#reconhecimento da identidade afro-brasileira
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anjbxarts · 3 months ago
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Abayomi
Conta-se que ela foi criada por mães africanas nos navios negreiros para consolar seus filhos. Na vida real, entretanto, mais que um objeto infantil, abayomi é símbolo de resistência, amor e ancestralidade.
Produzida pelas mulheres, a partir das próprias vestes, abayomis distraíam as crianças sequestradas, em África, para a escravidão no Brasil.
Isso, pelo menos, é o que se conta… E é uma história bonita em meio à crueldade e à violência da escravização negra.
A palavra abayomi significa “encontro precioso” em yorubá, idioma original da Nigéria, o país mais populoso de África, na região Ocidental do continente…
abay = encontro e omi = precioso
 Dizem que quando você dá uma boneca Abayomi para alguém, esse gesto significa que você está oferecendo o que tem de melhor para essa pessoa.
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aakineton · 4 months ago
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O artigo que você relata, "O Mito de Exu e a Representação da Encruzilhada", escrito por Paulo Petronilio Correia e publicado na revista Organon , examina profundamente o papel de Exu na cultura afro-brasileira e sua representação como um símbolo de encruzilhada. Exu é um dos Orixás mais complexos e multifacetados na mitologia iorubá, muitas vezes mal interpretado e demonizado na cultura ocidental.
Principais pontos do artigo
Exu na Cultura Afro-Brasileira :
Exu é visto como um mensageiro e uma figura central nas religiões de matriz africana. Ele representa a conexão entre os mundos e é associado à encruzilhada, simbolizando a comunicação e a transformação.
Mito e Demonização :
A figura de Exu, como muitas figuras da mitologia africana, sofreu um processo de demonização devido ao racismo e à desqualificação cultural promovida pela visão ocidental. O artigo busca reparar essa percepção negativa, apresentando Exu em sua verdadeira complexidade e importância.
Encruzilhada como Conceito :
A encruzilhada é apresentada como um conceito importante, não apenas de religião, mas também como um lugar de interseção cultural e epistemológica. É um ponto de encontro e desencontro, onde diferentes sistemas simbólicos e narrativos se cruzam.
Representação da Boca Coletiva e do Trágico :
O artigo explora a "boca coletiva" como um símbolo de resistência e expressão na cultura afro-brasileira. Exu é visto como uma figura que dá voz aos subalternos e marginalizados, afirmando a vida através da transformação e da criatividade.
A Função do Mito de Exu :
Exu é descrito como um princípio de transformação e confusão criativa. Ele é uma manifestação da vida em constante mudança, simbolizando a multiplicação, separação e transformação.
Reflexões do Artigo
Reparação Histórica : O estudo é uma forma de reparar a história e a imagem de Exu, desafiando a visão colonial e racista que frequentemente reduz as figuras da mitologia africana a estereótipos negativos.
Nova Narrativa : O artigo propõe uma nova narrativa para Exu e para uma mitologia afro-brasileira, inserindo-a no contexto das reflexões contemporâneas sobre identidade e cultura.
Impacto Cultural : Ao destacar a importância de Exu e da encruzilhada, o artigo contribui para a valorização e o reconhecimento das tradições afro-brasileiras e seus significados profundos.
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hotelplazadaninnexpress · 9 months ago
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Festival de Cultura Afro-Brasileira: Uma Celebração da Diversidade e Riqueza Cultural
5 minutos O Festival de Cultura Afro-Brasileira, que ocorrerá em Araçatuba, São Paulo, de 4 a 12 de março de 2024, representa uma celebração vibrante da diversidade e riqueza da cultura negra. Este evento gratuito é mais do que um encontro cultural; é um movimento de reconhecimento e apreciação da herança africana na tapeçaria cultural do Brasil. Significado e Objetivos do Festival Celebrando a Herança Africana A cultura afro-brasileira, com suas raízes profundas e influência abrangente, é um pilar crucial da identidade nacional. Este Continue lendo →
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edisonblog · 1 year ago
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Conceição Evarista is a renowned contemporary Brazilian poet.
Her best-known book, "Poemas da Remembração e Outro Movimentos", published in 2008, is a collection that reflects the strength and sensitivity of her poetry, gaining recognition not only in Brazil, but also internationally.
However, nothing is superficial, gratuitous or excessive in Poems of Remembrance and other movements, which is based on social criticism and the depth of each experience, based on the production of a set of strong and creative poems, with a beautiful rhythmic sense, whose Reading awakens emotions, thanks to the empathy that is established between those who read the poems and the emotional and literary expressiveness of Conceição Evaristo, when she brings to light the “submerged worlds, which only the silence of poetry penetrates”.
Her remarkable work is deeply connected to social issues, mainly related to the condition of black women in society.
Making use of varied resources: a rich emotional poetic vision and sentimental, social, family and religious themes;
With courage, experience, a well-defined style and use of intertextualities, the author enunciates poverty, hunger, pain and “the deceptive hope of snaring time”; just as there is room for passion, love and desire.
She was born in 1944, in the interior of Minas Gerais, and her poetry is highly influenced by her personal experiences and the social and cultural reality of Brazil.
Evarista is known for her vigorous and authentic poetic style, which often uses direct and blunt language to address issues of race, identity, discrimination and inequality. Her work is a powerful voice that highlights the struggles, pain and resilience of black women, often marginalized and silenced in society.
Through her writing, Conceição Evarista contributes significantly to the representation and visibility of black voices in Brazilian literature, leaving an important legacy for future generations.
book:
ttps://encurtador.com.br/bnoL0
poem link:
#edisonmariotti 
edison’s Substack
.br
Conceição Evarista é uma renomada poeta brasileira contemporânea.
Seu livro mais conhecido, "Poemas da Recordação e Outros Movimentos", publicado em 2008, é uma coletânea que reflete a força e a sensibilidade de sua poesia, ganhando reconhecimento não só no Brasil, mas também internacionalmente.
Nada, porém, é superficial, gratuito ou excessivo em Poemas da recordação e outros movimentos, que se sustenta em crítica social e no profundo de cada experiência, a partir da produção de um conjunto de poesias fortes e criativas, de belo senso rítmico, cuja leitura desperta emoções, graças à empatia que se estabelece entre os que leem os poemas e a expressividade emotiva e literária de Conceição Evaristo, quando faz despontar os “mundos submersos, que só o silêncio da poesia penetra”.
Sua obra marcante e profundamente conectada às questões sociais, principalmente relacionadas à condição da mulher negra na sociedade.
Fazendo uso de variados recursos: uma rica visão poética emotiva e a tematização sentimental, social, familiar e religiosa;
Com coragem, experiência, estilo bem definido e uso de intertextualidades, são enunciadas pela autora a pobreza, a fome, a dor e “a enganosa-esperança de laçar o tempo”; assim como há espaço para a paixão, o amor e o desejo.
Ela nasceu em 1944, no interior de Minas Gerais, e sua poesia é altamente influenciada por suas experiências pessoais e pela realidade social e cultural do Brasil.
Evarista é conhecida por seu estilo poético vigoroso e autêntico, que muitas vezes utiliza uma linguagem direta e contundente para abordar questões de raça, identidade, discriminação e desigualdade. Sua obra é uma voz poderosa que destaca as lutas, as dores e a resiliência das mulheres negras, frequentemente marginalizadas e silenciadas na sociedade.
Através de sua escrita, Conceição Evarista contribui de maneira significativa para a representatividade e a visibilidade das vozes negras na literatura brasileira, deixando um legado importante para as gerações futuras. @edisonblog
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gazeta24br · 1 year ago
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A comunidade de Sussuarana, um dos maiores e mais populosos bairros de Salvador, prepara-se para celebrar mais uma edição do “Novembro Negro Sussuarana”, com destaque para a emblemática XXI Caminhada da Consciência Negra. Neste ano, a celebração ganha um toque especial com o projeto "Danças Negras e Periferia - Intersecção do Bicentenário e Suas Conexões”, iniciativa que visa fortalecer a cultura negra e promover o diálogo sobre questões sociais e raciais. Sussuarana tem sido um exemplo notável de mobilização comunitária, utilizando a arte como ferramenta para valorizar e empoderar a cultura afro-brasileira. Sob o tema “Intersecções Ancestrais – Danças Negras e Periferia”, a Rede sociocultural de Sussuarana se prepara para uma série de eventos que transformarão o mês de novembro em um período de celebração e reflexão. A XXI Caminhada da Consciência Negra, marcada para o dia 19 de novembro, às 9h30, terá início na Unidade de Saúde da Família (USF) Sussuarana Raimundo Agripino, na Av. Ulysses Guimarães, em Sussuarana Velha, e se estenderá até a Praça do Colégio Estadual Ruth Pacheco, em Nova Sussuarana. O desfile contará com a presença de rainhas, príncipes e princesas das Noites da Beleza Negra em Sussuarana, que representarão com orgulho a comunidade. Além disso, a caminhada será acompanhada por diversas apresentações culturais, incluindo capoeira, a tradicional ala das baianas e grupos de dança. As ruas de Sussuarana se transformarão em um grande palco cultural, onde os espectadores poderão testemunhar a vibrante potência da arte, com suas cores e ritmos. A verdadeira inovação deste ano é o projeto “Danças Negras e Periferia”. Desenvolvido pelo Núcleo Artístico de Favela (NAF), em parceria com o Coletivo Negritude Sussuarana, o projeto busca promover um diálogo aberto sobre questões de conduta social e racial, ao mesmo tempo em que fortalece o reconhecimento e a valorização das identidades étnicas e culturais nas comunidades periféricas de Salvador. Uma das atrações mais aguardadas do projeto é a mostra artística itinerante que será realizada em novembro, coincidindo com a XXI Caminhada da Consciência Negra. Com uma expectativa de aproximadamente 600 espectadores, essa mostra exibirá os resultados das oficinas realizadas durante o projeto, proporcionando uma oportunidade única para a comunidade celebrar sua rica herança cultural e expressões artísticas. A iniciativa procura superar essas barreiras, promovendo a expressão cultural nas comunidades periféricas da capital baiana e incentivando o fortalecimento e a valorização da cultura afro-brasileira. O projeto "Danças Negras e Periferia" foi contemplado pelo Edital Diálogos Artísticos - Bicentenário da Independência na Bahia e conta com o apoio financeiro da Fundação Cultural da Bahia, unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Funceb/SecultBa).
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wesleybrasil · 2 years ago
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Negra Rê: uma ativista que usa o rap como plataforma de ação
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Moradora do Arará (Benfica) viajou o mundo e tem seu nome na história da cultura hiphop nacional
As primeiras batalhas de improviso na extinta sinuca da Lapa 173 despertaram o desejo pela área da educação. As rimas que Negra Rê trocava com seus amigos na Tradicional Batalha do Real eram o início de um discurso forte que acompanharia a história de Renata Almeida dali em diante: a presença feminina no rap, a luta pela educação e a ação efetiva a favor das comunidades cariocas.
Já no seu primeiro ano envolvida com a cultura hiphop (2003), Rê viu o início da sua carreira nos palcos e nas salas de aula com oficinas de reforço escolar através do rap. Passou por lugares como Rocha Miranda (Projeto UNIR - União para Integração e Realização), Vigário Geral (NAH - Núcleo Afro Hiphop), Rocinha (Projeto Pensando Junto, idealizado pelo Rapper Gabriel O Pensador) e Benfica, com Projeto Saciarará que foi criado pela própria Negra Rê e produziu 3 curtas, diversos eventos, shows e Batalha do Passinho. O Saciarará teve ainda o apoio da ong Abides, IPDH, e projeto Saci Tererê (Teresópolis).
Em Rocha Miranda, Negra Rê criou e atuou como educadora na alfabetização de adultos, jovens e crianças com Síndrome de Down.
Indo além da cultura urbana, Rê também atuou na doação de 1.000 mudas para reflorestar o Parque Nacional da Araucária (Mauá, Rio de Janeiro). Ainda no campo ambiental, produziu e atuou na divulgação e produção do projeto 'Papel Artesanal': uma série de exposições de quadros com papel botânico artesanal produzido em Mauá pelo artista plástico Maurício Rosa, idealizador da atividade.
No campo musical, onde é amplamente conhecida, contribuiu com uma série de iniciativas: foi vocalista da banda PARVATI (composta por cinco Mulheres Musicistas).
Foi contemplada com uma viagem para a Europa após participar de um processo seletivo dentre 5.000 inscritos. No Velho Mundo, participou de Workshops e diversos eventos. Também se apresentou em um dos teatros mais icônicos da Inglaterra, o Queen Elisabeth Hall, além de outros lugares na Inglaterra, França e Holanda. Gravou em Birmigham e na Radio Manchester FM - onde participou como convidada especial junto com o Músico Soweto Kinch e Apples and Snackes.
De volta ao Brasil, produziu seu primeiro álbum (o EP Nata da Selva) editado e produzido pelo Produtor Musical Ramiro Mart, com participações de Cone Crew Diretoria, Chimpo e Skeatlles, Green Team (Don Negrone, Mell, Sheep Rimador e Gordo). O álbum teve ainda apoio da Caverna do Dragão Records, Toma da Suíça, Aori Anaga, Guilda Beatmático e D'outro lado estúdio.
Ao lado do produtor musical Ikky Castilho, participou em 2012 na track '21 Comandando o Show'. Foi também atração Do Red Bull Music Academy no Rio Scenarium. Por falar em atração, foi a principal em diversas lonas culturais do Rio de Janeiro. Participou de campeonatos e batalhas do eixo Rio, São Paulo e Juiz de Fora: naturalmente sendo campeã em várias.
Sua relevância na cultura hiphop, especialmente entre as mulheres, foi alvo de um reconhecimento inédito: em 2017 o troféu da Batalha das Musas foi construído em sua homenagem pelas mãos da grafiteira Aila, entregue no Museu de Arte do Rio (MAR), que é um dos principais aparelhos de cultura do país.
Até hoje é integrante do Grupo Musical MESA DE RIMA e é Mestre de Cerimônia da festa JAMBRA (Festa Jamaicana de Música Brasileira). Rê também é idealizadora e produtora do Baile da Rainha RJ e do Baile do João Black (ícone Black da comunidade do Arará).
Seu mais recente trabalho é o Clipe HERESIA, com o cantor, compositor e professor Kellvn.
Atualmente está produzindo o EP IDENTIDADE, onde conta sua história de vida. Nas letras, Rê encara de frente pautas que cruzam sua passagem pela Terra como o Racismo, Afrodecendência e a luta de mãe solo preta periférica pra sobreviver na Babilônia, falando de fé e amor ao próximo. Em breve em todas as plataformas.
Além do álbum, Rê continua seu trabalho como ativista: durante a pandemia do coronavirus criou o jantar Laroyê, que distribui quentinhas para moradores de rua da comunidade do Arará e entorno (Manguinhos e Jacaré). Atua também na doação de cestas básicas para 20 famílias de sua comunidade com ajuda de amigos e projetos parceiros, incentivando e convocando doadores.
Mantendo as origens dos tempos em que Renata se tornou Negra Rê, hoje é possível encontrá-la no palco e nos bastidores da Batalha do Real, onde tem feito direção de palco.
SERVIÇO Negra Rê YouTube - https://www.youtube.com/channel/UCG5gcE2mQewMaJM1XwtHX4A/ Instagram - https://www.instagram.com/negraremc/ Facebook - https://www.facebook.com/negrarerap
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mariangelachagas · 4 years ago
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olhares negros
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             (Alek Wek para Betsey Johnson, outono/inverno 1998)
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Discutir os textos de Carol Barreto e bell hooks à luz dos acontecimentos recentes nos leva a discutir o racismo, ativismo em tempos de redes sociais e onde a moda se insere nesse contexto.
O assassinato do segurança negro George Floyd pelo policial branco Derek Chauvin no dia 25 de maio na cidade de Minneapolis, no Estados Unidos, provocou uma onda de protestos em várias cidades do mundo, pondo em pauta o racismo, injustiça social e a violência policial.
A grande comoção nas redes e nas ruas ocasionada pelo ocorrido nos Estados Unidos joga luz em um problema antigo, mas que, infelizmente, só ganha reforço e repercussão quando uma tragédia acontece.
Para Foucault (2005), o racismo é uma forma de economia do biopoder, que beneficia o Estado, garantindo a regulamentação dos indivíduos e normatização da sociedade. Segundo ele, o racismo tem como objetivos: 1) fragmentar o “contínuo biológico da espécie humana” (p.305), constituindo hierarquias; e 2) estabelecer uma relação positiva com a morte do outro – o outro sendo percebido como anormal, degenerado ou inferior cuja morte é garantia de segurança pessoal e/ou coletiva.
Esse tipo de racismo com viés coletivo – o chamado racismo estrutural – é o que tem o poder de impactar significantemente a vida das pessoas, mas que, muitas vezes, passa despercebido. Suas raízes são profundas e perpassam diversos setores sociais.
Escreve o jurista Silvio Almeida (2018), “a viabilidade da reprodução sistêmica de práticas racistas está na organização política, econômica e jurídica da sociedade” (p.39). Essas práticas constituem barreiras invisíveis que impedem pessoas negras de progredir de maneira igualitária: as oportunidades negadas a elas ou delegadas à maioria branca.
A moda, como parte dessa estrutura, há tempos enfrenta críticas e cobranças acerca da falta de representatividade negra nos cargos de chefia de grandes marcas e publicações, bem como nas campanhas e desfiles. De acordo com Carol Barreto (2015), “ainda hoje os grupos majoritários em representatividade sintonizam por meio da eleição dos padrões de beleza e de bondade, aquilo que deve ser reproduzido pela massa de consumidoras de seus produtos e discursos”. 
Em tempos de redes sociais, as pessoas, de certa maneira, estão mais atentas aos posicionamentos de figuras midiáticas –  isentar-se diante de situações como esta pode ter uma repercussão negativa na imagem e impactos reais, como intervenção nos faturamentos ou boicotes. 
Daí fica o questionamento: o quão real é esse ativismo ou o discurso é apenas midiático?
Os protestos trouxeram a tona novamente o termo ativismo performático. Uma rápida olhada na Wikipédia, a expressão é definida como “um termo pejorativo que se refere ao ativismo feito para aumentar o capital social de alguém, não por devoção a uma causa”. E poucos não foram aqueles que tentaram se promover. 
Perante um movimento antirracista como o Black Lives Matter, muitas pessoas brancas aderem ao ativismo para serem consideradas aliadas e, ao mesmo tempo, apaziguar sua “culpa branca”, como aponta este artigo de Maia Niguel Hoskin para a publicação online Zora.
No texto “Paris está em chamas?”, bell hooks (2019) se dirige a essa questão da representatividade negra contada pelo e para o olhar branco. A autora usa como exemplo o documentário “Paris is Burning”, dirigido pela cineasta Jennie Livingston – branca e lésbica, mas que, de certa maneira, foi eximida da responsabilidade no tocante a questões como apropriação cultural –  que aborda a cultura ballroom nos anos 1980. Segundo hooks, o filme é feito para ser consumido pelo espectador branco, quase como se a cineasta tivesse prestado um favor à cultura negra e drag.
Trazendo esse debate para os exemplos dos posicionamentos das marcas e publicações de moda, sabemos que muitas delas ainda são administradas e/ou dirigidas criativamente por pessoas brancas. Tendemos a louvar seus pronunciamentos online, porém falhamos em cobrar ações concretas, como inclusão negra em cargos de chefia ou maior reconhecimento das contribuições da cultura negra para a moda. 
Ativismo é muito mais do que um quadrado preto no feed ou ajudar a levantar uma hashtag. É necessário educação e informação. Ademais, valem mais ações que não ficam só no online e têm impactos reais. Além das atitudes citadas no parágrafo anterior, outra maneira de se aliar à causa é apoiar e divulgar negócios criados e administrados por pessoas negras.
Com a ajuda de dois artigos elaborados com essa intenção, separei nove marcas que se posicionam afro-brasileiras e busquei elencar suas similaridades.
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A-aurora por Izabela Suzart: acessórios e calçados; Iloostre por Loo Nascimento: acessórios; Dresscoração por Loo Nascimento: vestuário; Diego Gama: vestuário; Dendezeiro por Hisan Silva e Pedro Batalha: vestuário; Adriana Meira Atelier: vestuário; Laboratório Fantasma por Emicida e Evandro Fioti: vestuário e acessórios; Zambia por Vívian Ramos: acessórios; Azulerde por Karla Batista: acessórios. 
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As marcas aqui reunidas são todas autorais e que buscam ressaltar a importante contribuição da identidade afro-brasileira para a moda nacional. São iniciativas que prezam a ancestralidade africana e a cultura brasileira e se situam em diversos setores - vestuário, calçados e acessórios. 
Algumas propostas focam no slow fashion e upcycling, reforçando a importância da sustentabilidade e de ir contra essa lógica do mainstream de “produzir muito para vender muito”. As marcas também se empenham para valorizar a produção e o produto nacional, prezando pelo cuidado e qualidade. 
Suas campanhas (tanto nos desfiles quanto em páginas oficiais) condizem com as propostas das marcas de evidenciar o fora do “padrão” e se sobressair diante da moda hegemônica.
Citando a jornalista Reni Eddo-Lodge (2019), “para desmantelar estruturas injustas e racistas ver raça. Precisamos ver quem se beneficia de sua raça, quem é desproporcionalmente impactado por estereótipos negativos e a quem o poder e privilégio são concedidos (...)”.
Para que a mudança no sistema da moda seja efetiva é preciso subverter essa lógica baseada na exclusividade e na exclusão que há tempos o comanda. 
Se o objetivo é ser mais diverso e igualitário, então é necessário dar protagonismo a quem sempre foi marginalizado, ouvirmos suas necessidades e, dessa maneira, se construir uma nova abordagem para a moda, de quem a faz e para quem ela se destina. 
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Nem tudo que é enfrentado pode ser mudado, mas nada pode alterado até que seja enfrentado. 
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2018.
BARRETO, Carol. Moda e aparência como ativismo político: notas introdutórias. In: Enecult, UFBA, 2015.
EDDO-LODGE, Reni. Por que eu não converso mais com pessoas brancas sobre raça. Belo Horizonte: Letramento, 2019. 
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976) (P.285-316). São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
HOOKS, Bell. Olhares e representações. São Paulo: Elefante, 2019. Capítulo: Paris está em chamas? p. 260-279. 
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escolamunicipalannefrank · 6 years ago
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Oficina de  Abayomi na Escola Municipal Anne Frank
A palavra abayomi tem origem iorubá, e costuma ser uma boneca negra, significando aquele que traz felicidade ou alegria. (Abayomi quer dizer encontro precioso: abay=encontro e omi=precioso ). O nome serve para meninos e meninas, indistintamente. Não se deve confundir com Abaiomi, também iorubá, de significado diverso.
O nome é comum na África, principalmente na África do sul, embora também seja encontrado com frequência até o norte da África, e mais raramente, no Brasil.
No Brasil, além de nome próprio, designa bonecas de panoartesanais, muito simples, a partir de sobras de pano reaproveitadas, feitas apenas com nós, sem o uso de cola ou costura , de tamanho variando de 2 cm a 1,50 m, sempre negras.
A boneca abayomi foi criada para as crianças, jovens, adultos na época da escravidão. As mulheres negras as confeccionavam com pedaços de suas saias, único pano encontrado nos navios negreiros, para acalmar e trazer alegria para todos. Considerado um amuleto até hoje, essas bonecas, assim como os vodus haitianos, são legados de uma cultura milenar.
A história das Bonecas Abayomi, começou com Lena Martins, artesã de São Luiz do Maranhão, educadora popular e militante do Movimento de Mulheres Negras, que procurava na arte popular um instrumento de conscientizaçãoe sociabilização. Logo, outras mulheres, e várias gerações, vindas de vários movimentos sociais e culturais, aprenderam com ela, juntaram-se e fundaram no Rio de Janeiro a Cooperativa Abayomi, em dezembro de 1988, dando continuidade ao trabalho desde então.[1]
A cooperativa estimula as relações de generosidade, o fortalecimento da auto-estima e reconhecimento da identidade afro-brasileira de negros e descendentes, para superar as desigualdades de gênero, integrando a cultural brasileira.
13/11/2018.
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newspapersatolep-blog · 6 years ago
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O espetáculo “Dança dos Orixás” resgata o legado deixado dos africanos que foram submetidos ao trabalho escravo no extremos Sul do Brasil
Em Pelotas, as apresentações acontecem na Charqueada São João, inclusive já foram realizadas seis edições na cidade.
Por: Gisele Moraes
A Dança dos Orixás, parte integrante do culto religioso do Batuque originário do Rio Grande do Sul, ilustra a conexão com as divindades, representando a história dos deuses em sua figura divina e em seu contato com o mundo humano. No Brasil, o panteão dos orixás conta com mais de 10 principais deuses, cada um deles com a sua personalidade e história, evidenciando suas distinções nos shows cênicos através da dança.
Em Pelotas, as apresentações ocorrem desde 13 de maio de 2017, na Charqueada São João. Apesar de todo sofrimento que os negros escravizados passaram, o coreógrafo e Professor de Dança da Companhia de Dança Afro Daniel Amaro (https://www.ciadanielamaro.com.br/), Daniel, diz: “No passado houve sofrimento, hoje é espaço para aprendizado, reflexões e reconhecimento da cultura afro”. A história da Charqueada é marcada pela utilização da mão de obra dos africanos que foram trazidos para o Brasil e submetidos ao trabalho escravo na Industria do Charque.
O espetáculo conta com 7 bailarinos, ou seja, 7 orixás que protegem sua família (Exú, Oxum, Iansã, Ogum, Iemanjá, Xangô e o Oxalá). Os intérpretes e bailarinos são: João Cruz, Juliana Coelho, Carol Lopes, Naiane Ribeiro, Érick Dias, Inajariane Vieira, Emanuel Brizolara,  Débora Mendes e participação especial de Daniele Lopes.
Daniel Amaro, comenta sobre os olhares que algumas pessoas têm sobre a cultura africana: “A dança africana no Brasil ainda é um pouco descriminalizada; Pelotas é uma cidade preconceituosa e conservadora. As pessoas olham com olhares ruins, pensando que dança é somente Dança Clássica ou Contemporânea e acabam desqualificando as outras. Mas me sinto muito feliz nas apresentações. Sei que é um lugar preconceituoso, muito conservador… mas acho que a nossa Companhia de Dança Afro Daniel Amaro está rompendo muitas coisas. Fico feliz em fortalecer essa reflexão aqui em Pelotas”. E acrescenta: “É fundamental nós repensarmos sobre esses lugares, onde os negros sofreram muito em Pelotas e poder dar uma narrativa como negro diante daquele lugar. Até então tinham pessoas brancas fazendo sua narrativa, e hoje, depois que o espetáculo foi parar lá, temos uma fala negra”.
Diante disso, Juliana Coelho, bailarina da Companhia de Dança Afro Daniel Amaro e estudante de Licenciatura em Dança na Universidade Federal de Pelotas, fala da importância da permanência da cultura afro no Brasil: “Acho bem importante. Hoje amadurecida, me sinto forte para dialogar essas questões que se relacionam a identidade racial étnica, a lei 10.639, aspectos relacionados africanidades, negritudes. Foi através da dança que pude me (re)conhecer como mulher negra nesta cidade, neste país e sobretudo em minha própria família”.
Além do espetáculo fazer uma reflexão sobre a história dos negros no Sul, para Juliana, é um momento de empoderamento negro e reconhecimento do corpo e constituição de uma identidade que sofreu rupturas, foi colonizadas e sofre com tentativas de apagamentos: “A dança não possibilitou somente a mim uma série de ressignificações, foi para minha família, amigos, alunos, pessoas que convivem comigo e hoje, também entendem a importância da cultura afro-brasileira na constituição de todos nós, negros e não negros”.
Acrescenta que reconhece a Charqueada como um lugar onde resistiram e lutaram bravamente para que negros pudessem continuar. Essas novas ideias, deram e dão força para lutar, para pesquisar, para estar em cena e através dela “educar” olhares e percepções acerca da poética da dança afro. “Represento Iansã, o que é para mim uma baita tarefa. Na primeira apresentação da “Dança dos Orixás”, em maio do ano passado, eu sofri bastante. Sofri, porque me coloquei na pele dos nossos antepassados, e enquanto dancei, nos momentos de pausa, muita coisa eu escutei, isso de certa forma me fortaleceu. Sinto que o espetáculo tem uma parcela de dialogar com as pessoas que vão lá assistir, mas principalmente, tocar, fazer esse papel da reflexão e até mesmo da identificação para o povo da Umbanda que muito se faz presente”.
Edilaine Dutra, assistiu à uma das apresentações da Dança dos Orixás alegando gostar de arte, cultura e apreço pelo trabalho de Daniel Amaro. “Acho importante toda e qualquer manifestação artística/cultural, em especial arte e cultura africana, não só é importante como necessário manter viva nossa ancestralidade… para que ‘nossa’ história seja difundida e apresentada, sem o peso do preconceito religioso e cultural africano.” alega. Para Edilaine, a Dança dos Orixás representa a cultura afro e religião forte no Brasil: “Por ser contada por pessoas negras, pessoas que vivenciam essa cultura e praticam a religião afro brasileira com respeito.” conclui.
Companhia de Dança Afro Daniel Amaro
Ela surgiu há 18 anos. A cia oferece aulas regulares: terças e quintas às 18h30 ou terças-feiras as 09h00 na rua Dr. Amarante 1009, em Pelotas. Também tem um curso da cultura africana; em cada ano é escolhida uma região para aplicar o curso, neste ano a formação está sendo feita em Novo Hamburgo. A companhia faz, bienalmente ou a cada três anos, audições de bailarinos dependendo da necessidade. Daniel, comenta: “Não existe elenco fixo. As pessoas vão mudando de acordo com as suas necessidades…conforme os acontecimentos. Normalmente, as pessoas vão perdendo o seu tempo para poder trabalhar ou fazer outras atividades”. As crianças também podem participar da companhia e conforme for o rendimento são passadas para o Grupo Jovem da Dança Afro Daniel Amaro e quanto maior a capacidade, passa para um elenco da Companhia.
Ontem, dia 30, iria acontecer a 7° edição do espetáculo A Dança dos Orixás, em homenagem ao Orixá Xangô, pois dia 30 de setembro é o dia dele. Mas devido ao mal tempo, a apresentação foi transferida para o dia 6 de outubro (próximo sábado), às 18h00 na Charqueada São João. A vendas de ingressos serão somente no local do evento das 14h00 até as 18h00 na bilheteria.
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leonakali · 4 years ago
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VERDE DEMANDA
A amável memória que venho compartilhar é sobre o meu primeiro contato com as plantas. Todas as manhãs quando acordava, ia atrás do afago de mãe e sempre a encontrava do mesmo jeito: na varanda, regando e conversando com as plantas, as pernas na forma do número quatro, sustentando toda delicadeza e cuidado em uma perna só.
Ficava na janela olhando, era nítido a felicidade e satisfação florida em seu rosto, a paz que aquele momento trazia. Era admirável ver o quanto elas se entendiam, como eram amigas. Era um dos meus momentos favoritos.
Minha mãe me chamava para perto e eu ia toda serelepe, pisando nas folhas mortas e na água gelada que dava um arrepio na pele. E então começava os ensinamentos: como cuidar, como regar, quais eram para chá, quais eram para banhos, que afastam dor, tristeza, insônia, qual planta era de qual orixá, cada uma com sua finalidade. Era como integrar um clube secreto onde só nós sabíamos nos comunicar, com elas aprendi o significado de amor e cuidado.
Quando se trata da minha história, é impossível não falar da força feminina e ancestralidade presente. A oralidade é algo muito presente na cultura ancestral e na minha família. Começou com os antepassados que passou para minha bisavó indígena, que ensinou para minha avó cabocla Julia e então para a minha mãe.
Fui criada por uma baiana arretada, Dona Jô, que apesar das dificuldades nunca deu o braço a torcer, mesmo trabalhada no azeite de dendê, nunca perde sua “calmomila”, a não ser que mexa com suas crias. Quando chegou na Maré trouxe todo seu saber, criando raízes permanentes e gerando quatro frutos. Nos tornamos sementes e hoje continuamos semeando o território. Sou filha caçula de quatro irmãs.
O conhecimento e a conexão com plantas e ervas, a linhagem de curandeiras, está presente na história da minha família. A partir desse convívio, entendi o que era o mundo e qual era meu papel nele. Quando reflito sobre minha linhagem ancestral, espiritual e genética vejo que também estou ligada a um pensar que vem de África e da ideologia de ser comunidade e não somente eu. Ao mesmo tempo que sou corpo individual, sou corpo coletivo por trazer essa herança no meu DNA. Isso também aprendi na umbanda, prática religiosa que faz parte da minha vida desde o nascimento.
A mãe Carol, minha mãe de santo, é uma mulher forte, bondosa e altruísta. Conversamos bastante sobre espiritualidade e a importância da conexão com o universo. Podemos afirmar que o orixá é a própria natureza, a energia, a força oriunda da água, da terra, do ar e do fogo.
“Vejo a umbanda como amor, luz, semeadora da paz, união e empatia, sempre visando a caridade, ajudar ao próximo e isso mescla com o cuidar da natureza e viver em comunidade. Para melhorar o lugar em que vivemos precisamos respeitar e cuidar dessas forças.” - Mãe Carol
Precisamos descolonizar a ideia de que somos seres superiores e isso nos dá aval para desconsiderar outras formas de vida ao nosso redor.
A Europa segue a filosofia do penso, logo existo, colocando-se em primeiro lugar. Quando falamos de África, seguimos a filosofia ubuntu, sou porque somos, que tudo se dá a partir da coletividade. Somos a natureza. Tudo é um ciclo. Nós fazemos parte desse todo e se não cuidamos, estamos nos descuidando também. Podemos usar o saber ancestral para transformar. Mesmo tendo essa ideologia, ainda demonizam as religiões de matrizes africanas tornando a intolerância algo muito presente.
“É terrível o que está acontecendo, nossa sociedade precisa entender que não somos o sal da terra. Temos que abandonar o antropocentrismo; há muita vida além da gente, não fazemos falta na biodiversidade. Pelo contrário. Desde pequenos, aprendemos que há lista de espécies em extinção. Enquanto essas listas aumentam, os humanos proliferam, destruindo florestas, rios e animais. Somos piores que a Covid-19. Esse pacote chamado de humanidade vai sendo deslocado de maneira absoluta desse organismo que é a Terra, vivendo numa abstração civilizatória que suprime a diversidade, nega a pluralidade das formas de vida, existência e de hábitos.” Ailton Krenak - O Amanhã Não Está À Venda
No contexto das favelas cabe mencionar os ataques amplamente noticiados na imprensa em setembro de 2017 onde terreiros e outros espaços vinculados ao Candomblé ou à Umbanda, atribuídos a grupos que controlam a venda de drogas nas favelas. Segundo a pesquisadora Christina Vital da Cunha, da Universidade Federal Fluminense, integrantes desses grupos vêm coibindo a prática dessas religiões nas favelas cariocas há mais de dez anos, proibindo até mesmo o uso dos trajes brancos, o que está levando líderes e seguidores a deixar as localidades onde são ameaçados e perseguidos.
No caso da Maré, apenas 1.349 pessoas maiores de 15 anos foram declaradas seguidoras dessas crenças, sendo 786 (0,7%) espíritas ou espiritualistas e 563 (0,5%) de denominações afro-brasileiras. Essa baixa representação pode ser consequência da imensa pressão contra o espiritismo e as religiões afro-brasileiras promovida nas últimas décadas.
Para me aprofundar na pesquisa e registro dessa memória, construí um formulário do google forms que enviei entre os dias 1 a 15 de Novembro a 50 pessoas, todas moradoras dessa imensa Maré. Percebi que os principais resultados estão ligados ao racismo.
O racismo religioso no território afeta diretamente na vida dos praticantes, gerando medo e desconforto. Mesmo com o passar dos anos ainda é algo presente na rotina de quem vive a religião. Isso é resultado de uma história dolorosa, onde nossos ancestrais, escravizados e toda sua cultura foram e são até hoje desvalorizados. Algo ainda enraizado no Brasil, que é um dos países com a maior população preta e tudo que vem de nós é depreciado.
O Racismo se manifesta quando um indivíduo interfere na liberdade de crença e expressão de outra pessoa, praticando diversas violências como: ataques físicos, morais, escrita, gestual, intelectuais e verbais, seja por insulto ou fazendo “piadas” do tipo "Chuta que é macumba".
Existem diversos casos recorrentes de terreiros depredados, denunciados, irmãos sendo machucados, pais e mães de santo linchados na rua, casas de artigos religiosos de religiões de matrizes africanas destruídas. Assim como simplesmente andar de roupa branca pode te tornar alvo do racismo. É tratado como racismo e não preconceito religioso, porque é evidente as perseguições às nossas raízes. Segundo o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) as denúncias durante 2018, as religiões mais atingidas são a Umbanda e o Candomblé.  Tendo em mente que essas religiões não são proselitistas, ou seja, não tem como ideal converter pessoas, mas sim de aconchegar quem a procura.
Os dois grupos religiosos predominantes no conjunto da Maré são os católicos (47,2%, próximo ao da cidade do Rio de Janeiro, que é de 51,1%,) e os evangélicos (são 21,2% na Maré e, na cidade, 23,4%). Conforme o Censo 2010 do IBGE.
Então, cresce a presença de pessoas brancas nos cultos afro-brasileiros, ao mesmo tempo em que os negros os moradores das favelas e principais atores sociais dessas manifestações religiosas no passado veem diminuir seus espaços de poder, participação e elaboração. Tais atitudes inibem os praticantes a assumirem seu pertencimento ao axé, mascarando assim sua verdade com outra religião ou buscando outros lugares fora do território, onde se sentem livres para praticar sua crença.  
“Essa depreciação da palavra macumba, essa desqualificação que essa palavra sofreu e que de certa maneira acaba inclusive, pegando muita gente que é da linha da macumba que não quer que seja dito isso. Eu conheço muita gente que diz ‘ Olha, eu não sou macumbeiro, eu sou espírita ou não sou macumbeiro, sou outra coisa.’ Então disputar esse termo, mostra como houve uma desqualificação no campo simbólico desses termos, que a rigor é a desqualificação das práticas, que a rigor é a desqualificação desses saberes com potenciais capazes de produzir incessante beleza, incessantemente o olhar original sobre o mundo, isso contamina até mesmo quem circula em torno desses saberes. Então me parece que essa desqualificação, ela flerta com essa questão que o Fannon levanta, que é a questão da vitima do racismo acabar de certa maneira, incorporando a inferioridade da sua própria cultura que é a tarefa medonha da educação.  Por isso temos a tarefa urgente de deseducar. Deseducar para que a gente possa viver a experiência política e poética da liberdade.”    Luiz Antônio Simas - A ciência das Macumbas
Para não permitir que a sociedade que impõe, nos paralise por medo ou receios de julgamentos, precisamos nos cuidar, mas para mudar o mundo precisamos começar por nós mesmos.
Todos esses fatores estão ligados ao não reconhecimento de nossas raízes, da nossa ancestralidade, que equivocadamente achamos que está ligada à religião, quando na verdade se trata da nossa linhagem familiar, da identidade histórica. Nossa linhagem ancestral, espiritualmente e geneticamente falando, estão interligadas, essa herança está cravada em nosso corpo. É de extrema importância assumir nossos antepassados, sabermos de onde viemos, porque estamos aqui e entender para onde vamos, assim temos autonomia e força para combater as mazelas cotidianas.
Os dados do Censo Maré afirma que 52,9% das pessoas residentes no território foram declaradas como pardas, 36,6% como brancas e 9,2% como pretas.A cor parda, mesmo que por influência da naturalidade em outra região do país, não exclui a descendência em potencial da árvore afrobrasileira.
As favelas cariocas têm uma forte presença de pretos, em sua maioria naturais do Rio de Janeiro e nordestinos, na Maré não é diferente. Com o desleixo do poder público em garantir direitos à moradia de qualidade, essas pessoas se organizam para garantir seus espaços e surge então a favela. Com a construção da Avenida Brasil, acontece uma imensa imigração de nordestinos para o território, aumentando a Maré e a transformando em bairro.  
Somos descendentes do povo da terra, que veio do sertão. A partir de um êxodo rural, trouxeram toda sua força e saber ancestral para o território. Tudo se deu através da mobilização e garra de nossos pais e avós e a cada dia esse legado vem se fortificando.
Fomos nós quem construímos nossas moradias, com a imobilização e força conseguimos o acesso a água, energia, ao asfalto. O poder dos antepassados é inquestionável, nossa herança não é só essa força, mas também toda essa falta de direito que afeta nosso ambiente e nossas vidas todos os dias.  Convivemos com a privação de acesso a um ambiente sadio desde a colonização. Tendo em mente as perseguições e a desumanização dos corpos pretos, o lugar em que vivemos também sofre com mais uma vertente do racismo, o ambiental.  Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos têm de estar assegurados de saúde, bem estar, alimentação, alojamento e acesso a serviços sociais necessários. Infelizmente, essa não é a realidade de muitos favelados. A Maré é cercada por três principais vias expressas do Rio de Janeiro: Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil. Assim somos prejudicados com a poluição sonoras e poluição do ar, trazendo diversas doenças físicas e mentais para os moradores.
Outros desafios cotidianos são: a falta de saneamento básico, recorrentes faltas de água, esgoto a céu aberto, coletas de lixo apenas em algumas partes do território, construções irregulares, diminuição de áreas verdes, entre outros. Em 2010 uma obra que custou R$ 20 milhões, a fim de preparar a cidade para as Olimpíadas, puseram tapumes cercando todas as 17 favelas da Maré, nos escondendo do restante da cidade, afirmando que nosso território não é uma área maravilhosa.
Essa verba poderia trazer melhorias significativas para a favela, mas o objetivo sempre foi o mesmo: invisibilizar, ocultar e privatizar nossos direitos enquanto camufla e não resolvem o real problema.
O poder público erra ao fazer planejamentos para a favela sem ouvir a favela. Como exemplo, temos as escolas no Salsa e Merengue, que foram construídas em uma área de lazer, arborizada. Deixando os moradores daquela região sem um bom espaço de entretenimento. A Clínica da Família no Pinheiro, tem um esgoto a céu aberto atrás da unidade, o que é um agente nocivo a saúde, sendo também estruturada em uma área de lazer.
Esses espaços saudáveis estão cada vez mais escassos. Não digo que saúde e educação seja ruim, mas a responsabilidade de não pensar novas áreas. Essa falta de arborização gera ondas de calor, que vem aumentando ao decorrer dos anos, nos atingindo de uma forma agressiva.
O que algumas pessoas alegam ser privilégio, nós chamamos de direitos mínimos e necessários para uma vivência digna e segura. Quando falamos de racismo ambiental na Maré, a primeira coisa que destaca-se é a hierarquia social. Isso sempre aconteceu para a manutenção do racismo. Esses descanso nos afetam diretamente e devemos ter em mente que acontece por ausência de direitos e não por culpa do morador.
Nos comunicar de forma direta é essencial, criar uma articulação social favelada, nos inspirando na nossa história, que tem uma ciência ancestral muito característica da favela e devemos dar seguimento a isso. Nos organizamos em um lugar que não havia pretensão de cuidado público e teve resistência.
É na favela que achamos a solução. Ainda que nossa garra seja indiscutível, precisamos continuar exigindo respeito e direitos. Sem a viabilização conseguimos realizar, com ela podemos fazer muito mais. É fundamental desconstruirmos a imagem de que a favela não se importa com o meio ambiente.
Entendendo que meio ambiente não é só florestas distantes, mas o lugar que vivemos, onde devemos cuidar e zelar pelo mesmo. Esses espaços verdes trazem diversos benefícios e aproximação à natureza, que é o mar, o ar, você, a planta.
Hoje a principal razão para o cultivo de plantas no território é a decoração do ambiente doméstico, conforme declarado em 89,3% dos domicílios. Contudo, não é desprezível que a finalidade medicinal seja a principal motivação em 6,2% dos lares da Maré, mais até do que a culinária ou alimentação, que alcançam, como motivo principal, menos de 1% dos domicílios. 6% é pouco pra tanto legado de gente que veio pra cá.
Nossos ancestrais nos ensinam o conhecimento da terra, do plantar e precisamos nos apropriar desse saber. Criar uma relação íntima com as plantas e enraizar no dia a dia. Plantar é tudo, é a base para o bem estar. A partir dessa vivência surgem novos entendimentos: a conscientização que tudo que consumimos torna-se parte da gente de alguma forma.
Cultivar nossos próprios alimentos nos dá autonomia de fazer escolhas seguras e mais saudáveis, muitas coisas são chamadas de comida mas não são alimentos. A agricultura é escassa, não é pop mas é um direito da favela, assim como comer bem é um ato político. É importante entender a soberania alimentar e nos favorecer dela.  As plantas que nos alimenta fazem parte do nosso ser e nos ajudam a compor as energias físicas e espirituais.
Podemos usar a medicina natural ancestral para nos cuidar com banhos, chás, na alimentação diária, purificação, limpeza de ambientes e renovar energias. Muitas pessoas usam esse poder ao seu favor e não sabem como isso afeta positivamente na sua vida.
Atualmente existe a necessidade de retomar os cuidados com a natureza e ter novas visões, buscando o saber sagrado ancestral que tem a força para resolver os desafios dessa nova jornada. Um adinkra chamado Sankofa, simbolizado por um pássaro africano de duas cabeças, deixa a mensagem: “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás”. Quer dizer que, podemos voltar ao passado, aprender com nossos antepassados e ressignificar o presente. Transformar o hoje para melhorar o amanhã.  
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ultraisabarrosmartins1978 · 5 years ago
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15 shows brasileiríssimos para curtir no Sesc SP durante as férias
Falou do Sesc SP, o coraçãozinho catraqueiro até pula de felicidade! E para compartilhar todo esse amor com vocês, selecionamos 15 shows lindos, maravilhosos e dançantes pra tu curtir durante essas férias tão aguardadas. Tem atração gratuita e paga, mas nada ultrapassa os R$ 40, combinado?
E óh, sem desculpas para não aproveitar o rolê, pois os shows rolam em diversas unidades, englobando a cidade todinha. Preparadxs?! Então bora!
SÃO PAULO RETRÔ: PASSEIOS HISTÓRICOS GUARDAM A MEMÓRIA DA CIDADE
Bora desbravar os shows do Sesc SP? Chega junto:
Jadsa
Com influências que passeiam pelo pop, rock e jazz, Jadsa tem como referência a música brasileira produzida no final dos anos 1960 e na década de 1970.
Seu som tem Jards Macalé, Gal Costa, Caetano e Gil, além da vanguarda paulista de Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé como inspiração.
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A cantora se apresenta no Projeto Quentura, do Sesc Vila Mariana. Às sextas, a unidade recebe shows leves e descontraídos no início da noite para refrescar dias quentes e esquentar dias frios.
Onde: Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana Quando: 20/12, às 18h Quanto: Grátis
Ilú Obá de Min
O Bloco Afro Ilú Oba De Min é uma intervenção baseada na preservação de patrimônio imaterial, trazendo a beleza das culturas tradicionais para a região urbana.
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Coordenado pela arte-educadora e musicista Beth Beli, que desenvolve pesquisa sobre matrizes africanas e afro-brasileiras há mais de 20 anos, o trabalho objetiva a inserção de mulheres, crianças e adolescentes nas culturas tradicionais negras e no estudo das influências africanas na cultura brasileira.
Pelo Projeto Samba com Elas, o Ilú comanda uma roda de samba em homenagem a ninguém mais, ninguém menos que Leci Brandrão!
Onde: Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana Quando: 22/12, às 15h Quanto: Grátis
Jaloo
O novo disco de Jaloo – intitulado ft – tem o conceito inteiro pautado em parcerias com artistas, produtores e compositores que ele admira e com quem conviveu nos últimos três anos.
Todas as canções têm participações especiais – De Dona Onete a Karol Conka – seja na composição, na produção e/ou na interpretação.
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É um disco pop, brasileiro, mas que dialoga com o resto do mundo em termos de ritmo.
Há um funk 150 BPM com guitarra, “Movimenta”, com a drag funkeira Lia Clark. Há um romântico brega rasgado, mas com batidas atuais um dueto de Jaloo com a conterrânea Dona Onete. Há “Céu Azul”, ft. com MC Tha.
Onde: Sesc Bom Retiro – Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro Quando: 3/01, às 21h Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Rael
Rael apresenta nesse show as músicas de seu mais recente álbum, “Capim Cidreira”, marcando uma mudança em seu processo criativo, com o artista participando da produção e concebendo sua obra do começo ao fim.
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Recentes visitas a três países da África – Angola, Zimbábue e Tanzânia – o aproximaram de referências locais, o que também contribuiu para a identidade desse novo álbum.
Onde: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia Quando: 3 e 4/01, às 21h30 Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Otto
Neste show, além de apresentar as faixas do último disco, Otto também relembra alguns de seus outros sucessos de carreira, como “6 Minutos” e Saudade”.
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Ao lado de Otto, apresentam-se Junior Boca (guitarra), Bactéria (teclado), Carranca (bateria), Meno Del Picchia (baixo), Malê (percussão) e Buguinha (programações eletrônicas).
Onde: 24 de Maio – Rua 24 de maio, 109 – Centro Quando: 8 e 9/01, às 21h. Sessão extra no dia 9, às 18h Quanto: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia-entrada); R$ 12 (credencial-plena)
Tássia Reis 
Em “Próspera”, Tássia Reis fala sobre seguir em frente, progredir e valorizar um olhar mais delicado com a vida, rompendo ideias, ciclos e histórias.
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Gravado entre março e abril de 2019, o disco tem produção assinada por DJ Thai, Eduardo Brechó, Jhow Produz, Nelson D e Willsbife, além da própria Tássia Reis.
A mixagem e masterização de “Próspera” são de Luis Lopes. O disco foi selecionado pelo Natura Musical por meio do edital 2019, com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura.
Onde: Sesc Bom Retiro – Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro Quando: 10/01, às 21h Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Ana Cañas
A cantora e compositora Ana Cañas traz, pela primeira vez ao Sesc Pompeia, seu último disco “TODXS”, indicado ao Grammy Latino 2019.
O disco apresenta letras fortes e ideias afiadas-afinadas com o seu tempo, contemporâneo nas temáticas, lirismos e subjetividades.
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Com beats eletrônicos pesados e grooves sensuais, o álbum consagra a maturidade de Ana Cañas como cantora, compositora e personalidade pop.
Acompanhada por Monica Agena (guitarra) e DJ Nato PK (beats), Ana faz um show inédito e potente.
Onde: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia Quando: 10 e 11/01, às 21h30 Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Chico César
O cantor e compositor paraibano Chico César apresenta seu novo trabalho, “O Amor é um Ato Revolucionário”.
O álbum foi construído a partir de reflexões sobre o Brasil contemporâneo e as possibilidades do amor, mergulhando em gêneros como MPB, reggae e frevo.
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No show, Chico César sobe ao palco acompanhado de Helinho Medeiros (teclados), Ana Karina Sebastião (baixo), Gledson Meira (bateria), Simone Sou (percussão), Sintia Piccin (sopros) e Richard Fermino (sopros).
Onde: 24 de Maio – Rua 24 de maio, 109 – Centro Quando: 11 e 12/01, às 18h. Sessão extra no dia 11, às 21h Quanto: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia-entrada); R$ 12 (credencial-plena)
Drik Barbosa
Representante do rap e R&B nacional, a cantora e compositora, que integra o coletivo Rimas e Melodias, faz show com repertório que abraça seu EP solo, “Espelho” (2018) e o novo álbum, recém lançado “Trovoa”.
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O disco tem participações especiais de Gloria Groove, Karol Conka, Emicida, Luedji Luna e Rael e do grupo ÀTTØØXXÁ.
Onde: Sesc Guarulhos – Rua Guilherme Lino dos Santos, 1.200 – Jardim Flor do Campo Quando: 11/01, às 20h. Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Quebrada Queer
A ideia de uma cypher pioneira no Brasil deu origem ao Quebrada Queer, coletivo formado por cinco artistas independentes.
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São eles: Guigo, Harlley, Lucas Boombeat, Murillo Zyess e Tchelo Gomez. Todos negros e gays que fazem o hip-hop/rap de base para seus sons somando com outros estilos de origem negra como afropop, trap, r&b, soul e dancehall.
Onde: Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga Quando: 12/01, às 18h Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Francisco, El Hombre
O grupo formado por Juliana Strassacapa, Mateo Piracés-Ugarte, Sebastián Piracés-Ugarte, Andrei Martinez Kozyreff e Rafael Gomes apresenta seu show mais recente com canções que marcaram a carreira da banda.
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Com seu mais recente disco “RASGACABEZA”, o grupo promete botar geral pra pular muito em um show eletrizante e perfeitamente agitado.
Onde: Sesc Campo Limpo – Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120 – Campo Limpo Quando: 17/01, às 20h Quanto: Grátis
Rincon Sapiência
Rincon Sapiência apresenta o repertório de “Mundo Manicongo: dramas, danças e afroreps”, segundo álbum da sua carreira, que viaja pelos mais diversos ritmos, norteado pela musicalidade de vertentes da música pop contemporânea africana.
O trabalho expõe a sua evolução como artista e produtor musical, e traz a assinatura de Rincon na produção e direção do álbum.
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Com instrumentais dançantes e divertidos, o disco conta com as participações de Lellê, Rael, Gaab e do coletivo de Mc’s Audácia, além dos baianos do grupo ÀTTØØXXÁ e da cantora e Mc Duquesa.
Com uma pegada menos orgânica e mais psicodélica, no álbum também se destaca o diálogo com ritmos originários das periferias, como o pagodão baiano e o funk brasileiro – desde o Mandela até o 150 bpm.
O artista sobe ao palco acompanhado do DJ Mista Luba, Robson Heloyn (guitarra), Amanda Telles (percussão) e duas dançarinas, valendo-se também de improvisos próprios feitos com instrumentos e sintetizadores.
Onde: Sesc Itaquera – Avenida Fernando Espírito Santo Alves de Mattos, 1000 – Itaquera Quando: 25/01, às 15h Quanto: Grátis
Karina Buhr
Karina Buhr apresenta o repertório de seu mais recente álbum, “Desmanche”.
As canções produzidas em parceria com Régis Damasceno (da banda Cidadão Instigado) traz referências do manguebeat de Chico Science em uma mistura de músicas oriundas das tradições populares, como o maracatu e o coco, com guitarras pesadas e sonoridades eletrônicas.
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Karina Buhr (voz e percussão), Regis Damasceno (guitarra), Maurício Badé (percussão), Charles Tixier (MPC e teclado)
Onde: 24 de Maio – Rua 24 de maio, 109 – Centro Quando: 25 e 26/01, às 18h. Sessão extra no dia 25, às 15h Quanto: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (credencial-plena)
Mc Tha
A cantora paulistana MC Tha apresenta seu primeiro álbum de estúdio, “Rito de Passá”.
O disco, produzido de forma independente, passeia pelas lembranças íntimas da artista, presentes nas letras compostas por ela e em experimentações sonoras.
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O bairro Cidade Tiradentes, o Nordeste, a solidão em São Paulo, as raízes espirituais e o grito de um povo forte são alguns dos temas presentes.
Onde: Sesc Itaquera – Avenida Fernando Espírito Santo Alves de Mattos, 1000 – Itaquera Quando: 26/01, às 15h30 Quanto: Grátis
Acorda Amor
Acorda Amor. O título já antecipa uma pluralidade de significados que se ajustam acertadamente a este disco. Remete à famosa canção de Chico Buarque, inserindo a obra numa tradição crítica da música popular brasileira.
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A proposta, materializada em disco pelo Selo Sesc, tomou forma como um grito de resistência e de afirmação das causas identitárias, todas em busca de tolerância e reconhecimento.
Com Liniker, Luedji Luna, Letrux, Maria Gadú e Xênia França, jovens cantoras que compartilham talentos e visões de mundo e interpretam aqui, nomes consagrados da música nacional, num repertório que dialoga com movimentos recentes.
Onde: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia Quando: 31/01 e 1º/02, às 21h; 2/02, às 18h Quanto: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia-entrada); R$ 12 (credencial-plena)
Para apurar seus ouvidos, preparamos um listão com vários lugares para ouvir jazz em Sampa. Dá só uma espiada!
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15 shows brasileiríssimos para curtir no Sesc SP durante as fériaspublicado primeiro em como se vestir bem
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pequiseafins · 6 years ago
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Tem cultura africana em Goiás? Tem!
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O Coletivo Babilônia juntamente com Bruno Vieira (Bruno Caveira), DJ e produtor musical, está à frente da organização do evento Afrikaliente, que aconteceu no dia 17 de junho à partir das 20 horas em Aparecida de Goiânia, na Casa Cultural Babilônia. A ideia do evento surgiu quando se pensa no racismo histórico em que a sociedade brasileira ainda é submetida, contrastado com a noção de empoderamento dos afro-brasileiros, traduzida nas tradições africanas ainda presentes em nossa cultura, seja na música, artes ou artesanato. O evento Afrikaliente dá voz à tais tradições e as evidencia, fazendo com que se perpetuem entre o povo brasileiro.
Em entrevista para o Acontece na Cidade, Lara Jordana Brandão, integrante do Coletivo Babilônia, utiliza-se do seu local de fala como mulher negra, para evidenciar a importância de eventos como esse na luta contra o racismo e preconceito. Ela também ressalta que o coletivo é composto por mulheres, mas não se constitui como um coletivo de mulheres negras. Também foram entrevistados dois artistas negros que participaram do evento: Raquel Rocha, modelo da marca Tafá, que tem como proposta o empoderamento étnico e religioso baseado na cultura afro-brasileira e Ritchelly Oliveira, artista plástico que evidencia o corpo negro em suas obras.
Acontece na Cidade - Qual a sua trajetória ante ao movimento negro? Você acredita que eventos como o Afrikaliente podem ajudar a conscientizar as pessoas quanto à condição do negro na sociedade?
Lara - Graças a vivência como mulher negra, desde muito cedo tenho estado presente na caminhada do movimento negro em nosso país, mas atuando, de fato, como ativista/militante, começou a partir de alguns questionamentos que partiram da minha subjetividade, e de alguns influenciadores digitais (Nátaly Nery, Gabi Oliveira, Tia Má, Murilo, PH Côrtes) que militam em prol do assunto e trazem à tona a existência de algo que resiste na sociedade: o racismo estrutural, que precisa mais que urgentemente acabar.
Essa edição do Afrikaliente que aconteceu na Casa Cultural Babilônia vai além de nos conscientizar sobre a condição de pessoas pretas na sociedade, pois a perspectiva aqui é diferente. O evento traz à tona o que temos de melhor, a ancestralidade que alguns estilos musicais carregam, que nos remetem a matrizes africanas e seus ritmos, além da valorização da estética negra e a presença dessas pessoas dentro do movimento artístico, que mesmo devagar, tem ganhado grandes nomes e nos deixando algo importantíssimo: a representatividade.
Ritchelly - Durante muito tempo meu trabalho foi focado nas minhas experiências afetivas, de como eu lidei, e continuo lidando com essas quebras que temos nas nossas vidas amorosas. Mas cheguei a um ponto de que já não era mais suficiente apenas essa fala pessoal. Precisei ampliar essas experiências, trazer voz de outras pessoas. Creio que minha entrada ao movimento negro veio de forma muito orgânica após essa reflexão. Hoje meu trabalho tem uma forte fala desse movimento. E com tudo que vem acontecendo no cenário social, político no Brasil – mas não só no Brasil, no mundo também – é de grande importância dar essa espaço de visibilidade à comunidade negra, que sempre foi invisibilizada na história do nosso país. E poder falar disso no meu trabalho, e trazer de forma pessoal, afetiva, mostrando o lado afetivo de cada um, é de extrema importância não só pra mim, mas para milhares de pessoas que têm suas vozes silenciadas, suas histórias apagadas. O Afrikaliente veio juntamente para somar mais ainda nessa luta. Nossa cidade carece de espaços como este, que dê força e voz para que possamos nos unir através da arte.
Raquel - A minha trajetória no movimento negro começa pela minha descendência, que é negra e índia. Mesmo minha pele não sendo muito escura, eu não sou branca, não tenho os privilégios brancos. Sou considerada a “mulata” brasileira, e dentro do movimento negro, que é muito novo historicamente, você só é negro se tiver a pele escura. Eu já ouvi muito que eu não era negra por ter a pele mais clara, mas ao mesmo tempo meu cabelo é crespo, minha descendência é negra, meus lábios são fartos, meu nariz é largo. É uma crise de identidade, principalmente no cenário goiano, que enfraquece a luta e pode ser bem excludente com quem não se encaixa no padrão esperado para a mulher negra. Eu deixei de partir de uma luta de comunidade para partir em uma luta individual, e eu expresso isso em minhas obras, que são de cunho racial e religioso afro-descendente, eu sou do candomblé, e sofro muito preconceito com isso, por uma religião de raiz africana e não tão aceita pela sociedade e até mesmo por umbandistas.
Considerando-se as obras expostas no evento, que têm uma linguagem e uma expressão nessa linha de cultura africana, pode-se dizer que é um trabalho bem importante, com obras artísticas que abarcam de forma poética e protagonizadora a população negra, porém o evento como um todo não abraça essa temática de uma forma social para a conscientização da sociedade, apenas remete ao tema da África. Exemplos disso são que o DJ escolhido (Bruno Caveira) não era negro, a maior parte do público também não. Durante o tempo em que eu participei do evento expondo, as músicas tocadas também não eram totalmente da cultura africana.
A.C. - Visto a atual situação política do país, é necessário um debate sobre como os negros são vistos e tratados no dia-a-dia. Como é possível trabalhar questões como o racismo estrutural e o genocídio dos negros, dialogando diretamente com a noção de empoderamento de pessoas negras?
Lara - Não sei, na verdade isso é um grande desafio. Conseguir garantir que pessoas negras se empoderem e ao mesmo tempo tentem anular alguns fatos como o de que são elas a maioria nos presídios; a maioria nos trabalhos com as piores remunerações; com homens negros que têm uma expectativa de vida inferior aos dos homens brancos, e mulheres negras que sofrem com o preterimento constantemente em seus relacionamentos. O empoderamento dessas pessoas é um ato de resistência diário, mas infelizmente há muito o que se fortalecer dentro do movimento negro para que esse diálogo tenha realmente uma boa absorção.
Ritchelly - É muito claro no nosso dia a dia - seja na faculdade, na rua ou no trabalho - que o preconceito ainda acontece, e mesmo sabendo que todos deveriam ter os mesmos direitos e oportunidades, na realidade desse dia a dia isso não acontece. Eu acredito que se empoderar e não se deixar calar diante dessa opressão é o caminho para que todos sejam ouvidos e vistos como deveria. Acredito também que falar e mostrar a importância sócia histórica que os negros tem em nosso país é fundamental.
Ao falar sobre empoderamento, podemos observar que o espaço que a mídia dá para pessoas negras, em sua grande maioria, é a partir da hiperssexualização ou marginalização de seus corpos, o que é extremamente agressivo e silenciador. É muito importante que consigamos mudar esse cenário para que esses indivíduos possam estar nestes lugares de visibilidade, levando seus conhecimentos, cultura e história, de modo que não sejam vistos como um corpo marginalizado ou hiperssexualizados.
Raquel - A construção cultural do cidadão deveria ser evidenciada desde a educação primária. O preconceito surge da família, do vínculo social em que a criança está inserida, e a escola deveria ter um papel social muito importante para desconstruir isso. É nela que vão se criar os conceitos formais, e se lá a criança aprende que o preconceito é errado, ela vai ter a referência da escola, vai absorver essa idéia.  A família é um ciclo, então a escola tem um papel fundamental na construção do cidadão, ela transforma gerações, não é uma mudança que ocorre de um dia para o outro. E é na escola que a criança sai do âmbito familiar para um âmbito social, com choques de cultura e diversidade. O empoderamento ocorre já nessa época, quando a criança vê que ali ela tem voz, é representada e é um tema a ser tratado.
A.C. - Quando se pensa no racismo histórico em que o Brasil é inserido, contrastado com a divulgação e preservação das culturas africanas presentes na arte, música ou artesanato, como tais tradições podem servir como ferramentas no combate ao racismo?
Lara - A partir do momento em que a cultura da população negra passa a ser desmistificada e valorizada através das artes, o combate ao racismo começa a tomar formas. Pois através desses mecanismos, o que se espera é um outro olhar, o olhar de quem aprecia, valoriza, respeita a ancestralidade e a história de resistência que pessoas negras carregam muito além do seu passado de escravidão e outras violências que sofreram no Brasil. Graças a preservação da cultura africana, as pessoas negras passam a se reconectar com a própria história e aos poucos a visualizar o racismo estrutural que constrói as estruturas sociais. E até mesmo o ato de admitirmos que o racismo é estrutural é uma forma de combatê-lo, porque quando reconhecemos a presença dele sabemos contra o quê devemos lutar, ao invés de camuflarmos ele com falsos moralismos, “mulatismos” e “morenismos” dessa vida.
Ritchelly - Estava justamente esses dias conversando com dois amigos que moram comigo (ambos negros), de como a mídia vem trazendo essa distorção de raízes nesses lugares. A mídia não mostra que a origem ao samba, por exemplo, parte da cultura negra, assim como inúmeros outros movimentos artísticos e culturais. O que me deixa feliz, é ver que ainda temos pessoas negras lutando por visibilidade e reconhecimento de seus lugares e de suas histórias. E acredito que a melhor forma de combater o racismo é fazer com que as pessoas entendam, através da música e da arte, a importância e riqueza dessa cultura que tanto contribuiu e contribui para a estruturação do nosso país.
Raquel - A tradição serve como forma de combate por ser uma forma de identidade. Por exemplo no candomblé, que foi criminalizado por se opor ao cristianismo no qual os negros eram catequizados, já no início da história brasileira. Quando o negro conquista sua liberdade e começa a valorizar sua cultura, suas raízes africanas, a retomar a idéia de que o Brasil não é feito só de culturas européias, cristãs e brancas, é uma forma de afronta às referências na mídia e na arte que se baseiam nessa cultura européia. Quando o negro se vê como agente cultural, praticante de uma cultura que pertence ao Brasil, inserida na construção social do país, é muito importante pois ele se vê como cidadão brasileiro também.
A.C. - As culturas africanas ainda sofrem muito preconceito em nossa sociedade? Como você se envolveu na divulgação e realização do evento Afrikaliente?
Lara - Sem dúvidas. A cultura africana por muito tempo foi demonizada, e sendo até um pouco pessimista, acredito que a sociedade ainda tenha uma enorme dificuldade em respeitar a cultura negra. Da estética à religião, tem-se sempre muita intolerância social para aceitar os símbolos negros. O Afrikaliente é inicialmente um projeto do DJ e Produtor Bruno Caveira concentrado na musicalidade das matrizes africanas, no qual através de um convite por parte do coletivo para ocupar a nossa casa cultural, o projeto se expandiu também para as artes visuais. Nesta edição, do início ao fim buscamos conceder o protagonismo às pessoas não-brancas, desde as sonoridades aos trabalhos expostos pelos artistas que representaram em suas obras a negritude, além de terem sido feitas por pessoas negras. Foi um trabalho lindo, que precisa ser mais visualizado e contemplado pelas diversidades.
Ritchelly - Com toda certeza. Vivemos em uma sociedade totalmente patriarcal que diminui a importância da cultura negra no Brasil diariamente. Um grande exemplo disso é uma amiga minha, que é negra, candomblecista e estudante de Letras na UFG, ela dá aula em uma escola totalmente burguesa em Goiânia, em um bairro de classe alta. Todos os meses ela traz relatos de momentos totalmente desconfortáveis nos quais é submetida nesse espaço, e que infelizmente acaba sendo uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo em que essas situações causam muito sofrimento ela depende do emprego para seu sustento. O preconceito é latente e não atinge só as pessoas negras, mas tudo aquilo que os pertence, independente de sua beleza e importância. Minha participação no evento foi através de uma exposição proposta pelos membros do Coletivo Babilônia, onde chamaram artistas que pudessem desenvolver um diálogo dos seus trabalhos com a conscientização da cultura negra.
Raquel - As culturas africanas sofrem muito preconceito em vários aspectos, desde a mídia supervalorizando a cultura européia até mesmo a supressão das culturas africanas, citando de forma pejorativa por exemplo, terreiros de candomblé. A mídia faz seu papel alimentando o preconceito na sociedade, já que a mídia é uma grande influenciadora. Até mesmo em favelas, os adeptos do candomblé precisam migrar para outras localidades pois os moradores não aceitam, até mesmo com indícios irrelevantes como roupas brancas estendidas no varal. O preconceito também se dá pelo não-espaço, pela falta de visibilidade dessas culturas, só tem acesso quem vai atrás e tem interesse, mas não se pode negar que a cultura africana ainda é muito marginalizada.
A.C. - O Coletivo Babilônia trabalha com temáticas voltadas às partes marginalizadas da sociedade, como mulheres, negros e pessoas com baixa renda social. Como vocês vieram a participar do Coletivo? Qual mensagem vocês procuraram passar com o evento Afrikaliente?
Lara - A Babilônia nasce pela falta, a falta de espaços que realmente queiram incluir as pessoas que estão à margem, e que ao terem a oportunidade do acesso à cultura passem a enxergar suas lutas e vivências com outros olhos. O coletivo é a forma concreta que nós, mulheres, encontramos para arriscar o desafio que seria visibilizar uma região periférica com fortes estigmas ligados à questão de classe social. Eventos como o Afrikaliente são por sua essência símbolos de protagonismos e resgate de ancestralidades, e por si só tocam a subjetividade das pessoas. Aos poucos estamos plantando sementes.
Ritchelly - Recentemente desenvolvi um trabalho para uma disciplina na faculdade, onde teve uma exposição dos trabalhos dos alunos, durante essa exposição fui contatado por uma das fundadoras do Babilônia, a Ilâne que ao ver meu trabalho, percebeu ter uma ligação com a proposta do coletivo, em seguida fui convidado por ela para participar do evento e não tive como recusar. A mensagem que tentei passar no evento, é a mesma mensagem que tento passar todos os dias com meu trabalho, que é sobre a conscientização, o respeito, a visibilidade, e a admiração que as pessoas negras merecem, e poder trazer isso através de suas experiências afetivas.
Raquel - Eu conheci o coletivo através da Ilâne, que viu uma obra minha exposta na FAV, o  “Jesus de Oxalá”, que trabalha com o tema de Jesus Cristo mas com adereços da cultura afro, e me chamou para expor. Embora o espaço do coletivo seja muito bom e acessível, com um preço justo para fazer com que a população vá aos eventos e se identifique. existe a possibilidade de ser dominado pelo público alternativo branco de Goiânia. O meu trabalho serve para tentar acabar com o preconceito com o candomblé, trabalhando com as mensagens pejorativas que são dirigidas à nós, e dialogar com a dualidade existente entre o cristianismo e o candomblé.
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estoriasdamerica · 3 years ago
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Identidade, 1925 Nella Larsen (1891-1964) cresceu como uma criança negra em um ambiente totalmente branco. Com a mãe, Marie Larsen, imigrante dinamarquesa, seu marido, também dinamarquês, Peter Larsen, e a filha do casal Lizzie, em um bairro majoritariamente branco e em um período no qual não se via a miscigenação com bons olhos. Acredita-se que seu pai possuía descendência afro-caribenha e dinamarquesa, mas ela não teve contato com ele. Em 1907, Nella passa a frequentar a Universidade de Fisk, uma faculdade historicamente negra do Tennessee, mas acaba abandonando o curso e indo passar alguns anos com familiares da mãe, na Dinamarca. Em 1914, Nella retoma os estudos e se torna enfermeira em Nova Iorque. Na década de 1920, se casa com o físico Elmer Imes (um dos primeiros afro-americanos a conquistar o título de PhD em Física na América) e se torna bibliotecária na Biblioteca Pública de Nova Iorque. O casal se muda para o Harlem passando a frequentar a cena político-cultural do bairro, com dezenas de artistas e intelectuais que compunham o movimento chamado de “Renascimento do Harlem”. Em toda a sua vida, Nella transitou entre “espaços” de pessoas brancas e de pessoas negras, enfrentando, de todos os lados, a dificuldade em sentir-se plenamente pertencente a uma única, ou qualquer, dessas culturas e heranças. Suas obras refletem os questionamentos e conflitos internos que as questões de identidade racial impuseram sobre a sua existência.   Com o surgimento das leis Jim Crow (leis promulgadas nos últimos anos do século XIX e início do século XX) que impuseram uma forte segregação da população negra dos espaços públicos principalmente no sul dos Estados Unidos, ocorre também a Grande Migração, onde uma parcela da população negra do sul procura regiões urbanas do norte para estabelecer residência, em busca de melhores condições de vida, de escolarização e de emprego. Mas a segregação e o racismo não são uma exclusividade do sul, de modo que essa população negra acaba se organizando em bairros - ou regiões dentro dos bairros - que se tornam quase que exclusivamente bairros negros (como o Harlem e o Brooklyn).
Há também os bairros (ou regiões) latinos, como o Queens, o Bronx e o “El Barrio”, que é justamente uma região do Harlem. A comunidade negra no Harlem cresceu substancialmente nas décadas de 1910 e 1920 e reuniu uma intensa produção artística negra: escultura, pintura, fotografia, literatura, ensaios políticos, etc. (Figura 5). Esse “ressurgimento” da cultura negra tinha o objetivo de fortalecer o orgulho e o reconhecimento da negritude, enaltecendo a família e a comunidade negra, e tratando de temas de identidade, pertencimento, racismo, entre outros. Algumas figuras pertencentes aos Renascimento eram ou se tornaram célebres para a história afro-americana, a exemplo de Langston Hughes, Marcus Garvey, W.E.B. DuBois, James Weldon Johnson, Zora Neale Hurston, Jessie Redmon Fauset, a própria Nella Larsen (cujas obras foram, a princípio, bem recebidas por essa recém formada elite intelectual e artística negra). O romance “Passing” (traduzido para a versão brasileira como “Identidade”) é sobre o reencontro de duas amigas de infância, Irene e Clare. Sendo de descendência miscigenada - branca e negra - , as duas seriam consideradas mulheres negras, mas são suficientemente claras e possuem traços mais semelhantes aos europeus que poderiam, em certas situações, como sugere o título do romance, “passar” por brancas, se ocultassem suas origens. A história nos é apresentada pela perspectiva de Irene, que apesar de algumas vezes utilizar dos privilégios sociais que sua pele clara lhe concede - não ser expulsa de restaurantes e hotéis como acontecia com pessoas mais facilmente identificadas como negras, por exemplo - se afirma enquanto mulher negra e constrói sua vida e família de maneira que reafirma essa posição. O reencontro com Clare, que esconde de todos a sua hereditariedade, desperta diversos sentimentos conflitantes e um tipo de fascínio crescente pelas vidas uma da outra. A reaproximação, entretanto, tem consequências inimagináveis. A forma como Larsen constrói suas personagens e a sua recusa em desenvolvê-las sob um olhar de julgamento moralista em prol de descrever diferentes experiências e escolhas de vida das mulheres em suas obras, influenciou outras escritoras negras como Alice Walker e bell hooks. O texto é absurdamente moderno, tornando a leitura, que por si só já é bastante envolvente, ainda mais acessível.
REFERÊNCIAS: NUNES, Ruan. “Truth was, she was curious”: Identidade e Raça em Passing de Nella Larsen. Revista Travessias Interativas, N. 16, Vol. 8, 2018. WINTZ, Cary D. The Harlem Renaissance: What Was It, and Why Does It Matter?. Fev. de 2015 <https://www.humanitiestexas.org/news/articles/harlem-renaissance-what-was-it-and-why-does-it-matter> Acesso em 29 de Maio de 2021.
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gazeta24br · 2 years ago
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Nos próximos dias 20 e 21/04, às 21h30 e 18h30, respectivamente, o Aláfia ("caminhos abertos" em iorubá) se apresenta no SESC Pompeia com o lançamento ao vivo do ainda quentíssimo disco ‘Além do Lá’. Projeto figura como o 5º álbum de inéditas do bando que, celebrando 10 anos de estrada, abre as fronteiras dos gêneros musicais construindo malha fina de sons, ritmos e culturas. O registro está disponível em todas as plataformas digitais e ainda este ano deve ganhar edição em LP. Cria de pandemia, ‘Além do Lá’ nasceu da relação de Eduardo Brechó, líder e vocalista do grupo, com o violão e a literatura de Ifá. Os conteúdos do dia a dia, como o amor, a dor, a família, a luta, o prazer e o destino são interpretados à luz desta tradição. Na performance, o público será embalada pelo funk, o afrobeat, o jazz, o hip hop e a música de terreiro que marcam, com leveza e propósito firme, a identidade do Aláfia. No palco, além do já citado Eduardo Brechó, Jairo Pereira (voz),  Estela Paixão (voz), Eloiza Paixão (voz) Damião (guitarra e voz), Vinicius Chagas (Sax), Alysson Bruno (percussão), Pedro Bandera (percussão), Filipe Gomes (bateria) e Fábio Leandro (teclado). Juntos,os artistas se desafiam em cada trabalho e buscam desenvolver uma linguagem única, norteada por ritmos e expressões da diáspora, reverenciando sempre os que vieram antes. A brilhante Vovó Cici de Oxalá faz participação especial. SERVIÇO Aláfia estreia 'Além do Lá' no SESC Pompeia Dia 20/04, quinta-feira, às 21h30 Dia 21/04, sexta-feira, às 18h30 Ingressos: R$ 15 (credencial plena), R$ 25 (meia) e R$ 50 (inteira) Local: Comedoria Sesc Pompeia | Rua Clélia, 93 - Água Branca, São Paulo - SP Saiba mais: https://www.sescsp.org.br/programacao/alafia-2/ SOBRE ALÁFIA Tudo começou em 2011, quando o bando Aláfia esquentava afinidades em uma temporada de shows no Bar B, no centro de São Paulo. A fala da rua, o frescor dos encontros e o contato profundo com a ancestralidade afro-brasileira então se mostraram aspectos fundamentais para a criação do grupo. Urbano, o bando pertence à cidade em transe. A música do Aláfia (“caminhos abertos” em iorubá) surge da digestão de influências diversas, do ponto de encontro entre rap, música de terreiro, MPB e funk. Ritmos e melodias dão forma a uma lírica sofisticada que questiona a sociedade atual e não deixa indiferente. Após lançar um primeiro disco homônimo em 2013, Aláfia percorreu boa parte da cidade e do estado de São Paulo, marcando presença em CEUs, SESCs e casas de show locais, além de participar de eventos importantes como a comemoração do dia da Consciência Negra no Vale do Anhangabaú, a Virada Cultural de São Paulo e a Virada Cultural Paulista, a abertura da Mostra Cultural da Cooperifa, o Festival João Rock em Ribeirão Preto, a Mostra Cultural da Favela Monte Azul, dentre outros. A banda conquistou também outros estados: o Ceará na Mostra SESC Cariri de Cultura e o Rio de Janeiro dentro do Festival Veraneio no Oi Futuro Ipanema, até realizar sua primeira apresentação fora do país na Plaza de la Revolución, em Havana, Cuba. Com sua originalidade, ganhou destaque na mídia e reconhecimento dentro do cenário musical. A música “Mais Tarde” entrou na trilha sonora do game da Eletronic Arts “Fifa World Cup 2014” e a música “Em Punga” integra a Coletânea New Sounds da revista Songlines (UK). Em maio de 2014, Aláfia lançou o single "Quintal" acompanhado do seu primeiro videoclipe. 2015 marca o lançamento do segundo disco, “Corpura” (YB Music) contemplado pelo programa Natura Musical. Produzido por Alê Siqueira e Eduardo Brechó, o disco traz o compromisso da banda não só com a ancestralidade e matrizes brasileiras, mas também com a necessidade do diálogo sobre a realidade cultural e social do país. Questões atuais e relevantes são levantadas e musicadas ao passo que o som do Aláfia flerta com a black music carioca dos anos 70 e o funk norte americano e africano. É o funk candomblé que atinge sua m
aturidade. “Corpura”, ao mesmo tempo que nos incita a refletir, é também um convite a dançar. Com “Corpura”, Aláfia fez shows que passaram por cerca de 30 cidades, 7 estados e 4 países. Participou da Virada Cultural Paulistana, do Circuito Sesc de Artes além das participações no Festival Vento (Ilhabela), Festiva SeRasgum (Belém), Festival Radioca (Salvador) Festival Circulart (Colombia), Festival Tocatas Mil (Chile) e no Uruguay se apresentou na Sala Zitarrosa. Em 2016, lançou o “Corpura” em vinil no Sesc Pinheiros e um clipe duplo das faixas  “Corpura” e “Adinkras”. Na televisão, voltaram a se apresentar no Manos e Minas (TV Cultura) no programa Especial Consciência Negra. Ainda em 2016 a música “Pera lá” do primeiro disco da banda, fez parte da abertura das Olimpíadas. Após sucesso de “Corpura” a banda lança o terceiro disco “SP NÃO É SOPA, NA BEIRADA ESQUENTA” (Março, 2017). Produzido e dirigido por Eduardo Brechó, é considerado como um desdobramento de todo o trabalho realizado nesses quase 6 anos de estrada. Trilha sonora para a megalópole, traz referências tradicionais em roupagens não convencionais que enfatizam elementos eletrônicos, com filtros e processamentos, construindo um som mais sujo e urbano, retratando sobre a vida nos vários bairros da cidade. Uma outra abordagem dos mesmos ensinamentos e temas apresentados nos discos anteriores. Na televisão, se apresentaram no programa Cultura Livre (TV Cultura). Ainda em 2017 Aláfia faz sua primeira turnê na Europa, apresentando-se em festivais e casas de shows de renome na Dinamarca, Finlândia, Portugal, França e Turquia. Em 2019, Aláfia lança o disco "Liturgia Samba Soul", um mergulho na obra dos grandes nomes do sambasoul nacional e inaugurando  uma formação com novos integrantes. Agora, 4 anos depois, lançam seu 5º álbum, “Além do Lá”, com participações de Mateus Aleluia, Vovó Cici de Oxalá, Mãe Neide Ribeiro, Salloma Salomão, Babá Ifatide Ifamoroti e Anielle Franco. Aláfia é formado por Eduardo Brechó (voz e direção), Jairo Pereira (voz),  Estela Paixão (voz), Eloiza Paixão (voz) Damião (guitarra e voz), Vinicius Chagas (Sax), Alysson Bruno (percussão), Pedro Bandera (percussão), Gabriel Catanzaro (baixo), Filipe Gomes (bateria), Fábio Leandro (teclado).
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inovaniteroi · 5 years ago
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Niterói Blues & Jazz Festival no Teatro Municipal
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O Teatro Municipal de Niterói recebe nos dias 14, 15 e 16 de novembro, o Niterói Blues & Jazz Festival.  O melhor do jazz instrumental do Brasil será apresentado no palco do teatro, com Yamandu Costa, Leo Gandelman e Hamilton de Holanda.
Yamandu Costa
Violonista e compositor nascido em Passo Fundo em 1980, Yamandu começou a estudar violão aos 7 anos de idade com o pai, Algacir Costa, líder do grupo “Os Fronteiriços” e aprimorou-se com Lúcio Yanel, virtuoso argentino radicado no Brasil. Até os 15 anos, sua única escola musical era a música folclórica do Sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Depois de ouvir Radamés Gnatalli, ele começou a procurar por outros brasileiros, tais como Baden Powell, Tom Jobim, Raphael Rabello entre outros. Aos 17 anos apresentou-se pela primeira vez em São Paulo no Circuito Cultural Banco do Brasil, produzido pelo Estúdio Tom Brasil, e a partir daí passou a ser reconhecido como músico revelação do violão brasileiro. Um dos maiores fenômenos da música brasileira de todos os tempos, o jovem Yamandu confirma e merece todos os elogios que recebe quando toca seu violão. Sozinho no palco, é capaz de levantar em êxtase platéias das mais especializadas e de emocionar o grande publico aos mais apurados ouvidos. Suas interpretações performáticas conseguem remodelar cada música que ele toca e revela uma profunda intimidade com seu instrumento. Todo reconhecimento que recebe é apenas um reflexo do que ele leva ao seu público, recriando a magia da música em seu toque, passando pelo seu corpo e transformando-se quase milagrosamente. Yamandu toca de choro a música clássica brasileira, mas também é um gaúcho cheio de milongas, tangos, zambas e chamamés. Um violonista e compositor que não se enquadra em nenhuma corrente musical ele é uma mistura de todos os estilos e cria interpretações de rara personalidade no seu violão de 7 cordas. Yamandu faz jus ao significado de seu belo nome “o precursor das águas”.
Considerado um dos maiores talentos do violão brasileiro, Yamandu Costa é uma referência mundial na interpretação da nossa música, a qual domina e recria a cada performance, inclusive em suas composições. Quem o vê no palco percebe seu incrível envolvimento, sua paixão pelo instrumento e pela arte. Sua criatividade musical se desenvolve livremente sobre uma técnica absolutamente aprimorada, explorando todas as possibilidades do violão de 7 cordas, renovando antigos temas e apresentando composições próprias de intenso brilho, numa performance sempre apaixonada e contagiante.
Revelando uma profunda intimidade com seu instrumento e com uma linguagem musical sem fronteiras, percorreu os mais importantes palcos do Brasil e do mundo, participando de grandes festivais e encontros, vencedor dos mais relevantes prêmios da musica brasileira. Em 2010, o CD Luz da Aurora com Hamilton de Holanda foi indicado para o Grammy Latino.
Em 2012 ganhou em Cuba o Prêmio Internacional Cubadisco pelo CD Mafuá e uma Menção do Prêmio ALBA pelo CD Lida.
 Em 2018, foi vencedor do Prêmio da Música Brasileira nas categorias Melhor Álbum Instrumental e Melhor Solista, com o álbum Quebranto, com o violonista Alessandro Penezzi e gravou com o mesmo violonista o programa especial Sounds of Brazil para a TV NHK, do Japão. Recebeu duas indicações ao Grammy Latino, de Melhor Álbum Instrumental, com o disco Recanto (Bagual), e, ao lado de Renato Borghetti, e Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, com Borghetti/Yamandu (Estação Filmes).
Leo Gandelman
Um artista múltiplo, compositor, arranjador. Instrumentista versátil que vai do pop à música clássica com a mesma desenvoltura. Leo escreveu uma bela página na história da MPB, participando de gravações antológicas de praticamente todos os grandes nomes da música brasileira. Foram participações em mais de 1000 discos.
Seu álbum “Solar” foi um marco na história da música brasileira, indicado para cinco categorias do Prêmio Sharp (atual “Prêmio da Música”): disco, música, arranjo, instrumentista e produtor. Com Solar, chegou a vender mais de 100 mil cópias, volume extraordinário para uma obra instrumental no Brasil, o que tornou Leo um artista pop. Com mais de 500 mil discos vendidos até hoje e 30 anos de carreira solo, Leo Gandelman é hoje um dos mais influentes músicos brasileiros, um ícone da nossa boa música.
Hamilton de Holanda Trio
O Hamilton de Holanda Trio é o resultado da mistura de três memórias musicais. Hamilton de Holanda (bandolim 10 cordas), Guto Wirtti (contrabaixo) e Thiago da Serrinha (percussão) consolidaram uma peculiar mescla de raízes, frutos e vivências em uma identidade marcante. Eles trazem diferentes referências, mas apresentam uma forte intimidade no linguajar musical, seguindo a ideia presente em diversos discos de Hamilton: moderno é tradição. Mostrando seu entrosamento na ponta dos dedos, lançaram três álbuns que abarcam o mundo em seu abraço musical. 
A busca por uma sonoridade intimista e densa, levou o grupo a gravar o disco “Trio” (Brasilianos), lançado em 2013. O repertório e os arranjos assimilam peculiaridades das diferentes regiões do país e do mundo, fazendo uma mistura essencialmente brasileira. De norte à Sul, o álbum dialoga com todos. Com interpretações emblemáticas, ele apresenta um fox-fado, afro-sambas, caprichos e muito mais, o que evidencia a força e versatilidade do grupo. “Trio” ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria “melhor instrumental: solista” e foi indicado ao Grammy Latino na categoria “melhor álbum instrumental”.
Três anos depois, esse encontro rendeu “Samba de Chico” (Brasilianos / Biscoito Fino), segundo disco do trio, que levou o Grammy Latino na categoria de melhor álbum instrumental e uma indicação na categoria de melhor engenharia de gravação. Ele é uma celebração aos 100 anos do samba e uma homenagem à obra de Chico Buarque, na qual o trio passeia por canções célebres como “Morena de Angola”, “A Banda”, “Samba do Grande Amor” e Roda Viva” e traz interpretações ímpares. Além disso, o disco contou com as participações do pianista italiano Stefano Bollani nas faixas “Vai trabalhar vagabundo” e “Piano na Mangueira”, da cantora catalã Silvia Perez Cruz que canta “O meu amor” e “Atrás da porta” e do homenageado, que canta “A volta do malandro” e “Vai trabalhar vagabundo”.
Hamilton de Holanda faz ressoar pelos seus dedos as influências de vários mestres. Talvez um dos artistas mais especiais, significativos e marcantes na sua musicalidade seja Jacob do Bandolim, que conquistou como poucos a excelência na performance de um instrumento. Se estivesse vivo, teria completado 100 anos de idade em 2018. A celebração de seu centenário, assim como a de sua obra, foi a inspiração para o terceiro disco do Trio: “Jacob 10ZZ” (Brasilianos / DECK). O nome do álbum faz referência ao bandolim de 10 cordas do Hamilton, e ao parentesco entre o Choro e o Jazz.
A formação instrumental que reúne bandolim de 10 cordas, contrabaixo acústico (Guto Wirtti) e percussão (Thiago da Serrinha) tem sido uma escolha constante nos últimos trabalhos de Hamilton.  Nessa formação, o bandolim tem todo o espaço para criar, não só em termos melódicos, mas na rítmica dos acompanhamentos e em intrincadas “rearmonizações”, deixando ainda o contrabaixo e a percussão com muito terreno para evoluir.
 As releituras produzidas pelo trio são resultado de uma incessante busca pela beleza sentimental e pela espontaneidade. Guto Wirtti, de família musical, é referência no contrabaixo brasileiro. Acompanha Hamilton desde longa data, com quem construiu uma simbiose. Já Thiago da Serrinha, criado nos morros cariocas, carrega no nome e no sangue a tradição do jongo da serrinha, manifestação cultural associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca.
SERVIÇO
Datas: 14/11 – qui – Yamandu Costa 15/11 – sex – Leo Gandelman 16/11 – sáb – Hamilton de Holanda Horário: 20h Duração: 90 min Classificação etária: Livre Ingresso: R$ 60,00 Local: Teatro Municipal de Niterói Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói
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brasilafricano · 6 years ago
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África Brasil, Jorge Ben - CRÍTICA
“África Brasil” é o nome perfeito para definir o que é o álbum de Jorge Ben Jor. O instrumental de todas as músicas do álbum nos remete, ao mesmo tempo, uma brasilidade e uma africanidade, pois Ben Jor utilizou de instrumentos que foram desenvolvidos pela matriz africana brasileira para compor a musicalidade de seu trabalho. Além disso, a guitarra elétrica presente em algumas faixas do álbum remete à música negra estadunidense que, acredito eu, foi utilizada pelo cantor com a intenção de um reconhecimento internacional, que de fato houve. Apesar de belas composições as quais decorrerei em breve, o ponto alto do álbum é essa deliciosa mistura de gêneros que resultou em ritmos dançantes, envolventes e extremamente afro-brasileiros.
É importante lembrar que na época de lançamento do álbum, anos 70, o Brasil vivia a triste e censurável época da Ditadura Militar. Sendo assim, não é esperado que haja músicas com explícitas críticas sociais, ao contrário do álbum Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC’s, em que farei a crítica no próximo post. Ao invés disso, Jorge Ben Jor mostra sua identidade negra através de muitas referências à cultura e história africana-brasileira. Em “África Brasil (Zumbi)”, o cantor faz uma grande homenagem ao Zumbi dos Palmares, o líder quilombola brasileiro. Em “Cavaleiro Do Cavalo Imaculado”, chama São Jorge de “príncipe de toda a África”. Em “Xica da Silva”, fala sobre a histórica Chica da Silva, nascida da união de uma escrava com um português, que, não alforriada pelo pai, foi vendida como escrava para o médico João Fernandes que, ao se apaixonarem, alforriou Chica da Silva, fazendo ela viver como uma senhora rica e importante daqueles tempos. Essa música pode ser vista, também, como uma forma de falar sobre mulheres negras ricas que, mesmo tendo dinheiro, ainda passam pelo racismo. Também identifiquei uma crítica na música “O Plebeu”, em que conta a história de um casal que seria feliz se ele, o homem deste casal, não fosse pobre. Numa suave e romântica melodia, é mostrado que a desigualdade social interfere nas relações pessoais.
Em seu álbum é perceptível o gosto que Jorge Ben Jor possui pelo futebol, esporte extremamente afro-brasileiro. Em “Camisa 10 Da Gávea” homenageia Zico, memorável jogador brasileiro do Flamengo. Em “Ponta de Lança Africano” é contada a história de um jogador de futebol africano chamado Umbabarauma. E na música “Meus Filhos, Meu Tesouro”, entrando no foco deste blog, o menino Arthur Miró quer ser jogador de futebol. Se no atual Brasil, mesmo com cotas e afins, as oportunidades de futuro para um garoto negro e pobre já são escassas, nos anos 70 a situação era mais agravante. A visão de senso comum era que esse garoto só possuiria dois destinos: ou se tornaria jogar de futebol, ou bandido. Sendo assim, era muito comum (e ainda é) que o sonho de garotos negros de periferia fosse esse, inclusive era o sonho de Jorge Ben Jor em sua infância.
A música que mais chamou minha atenção foi “A História de Jorge”, me trazendo a sensação de uma criança esperançosa, onde qualquer sonho pode se tornar realidade. Mas minha recomendação é de todo o álbum África Brasil, que apresenta uma afro-brasilidade alegre, colorida, cultural e dançante.
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