatibilidade surgem quando a democracia começa a ampliar-se. O sufrágio universal aumentou, de acordo com o professor, a tensão entre capitalismo e democracia. “No pós-guerra, a compatibilidade entre democracia e capitalismo é obtida através de direitos sociais. Uma série de direitos mostrava que a democracia regulava o capitalismo. A situação se altera pós queda do muro de Berlim. Houve uma inversão. O capitalismo passou a regular a democracia, acentuando-se a crise do Estado Social. Hoje, a primeira notícia depois de uma eleição é como foi a reação dos mercados. A democracia está sendo descaracterizada pela perda de direitos sociais, pela perda de um sistema midiático equilibrado”.
Boaventura afirmou ainda que desse modo “as democracias podem morrer democraticamente, pela eleição de não democratas”. Este, na visão do professor, é um ciclo reacionário, no qual fundamentalmente predomina o reacionarismo, a negação dos princípios da revolução francesa. Estes grupos reacionários, disse Boaventura, acreditam em hierarquias e atacam os valores de fraternidade, igualdade e liberdade.”Como passamos do pós-revolucionário para o pré-revolucionário? É um retrocesso que nos confunde porque altera o tempo linear. Estamos a viver o tempo do interregno, de intervalo entre duas globalizações, com dois poderes que não conhecem fronteiras: o capital financeiro e a internet. São assimetrias que mantêm o poder imperial do tempo moderno”.
Para o sociólogo, no caso do Brasil, a neutralização total do país, sua brutalização, foi necessária para se submeter aos interesses dos Estados Unidos. “Foram muitas dramatizações que vão criar um choque na sociedade, a fim de distrair e encobrir para a guerra econômica contra as classes populares, com privatizações radicais. Vemos o uso da democracia para em nome da democracia destruir a democracia”. Boaventura reconhece que Portugal é na atualidade uma zona de conforto de defesa dos princípios democráticos, mas que é fundamental estar vigilante.
O presidente do conselho do INP, ex-governador Tarso Genro fez uma análise dos acontecimentos e características dos principais movimentos após a redemocratização do país. Na sua visão, os partidos políticos perderam relevância, não são mais as forças autorizadas e reconhecidas para firmar pactos, e em seu lugar, o grande partido operador é o oligopólio da mídia que define, destaca ou elimina os líderes que contribuem ou ameaçam seus interesses. Somado ao papel da mídia oligopólica, assinalou, está o conjunto de agências do sistema financeiro global e de classificação de risco que financiam e organizam movimentos que resultaram na emergência do fascismo e no fortalecimento de um conservadorismo rudimentar.
Na opinião de Tarso, o governo Lula se desenvolve de modo estável e convincente enquanto todos estão ganhando. Nesse pacto, quando todos ganham, a Constituição Federal de 88, apesar da baixa intensidade, funciona no seu melhor limite.”O governo Lula colocou como vantagem o que na verdade tratava-se de uma armadilha e com isso não acumulou as forças . Começa a haver um desequilíbrio pautado em parte pelo poder capitaneado pelo oligopólio da mídia”, analisa. Segundo Tarso líderes partidários associados a esse pacto foram naturalizando uma relação com as elites para que seus privilégios não fossem ameaçados. Quando entra o elemento da corrupção, ele surge na mídia como se o PT tivesse inaugurado essa prática no país, ignorando que na Petrobras os esquemas se estabelecem durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso e que foi nos governos petistas que efetivamente foram criadas condições, estruturas, investimentos etecnologias de combate à corrupção para realizar as mudanças estruturais necessárias.
Tarso Genro avaliou que, dentre as considerações, ainda que sumárias, sobre o que ocorre hoje na crise brasileira, há dois aspectos. “O primeiro é que há um processo que alcança o poder judiciário em que a exceção é naturalizada. A exceção é considerada como regra possível, manifesta formalmente.O juiz Sérgio Moro se transforma no mestre da exceção. O STF é intimidado pelo oligopólio da mídia para consolidar as decisões de primeira instância. Tarso prosseguiu: “a mídia vai fazendo essa sucessão de representações do que seria a seu juízo a melhor qualidade de justiça. A segunda questão é que a mídia naturaliza, oculta ou torna irrelevante declarações de um candidato fascista para que ele não saia do páreo. Isso gera uma aliança original. O grupo presidencial tem uma composição bem nítida. O que Thomas Mann definiu como um encontro de anões. Um presidente fascista, os militares como poder moderador e o ‘Chicago Boy’, Paulo Guedes, que acredita que o Estado é desnecessário. “Nós precisamos de uma rede Internacional de observação da democracia no Brasil”, defendeu.
Ainda na continuidade do Colóquio, Mamadou Ba, ativista do movinento SOS Racismo em Portugal disse que a emergência de um populismo de direita é sintoma do aprofundamento da crise do regime democrático. Para ele, é preciso romper com a ideia de que falar de racismo é levantar fantasmas. “É uma questão complexa para nações pós-colonialistas que não se trata apenas do aspecto cromático. Não podemos entregar a agenda da identidade às forças noturnas. Se alguém é capaz de vociferar livremente discurso de ódio racial, é porque tem alguma legitimidade social e política e é sobre isso que devemos refletir”, defendeu.
“Ou a gente reconstrói valores democráticos onde eles foram erodidos por responsabilidade de atores sociais bem ativos ou dificilmente haverá uma reconstrução democrática. O momento é de pensar numa teoria da intensidade democrática que se transforme em uma resistência democrática”. Essa foi uma das colocações do cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG. Para Avritzer o caso brasileiro é um exemplo de degradação dentro da democracia por assistirmos forças que com os meios da democracia, atacam a democracia. “Isso no Brasil ocorre desde 2013, com rupturas dos pactos democráticos e redução do valor da democracia. Falar nisso implica em dialogar com alguns autores anglo-saxões, como Steven Levitsky, que enumera requisitos como a polarização,o fim da ideia de oposição leal e o incentivo à violência. Mas esse modelo não nos é suficiente. Precisamos de uma teoria democrática mais radical. Não é no campo do elitismo democrático que ela será resgatada”.
Avritzer apresentou uma série de dados apurados pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação , que comprovam como os brasileiros reduzem a defesa da democracia em relação a problemas mais pragmáticos como o desemprego ou a corrupção, ou seja, a solução dessas questões justificaria a quebra democrática para um número cada vez mais crescente de cidadãos. “O combate à corrupção no Brasil é vendido como solução. A ideia do taxista de São Paulo de que a eliminação da corrupção faria surgir um novo Brasil e que esse novo país exige novos atores, se espalhou para outras regiões. Não por acaso as igrejas e as forças armadas aparecem como instituições que mais conquistaram a confiança dos cidadãos”, avaliou. Segundo o cientista político, na atualidade não existem mais estruturas de credibilidade e confiança vinculadas a partidos políticos. Isso é um risco para a política e para a democracia.
Fonte: Por Por Sandra Bitencourt - Diretora de Comunicação do INP, no Sul21
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I No antigo regime, nobres e plebeus compartilhavam o mesmo território, apesar da sua hierarquia e diferença. Os historiadores reacionários observam (saudosos) que a favela e a criadagem montava suas camas dentro dos palácios de Paris no século XVII (cf. Philippe Ariés. História Social da Criança e da Família). Muito antes disso Martinho de Braga acusava a presença do “rústico” no seio da cristandade, o pagão não latinizado que um dia seria , entre nós brasileiros, os negros e tupis. Herdamos da antiguidade tardia e do antigo regime o “tropos” de uma sociedade cindida entre o alto- latino cristão e o baixo- bárbaro pagão. Marcos Camacho foi nos nossos tempos o expoente dessa metade inculta e “desértica” (ou selvagem) do território romano; mais tarde o subúrbio (periferia) pan- africano e tupinambá. É ele que, como chefe de facção , preside o imaginário dos jovens pardos – o Che do Brasil,ele, e não Marighella. O vice- presidente Michel Temer, jurista constitucionalista e chefe de uma outra facção brazílica, personifica o colonizador e a igreja romana, a ortografia etimológica e as belas letras (belles lettres) – o é nóis vs. Vossa Excelência (expressões latinas na raíz sem dúvida, que o rústico conhece nas latinizadas delegacias. O policial, como a academia, se expressa no alto português que o crime organizado inverte e ironiza, ou desconhece: “Saímos em diligência policial e constatamos a veracidade” “ladrão não sô, trabaio lá no –--- lá, faço carreto lá, de boa”
II
“Aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mt, 7, 26-27)
A família de militar, herdeira do coronelismo, guarda as vielas mal frequentadas, pari passu seu reverso dual, o crime, às vezes fundido no miliciano , vanguarda , portanto, do atraso;
Igreja e Rei, Disciplina , são as teias sobre as quais empunharam suas armas cavaleiros e bandidos desde o princípio dos tempos.
De gaveta em gaveta do IML a PM fabrica as estatísticas que o sociólogo teoriza em seu gabinete, de onde a tensão entre a PM fascista e a universidade comunista (sic).
Há um vazio no trono desde o regime militar , Vargas e Pedro II .
No país crescentemente liderado por mães , onde mulheres ascenderam a poucas mas proeminentes posições acadêmicas e políticas, os influenciadores digitais encontram neles a figura paterna
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos
como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? ( Mt, 7, 15-16)
(2015-17)
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https://apoiomutuopt.wordpress.com/
Não será segredo para ninguém que esteja em contacto com o nosso movimento que ele atravessa tempos difíceis. O isolamento, o sectarismo, os ódios pessoais, e a ignorância teórica, estão num ponto mais alto do que alguma vez os antigos anarquistas poderiam ter imaginado. É neste cenário que ressurge a revista Apoio Mútuo, agora transformada em portal online.
Para combater estes terríveis sintomas da queda do antigo movimento, consequência do regime fascista e do apagamento dele feito após o 25 de Abril, vemos como necessária a regeneração ideológica do anarquismo no nosso país. Isto implica a existência de crítica e desenvolvimento teórico em português, tendo em conta especificamente as condições e circunstâncias portuguesas. Da mesma forma, vemos como necessário o restabelecimento da lógica e da ciência como guias fundamentais do anarquismo, ao invés dos dogmas que hoje o paralisam e garantem o seu afastamento das classes dominadas.
A Revista Apoio Mútuo propõe-se a cumprir estes propósitos, e apresentar uma crítica anarquista que seja tanto compreensível pelos anarquistas, como por aqueles que não estão familiarizados com o movimento. Esta possui uma equipa editorial composta por militantes da AIT-SP Lisboa e do CEL_Lisboa, que, além de publicarem artigos da sua própria autoria, fazem a gestão das publicações no geral. Apesar de estas duas organizações serem ligadas ao anarco-sindicalismo, o nosso propósito não é fazer doutrinação ideológica, mas sim desenvolvimento crítico. Como tal, aceitaremos publicar qualquer texto relevante aos nossos temas que nos seja enviado, de modo a potenciar a discussão produtiva entre vários pontos de vista diferentes.
Desejamos força e enviamos a nossa solidariedade a todos aqueles que, tal como nós, têm como objectivo o regenerar da ideologia, e o estabelecimento do comunismo libertário.
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